Fórum SEFARAD - Resgate de uma História. - JUDAISMO HUMANISTA2024-03-29T12:40:45Zhttp://judaismohumanista.ning.com/group/sefaradresgatedeumahistria/forum?feed=yes&xn_auth=noA Trágica Historia de Uriel D'Acosta Jayme Fucs Bartag:judaismohumanista.ning.com,2018-03-10:3531236:Topic:1187952018-03-10T22:12:48.694ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>D'Acosta nasceu no Porto, Portugal, sua família era descendente de Bnei Anussim, seu pai era de origem católica, mas sua mãe era uma judia convertida na inquisição , tinha 3 filhos entre eles Gabriel D'Acosta, como ele era chamado no seu nome cristão, vinha de uma familia muito culta , estudou direito na Universidade do Porto e Latin na Universidade de Coimbra, chegou a servir como tesoureiro da catedral do Porto, porém era um jovem muito curioso apesar da educação católica, sabia de sua…</p>
<p>D'Acosta nasceu no Porto, Portugal, sua família era descendente de Bnei Anussim, seu pai era de origem católica, mas sua mãe era uma judia convertida na inquisição , tinha 3 filhos entre eles Gabriel D'Acosta, como ele era chamado no seu nome cristão, vinha de uma familia muito culta , estudou direito na Universidade do Porto e Latin na Universidade de Coimbra, chegou a servir como tesoureiro da catedral do Porto, porém era um jovem muito curioso apesar da educação católica, sabia de sua origem judaica e dedicava o seu tempo livre aos estudos do velho testamento na qual conhecia o Tanah de forma muito profunda.<br/> Assim que seu pai faleceu decidiu fugir com toda a sua familia para Amsterdã, onde existia uma vibrante comunidade judaica e grande parte da familia de sua mãe já vivia lá, chegam a Amsterdão em Abril de 1615. Gabriel D'Acosta e seus imãos serão circuncidados, e a partir de agora vai ser conhecido como Uriel D'Acosta, Já dentro da vida comunitária entrará em conflito com os Rabinos, onde D'Acosta sendo um grande conhecedor do Tanah ficará desapontado com a versão rabínica de judaísmo, naqual nunca teve contato em sua vida e fez retorno às suas origens judaica diretamente através dos seus estudos sobre o velho Testamento.<br/>
D'Acosta começa questionar as leis rabinicas como sendo as verdadeiras leis originais da Torá e acusa as autoridades rabinicas como reformistas, e os considera muito longe das reais escrituras bíblicas , suas palavras vão ser um ventaval no mundo rabinico pois acusa o judaísmo rabínico de ser excessivamente ritualizado e de valorizar as leis rabínicas como mais importante que as originais leis da Torá .<br/>
D'Acosta ainda vai muito longe, onde em 1616 vai escrever o primeiro escrito “Propostas contra a tradição” que o leverá oficialmente em 1618 a ser excomungado de sua comunidade, pois descobriu que o judaísmo rabínico era completamente diferente do judaísmo que ele se definiu, se pode se dizer que ele será o primeiro Judeu com ideias emancipatórias antes mesmo de Spinoza que nesse período era ainda um jovem adolecente . <br/>
Uriel D'Acosta terá um fim trágico por não abandonar suas ideias, não só será excomungado de sua comunidade mas também privado de seus livros que serão queimados em praça publica. Faz uma tentativa de se integrar na comunidade judaica de Hamburgo, mas também será rechaçado.<br/>
È acusado de blasfêmia e ateísmo, é perseguido de tal forma que acaba em total miséria e solidão, somente sua mãe é a unica pessoa da familia e do mundo à visita-lo . <br/>
A dor e a humilhação será grande e em 1640, D'Acosta solicita ser readmitido em troca de uma dura penitência uma total humilhação publica, será pisoteado por toda a comunidade ao sair da Sinagoga, de acordo com o ritual de readmissão rabínica. Nessa situação totalmente humilhante D'Acosta escreve uma breve autobiografia (Exemplar Humanae Vitae) e no final comete suicídio. <br/>
Uriel D'Acosta tinha um único pecado em sua vida o de não abrir mão de sua crença judaica, vai ser um grande exemplo da luta pela razão, contra a superstição.<br/>
Para muitos Uriel D'Acosta aparece como um antecessor de Spinoza. E eu fico aqui imaginando nesse período onde o jovem Spinoza era um jovem adolecente, testemunha viva desse triste acontecimento, tenho certeza que conhecia as idéias de Uriel D'Acosta, que certamente foi sem saber um grande mestre para Spinoza ,que vai escrever mais tarde o "Deus sive Natura" que o levará também a ser expulso e excomungado de sua comunidade. <br/>
Com tudo isso uma coisa é certa essas duas grandes personalidades Judaica de origem portuguesa, Spinoza e Uriel D'Acosta vão deixar um grande legado para o futuro do Judaismo moderno e Humanista.</p> Judeus de Sefarad - Revista Morashatag:judaismohumanista.ning.com,2015-09-19:3531236:Topic:1042782015-09-19T17:13:24.516ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>A saga dos judeus na Espanha acabou tragicamente em 1492, quando os Reis Católicos determinaram que nenhum deles poderia mais viver em seus domínios. Mais de 200 mil tiveram que decidir entre se converter ou deixar o país. Uma extraordinária civilização foi abruptamente desarraigada, mas não desapareceu, pois os judeus expulsos levaram seus conhecimentos, sua sabedoria e tradições para outras terras.</p>
<p>Edição 89 - Setembro de 2015</p>
<p>Hoje, após 553 anos, a Espanha decidiu ser hora…</p>
<p>A saga dos judeus na Espanha acabou tragicamente em 1492, quando os Reis Católicos determinaram que nenhum deles poderia mais viver em seus domínios. Mais de 200 mil tiveram que decidir entre se converter ou deixar o país. Uma extraordinária civilização foi abruptamente desarraigada, mas não desapareceu, pois os judeus expulsos levaram seus conhecimentos, sua sabedoria e tradições para outras terras.</p>
<p>Edição 89 - Setembro de 2015</p>
<p>Hoje, após 553 anos, a Espanha decidiu ser hora de corrigir aquilo que, nas palavras do Ministro da Justiça espanhola, Alberto Ruiz-Gallardón, tinha sido “o maior erro da história espanhola”.</p>
<p>A história dos judeus em Sefarad, como é chamada a Espanha em hebraico, foi longa e rica, marcada por épocas áureas e outras de terror, à medida que romanos, visigodos, muçulmanos e cristãos se sucediam no poder. Foi durante o domínio muçulmano omíada que floresceu, em Sefarad, uma comunidade judaica famosa, tanto por sua sabedoria e conhecimentos quanto por sua importância econômica e política. Em terras ibéricas surgiram vários dentre os maiores sábios e poetas de toda a história judaica.</p>
<p>Sob os califas omíadas, enquanto os judeus que viviam sob o domínio cristão eram sistematicamente perseguidos, a comunidade judaica de Sefarad floresceu, tornando-se o mais importante centro cultural e religioso do mundo judaico e produzindo milhares de obras, seja no campo da filosofia e teologia judaica seja em todos os ramos da ciência e da literatura. Graças a seu conhecimento da língua e cultura árabe, assim como das línguas latinas e o hebraico, os judeus espanhóis se tornaram emissários das atividades científicas e culturais da Espanha islâmica no restante da Europa.</p>
<p>A erudição e sede pelo conhecimento dos judeus sefaraditas iam muito além de sua excelência nos campos da Torá, do Talmud e da língua hebraica. Incluíam, harmoniosamente, todos os outros ramos do conhecimento humano. Para os sefaraditas, o judeu “ideal” combinava uma fé absoluta nas Leis e preceitos judaicos, vivo interesse por sua teologia e filosofia e elevado apreço pela cultura geral e ciências naturais. Sábios e eruditos judeus eram, também, grandes médicos, poetas, filósofos, matemáticos, cartógrafos e astrônomos, além de servir os califas e príncipes como ministros, vizires e generais. Suas contribuições à civilização mundial foram tão significativas que nos influenciam até o presente dia.</p>
<p>Morashá não poderia relatar em uma única edição, ainda que resumidamente, a história dos judeus de Sefarad, suas contribuições ou suas mais importantes figuras. Optamos, portanto, por dividir essa história em períodos que serão publicados nas próximas edições.</p>
<p>Primeiros assentamentos</p>
<p>Os primórdios da vida judaica em Sefarad são envoltos em lendas. De acordo com as tradições dos judeus ibéricos, suas raízes na Península Ibérica remontam à época do rei Salomão. Por volta de 970 antes da Era Comum (AEC), após o rei selar uma aliança com Hiram, rei de Tiro, mercadores judeus, a bordo de embarcações fenícias, tornaram-se ativos comerciantes nas terras que circundavam o Mar Mediterrâneo, estabelecendo entrepostos em suas margens e chegando até a Península Ibérica. E, ainda segundo uma tradição, Adoniram, emissário e general do rei Salomão, foi enterrado em Murvierdo. De acordo com o Tanach1, já no século 10 AEC eram rotineiras expedições para a Península. Ainda no Tanach , no versículo 20 do Livro de Ovadia, o profeta menciona Sefarad quando se refere aos “judeus exilados de Jerusalém”. Segundo uma tradição que perdura até hoje, algumas das famílias aristocráticas do Reino de Judá, ao serem deportadas pelos babilônios no século 6 AEC, assentaram-se no litoral da Espanha.</p>
<p>Apesar das especulações sobre o ano em que os judeus se estabeleceram na Península Ibérica, sabe-se, com certeza, que lá havia inúmeros deles quando a região fazia parte dos domínios de Roma. Os romanos haviam invadido a Península, por volta de 220 AEC, e, no início do 1º século EC, estava sob seu domínio toda a Hispânia, nome com o qual os romanos designavam a Península Ibérica. Após a derrota judaica durante as Guerras judaico-romanas (70 e 135 EC), os Imperadores Vespasiano e Adriano para lá despacharam milhares de prisioneiros judeus. Uma estimativa, considerada “exagerada” pelos historiadores, chegou a avaliar em 80 mil o número de judeus prisioneiros enviados à Hispânia nesse período. Outros milhares fugiram de Eretz Israel, buscando refúgio em Sefarad, e, nas décadas seguintes, houve uma substancial imigração judaica tanto vinda do norte da África quanto do sul europeu.</p>
<p>Moedas judaicas encontradas em Tarragona são prova da existência dos primeiros assentamentos judaicos. Fontes judaicas, como o Midrash Leviticus Rabá 29:2, mencionam uma “volta da Diáspora” da Espanha no ano 165 EC. Porém, a mais antiga prova concreta da presença judaica na Península é uma lápide datada por volta do 2º século, com inscrições em hebraico, latim e grego, encontrada em Tortosa. O texto hebraico diz “Paz para Israel... Esta é a tumba de Meliosa, filha de Yehuda e (?) Miriam (..)”. Outra lápide datada do século 3, foi encontrada em Adra, à leste de Granada, pertencente ao túmulo de uma criança de nome Annia Saomónula. A inscrição em latim a identifica como sendo uma Judaea (menina judia).</p>
