JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Pinchas Rosen o esperava sentado, lendo o jornal. Fazia comentários irônicos como se soubesse outra versão verdadeira da mesma história. Sabia que trazia a missão para a pessoa certa. O Professor Yeshayahu Leibowitz mencionou que somente ateístas poderiam tê-la escrito. Zvi Berenson recebeu a missão de rascunhar a declaração com grande honra. Mais tarde, veio a ser juiz da Suprema Corte de Israel para protegê-la.

Sua missão é conectar pontos e argumentos, apegando-se à tentativa de agradar a comunidade internacional, à liderança sionista e seus possíveis apoiadores. Mais tarde decidiu-se que não se comprometeriam com fronteiras, “para que se comprometer se os árabes não se comprometem?”. Concordo, seria mostrar fraqueza.

Zvi escreveu “Estado Judeu” em menção à resolução de partilha da Organização das Nações Unidas. Uri Avnery afirma que sua menção não foi ideológica e que, se vista desta maneira, a Declaração de Independência não teria implicações religiosas, deixando espaço apenas para o caráter democrático do Estado. “Mas palavras tem vida própia nos anais das nações (link)”. Cabe à Suprema Corte, “a guardiã da democracia israelense”, proteger os princípios da Declaração de Independência. Ele assinou o primeiro rascunho da futura declaração de independência: “Z. Berenson, Assessor Legal da Central Sindical Histadrut”.

Desde então o sionismo secular temia que a confusão deixada pela expressão escolhida “Estado Judeu” não tivesse volta, e abrisse espaço para interpretações e discriminação social. A Suprema Corte poderia não ser suficiente, nem a inspiração deixada pelos entusiastas que escreveram a declaração. O termo “Estado Judeu” teria exercido influência no desenvolvimento do país, afirma Avnery. Seria interessante pensar como Leibowitz teria chamado Bennett se pudéssemos entrevistá-lo. Certamente tremeria ao saber que o Estado Judeu da Declaração de Independência está para ganhar um fortalecimento do caráter religioso-nacionalista.

As implicações da mudança seriam históricas. A mesma direita que propõe a “Lei da Nação” tentou caçar a independência do sistema de escolha dos juízes da Suprema Corte há alguns anos. Se não podemos mudar os juízes, “veremos até onde podemos mudar o entendimento”. Espero não ver o dia que nossos líderes tomem suas decisões mais difíceis com o judaísmo sobrepondo-se à democracia. Seria explicar aquilo que não estava claro nas primeiras palavras de Berenson. Que o Estado é judeu e que a palavra “Judeu” tem significado. Ele é nacional e ele é religioso, e monopolizado.

“Mas você poderia lembrar esse pessoal que manter-se fiel a essa declaração vai exigir comprometimento!”, disse Zvi a Pinchas ao entregar o rascunho. Ele estava a caminho de uma reunião com Ben-Gurion. E continuou… “A gente deixou mal explicado para que a democracia prevalecesse, lembre-se disso. E vamos ter uma corte especialmente democrática para guardar os direitos iguais de seus cidadãos”, completou. Pinchas saiu do escritório de Berenson excitado, afinal ali estava escrita a história. E as narrativas. Ou parte delas. O rascunho de um país.

NOTA DO AUTOR

O texto mistura ficção e realidade, mas se atém à veracidade de seus personagens:

  • Zvi Berenson: escreveu o primeiro rascunho da Declaração de Independência de Israel a pedido de Pichas Rosen
  • Yeshayahu Leibowitz:filósofo israelense, judeu ortodoxo e com claras visões contra o envolvimento entre judaísmo e estado
  • Uri Avnery: jornalista israelense, símbolo da extrema esquerda no país
  • Naftali Bennett: político israelense, atual líder do partido “A Casa Judaica
  • David Ben-Gurion: líder sionista israelense, e líder do primeiro governo do Estado de Israel

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