TENDENDO PONTES

Enquanto uns plantam precipícios, nós tendemos pontes.
  • Bruno Kampel

    JERUSALÉM, A PLURAL



    (Transformar Jerusalém em capital de dois Estados soberanos não significa dividi-la, como sugerem os partidários do tudo ou nada, mas muito pelo contrário, multiplicá-la).


    Não há pedra em Jerusalém que não carregue na memória epopéias heróicas, nem judeu ou cristão ou muçulmano que não transporte no seu coração o palpitar da cidade.

    Não há muro em Jerusalém que não mostre no seu musgoso olhar estórias de grandes e pequenas esperanças, de enormes ou ínfimas derrotas.

    Não há deus ou diabo que não tenha passeado com cobiça o seu olhar sobre a epiderme das suas ruas e ladeiras, dos seus olivais e montanhas.

    Não há céu que não inveje o firmamento sob o qual Jerusalém respira e vibra, nem terra que não sonhe ser o chão do seu futuro.

    Não há judeu ou cristão ou muçulmano ou ser humano que não leve tatuado nos seus genes um amanhecer ou pôr-do-sol jerosolimitano.

    Não há prece que não espere ansiosamente o momento de acariciar com o seu eco os restos imortais do Grande Templo ou as pedras do Santo Sepulcro ou a dourada cúpula de al-Aksa.

    Não há pombos nem passarinhos que não queiram aninhar nas cúpulas das suas igrejas, nos minaretes das suas mesquitas, nos telhados das suas sinagogas.

    Não há guerra que a subjugue nem ocupante que a divida, nem há Liberdade sem Justiça, nem há Jerusalém sem Liberdade.

    Jerusalém não é totalmente judia, mas é essencialmente judia. Jerusalém não é completamente muçulmana, mas também o é. Jerusalém não é intrinsecamente cristã, mas é plenamente cristã.

    Jerusalém é síntese. Jerusalém é soma, fusão, amálgama, resumo, encontro.

    Bruno Kampel
  • Elias Salgado

    Caro Bruno, belíssimo poema, excelente iniciativa de criar um grupo com tão nobre e coerente proposta, como soam ser as q. carregam algum tipo de verdade, como a sua.
    A idéia de capital, na minha opinião não é a central, a prioritária, mas a de q. Jerusalém é um pouco de todos nós e de q. há emtodosnós um pouco dela é sublime. Eleva e recoloca Jerusalém na dimensão q. os sábios do Talmud sempre a viram - a de Yerushalaim shel Mala - de Jerusalém de cima, das altura, superior, pairando acima de tudo o q. não é relevante. É tão instigante a idéia de Jerusalém tão pertinente e pertencente a todos e ao mesmo tempo tão independente, tão livre, tão elevada.
    Abs.
    elias
  • Jayme Fucs Bar

    Shalom Bruno,
    Parabens por essa brilhante iniciativa!
    Necessitamos de muitas pontes com essa!
    abraco
    Jayme