Mensagens de Jaime Leibovitch - JUDAISMO HUMANISTA2024-03-19T08:40:32ZJaime Leibovitchhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaimeLeibovitchhttp://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1968412658?profile=RESIZE_48X48&width=48&height=48&crop=1%3A1http://judaismohumanista.ning.com/profiles/blog/feed?user=1vl2axzcovw8j&xn_auth=noMANOELtag:judaismohumanista.ning.com,2010-11-10:3531236:BlogPost:160352010-11-10T17:13:28.000ZJaime Leibovitchhttp://judaismohumanista.ning.com/profile/JaimeLeibovitch
<br></br>
<br></br>
<br></br>
<a name="22634" rel="nofollow"><br></br>
<br></br>
<br></br>
</a> <br></br>
<a name="22634" rel="nofollow"></a><p class="titulo"><a name="22634" rel="nofollow"></a></p>
<a name="22634" rel="nofollow"></a><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;"><a name="22634" rel="nofollow"><font face="Calibri" size="4"><strong>Olha eu aí de novo, depois de postar este texto no Canto dos poetas e sonhadores. Depois de Festa de Família, no Sesc Av. Paulista, e de algumas…</strong></font></a></p>
<br/>
<br/>
<br/>
<a rel="nofollow" name="22634"><br/>
<br/>
<br/>
</a> <br/>
<a rel="nofollow" name="22634"></a><p class="titulo"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<a rel="nofollow" name="22634"></a><p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Olha eu aí de novo, depois de postar este texto no Canto dos poetas e sonhadores. Depois de Festa de Família, no Sesc Av. Paulista, e de algumas incursões por este Brasil, com a peça Diálogo dos<br/>
Pênis; depois de Maringá, onde trabalhei com o meu dileto amigo Fábio<br/>
Moraes, e antes que comece a ensaiar Anne Frank – aguardem! – tenho a<br/>
excelsa honra de dizer que participei do filme “Só 10% é mentira”, do<br/>
cineasta, poeta e surfista Pedro Cezar. Um documentário emocionante<br/>
sobre o mundo e a obra do grande, imenso, Manoel de Barros.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Curioso é que o filme, seguindo a própria sugestão do poeta – afinal, só 10% é mentira – mistura ficção e realidade, numa saborosa alquimia da<br/>
invenção. E coisas engraçadíssimas se sucedem no plano da vida<br/>
cotidiana, como passo a relatar:</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>No supermercado. A moça se aproxima e se apresenta. É sobrinha do poeta. Acabara de dizer à filha de Manoel, sua prima, que o pesquisador da obra<br/>
do tio, aquele que aparece no filme, é seu vizinho e está sempre no<br/>
Zona Sul. Diz a mim – eu, que estou carregado de sacolas, mais uma lata<br/>
de cerveja na mão - que gostaria de conhecer os meus escritos sobre<br/>
Manoel de Barros. Depois de quase engasgar com a cerveja, tomo o que<br/>
resta da latinha e tento explicar: eu sou um simples ator que, no filme,<br/>
interpreta um estudioso da obra do Manoel, não mais que isso. E ensaio<br/>
uma confusa explicação a respeito de como o meu personagem cumpre, no<br/>
filme, a única função de expressar algo do pensamento do diretor e<br/>
roteirista com relação à poesia do Manoel.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Meio sem graça, eu, e um tanto decepcionada, ela, nos despedimos. Mas nos tornamos bons amigos e, vez em quando, topamos um com o outro lá pelas<br/>
bandas da Praça S. Salvador. Secretamente, sorrimos do mico que ambos<br/>
pagamos.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Mas nem tudo são sorrisos, em se tratando do filme. O meu amigo Júlio está, simplesmente, indignado. Onde já se viu – ele vocifera – contar<br/>
mentiras num documentário? Você foi apresentado no filme como um<br/>
conhecedor profundo da obra de Manoel de Barros!</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Mas Júlio – eu respondo – o filme se chama “Só 10% é mentira”!</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>E assim vai.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Bem, meus caros, bem, Marisa, bem Júlio, se não sou um profundo conhecedor da obra, penso que não os decepcionarei se ousar dizer umas duas ou três<br/>
coisas que andei matutando sobre a poesia do Manoel. Assim, condenso<br/>
ator e personagem, de tal modo que a Marisa possa, finalmente, ler um<br/>
meu escrito – o único - sobre o tio e o Júlio considerar que, afinal, o<br/>
contrário de verdade não é mentira, mas invenção. Pelo menos em se tratando da obra de dois grandes artistas, a saber, Pedro Cezar e Manoel de Barros.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>No filme, lá pelas tantas, digo alguma coisa como: “Quem se meter a querer entender a poesia do Manoel tá ferrado, porque ali só vai encontrar<br/>
beleza”. É, alguma coisa assim.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Mas, como o próprio Manoel, em um dos seus poemas, chega a citar Lacan, um dos grandes pensadores da contemporaneidade, e como pensar não supõe,<br/>
necessariamente, a veleidade de querer entender, rendo-me, pura e<br/>
simplesmente à sabedoria do velho Bertolt Brecht, que dizia: “Pensar é<br/>
um dos maiores prazeres da humanidade”.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Vamos, pois, ao prazer de matutar.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>O Vinicius de Moraes tem um poema, O Dia da Criação (aquele em que diz: “Porque hoje é sábado...”), em que conclui, ao final, que talvez fosse<br/>
preferível que o Senhor tivesse encerrado os seus trabalhos no quinto<br/>
dia e descansado no sexto e no sétimo. E imagina, a partir daí, um<br/>
planeta entregue ùnicamente aos bichos, às plantas e às águas. E livre,<br/>
portanto, da humanidade.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>É interessante a sugestão do Vinicius, porque, não havendo humanidade, não poderia haver a palavra, e, não havendo a palavra, as coisas do<br/>
mundo simplesmente não seriam nomeadas, não sendo nomeadas... bem...<br/>
será que as coisas teriam algum tipo de existência?</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Como seria esse mundo mítico, onde as coisas seriam sem serem nomeadas, onde as palavras estivessem impossibilitadas de, em algum momento,<br/>