<p>Seguramente, no final do século 3,era grande o número de judeus em várias partes da Hispânia, especialmente nas regiões de Granada, Córdoba e Sevilha, ao Sul, Toledo e Barcelona, ao Norte. Achados arqueológicos revelam que os judeus viviam em comunidades prósperas e organizadas. No período romano, sua vida era relativamente tranquila, pois o judaísmo era uma religio licita – religião lícita, permitida. Cada comunidade podia, entre outros, estabelecer sinagogas, cemitérios, cobrar impostos, bem como manter tribunais para julgar disputas entre os membros da comunidade. Mas, a situação foi-se modificando à medida que o Cristianismo, que no final do século 3, já era uma força poderosa no Império Romano, passou a ser adotado pela população hispano-romana.</p>
<p>No início do século 4, a Igreja na Hispânia estava suficientemente fortalecida para convocar, em 303, o Concílio de Elvira, o primeiro entre todos os que viriam a seguir. Entre os cânones adotados estava a proibição de cristãos se casarem com judeus, viverem com eles ou comerem juntos. As determinações de Elvira revelam tanto o reconhecimento por parte da Igreja do tamanho e importância da comunidade judaica, quanto o fato de que os judeus já eram vistos pela Igreja como “nocivos“. Os bispos viam com preocupação o fato de estarem bem integrados na sociedade e de manterem relações amigáveis com os cristãos.</p>
<p>No entanto, apesar do fortalecimento da Igreja na Hispânia e no resto do mundo romano, já que o cristianismo se tornara, em 313, a religião oficial do Império através do Édito de Constantino, os cânones não possuíam força legal e os judeus e cristãos continuaram a coexistir em harmonia na Ibéria Romana. Mas, a Europa estava prestes a passar por grandes mudanças.</p>
<p>No final do século 4, o Império Romano foi definitivamente dividido em dois: o do Ocidente, cuja capital era Roma, e o do Oriente, o Império Bizantino. O Império Romano do Ocidente não sobreviveria às invasões dos bárbaros nos séculos seguintes.</p>
<p>O domínio visigodo</p>
<p>A administração romana manteve-se na Hispânia até o início do século 5, quando a região foi invadida por bárbaros. Em 419 os visigodos conquistaram grande parte da Península. Mantendo o nome Hispânia, o poder dominante estabeleceu, em Toledo, o centro político do seu novo reino. O período visigodo, que duraria três séculos, foi marcado por agitação política, para não dizer uma verdadeira anarquia.</p>
<p>Os séculos em que os judeus viveram sob domínio visigodo estão entre os mais obscuros da história judaica. Sabemos que em Sefarad vivia uma comunidade integrada e afluente. Até Recaredo se tornar rei, em 586, a vida dos judeus não sofreu mudanças drásticas. Até então os visigodos praticavam o arianismo, uma forma de cristianismo considerado herético pela Igreja Católica, por negar a Trindade, e não viam os judeus como um elemento “perigoso” para a sociedade.</p>
<p>O fato de os governantes visigodos não terem conseguido estender sua autoridade muito além de Toledo seria determinante na decisão de Recaredo de adotar o Cristianismo normativo da Trindade (Catolicismo). Ao se converter, ele passou a controlar a Igreja Católica com representantes espalhados por todo o reino, já que era prerrogativados reis nomear bispos e convocar os Concílios em Toledo. Em teoria, ao controlar a Igreja, os reis visigodos controlariam toda a Hispânia.</p>
<p>Em 589, Recaredo convocou o 3º Concílio de Toledo, dando início ao domínio católico na Península. Um objetivo do Concílio era eliminar a influência judaica na população cristã. Entre outros, os judeus não podiam ocupar cargos públicos, tampouco se casar com cristãos. Ele também proibiu os judeus de possuírem escravos cristãos, e, num segundo momento, de contratar cristãos para serviços pagos.</p>
<p>Os dois séculos que se seguiram figuram entre os períodos mais difíceis na história judaica e foram um prenúncio ameaçador das futuras políticas espanholas contra os judeus. E concílio após concílio realizado em Toledo, promulgavam decretos antijudaicos, com crescente ferocidade.</p>
<p>Em 616, o 3º Concílio determinou que todos os judeus que se recusassem a se converter fossem punidos com 100 chibatadas. Se teimassem em não aceitar o batismo, teriam seus bens confiscados e seriam expulsos do Reino. Os resultados foram devastadores. Crianças judias eram tiradas de seus pais, que eram impedidos de deixar o país. Muitos conseguiram fugir, mas grande parte da população judaica – mais de 90 mil, viram-se forçados à conversão. Centenas morreram em atos de Kidush Hashem. Porém, a maioria desses conversos, chamados em hebraico de anussim (coagidos), mantinham sua identidade judaica em segredo. Nascia em solo espanhol o criptojudaísmo, uma prática que seria adotada, no futuro, por milhares de judeus que foram forçados a se converter.</p>
<p>Dez cânones do 4º Concílio, convocado, em 633, diziam respeito a judeus e criptojudeus. Apesar dos bispos reconhecerem a imoralidade e ilegalidade das conversões forçadas, determinaram que os judeus batizados não poderiam retomar sua fé “por causa da natureza imutável do batismo”. Portanto, cabia à Igreja forçar os criptojudeus a se tornarem cristãos de fato. Para a Igreja, os judeus secretos já representavam uma ameaça ainda maior do que os que nunca haviam sido batizados. Medidas cada vez mais severas foram adotadas em relação a qualquer “judeu batizado” que fosse descoberto tendo “uma recaída”. Entre outros, lhe seriam tirados seus filhos, que seriam entregues a um monastério para serem criados como “verdadeiros cristãos”.</p>
<p>Em 638, o 6o Concílio determinou que a punição para os conversos que não seguissem os cânones da fé cristã seria a fogueira ou o apedrejamento. E o 9o, realizado no ano de 654, trouxe a obrigatoriedade por parte de todo cristão de vigiar os conversos como forma de garantir que realmente haviam abandonado os costumes judaicos. As bases da futura Inquisição espanhola estavam sendo traçadas.</p>
<p>No entanto, apesar de todos os esforços, os reis visigodos não conseguiram converter os judeus em massa nem tampouco extirpar o criptojudaísmo. Além da Coroa não ter muito controle sobre as terras além de Toledo, muitos dos nobres visigóticos prestavam pouca atenção às leis da Igreja e necessitavam dos serviços dos judeus para dirigir suas propriedades e feudos. Consequentemente, os judeus que viviam distantes de Toledo desfrutavam de um grau maior de liberdade do que os que habitavam aquela cidade ou as outras de grande porte, onde a autoridade da Coroa ou a presença da Igreja eram muito fortes.</p>
<p>Os últimos reis visigodos adotaram medidas cada vez mais perniciosas. Tentaram, novamente, forçar os judeus a aceitar o batismo, ameaçando-os com a expulsão. As medidas adotadas pelo rei Egica (687–702) foram especialmente cruéis. Entre outros, declarou escravos todos os judeus, batizados ou não, dando-os “de presente” aos cristãos. Crianças judias com mais de sete anos (certas fontes afirmam que menores, também) foram tiradas de seus pais para serem criadas como cristãs, para, no final, serem escravizadas.</p>
<p>Não é de se estranhar que os judeus recebessem os invasores muçulmanos como libertadores. Uma nova era de muitas realizações tem início para os judeus de Sefarad ao passar da esfera de domínio cristão para o domínio islâmico.</p>
<p>A invasão islâmica</p>
<p>A expansão muçulmana, iniciada após a morte de Maomé, atingiu a Península Ibérica no início do século 8. Na época, a monarquia visigótica estava enfraquecida pelas lutas internas. De acordo com muitos historiadores, entre as facções em luta estaria o filho do falecido rei, não conformado pelo seu afastamento do poder. Esta facção apelou ao governador omíada, da Ifríquia2, Musa ibn Nusair,que intercedesse na guerra civil. Este último enviou o General Tarik ibn Ziyad à península. O objetivo mouro3, porém, não era apenas interceder na luta interna, mas tomar a península.</p>
<p>Em 30 de abril de 711, chefiando um exército de 12 mil homens, em sua maioria composto por berberes norte-africanos, Tarik desembarcou no rochedo que, posteriormente, foi chamado de Jabal Tarik (“monte de Tarik”), que hoje é conhecido como Gibraltar.</p>
<p>Divididos, os visigodos foram facilmente vencidos, em julho, na Batalha de Guadalete (em Jerez de la Frontera), no primeiro embate entre visigodos e muçulmanos. Sabe-se que havia inúmeros judeus vindos do norte da África lutando em Jerez, sob o comando de Kaula al-Yahudi, general judeu nomeado por Tarik.</p>
<p>Os invasores avançavam rapidamente. Em 712, as forças de Musa ibn Nusair se juntaram às de Tarik. Prosseguindo em direção ao Norte, os invasores capturaram Toledo e Córdoba, em outubro do mesmo ano; Saragoza, em 714; e Barcelona, em 720. No decorrer de dez anos, os mouros assumiram o controle de uma parte substancial da Península, que chamaram de Al-Andaluz ou Andaluzia, e que passou a fazer parte do imenso Império Islâmico, controlado pela dinastia Omíada. Não conseguiram, porém, dominar parte do noroeste da atual Espanha e parte do norte do que é hoje Portugal, que permaneceram em mãos dos reis cristãos.</p>
<p>De acordo com cronistas muçulmanos, grande parte da população cristã fugira antes da chegada dos mouros, ficando apenas os judeus. Enquanto os invasores prosseguiam em suas conquistas, as cidades eram deixadas a cargo de judeus que atuavam como uma milícia. As cidades de Córdoba, Málaga, Granada, Toledo e Sevilha foram confiadas aos cuidados dessas milícias. Devido à sua grande população judaica, Sevilha tornou-se conhecida como “Villa de Judíos” (Cidade dos Judeus). Estes se estabeleceram também, nas zonas agrícolas, pois não era raro receberem dos invasores propriedades agrícolas pertencentes a cristãos em fuga diante do avanço mouro.</p>
<p>Não há dúvida de que os judeus cooperaram com os invasores muçulmanos, pois sua chegada colocara um fim às violentas perseguições sofridas sob os visigodos. É preciso ressaltar, porém, que eles não “convidaram” os mouros a invadir a região, nem “entregaram-lhes” a Espanha. Tais acusações perniciosas foram disseminadas pelos cristãos durante a Idade Média para “explicar” a queda da Península Ibérica em mãos dos invasores muçulmanos, como resultado da “traição e perfídia judaica”.</p>
