JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

 Faz um ano, comentei aqui, o patrulhamento que sofri por ocasião da posse da então nova diretoria da FIERJ que por uma escolha equivocada, resolveu fazer numa sinagoga, seu evento político, ainda que com os rolos da lei judaica trancados em seu armário santificado.

Naquele momento, fui surpreendido por um destes tipos que estão desejosos de adquirir seu lugar no céu, através da aparente prestação de pretensos e inúteis serviços a Adonai, que certamente jamais lhe pediu que levantasse sua bunda da cadeira para infernizar seus vizinhos.

Lá veio o homenzinho com um solidéu em riste, apontando para mim, como se, numa cerimônia social, um homem sem kipá, dentro de uma sinagoga mal utilizada para tal evento, fosse alguém que merecesse censura. Corri, o mais rapidamente que pude, para longe daquele lugar, vez que além de não gostar de chatos, gosto muito menos de alguém andando atrás de mim, me dizendo o que ou o que não fazer.

Passou um tempo e, novamente, me deparo com outro censor. Espaço reformista, onde cada um interpreta a lei judaica como bem entende, lá vem o dono do pedaço, também com um solidéu nas mãos, andando em minha direção, como quem queria dizer: – Cubra a cabeça. Saí correndo para nunca mais, ali colocar meus pés.

Mais um bom tempo se passou e, como qualquer carioca, fui à praia, no último domingo. No calçadão da orla da zona sul do Rio de Janeiro, além dos inconvenientes e barulhentos Hare Krishnas, dos inadvertidos e voadores skatistas, dos perigosos e por vezes criminosos ciclistas (não me refiro aos da ciclovia), de certos incômodos e barulhentos, além de desafinados músicos e cantores de plantão, dos corredores com seus equipamentos reluzentes e daqueles que caminham para manter a saúde em forma, com suas garrafinhas de água nas mãos, agora também temos rabinos que aparecem para cobrar daqueles judeus que eles sabem que são judeus, se os caras já rezaram hoje!

Ora meus amigos, nesta Cidade Maravilhosa, num domingo de sol, além de aturarmos todos os inconvenientes que aparecem, ainda estamos sendo cobrados, na praia de Ipanema, por gente que se considera mais santa do que os outros, se rezamos ou não rezamos? Se vamos ou não vamos rezar? Se queremos aproveitar, já que estamos de calção e tênis, suados em baixo do sol, para darmos uma conferidinha se nosso lugarzinho está guardado no céu?Tenham dó!

Deixem as pessoas em paz. Não patrulhem a vida dos outros, Cuidem de suas tarefas em suas sinagogas e não se sintam no direito de interceptar quem está nas ruas, com suas propostas de um lugar no paraíso, desde que a nossa culpa esteja em alta e nos obrigue a parar no meio de nossos exercícios físicos divinos, para atender a loucura de quem quer nos usar para ficar bem com papai do céu.

Sei que muitos não vão entender o que estou dizendo. Tenho certeza de que outros tantos vão fazer suas críticas e, mais ainda, garanto que os patrulhadores de plantão, os donos da “sabedoria” e da ” santidade” não vão parar. Estão cheios de apetite.

Agora, tais quais pastores evangélicos de cidadezinhas do interior, andam atrás de fiéis, para tentar aumentar seu cacife com Hashem (D’US) às custas de simples mortais, que saem de casa nos fins de semana para espairecer e apenas andar na praia. Já dividiram nossa comunidade. Já a enfraqueceram, aproveitando a tibieza de dirigentes comunitários que não exercem seu papel de comando. Já passaram dos limites.

Em verdade, vos digo: comigo, não. Vade retro. Me deixem em paz. Voltem para seus templos. Saiam às ruas, sim, quando for necessário para o coletivo, não apenas para que vocês com seu patrulhamento, imaginem que estão comprando um terreno ao lado da morada do Eterno.

Já rezou, hoje?

Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista Menorah

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Rezar não é uma obrigação. É uma devoção da alma em conectar-se com "H". E isso não  necessita de cobrança e sim de liberdade. É como estar com sede.  Não  bebemos água por obrigação, mas, por nosso corpo estar necessitado de ser refrigerado pelas delícias da água, é que bebemos.  E à bebemos toda vez que o sensor da sede desperta-nos a vontade de saciar a sede que vem de dentro de nós. E a nossa alma tem sede de D'us. Mas,  há os momentos do Homem e os momentos do Homem com D'us.

... ben Havraham.

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