substituir e ocupar o lugar das coisas?</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Bem, o fato é que, graças ao bom Deus, o homem e a mulher foram gerados e, a partir daí, as coisas puderam entrar na roda da linguagem, na roda da<br/>
nossa realidade cotidiana,ou seja, passaram a ter existência – simbólica - e a fazer parte do nosso universo linguageiro.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Mas acontece que a linguagem nunca abarca tudo, tem sempre alguma coisa que se recusa a entrar nessa roda, nessa ordem simbólica, como se diz,<br/>
alguma coisa que é impossível de ser dita, alguma coisa que as palavras<br/>
não alcançam e que permanece como uma espécie de resto. É, de resto...</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>É o que o Manoel diz, num dos seus poemas: “Aliás, Lacan entregava aos poetas a tarefa de contemplação dos restos”. Quer dizer, a tarefa de<br/>
nomear o inominável, o indizível, aquilo que é impossível de dizer.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Ao mesmo tempo salta aos olhos, na obra de Manoel, o desejo, quase a obsessão, de alcançar um estado de identidade absoluta com as coisas,<br/>
com as coisas antes mesmo que tivessem um nome – quem sabe se<br/>
“pré-coisas”? – como quando diz: “(...) Retirou meus limites de ser<br/>
humano e me ampliou para coisa”.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Assim, é impossível não reconhecer na sua poesia a compulsão irresistível de abandonar-se, de eliminar a distância entre si e o mundo das coisas, num<br/>
movimento demasiadamente humano – e nostálgico – de retorno a uma<br/>
condição primeva, primitiva, primordial, condição essa que – todos nós<br/>
sabemos, inclusive o Manoel – está para sempre perdida, desde que a<br/>
palavra se intrometeu entre nós, seres falantes, e o mundo natural.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>E é com profunda humildade que o poeta confessa:</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> “Na verdade eu nem tenho ainda o sossego de</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Uma pedra.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Não tenho os predicados de uma lata.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Nem sou uma pessoa sem ninguém dentro –</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Feito um osso de gado</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Ou um pé de sapato jogado no beco”.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Para concluir, em seguida:</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> “Eu não sou digno de receber no meu corpo os</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Orvalhos da manhã”.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Ainda seguindo a via aberta por Lacan, é legal lembrar uma outra frase sua: “O significante mata a coisa”. E mais esta: “O mundo das palavras cria o<br/>
mundo das coisas”. Digamos, então, que a palavra mata para criar, quer<br/>
dizer, para criar uma outra coisa. Porque a pedra, antes de ser chamada<br/>
de pedra, tinha uma consistência de ser. A partir de que este ser ganha<br/>
um nome - pedra - ele entra na rede simbólica e morre enquanto ser.<br/>
Assim, quando digo “pedra”, sequer é preciso que ela esteja a vista. A<br/>
palavra adquire autonomia e ganha preponderância sobre a coisa.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>É curioso, no entanto – e extremamente instigante – o modo singular, inusitado, encantador, originalíssimo e genial com que Manoel trata de<br/>
lidar com o velho paradoxo: não podemos prescindir da linguagem, ao<br/>
mesmo tempo em que somos órfãos de tudo aquilo que está para além dela.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>E como ele faz isto? Assim:</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> “Há um cio vegetal na voz do artista.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Ele vai ter que envesgar seu idioma ao ponto</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> De alcançar o murmúrio das águas nas folhas</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Das árvores.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Não terá mais o condão de refletir sobre as</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> coisas.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> Mas terá o condão de sê-las”.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>“Envesgar seu idioma”, vejam só! Toda a obra de Manoel de Barros parece ser, em última análise, uma verdadeira declaração de amor às palavras!</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> “(...) Só as palavras não foram castigadas com</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> A ordem natural das coisas.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri"><font size="4"><strong> As palavras continuam com os seus deslimites”.</strong></font></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Assim, o poeta Manoel de Barros, um artista digno desse nome, poeta maior (vivo) da língua portuguesa*, continua em busca desse tempo mítico, tempo<br/>
que a palavra matou, mas que só a palavra é capaz de inventar. Elas, as<br/>
palavras, constituem a matéria – ou o instrumento – com que Manoel, à<br/>
feição de um alquimista, procura o ouro de um paraíso que ele sabe<br/>
perdido para sempre, mas que tem o imperativo ético de continuar<br/>
buscando. Para isso os artistas são feitos. Ou se fazem.</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>Viva Manoel!</strong></font></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"></a></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt;" class="MsoNormal"><a rel="nofollow" name="22634"><font face="Calibri" size="4"><strong>* Mas não sejamos ingratos. Ferreira Gullar também merece esse título!<br/></strong></font></a></p>