<p>Apesar de os muçulmanos serem uma minoria em Al-Andaluz, e grande parte da população ser composta de cristãos e judeus, as leis islâmicas ditavam a vida de todos. O Islã permitia que judeus e cristãos lá vivessem na condição de dhimmis, assim como em qualquer outra parte do mundo islâmico. Isto implicava aceitar a supremacia do Islã e se submeter ao Estado muçulmano que, em troca, garantia-lhes a vida, a propriedade e o direito de praticar sua religião. Em contrapartida, tinham que cumprir uma série de obrigações, conhecidas como o Código de Omar, cujo rigor variava ao bel-prazer e de acordo com os interesses dos governantes. Em teoria, os dhimmis viviam em constante risco, já que a al-Adhimma apenas suspendia temporariamente o “direito” do conquistador de matar o conquistado e de lhe confiscar a propriedade.</p>
<p>Mesmo sendo considerados cidadãos de segunda classe, para os judeus de Andaluz a vida era bem melhor do que havia sido sob os visigodos. Entre a chegada dos mouros, em 711, e a invasão dos almorávidas, em 1086, não houve uma política antijudaica – ainda que o relacionamento entre as autoridades muçulmanas e os judeus não fosse perfeito.</p>
<p>O Califado Omíada em al-Andaluz</p>
<p>Em 750, uma nova dinastia islâmica, os abássidas, tomou o poder aos omíadas, passando a governar o vasto Império Islâmico. Ao fazê-lo, os abássidas procuraram eliminaram todos os príncipes omíadas. Apenas Abd-al-Rahman conseguiu escapar, refugiando-se, inicialmente, no norte da África, e, em momento posterior, em Al-Andaluz.</p>
<p>Após rapidamente derrotar seus opositores ele assume o poder. Funda, em 756, o Emirado Omíada de Al-Andaluz, tendo Córdoba por capital. O emirado floresceu comercial e culturalmente durante o século 8, apesar das insurreições instigadas pelos abássidas e as incursões militares dos francos e de forças cristãs do Reino das Astúrias.</p>
<p>Para os habitantes da Al-Andaluz, o século 10 foi um período de grandes avanços culturais e econômicos. Enquanto o resto do continente europeu afundara na ignorância e no obscurantismo, no longo período de trevas imposto pela Igreja, em Al-Andaluz floresceu uma civilização altamente sofisticada e requintada, baseada em uma cultura cosmopolita e secular. Esse período de florescimento cultural imprimiu uma marca profunda na civilização ocidental e nos judeus espanhóis, que iriam criar as bases de uma cultura inigualável.</p>
<p>Em 929, Abd al-Rahman III elevou o emirado ao status de califado e cortou os vínculos políticos com Bagdá. O califa, cuja mãe era europeia, foi um governante extraordinário. De acordo com a tradição, sua grandeza havia sido profetizada por um sábio judeu, que se tornara um de seus conselheiros.</p>
<p>Sob seu reinado, Al-Andaluz atingiu seu apogeu, tornando-se a primeira economia urbana e comercial a florescer na Europa, depois da queda do Império Romano. Com uma população de mais de 500 mil habitantes e perto de 60 mil palácios, a Córdoba do século 10 rivalizava em opulência cultural e econômica com Damasco e Bagdá. Abd al-Rahman III construiu hospitais, instituições de pesquisa e centros de estudos, criando uma tradição intelectual e um sistema educacional que fizeram da Espanha islâmica um centro de referência pelos quatro séculos seguintes.</p>
<p>Apaixonado pela filosofia, poesia, teologia e ciências seculares, Abd al-Rahman III estimulou e patrocinou o conhecimento sob todas as formas e em todas as áreas. Sem medir esforços, recrutou sábios, poetas, filósofos, historiadores e músicos muçulmanos e não muçulmanos. Ele tornou o califado um proeminente centro de educação islâmica, ultrapassando Bagdá. Criou bibliotecas ímpares, importando livros de Bagdá e de outros locais. No século 10, Córdoba possuía cerca de 70 bibliotecas, sendo que na do califa, que abrigava 500 mil manuscritos, trabalhavam pesquisadores, tradutores e encadernadores.</p>
<p>Para os judeus, o reinado de Abd al-Rahman III foi o início da Idade de Ouro da cultura judaica, uma época de grandes realizações. Abd al-Rahman III e seus sucessores não exerceram nenhuma discriminação opressiva contra os judeus. Pelo contrário, estes eram considerados um segmento útil e leal da população, sendo tratados com dignidade e respeito. Sua cultura e riqueza fizeram com que os califas os indicassem para cargos importantes. Inúmeros judeus tornaram-se conselheiros, astrólogos, secretários de estado de califas e príncipes.</p>
<p>Livres para exercer qualquer atividade cultural ou econômica, os judeus ingressaram em vários setores da economia, incluindo o comércio, as finanças e as profissões liberais. Atuavam principalmente no comércio de seda e seus inúmeros empreendimentos contribuíram para a prosperidade do reino. Tornaram-se médicos famosos, poetas ilustres, filósofos, astrônomos, cartógrafos de renome. Podendo assumir cargos públicos, destacaram-se na administração pública e desenvolveram habilidades políticas e diplomáticas.</p>
<p>Em pouco tempo, Sefarad atraiu milhares de judeus de outras partes do Oriente Médio e da África do Norte. A comunidade judaica de Al-Andaluz tornou-se a mais populosa e próspera fora da Babilônia. Havia comunidades em não menos de 44 cidades, muitas com suas próprias ieshivot. As de Córdoba, Granada, Sevilha, Lucena e Toledo eram as mais importantes.</p>
<p>A partir do momento que o califado se tornara independente de Bagdá, os laços que prendiam os judeus sefaraditas às autoridades gaônicas começaram a se afrouxar e os judeus espanhóis se tornaram independentes do protecionismo religioso e intelectual da comunidade judaica da Babilônia.</p>
<p>Os judeus de Sefarad incentivavam o estudo e o saber em todas as áreas, e sábios e eruditos judeus gozavam de privilégios e honras parecidos aos dispensados aos estudiosos muçulmanos. No século 10, Sefarad – e não mais a Babilônia – passou a ser o maior centro cultural judaico do mundo, sinônimo de sabedoria e conhecimento, o local onde surgiram alguns dos maiores sábios de toda a história judaica.</p>
<p>Um dos homens que mais contribuíram para o florescimento da cultura judaica foi Hasdai Ibn Shaprut (915-970), líder da comunidade judaica de Córdoba e Nasi de todo os judeus ibéricos. Médico extraordinário, tornou-se um dos homens de confiança de Abd-al-Rahman III. Dotado de grande capacidade de organização e de estadista e fluente em hebraico, árabe e idiomas de origem latina, Ibn Shaprut conduzia as negociações entre o califado e os impérios bizantino e germânico e, também, com inúmeros governantes espanhóis cristãos.</p>
<p>Generoso patrono, Ibn Shaprut trazia a Córdoba sábios talmúdicos, filósofos, poetas e médicos judeus. Incentivou o estudo da Torá, do Talmud, do hebraico. Fundou uma ieshivá para formação de rabinos, que ficou a cargo do Gaon Moses ben-Hanok (Enoch), permitindo assim aos judeus espanhóis não terem que depender dos Gaonim da Babilônia em questões referentes à lei judaica.</p>
<p>É preciso ressaltar, contudo, que nem tudo era “dourado”, nesse período. Não há dúvida que judeus espanhóis viviam melhor do que qualquer outra comunidade judaica da Europa cristã, mas a vida judaica na Espanha muçulmana não era imune às ameaças decorrentes dos perigos inerentes à sua condição de dhimmis e à dinâmica da política islâmica. Tampouco foi a Idade de Ouro um período de total tolerância e compreensão entre as comunidades das três religiões que lá viviam. No tocante à população judaica, mais do que tolerância, havia na Espanha moura o reconhecimento, por parte das autoridades, da “utilidade” dos judeus e a tendência dos governantes de ignorar as exigências mais rigorosas da lei islâmica quanto ao tratamento que lhes tocava.</p>
<p>Os Taifas</p>
<p>O califado de Córdoba continuou, de modo geral, a exercer uma hegemonia em Al-Andaluz até o final do século 10, sendo que praticamente desabou em 1008, sendo formalmente abolido em 1031.</p>
<p>A ausência de um poder central permitiu o estabelecimento, em Al-Andaluz, de uma série de pequenos estados islâmicos, chamados Taifas. Esses principados variavam em extensão, recursos e poder competiam militarmente entre si. Entre 1010 e 1080 formaram-se aproximadamente 30 que acabaram sendo consolidados em 9 maiores. Os mais ricos e poderosos, Toledo, Sevilha, Badajós e Granada, mantiveram em seus domínios a tradição dos omíadas de patrocinar as artes e as ciências.</p>
<p>Para a população judaica de Al-Andaluz, com a queda dos califas omíadas, tornaram-se mais evidentes os perigos inerentes à sua condição de dhimmis. Ao longo da primeira metade do século 11, embora houvesse alguns episódios de hostilidade, eles não foram totalmente discriminados. A participação judaica nas atividades profissionais, administrativas e governamentais, iniciada durante o califado, manteve-se ao longo do período taifa. Os governantes, relativamente tolerantes, haviam sabiamente acolhido os financistas, conselheiros em questões econômicas e políticas, escritores e poetas, cientistas e médicos judeus. Um número significativo de judeus ocupou cargos importantes nas diversas cortes, até mesmo o de vizir.</p>
<p>Os traços característicos entre os judeus mais proeminentes era a harmonia entre a tradição religiosa e a cultura secular – o estudo do Talmud, junto com a poesia e a filosofia, e uma mesma proficiência em árabe e em hebraico.</p>
<p>Um exemplo típico da realização do ideal sefardita judaico foi o poeta e estudioso da Halachá, o Rabi Samuel ha-Naguid. Líder da comunidade judaica, atuou como vizir e comandante do exército do Reino de Granada de 1030 até sua morte, em 1056.</p>
<p>No século 11 havia em Sefarad comunidades importantes, entre outras, em Sevilha, Denia, Tudela, Almeria, Huesca, Toledo, Córdoba, Saragoza e Lucena.</p>
<p>O grande talmudista, Rabi Isaac Alfasi, que trocou Fez por Sefarad, tornou-se Rosh Ieshivá (diretor) da Ieshivá de Lucena, em 1089. O mais famoso dentre seus inúmeros alunos foi o Rabi Yehuda Halevi, autor da obra Kuzari. Médico e filósofo, é considerado um dos maiores poetas hebraicos. Rabi Isaac Alfasi foi, também, professor do Rabi Joseph ibn Migash (o Ri Migash). Saragoza foi o lar do filólogo, gramático e poeta Shlomo ibn Gabirol e de Rabi Bahiya ibn Pakuda.</p>
<p>A ausência de um poder central representava um grande perigo para os judeus de Sefarad, pois permitia a extremistas religiosos cometerem atos de violência contra os judeus. Em Granada, o fato de judeus ocuparem posições importantes nas cortes provocou o descontentamento do resto da população.</p>
<p>Em 30 de dezembro de 1066, essa mesma cidade foi palco do primeiro massacre de judeus em Al-Andaluz desde a sua fundação, em 711. Uma multidão furiosa muçulmana – após assassinar o vizir Joseph Ibn Naghrela, filho de Rabi Samuel ha-Naguid – matou 4.000 judeus.</p>
<p>O domínio almorávida</p>
<p>As lutas entre os diferentes reinos taifas tornou evidente a inabilidade dos inúmeros governantes da Espanha islâmica em manter uma unidade política. Os reinos cristãos vão-se aproveitar da divisão muçulmana e da debilidade de cada taifa individual em tentar subjugá-los.</p>
<p>Num primeiro momento, a submissão foi unicamente econômica, forçando os governantes das taifas a pagarem tributos anuais de não agressão aos monarcas cristãos. Mas, percebendo que os muculmanos não resistiriam a seus avanços militares, iniciaram uma campanha de reconquista de terras aos mouros. Em 1085, Afonso VI, de Leão e Castela, aproveitando o pedido de ajuda do rei taifa de Toledo contra um usurpador, sitiou esta cidade e aceitou a sua rendição em maio. Com a ocupação de Toledo, Afonso VI pôde iniciar campanhas militares contra os taifas de Córdoba, Sevilha, Badajoz e Granada.</p>
<p>Ao perceber que os reis cristãos se haviam tornado uma ameaça real para os domínios islâmicos, seus governantes pedem a ajuda aos almorávidas, uma dinastia berbere fundamentalista do norte da África. O líder dos almorávidas, o emir Yusuf ibn Tashfin, atravessou, com seu exército, o estreito de Gibraltar e venceu Alfonso VI na batalha de Zalaca (1086). Os mouros ainda cercaram Toledo, mas não lhes foi possível retomar a cidade. O avanço cristão perdeu o ímpeto e só seria retomado na metade do século 12.</p>
<p>Após derrotar os cristãos, os almorávidas tomam o poder, conquistando os diferentes reinos taifas. Cultural e religiosamente menos tolerante que seus predecessores, os almorávidas queriam estabelecer uma nação onde pudessem aplicar os princípios islâmicos. De temperamento violento, introduziram na Espanha muçulmana uma intolerância até então desconhecida.</p>
<p>Sob o regime dos almorávidas, a situação dos judeus se tornou muito precária, durante certo tempo. Entre outros, Yusuf ibn Tashfin tentou forçar a comunidade judaica de Lucena, uma das mais respeitadas de Sefarad, a se converter ao islamismo. Somente o pagamento de uma grande soma em dinheiro fez com que ele desistisse.</p>
<p>Mas, apesar do status vulnerável, os judeus tinham permissão para permanecer onde viviam e eram tolerados. Além de serem fonte de vultosos impostos que alimentavam os cofres públicos, eles tinham muito a oferecer aos novos conquistadores, em particular na área administrativa e diplomática, e, com o tempo, conseguiram reconquistar um tratamento favorável. Com a subida ao trono do filho e sucessor de Yusuf, Ali, os judeus voltaram a ocupar postos importantes na Corte, tendo alguns se tornado importantes conselheiros. Córdoba, Sevilha, Lucena e Granada tornaram-se importantes centros de estudos judaicos. Assim, a primeira metade do século 12 assistiu o apogeu da Idade de Ouro do judaísmo sefaradita. A maioria de seus grandes expoentes justamente viveram entre os séculos 11 e 12.</p>
<p>A chegada dos almôadas</p>
<p>Os almorávidas não foram capazes de se manter no poder quando sua expansão militar chegou ao fim. Com seu enfraquecimento, os reinos cristãos reiniciaram a Reconquista. Isto fez com que uma nova dinastia berbere do norte da África, os almôadas, fosse chamada, em 1146, para intervir na luta. Ferozes guerreiros, eles rapidamente passaram a controlar grande parte de Al-Andaluz.</p>
<p>O fanatismo religioso e a incondicional intolerância dos almôadas, que queriam pôr fim à corrupção e à lassidão dos governantes islâmicos em aplicar as leis do Corão, trouxeram grande destruição e sofrimento para as comunidades judaicas do sul da Espanha.</p>
<p>Sob os almôadas, os judeus foram perseguidos e segregados. Entre outros, foram impedidos de negociar livremente, tiveram seus bens confiscados, sendo obrigados a usar roupas que os diferenciassem. Eles viram sinagogas sendo destruídas e ieshivot fechadas e, sob a ponta da espada, foram obrigados a se converter – desta vez ao islamismo. Muitos judeus, entre os quais Maimônides, fugiram para a África à procura de governos muçulmanos mais tolerantes. Outros foram para o norte da Espanha, então sob domínio cristão, onde foram recebidos de braços abertos. Muitos dos que permaneceram sob domínio muçulmano tornaram-se criptojudeus.</p>
<p>As comunidades judaicas do sul da Espanha não conseguiram sobreviver à intolerância e à perseguição de seus novos governantes. Chegava ao fim a saga dos judeus de Sefarad, que tanto tinham contribuído àquelas terras e ao mundo, sob domínio muçulmano.</p>
<p>1 O Tanach é composto de 24 livros. Esta palavra simboliza o conteúdo desses livros e contém a inicial de cada grupo de livros: Torá, Nevi’im (Profetas) e Ctuvim (Escrituras Sagradas)</p>
<p>2 Território da região norte do Norte de África, parte do Império Islâmico.</p>
<p>3 Mouros ou sarracenos foram povos oriundos do Norte de África, praticantes do Islã, invasores da região da Península Ibérica, Sicília, Malta e parte de França, durante a Idade Média.</p>
<p>BIBLIOGRAFIA <br/> Cohen, Malcolm, A Short History of the Jews in Spain, eBook Kindle <br/>
Gerber, Jane S., The Jews of Spain, eBook Kindle <br/>
Lowney, Christopher, A Vanished World: Medieval Spain’s Golden Age of Enlightenment, eBook Kindle</p> Curso na PUC-SP aborda a trajetória dos judeus – da Época de Ouro, na Península Ibérica, ao surgimento Estado de Israel.tag:judaismohumanista.ning.com,2013-04-25:3531236:Topic:858602013-04-25T00:20:39.866ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Acontece de 7 de maio a 27 de junho o curso de História Judaica da Cátedra de Cultura Judaica da PUC-SP, ministrado pelo professor Mauro David Cukierkorn. A Cátedra é resultado de uma parceria do Centro da Cultura Judaica com a Pontifícia Universidade Católica. O curso narra a trajetória do povo judeu – da Época de Ouro, na Península Ibérica, ao surgimento do Estado de Israel. Quem não é aluno da PUC-SP também pode se matricular. A primeira aula é aberta.</p>
<p>Um novo e instigante curso de…</p>
<p>Acontece de 7 de maio a 27 de junho o curso de História Judaica da Cátedra de Cultura Judaica da PUC-SP, ministrado pelo professor Mauro David Cukierkorn. A Cátedra é resultado de uma parceria do Centro da Cultura Judaica com a Pontifícia Universidade Católica. O curso narra a trajetória do povo judeu – da Época de Ouro, na Península Ibérica, ao surgimento do Estado de Israel. Quem não é aluno da PUC-SP também pode se matricular. A primeira aula é aberta.</p>
<p>Um novo e instigante curso de História Judaica tem início no dia 7 de maio na Pontifícia Universidade Católica, ministrado pelo professor Mauro David Cukierkorn. Em seu segundo módulo, o professor Cukierkorn narrará a história do povo judeu da chamada Época de Ouro, vivida na Península Ibérica, ao surgimento do Estado de Israel. As aulas acontecem às sempre terças-feiras, das 19h às 21h. São oito aulas ao total, com término no dia 27 de junho. O valor do curso é de R$ 320,00 (R$ 106,67 de matrícula e duas mensalidades do mesmo valor). Informações pelo telefone 11-3124-9600 ou através do link <a href="http://cogeae.pucsp.br/cogeae/curso/3992">http://cogeae.pucsp.br/cogeae/curso/3992</a>. As aulas acontecem na unidade Consolação da PUC-SP (rua da Consolação, 881). V</p>
<p>“Faremos um estudo abrangente, procurando demonstrar o pluralismo que envolve a história das comunidades judaicas, da diáspora ibérica ao surgimento do Estado de Israel”, diz o professor. “Entre os temas abordados, estão o fenômeno dos cristãos-novos e sua presença no Brasil Colonial, as diferentes experiências deste povo espalhado pelos cinco continentes, a participação judaica nas grandes transformações do mundo contemporâneo e o século XX – da tragédia do Holocausto ao nascer de uma nação”, acrescenta o professor, que é graduado em História PUC-SP e membro do Conselho Editorial da Revista Projeto História, publicada pelo Programa de Pós-Graduação em História da PUC-SP (1995-96).</p>
<p>Segundo José Luiz Goldfarb, presidente da Cátedra de Cultura Judaica – que é resultado de uma parceria da PUC-SP com o Centro de Cultura Judaica – o curso permite uma compreensão do papel do Judaísmo dentro do panorama da História Universal. “Os cursos realizados pela nossa Cátedra, como Poesia Bíblica, ministrado por Ariel Finguerman, e de Cultura Judaica, dado pela professora Cecília Bem David, assim como o primeiro módulo ministrado pelo professor Mauro (do patriarca Abraão até a Inquisição). tiveram cerca de 80% de alunos de fora da comunidade judaica, o que é muito interessante neste mundo que precisa, muito dos diálogos entre as diferentes culturas e religiões. Aqui no Brasil ainda é novidade uma Cátedra como essa, mas é uma realidade existente em diversos países”, diz. “Como já destacamos algumas vezes, universidades católicas pelo mundo afora mantém estudos dedicados ao Judaísmo; assim como a Universidade Hebraica de Jerusalém mantém uma área de ensino e pesquisa dedicada ao Cristianismo. Por isso, nada mais oportuno que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo criasse sua Cátedra de Cultura Judaica”, afirma.</p>
<p>De acordo com Goldfarb, os alunos dos cursos da Cátedra têm um perfil bem variado. “Os cursos são instigantes para pesquisadores, professores e estudantes de graduação; pós-graduação nas áreas de História, Geografia, Ciências Sociais, Economia, Serviço Social, Relações Internacionais; e professores do Ensino Médio, assim como interessados em geral, mesmo quem não tem conhecimentos prévios sobre os assuntos abordados”, completa José Luiz Goldfarb.</p> Uma visita ao cemitério dos judeus do Recife em NY - Gustavo Chacra no estadao.comtag:judaismohumanista.ning.com,2012-07-16:3531236:Topic:751252012-07-16T08:30:14.221ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Texto baseado em reportagem minha publicada na edição do Estadão deste domingo. Honestamente, é das mais matérias que eu mais me orgulho de ter feito aqui em Nova York<br></br> Entre prédios com tinta descascada no bairro de Chinatown em Manhattan, o cemitério dos judeus originários do Recife e seus primeiros descendentes é um dos mais bem guardados segredos de Nova York. Poucos conhecem pessoalmente as tumbas das primeiras famílias judias que viveram na metrópole com a segunda maior população…</p>
<p>Texto baseado em reportagem minha publicada na edição do Estadão deste domingo. Honestamente, é das mais matérias que eu mais me orgulho de ter feito aqui em Nova York<br/> Entre prédios com tinta descascada no bairro de Chinatown em Manhattan, o cemitério dos judeus originários do Recife e seus primeiros descendentes é um dos mais bem guardados segredos de Nova York. Poucos conhecem pessoalmente as tumbas das primeiras famílias judias que viveram na metrópole com a segunda maior população judaica do mundo, depois de Tel Aviv. Muito menos sabem que eles vieram do Brasil.<br/>
Apesar do desgaste de séculos de chuva, sol e neve, ainda dá para ler em algumas tumbas sobrenomes como Fonseca, Seixas, Gomes, Nunes, Cardozo, Castro e Bueno de Mesquita. Todos judeus portugueses ou espanhóis e com seu passado ligado ao tempo de domínio dos holandeses no Recife, onde a primeira congregação judaica das Américas foi construída.<br/>
Em 1654, Portugal retomou o controle de Pernambuco, que estava nas mãos dos holandeses da Companhia das Índias. Era o fim de uma era de liberdade para os judeus nas terras brasileiras. Eles mais uma vez eram expulsos pela coroa portuguesa. Antes, durante a inquisição, haviam sido obrigados a deixar Portugal e rumaram para a protestante Holanda, onde não eram alvos de perseguição.<br/>
Com a expulsão do Recife, alguns milhares de judeus rumaram em direção à Holanda em 17 barcos. Uma destas embarcações se perdeu e foi alvo de ataque piratas espanhóis. “Resgatados por um navio francês, foram levados para Nova Amsterdã, hoje conhecida como Nova York. Eram 23 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças”, me disse Zacharia Edinger, o shamash (diretor de ritual) da gigantesca sinagoga Hispano-Portuguesa, denominada Shearit Israel, diante do Central Park, que é herdeira da primeira congregação judaica de Nova York. Atualmente, eles possuem as chaves do cemitério em Chinatown, abrindo-o em raras ocasiões, como nesta visita do Estado.<br/>
Os descendentes destes judeus portugueses se transformaram em figuras proeminentes na sociedade americana. Um deles, Benjamin Cardozo, já falecido, alcançou o posto de juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos. Outro, Bruce Bueno de Mesquita, professor da Universidade de Nova York, é o mais destacado especialista de teoria dos jogos aplicada à ciência política.<br/>
Antes mesmo de entrar no cemitério, em um movimentado cruzamento, há uma placa com os dizeres, em inglês, “O Primeiro Cemitério da sinagoga Hispano-Portuguesa, Shearit Israel, na Cidade de Nova York”. O tamanho do terreno todo é pouco maior do que o duas quadras de tênis. Parte acabou sendo destruída quando uma rua foi construída décadas atrás. Ao redor, famílias chinesas observam muitas vezes sem entender o que existe de especial neste cemitério unindo as histórias do Brasil, dos EUA, de Portugal, da Holanda e da diáspora judaica.<br/>
Algumas tumbas possuem inscrições em português, inglês e hebraico. Há palavras como “Faleceu” e “Aqui Jaz”. Uma das mais importantes tem o nome de Gershom Mendes Seixas, um dos rabinos mais importantes da história dos Estados Unidos e com um sobrenome que não esconde as suas origens portugueses. Ele era descendente dos judeus que vieram do Recife e foi o líder da congregação na época da Revolução Americana.<br/>
“Visitar o cemitério foi como viajar no tempo. Ver sobrenomes portugueses no cemitério retrata uma face interessante de Portugal e do Brasil, mostrando que o elemento judaico é integrante do tecido social brasileiro e português, com nomes completamente portugueses”, disse o executivo Sergio Suchodolsky, que visitou o cemitério comigo. O israelense Efrahim Gil afirmou que esperou “desde 1966” para ir ao local nesta inédita visita.<br/>
O rabino brasileiro Mendy Weitman, do Jewish Latin Center, em Manhattan, disse ser “uma honra entrar no cemitério e ver como 23 judeus vindos do Brasil conseguiram construir a maior comunidade judaica fora de Israel, em Nova York” – seu pai, o rabino David Weitman, da Congregação Beit Yaacov, em Higienópolis, escreveu o livro Bandeirantes Espirituais, justamente sobre os judeus do Recife.<br/>
<a href="http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/uma-visita-ao-cemiterio-dos-judeus-do-recife-em-ny/">http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/uma-visita-ao-cemiterio-dos-judeus-do-recife-em-ny/</a></p> 'A mão e a luva': judeus marroquinos em Israel e na Amazônia: similaridades e diferenças na construção das identidades étnicas - Tese de Doutorado - Autor Wagner Borges de Almeida Linstag:judaismohumanista.ning.com,2012-06-25:3531236:Topic:741842012-06-25T06:13:53.136ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
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<div class="DocumentoTextoResumo">Todas as pesquisas empreendeidas sobre os judeus na região amazônica sempre preferiram enfatizar como os judeus chegaram à região, as razões que impulsionaram este processo de imigração ou como os judeus se adaptaram a vida nos trópicos. Esta pesquisa pertende alcançar uma visão contemporânea sobre os judeus marroquinos após dois séculos na região amazônica. Para…</div>
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<div class="DocumentoTituloTexto2">Resumo em português</div>
<div class="DocumentoTextoResumo">Todas as pesquisas empreendeidas sobre os judeus na região amazônica sempre preferiram enfatizar como os judeus chegaram à região, as razões que impulsionaram este processo de imigração ou como os judeus se adaptaram a vida nos trópicos. Esta pesquisa pertende alcançar uma visão contemporânea sobre os judeus marroquinos após dois séculos na região amazônica. Para alcançar esta visão contemporânea sobre o grupo empreendemos uma comparação entre a construção da identidade judaica dos judeus marroquinos em Israel com a identidade dos judeus marroquinos da região amazônica. Para empreender esta comparação vários aspectos da etnicidade judaicomarroquina como os festejos de Mimuna que celebra o fim da páscoa judaica, ou a veneração dos tzadickim (rabinos com qualidades de santos), os sacrifícios realizados as vésperas do perdão, dentre outros, foram selecionados através do trabalho de campo e da ajuda de informantes. A análise destes aspectos étnicos nos auxiliarão a compreender as identidades judaico marroquinas são elaboradas contemporaneamente, e como estes aspectos étnicos ajudam a dar forma a estas identidades.</div>
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<div class="DocumentoTituloTexto3"><b>AVISO - A consulta a este documento fica condicionada na aceitação das seguintes condições de uso:</b> Este trabalho é somente para uso privado de atividades de pesquisa e ensino. Não é autorizada sua reprodução para quaisquer fins lucrativos. Esta reserva de direitos abrange a todos os dados do documento bem como seu conteúdo. Na utilização ou citação de partes do documento é obrigatório mencionar nome da pessoa autora do trabalho.</div>
<div class="DocumentoTituloTexto2">Data de Publicação</div>
<div class="DocumentoTexto">2010-08-02</div>
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<div class="DocumentoTituloTexto4"><ul>
<li><a href="http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8152/tde-02082010-191511/">'A mão e a luva': judeus marroquinos em Israel e na Amazônia: similaridades e diferenças na construção das identidades étnicas</a></li>
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</div> Hasdai Ibn Shaprut - Revista Morashatag:judaismohumanista.ning.com,2012-04-25:3531236:Topic:697912012-04-25T07:45:21.226ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>De carismática personalidade e aguçada inteligência, Ibn Shaprut foi o primeiro de um grande grupo de dignitários judeus que serviram reis e príncipes. Médico, diplomata e ministro da corte do califa de Córdoba, era encarregado das negociações com delegações estrangeiras que chegavam ao Califado, o que fazia com grande habilidade. É um exemplo vivo da multiplicidade de áreas em que atuavam os judeus de Sefarad.</p>
<p>Sob o domínio de Abd Ar-Rahman III, califa de Córdoba que governou entre…</p>
<p>De carismática personalidade e aguçada inteligência, Ibn Shaprut foi o primeiro de um grande grupo de dignitários judeus que serviram reis e príncipes. Médico, diplomata e ministro da corte do califa de Córdoba, era encarregado das negociações com delegações estrangeiras que chegavam ao Califado, o que fazia com grande habilidade. É um exemplo vivo da multiplicidade de áreas em que atuavam os judeus de Sefarad.</p>
<p>Sob o domínio de Abd Ar-Rahman III, califa de Córdoba que governou entre 912 e 961, a Espanha muçulmana se tornara o país mais rico da Europa. Córdoba, a capital, rivalizava em opulência econômica e cultural com Damasco e Bagdá e os judeus despontaram entre os primeiros a participar dessa era de prosperidade.</p>
<p>É nessa efervescência cultural e econômica que surge uma nova aristocracia judaica. Não hereditária nem do tipo tradicional, mas baseada na erudição e sabedoria talmúdica. Era fruto da influência social e política adquirida por seus membros no contato com a alta esfera dos governantes. Sem abrir mão de profunda religiosidade e constante compromisso com seu judaísmo, esses novos líderes participavam ativamente da vida mundana e política e cultivavam o gosto pela cultura islâmica da época.</p>
<p>O historiador e professor Josef H. Yerushalmi, em outubro de 1995, em palestra proferida na Congregação e Beneficência Sefardi Paulista Beit Yaacov, em São Paulo, descreve-os da seguinte forma: "No íntimo da aristocracia judaica espanhola estava a imagem do judeu que combina harmoniosamente elementos que, em outras épocas, as comunidades judaicas considerariam contraditórios e conflitantes. Exemplificando: uma escrupulosa observância judaica aliada aos modos e costumes cosmopolitas, à Torá e à sabedoria grega; uma devoção intensa à tradição judaica e uma abertura genuína à cultura não-judaica circundante".</p>
<p>Herança familiar</p>
<p>Hasdai ibn Shaprut incorporava tais ideais. Apesar de não ter sido o primeiro judeu a se destacar na vida pública, pois outros surgiram no Iraque, na mesma época, foi certamente o primeiro judeu a fazer parte da Corte cuja vida é conhecida em detalhes. Teve um papel determinante nesse início de uma nova era na vida e cultura judaicas. Esta era marcaria para sempre a história de nosso povo.</p>
<p>Hasdai nasceu em 915, em Córdoba. Na época, a cidade caminhava para seu apogeu; sua beleza era lendária, a economia e o comércio floresciam. E os judeus da Andaluzia participavam desse renascimento. Ibn Shaprut era descendente de uma família de eruditos e filantropos. Seu pai, Isaac, homem rico e generoso, construíra uma sinagoga e subsidiava o ensino judaico. E, obviamente, transmitiu ao filho o conhecimento e respeito às Leis de Moisés. Desde cedo, o rapaz se aprofundou nos estudos judaicos, respeitava os ensinamentos de nossos sábios e era generoso com os necessitados.</p>
<p>Para sua educação, foram contratados tutores particulares. Aprendeu o hebraico, o latim - em uma época em que só os clérigos dominavam este idioma - o rumantch, reto-românico, dialeto latino precursor do castelhano, usado por muitos cristãos e muçulmanos, além de vários outros. Estudou também medicina e se aprofundou na Torá e no Talmud.</p>
<p>Se o domínio de tantas línguas foi fundamental para sua rápida carreira política, sua grande habilidade na medicina foi o que o tornou, com apenas 30 anos, renomado na corte de Abd Ar-Rahman III. O califa o notara, pela primeira vez, por sua descoberta de uma substância ativa que servia de antídoto para um veneno, chamada Theriaka (faruk, em árabe), cujo ungüento ainda é usado atualmente em certas áreas do Oriente Médio. Nas inúmeras tramas palacianas, era bastante comum se usar veneno para "fins políticos" e a descoberta do antídoto fez Ibn Shaprut se tornar muito requisitado e respeitado. De pronto foi convidado para fazer parte do conselho médico que atendia o califa e outros cortesãos.</p>
<p>Na época, os médicos do círculo íntimo dos califas eram freqüentemente designados para importantes cargos administrativos. Assim, Ibn Shaprut iniciou o que seria uma brilhante carreira política. Sua habilidade em lidar com impostos e receitas públicas o colocou mais uma vez em evidência. O califa constantemente necessitava de recursos para seus espetaculares empreendimentos arquitetônicos que fizeram de Córdoba uma das cidades mais lindas da época. Em 956, foi nomeado para um cargo equivalente a ministro do Interior e das Finanças do Califado. Ele conseguia os recursos para as obras do califa e este lhe retribuía com sua confiança e gratidão. Prova desse apreço foi sua nomeação por Abd Ar-Rahman III como presidente da comunidade judaica, com o título de "Nasi", ou príncipe, entre os judeus.</p>
<p>Como ocorria então com pessoas de sua classe social, fossem judeus, muçulmanos ou cristãos, Ibn Shaprut se cercava de mentes cultas e espíritos talentosos que ele próprio incentivava com seu patrocínio. Vimos acima que este novo protótipo de líder judeu conseguia conciliar com habilidade "a Torá, a sabedoria grega e a poesia". A generosidade do ministro atraiu numerosos intelectuais e eruditos judeus, especialmente poetas e literatos. Um deles foi Menahem ibn Seruq, escritor, poeta e autoridade no estudo de idiomas, que compôs um dicionário das raízes do hebraico bíblico.</p>
<p>Como ministro, uma de suas atribuições era receber delegações estrangeiras. No âmbito político, Ibn Shaprut recebia inúmeras incumbências delicadas, como por exemplo, as negociações diplomáticas que favoreciam o califado. Em especial, quando os governantes muçulmanos negociavam com autoridades cristãs, era preferível o uso de diplomatas judeus porque representavam garantia de discrição e neutralidade.</p>
<p>No final da década de 940, Ibn Shaprut soube beneficiar-se de uma grande oportunidade diplomática. Os interesses do imperador cristão de Bizâncio, Constantino VII, começavam a coincidir com os do Califado de Córdoba: os abássidas, de Bagdá, dos quais o califado de Córdoba queria total independência, atacavam o Império Bizantino. Em paralelo a esta questão, tanto Constantino VII como Abd Ar-Rahman tinham grande interesse nas artes e nas ciências e não davam importância às diferenças teológicas que separavam o mundo cristão do islâmico. Embora o Califado de Córdoba e o Império de Bizâncio compartilhassem interesses intelectuais e o grande antagonismo em relação ao Califado de Bagdá, precisavam de um negociador extremamente habilidoso para conduzir as delicadas conversações entre as duas potências, uma cristã e outra muçulmana. Graças a seu talento como tradutor e negociador, Ibn Shaprut foi sumamente importante nessa intermediação. Na habitual troca de gentilezas materiais entre os governantes, um presente excepcional de Constantino criou um problema de grandes proporções. Tratava-se de um raro manuscrito grego, intitulado "De Materia Medica". Escrita por Dioscórides no século I, a obra era um importante tratado de farmacologia. Não era totalmente desconhecido na Espanha, havendo mesmo uma tradução para o árabe, feita em Bagdá, no século IX. Mas esta era tão imprecisa que impossibilitava a identificação de muitas das ervas e substâncias mencionadas. Por isso, os estudantes de medicina que queriam aprofundar-se no assunto eram obrigados a viajar até Bagdá para completar sua formação científica. Como nenhum dos tradutores de Córdoba sabia grego, Constantino enviou um monge que fizera a tradução do grego para o latim, ao passo que coube a Ibn Shaprut a tradução do latim ao árabe.</p>
<p>A impecável tradução do tratado médico fez crescer o prestígio de seu autor, especialmente porque favoreceu a independência científica do Califado. Isto foi fundamental para alcançar a autonomia cultural e política da Espanha islâmica, almejada tanto pelos muçulmanos quanto pelos judeus. <br/> Papel preponderante</p>
<p>A partir daí, inúmeras outras delicadas missões diplomáticas lhe foram designadas, especialmente com os reinos cristãos ao norte, como o Reino de Leon, e com o imperador germânico Otto I. Enquanto estadista, Ibn Shaprut revela uma outra faceta que muito o caracterizou: seu constante senso de responsabilidade face à comunidade judaica. Sua carreira se tornou um exemplo e traçou diretrizes para as gerações seguintes. O poder e a influência na corte, as alianças políticas e as relações com as elites governantes só eram dignas de serem perseguidas quando associadas ao papel de defensor de seu povo.</p>
<p>O objetivo supremo era conseguir "o bem maior para Israel". Patrocinar os estudos e a cultura judaica eram parte integral dessa nobre missão.</p>
<p>Há registros que relatam que quando em missão de estado em outros países, sempre indagava sobre o bem-estar das comunidades judaicas locais. Sua reputação o precedia e os judeus lhe escreviam relatando suas necessidades e anseios, perigos ou perseguições que enfrentavam. Recebia uma vasta correspondência de judeus aflitos, para os quais a existência de um "príncipe de Israel" na Espanha islâmica representava enorme consolo. Sabiam poder contar com sua ajuda. Ibn Shaprut sempre intercedia em favor dos seus.</p>
<p>De cartas que sobreviveram aos anos pode-se ler sobre o apelo dos judeus do sul da Itália. Sendo ameaçados de perseguição religiosa, seus rabinos e professores presos e seus livros confiscados, pediram a ajuda do líder hispânico. Outras cartas revelam que quando o imperador bizantino Romanus I Lekapenos (que governou entre 919-944) introduziu sérias medidas antijudaicas, Ibn Shaprut escreveu duas cartas à imperatriz Helena, em defesa dos judeus de Bizâncio, que foram entregues à monarca pelo enviado oficial do califa. Em uma das cartas, usando palavras duras, Shaprut a faz recordar o quão tolerante Abd Ar-Rahman III era com os cristãos que viviam sob seu domínio.</p>
<p>Mas, acima de tudo, foi a elegante correspondência em hebraico que Ibn Shaprut enviara para Joseph, rei dos Kazaris, por volta de 960, que expressou as extraordinárias qualidades pessoais do diplomata e a influência que exercia à época. Zelosamente preservada pelos judeus da Espanha, essa documentação veio mais tarde a servir de fundo para a grande obra filosófica, escrita no século XII, pelo sábio espanhol Rabi Yehuda Halevi, o Kuzari.</p>
<p>Chegou ao conhecimento de Ibn Shaprut que, por volta de 940, o rei Bulan, dos Kazaris, convertera-se ao judaísmo, juntamente com seus súditos. Os Kazaris eram um povo nômade, de origem turca, que vivia na fronteira entre o Império Bizantino cristão e o mundo muçulmano (V. Morashá nº 28).No decorrer do VII século, o reino incluía a Criméia e encampou várias cidades onde viviam judeus, cristãos e muçulmanos. Pressionados a se converter às respectivas religiões, em algum momento do século VIII os Kazaris decidiram converter-se ao judaísmo. No século IX, ocupavam vasta área do sul da Rússia, entre o Cáucaso, o mar Cáspio e os rios Volga e Dnieper.</p>
<p>As notícias da existência de um reino judaico soberano e independente alimentavam as esperanças e a auto-estima dos judeus atormentados por cristãos e muçulmanos. Estes sempre os confrontavam afirmando que a dispersão e impotência da Nação Judaica eram "prova" da rejeição Divina ao povo de Israel. Ibn Shaprut escrevera ao rei dos Kazaris, dizendo: "Abençoado seja o Senhor, D'us de Israel, que não nos deixou sem um correligionário para nos defender e que não tolerou que as tribos de Israel estivessem sem um reino independente".</p>
<p>Ele também indagava se o rei Joseph tinha algum conhecimento secreto sobre quando a dispersão do povo judeu chegaria a termo e quando todos seriam reunidos pelo Messias e reconstituiriam uma nação na Terra de Israel. Estas perguntas eram indagações comuns entre os judeus da Idade Média. Especialmente os sefaraditas sempre estavam à procura de indícios que os ajudassem a calcular a data da chegada do Messias e do fim do exílio. <br/> As atividades diplomáticas de Ibn Shaprut proporcionaram importantes mudanças para sua própria comunidade. Graças a seu empenho, o século X assinalou uma nova era de independência e autonomia cultural e religiosa para os judeus na Espanha. Mas, não há dúvida de que a mais duradoura contribuição de Ibn Shaprut foi o grande impulso que deu ao estudo da Torá e do Talmud. Teve também o mérito de revitalizar a língua hebraica. Quando começaram a se espalhar pelo mundo judaico notícias do novo fomento intelectual em Córdoba, para lá afluíram os maiores estudiosos e eruditos da África do Norte e do Egito, em busca de novas oportunidades.</p>
<p>Ibn Shaprut fundou também a Yeshivá de Córdoba. Quando a Academia de Sura foi temporariamente fechada, sua biblioteca completa foi adquirida pelo líder comunitário para a Yeshivá de sua cidade. Contratou para dirigi-la um grande erudito, o Rabi Moshe Ben Hanoch, que passou a indicar os novos rabinos para várias partes da Espanha, muitos dos quais alunos de sua própria academia. Este procedimento rompia com o antigo protocolo pelo qual somente os Gaonim da Babilônia tinham este privilégio.</p>
<p>Ibn Shaprut queria obter para os judeus da Andaluzia independência do Oriente no que tangia aos assuntos religiosos. Até então, os judeus dessa região deviam buscar nas cortes rabínicas de Bagdá instruções e orientação. A autoridade dos Gaonim das Academias de Sura e Pumbedita, em Bagdá, como os legítimos intérpretes da Lei judaica para toda a Diáspora, baseava-se numa tradição secular ininterrupta, que remontava à época da compilação do Talmud da Babilônia. Mercadores e viajantes levavam donativos para as academias e traziam consigo de volta as questões e os pareceres sobre a aplicação da Lei judaica nas diferentes situações da vida.</p>
<p>A partir dessa "independência religiosa", todas as consultas que no passado eram dirigidas às academias da Babilônia passaram a ser resolvidas pela Yeshivá de Córdoba. Esta Casa de Estudos passou a ser o novo Bet Din Hagadol, ou seja, uma espécie de Corte Suprema Rabínica, onde eram resolvidas as disputas da comunidade, em particular as concernentes à Lei judaica.</p>
<p>Na obra "História dos Judeus", de Graetz, encontramos um belo poema que resume, com grande sensibilidade, o que esse grande judeu representou para o nosso povo. Em tradução livre:</p>
<p>"Dos ombros de seu povo, sacudiu o pesado jugo; A eles entregou sua alma, trazendo-os para perto de seu coração; Os flagelos que os açoitavam, ele destruiu, Afugentando, em meio ao terror, o cruel opressor. O Inigualável condescendeu-se e, por seu intermédio, sobre eles dispensou Migalhas de conforto e salvação".</p>
<p>Hasdai Ibn Shaprut faleceu em 970, provavelmente em Córdoba.</p>
<p>Bibliografia:</p>
<p>Gerber, Jane S., The Jews of Spain, A History of the Sepharadic Experience, Ed. Free press, 1994</p>
<p>Samuelson, William. O Legado Sefaradi, ed D. R. Mexico, 1990</p> I.S.E INSTITUT SEPHARADE EUROPEEN ( Link )tag:judaismohumanista.ning.com,2011-11-09:3531236:Topic:588322011-11-09T01:26:08.051ZMarcelo Barzilaihttp://judaismohumanista.ning.com/profile/MarceloBarzilai
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<p><a href="http://sefarad.org/">http://sefarad.org/</a></p>
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<p><a href="http://sefarad.org/">http://sefarad.org/</a></p> Em Portugal Marinho Pinto exige reabilitação de militar judeu vítima de antissemitismo em 1937.tag:judaismohumanista.ning.com,2011-10-30:3531236:Topic:575002011-10-30T15:20:44.638ZMarcelo Barzilaihttp://judaismohumanista.ning.com/profile/MarceloBarzilai
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<hr/><div class="hentry p1 post publish author-admin category-judeus-portugueses category-antissemitismo category-opiniao-comentario y2011 m10 d17 h05 alt" id="post-662"><div class="entry"><h3 class="entry"><a rel="bookmark" href="http://ruadajudiaria.com/?p=662" title="Permanent Link to "Reabilitação do capitão Barros Basto II"">Reabilitação do capitão Barros Basto II</a></h3>
<div class="entry"><strong><a target="_self" href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1801896532?profile=original"><img width="495" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1801896532?profile=original" class="align-center"/></a>Barros Basto: Vice da bancada do PSD garante lutar pela reabilitação do militar expulso em 1937</strong></div>
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<div class="entry"><p><em>Porto, 14 out (Lusa)</em> – O vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, garantiu à Lusa que irá lutar até que o parlamento se pronuncie pela reabilitação do capitão Barros Basto, vítima de antissemitismo em 1937.<br/>“Vou levar o caso até ao fim e só vou parar quando houver a reabilitação total a título póstumo”, disse à Lusa o social-democrata, admitindo já ter colocado o assunto na direção do grupo parlamentar do partido que lhe deu plenos poderes para agir.<br/>Foi em 1937 que o Conselho Superior de Disciplina do Exército decidiu pela “separação do serviço” do capitão Arthur Carlos Barros Basto por considerar que não possuía “capacidade moral para prestígio da sua função e decoro da sua farda”.<br/>Em causa estava a realização de operações de circuncisão a alunos do Instituto Teológico Israelita do Porto, que havia fundado, e a saudação com um beijo dos mesmos alunos, à maneira dos judeus sefarditas de Marrocos.<br/>Carlos Abreu Amorim considera que o capitão foi vítima de “antissemitismo puro” e que contra ele “fizeram acusações forjadas”.<br/>Perante a “ignomínia cometida” contra o capitão, falecido há 50 anos, o deputado quer agora que o parlamento português “se pronuncie pela reabilitação e correção plena dessa enorme injustiça e vergonha cometida contra Barros Bastos, por motivos antissemitas”.<br/>Ainda sem saber qual será o caminho a seguir, garante apenas que irá procurar “integrar todos os grupos parlamentar” no assunto uma vez que “não pode haver políticas partidárias” pois “é uma vergonha que afeta a todos”.<br/>O processo de 1937 está a neste momento também a ser traduzido para inglês a fim de ser endossado à Liga Anti-Difamação e à Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância após o que, e no final do mês de outubro, a neta de Barros Basto irá dirigir à Assembleia da República um pedido de reintegração do avô, a título póstumo.<br/>Para o efeito conta com o apoio de instâncias internacionais e do bastonário dos advogados, Marinho Pinto, que já exigiu a reabilitação do capitão cuja sentença considerou uma “ignomínia”.</p>
<p><strong>::A LER::</strong> <a href="http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=30811">Caso Dreyfus português pode ser resolvido 70 anos depois com o apoio de Marinho Pinto</a> / <a href="http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/familia-indemnizada-por-anti-semitismo">Caso chega à Assembleia da República: Família indemnizada por anti-semitismo</a> / <a href="http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2008124&page=-1">Judeus pedem reabilitação de militar “imoral”</a> / <a href="http://affairedreyfusportugais.blogspot.com/2011/09/la-presse-portugaise-passe-cote-des.html">La presse portugaise passe à coté des déclarations du Bâtonnier des avocats sur “l’affaire Dreyfus portugais”. Marinho Pinto exige la réhabilitation de militaire juif</a> (Fr.) / <a href="http://www.shavei.org/other_languages/portugues/artigos-diversos/50-anos-falecimento-%E2%80%9Cdreyfus-portugues%E2%80%9D/?lang=en">50 Anos do Falecimento do “Dreyfus Português”</a> / <a href="http://ruadajudiaria.com/images/doc%20002.jpg">VISÃO: O Apóstolo dos Marranos</a></p>
</div>
</div> ANTONIO JOSÉ DA SILVA - O JUDEU.tag:judaismohumanista.ning.com,2011-07-22:3531236:Topic:437172011-07-22T00:12:44.600ZMarcelo Barzilaihttp://judaismohumanista.ning.com/profile/MarceloBarzilai
<div class="discussion"><div class="description"><div class="entry"><h3 class="entry">Antonio nasceu no Brasil e era considerado cristão novo. Por que seus pais foram julgados pelos autos da inquisição? Os ortodoxos dizem que todos os judeus foram embora do Brasil em 1650, para a Holanda e Nova Amsterdã. Então, como esse processo se deu após 1700? Esse caso virou um filme de Jon Tob Azulay.</h3>
<p class="entry">( PELO RECONHECIMENTO DOS ANUSSIM DO BRASIL)…</p>
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<div class="discussion"><div class="description"><div class="entry"><h3 class="entry">Antonio nasceu no Brasil e era considerado cristão novo. Por que seus pais foram julgados pelos autos da inquisição? Os ortodoxos dizem que todos os judeus foram embora do Brasil em 1650, para a Holanda e Nova Amsterdã. Então, como esse processo se deu após 1700? Esse caso virou um filme de Jon Tob Azulay.</h3>
<p class="entry">( PELO RECONHECIMENTO DOS ANUSSIM DO BRASIL)</p>
<h3 class="entry"><a rel="nofollow" href="http://ruadajudiaria.com/?p=198" title="Permanent Link to "António José da Silva, o Judeu – 300 anos"">António José da Silva, o Judeu – 300 anos</a></h3>
<div class="entry"><span class="chronodata">Published by</span><address class="vcard author"><span class="chronodata"><a rel="nofollow" href="http://ruadajudiaria.com/?author=1" title="View all posts by Nuno Guerreiro Josué" class="url fn">Nuno Guerreiro Josué</a></span></address>
<span class="chronodata"><abbr class="published">at 5/8/2005</abbr></span> <span class="entry">in <a rel="nofollow" href="http://ruadajudiaria.com/?cat=12" title="View all posts in Judeus Portugueses">Judeus Portugueses</a>, <a rel="nofollow" href="http://ruadajudiaria.com/?cat=3" title="View all posts in História">História</a> and <a rel="nofollow" href="http://ruadajudiaria.com/?cat=2" title="View all posts in Poesia & Literatura">Poesia & Literatura</a>.</span> <span class="translate"><a target="blank" rel="nofollow" href="http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://ruadajudiaria.com/?p=198&prev=/search%3Fq%3Dhttp://ruadajudiaria.com/?p=198%26hl%3Den%26safe%3Doff" class="link">"English" Translation</a></span></div>
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<br/>
<div class="entry"><p><img height="2" width="34" src="http://ruadajudiaria.com/images/blog/goya_01.jpg" border="1" title=" Tribunal Inquisitorial, Goya"/></p>
<p>Que delito fiz eu para que sinta<br/>o peso desta aspérrima cadeia<br/>nos horrores de um cárcere penoso<br/>em cuja triste, lôbrega morada<br/>habita a confusão e o susto mora?<br/>Mas se acaso, tirana, estrela ímpia,<br/>é culpa o não ter culpa, eu culpa tenho.<br/>Mas se a culpa que tenho não é culpa,<br/>para que me usurpais com impiedade<br/>o crédito, a esposa e a liberdade?</p>
<p><strong>António José da Silva</strong>, <em>o Judeu</em>, nascido a 8 de Maio de 1705, há precisamente 300 anos. Poeta escritor e dramaturgo, é considerado o principal responsável pela renovação do teatro português no século XVIII. Preso pela Inquisição a 5 de Outubro de 1737, acusado de praticar o judaísmo, foi executado na fogueira em Lisboa a 18 Outubro de 1739, aos 34 anos, num “auto-de-fé” presidido pelo rei D. João V, “O Magnânimo”. No mesmo dia foram queimados mais dez “judaizantes”.</p>
<p><span style="font-size: 85%;"><strong>Ilustração</strong>: <em>Tribunal Inquisitorial</em> (pormenor), Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828)</span></p>
<center>________________________</center>
<p> </p>
<p><span style="font-size: 120%;"><strong>António José da Silva dá o sinal</strong></span></p>
<p>Há recompensa a servir de bálsamo<br/>À ira do teu espírito –<br/>Eles podem ter-te morto, mas foram eles<br/>quem ardeu!<br/>Lestos no cadafalso e no garrote,<br/>Para carne judia e corações judeus<br/>castigar na fé e satisfazer o fogo dos fanáticos.<br/>Que esqueçam as histórias incendiadas,<br/>Que baixe a cortina no tenebroso enredo.</p>
<p>Eles riem agora em Lisboa e em Madrid<br/>Em galas ressuscitadas da tua cómica musa ;<br/>Onde piras carnais se ergueram,<br/>Eles titilam a golpes do florete de teu talento.<br/>Saudações Judeu António, acredito que te sentas<br/>À boca de cena, com irónica expressão, no lugar do ponto.</p>
<p>Poema dedicado à memória de António José da Silva, escrito por <strong>Walter Hart Blumenthal</strong>, antropólogo e historiador norte-americano, nascido nos finais do século XIX.</p>
<p><strong>::A LER::</strong> <a rel="nofollow" href="http://tinyurl.com/8td4q">Wikipédia - António José da Silva</a> / <a rel="nofollow" href="http://www.instituto-camoes.pt/bases/descbrasil/ajsjudeu.htm">António José da Silva, o Judeu</a> / <a rel="nofollow" href="http://tinyurl.com/86cca">Casa de Sarmento - António José da Silva, o Judeu</a> / <a rel="nofollow" href="http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/biography/da_Silva.html">Jewish Virtual Library – Antonio Jose da Silva</a></p>
</div>
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</div> Os filhos cangaceiros de Moisés por Adriano Costatag:judaismohumanista.ning.com,2011-07-21:3531236:Topic:435142011-07-21T20:14:07.492ZJayme Fucs Barhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
Muitos brasileiros do nordeste são de origem judia e nem desconfiam disso<br></br><br></br>Expulsos de Portugal, muitos judeus se instalaram no nordeste brasileiro no século XVII. Por volta de 1635 chegaram aos portos do nordeste judeus vindos da Holanda, mas originários da Península Ibérica (sefardins). Atraídos pela prosperidade, os navios fretados por judeus chegavam aos nossos portos quase que mensalmente. Uma vez aqui, muitos prosperaram sobretudo no comércio. Em 1910, uma nova leva, desta vez…
Muitos brasileiros do nordeste são de origem judia e nem desconfiam disso<br/><br/>Expulsos de Portugal, muitos judeus se instalaram no nordeste brasileiro no século XVII. Por volta de 1635 chegaram aos portos do nordeste judeus vindos da Holanda, mas originários da Península Ibérica (sefardins). Atraídos pela prosperidade, os navios fretados por judeus chegavam aos nossos portos quase que mensalmente. Uma vez aqui, muitos prosperaram sobretudo no comércio. Em 1910, uma nova leva, desta vez vindo da Rússia, chega a nossa região.<br/><br/>Perseguidos pela Igreja Católica acusados de heresias em toda Europa, especialmente na Espanha e em Portugal, os judeus do nordeste brasileiro só tiveram liberdade religiosa durante o domínio holandês (1624 - 1654). Com a expulsão dos holandeses, a repressão voltou. Muitos foram obrigados a se cristianizar novamente ou rumar para, entre os índios janduís, viver no interior do Rio Grande do Norte.<br/><br/>Em Recife (PE) foi erguida a primeira sinagoga das Américas no século XVII. Também lá foi escrita a primeira manifestação em hebraico do Novo Mundo. São três orações escritas pelo rabino Isaac Aboab da Fonseca, que relatavam o sofrimento e as provações passadas pelo povo judeu. Isaac por sua vez, foi também o primeiro rabino das Américas.<br/><br/>Mas na verdade, a presença dos judeus nesta região data da chegada de Pedro Álvares Cabral. De acordo com Gilberto Freyre, de dez portugueses que vieram para cá, oito eram cristãos-novos, eles se espalharam principalmente pela Paraíba e Rio Grande do Norte, fugindo da Inquisição e lutando para preservar a religião e a cultura judaicas em segredo. Muitos mudaram seus sobrenomes a fim de fugir do preconceito, chegando a adotar nomes de árvores, plantas ou lugares em substituição. Como por exemplo: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros e Costa. Por aqui ficaram conhecidos como "marranos" - por terem sido convertidos ao catolicismo "na marra".<br/><br/>O anti-semitismo, isto é, ódio e repulsa a tudo o que é judeu, tem uma longa história na Europa e atingiu o seu ápice durante a Alemanha Nazista.<br/><br/>Há alguns legados marranos presentes até hoje na cultura do nordeste brasileiro, como por exemplo a carne de sol do Rio Grande do Norte que é originária da carne kasher judaica, a tapioca típica foi desenvolvida da matzah judaica, o enterro de corpos em mortalhas, a retirada total do sangue dos animais abatidos; pintar as casas no final de ano, arrumá-las às sextas-feiras; comprar mercadorias à porta de casa e em prestações. Hoje, os judeus baseiam sua identidade muito mais em um sentido de história e tradições comuns do que em elementos étnicos ou lingüísticos.<br/><br/>O elemento central do judaísmo é o monoteísmo sintetizado na oração Shemá Israel...que diz "Ouve, Israel: o Senhor é nosso Deus, o senhor é Um".<br/><br/>Oficialmente o censo de 1980 encontrou só 36 pessoas seguidoras da fé judaica no Estado. Já o de 1991 revelou um número um pouco maior, 59 fiéis. Porém, o sangue semita corre nas veias de um número muito maior de norte-riograndenses, incluindo dos mais de 90% que professão a religião católica. Atualmente vivem 120 mil judeus no Brasil enquanto que no mundo eles são aproximadamente 15 milhões. É certo, há poucos praticantes do judaísmo, se compararmos aos adeptos de outras religiões, mas a representatividade dos judeus é muito grande no mundo político, científico, cultural e sobretudo econômico.<br/><br/><br/><br/><br/>--------------------------------------------------------------------------------<br/><br/>Os cristãos-novos brasileiros não estão sós. Você sabia que há judeus negros? Na África há dois povos muito antigos que só recentemente foram reconhecidos como judeus.<br/>Falashas<br/><br/>Os falashas (nome cujo significado é: estrangeiro) são descendentes do rei Salomão e a rainha etíope de Sabá. Viviam na Etiópia até a grande seca de 1985 quando, para salvar-lhes a vida, Israel montou a operação Moisés, uma iniciativa da Organização Sionista Mundial para tirar-lhes secretamente, via aérea, da África e levá-los ao Estado de Israel. Ao chegarem em território israelense, os médicos diagnosticaram nos falashas casos fisiológicos e de nutrição semelhantes aos encontrados nos sobreviventes dos campos de concentração.<br/><br/>Na Etiópia os falashas formavam uma comunidade atrasada e fechada que preservava, intactos, usos e costumes que remontam a mais de dois séculos. Dizendo-se descendentes da tribio perdida de Dan, fundada por Menelik, filho do rei Salomão com a rainha de Sabá, os judeus etíopes só foram localizados em meados do século XIX, após mais de mil anos de isolamento, e apenas em 1947 os rabinos-chefes de Israel admitiram formalmente serem eles judeus.<br/><br/>Lembas<br/><br/>Um teste de DNA feito em 1999 pelo geneticista inglês David Goldstein, da Universidade de Oxford, descobriu que uma tribo de negros do norte da África do Sul e arredores têm ascendência judaica. "Os Lemba fazem a circuncisão, casam-se apenas entre si, guardam um dia da semana para orações e não comem carne de porco ou de hipopótamo, considerado um parente do porco". Comprovou Tudor Parfitt, historiador do Centro de estudos Judaicos, de Londres.<br/><br/>Segundo a tradição oral dos Lemba, eles viviam num lugar chamado Senna. Há no Iêmen uma pequena vila com esse nome que até o século X ficava num vale fértil, abastecido por um açude. Quando este secou, a maioria das pessoas partiu.<br/><br/>Geneticamente, os lembas são parentes dos Cohanim que juntamente com os Levi e os Israel formam um dos três grupos em que se divide o povo judeu.<br/><br/>Os cientistas afirmaram que o ancestral comum dos Lemba e dos Cohanim viveu entre 2.600 e 3.100 anos atrás. Pela tradição judaica o período coincide com a vida de Aarão, o irmão de Moisés, de quem os Cohanim se dizem descendentes diretos. Provavelmente o grande pai também dos negros lemba.<br/><br/><br/>Depois de ler sobre os cristãos-novos você está pensando em voltar as suas raíses e se converter? Saiba como os judeus, acusados de serem fechados, encaram a conversão:<br/>Qual o status dos cristãos-novos perante a lei judaica?<br/><br/>Cristãos-novos são aqueles judeus, especialmente da Espanha e Portugal (também chamados "Marranos"), que foram obrigados a se converter ao catolicismo durante a Inquisição e outras perseguições, embora freqüentemente continuassem a praticar o Judaísmo em segredo. Muitos deles se asilaram no Brasil, principalmente no norte do país.<br/><br/>Quanto ao seu status perante a comunidade judaica: a lei afirma que quem nasce de mãe judia é judeu. Portanto, enquanto a ascendência materna for judaica, os descendentes permanecem judeus através das gerações.<br/><br/>Assim sendo, quando um cristão-novo deseja voltar formalmente ao Judaísmo, seria ilegal exigir que ele se convertesse, pois isto implicaria que sem tal conversão ele não é judeu. Entretanto, embora não seja exigida uma conversão formal, é costume submeter os cristãos-novos a alguma espécie de ritual para assinalar seu "regresso" à comunidade judaica. Isto é feito simbolicamente através de uma promessa de chaverut, lealdade ao Judaísmo. Uma vez que eles foram criados dentro do Cristianismo, é necessário que se comprometam a estudar as doutrinas e as práticas judaicas, e afirmem sua disposição de cumprir os mandamentos do Judaísmo.<br/><br/>Como a comunidade judaica e os rabinos encaram o judeu convertido?<br/><br/>Quando a conversão é motivada pela livre e espontânea vontade do indivíduo, quando ela é conseqüência de uma preparação consciente, acompanhada de um compromisso sincero e da firme resolução de observar as Mitzvot - os preceitos, as práticas, as tradições - então o convertido é considerado "autêntico" e é plenamente aceito como membro da comunidade judaica.<br/><br/>Quando, entretanto, não existe tal compromisso, tal seriedade de intenções, então a conversão se torna uma farsa, um ato sem sentido. Neste caso, os rabinos não só desaconselham, como se recusam a consumar a conversão.<br/><br/>Fonte: "Os porquês do Judaísmo"<br/>(Rabino Henry I. Sobel)