JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

CONECTANDO O PASSADO DOS CRIPTOJUDEUS - Fonte: TPS / Texto: Anna Rudnitsky / Tradução: Alessandra Franco / Foto: Hillel Maeir

Novo site conecta criptojudeus com
a tradição dos seus antepassados.

Ashley PerryAshley Perry

Jerusalém (TPS) – Uma tecnologia do século 21 pode contribuir para corrigir um erro histórico do século 15, cujas consequências ainda reverberam hoje. Descendentes dos judeus que foram forçados a se converter ao cristianismo sob a Inquisição – conhecidos como bnei anussim, marranos, ou “criptojudeus” – agora podem se conectar com sua tradição judaica por meio do Reconectar, novo projeto online. “Nosso povo foi dividido à força há mais de 500 anos, com centenas de milhares de judeus que precisaram fugir ou se converter. Agora podemos trazer seus descendentes de volta às suas raízes”, disse Ashley Perry, presidente do projeto Reconectar, ao serviço de imprensa Tazpit (TPS).

Ele mesmo, um descendente de judeus que fugiram da Espanha sob a Inquisição e que eventualmente se estabeleceram na Grã-Bretanha, Perry diz que esses acontecimentos tão distantes sempre fizeram parte de sua herança sefardita, com seu livro de orações de Yom Kipur (Dia do Perdão) contendo orações sobre “nossos irmãos presos pela Inquisição”. Perry deixou seu emprego como assessor do ministro das Relações Exteriores de Israel em 2015, uma posição que ocupou por seis anos, para trabalhar no Reconectar. O principal componente do projeto é um site, agora na versão beta, que permite aos usuários escolher uma das duas opções ao se registrarem – como alguém que quer se reconectar com a comunidade judaica ou como alguém que quer ajudar outros a encontrar suas raízes. Até agora, existem cerca de mil usuários registrados, um quarto deles se registrou escolhendo a segunda opção.

“Em países como Brasil ou México, onde vivem grande número de anussim, há poucas comunidades judaicas estabelecidas e muitas vezes é difícil se aproximar delas. Pessoas que descobrem sobre suas raízes judaicas e querem saber mais, muitas vezes não tem ninguém para perguntar. É aí que a tecnologia pode ajudar”, explicou Perry. Entretanto, o site não é a única parte do projeto Reconectar. “Eu o vejo [o projeto] mais como um movimento do que como uma organização”, disse Perry à TPS. “Talvez não seja a melhor comparação, mas se você se lembrar do movimento pela liberdade dos judeus soviéticos, ele também começou a partir de iniciativas populares e passou a incluir altas personalidades políticas. Eu espero o mesmo do Reconectar. Eu acredito que a questão dos anussim é o maior desafio para o povo de Israel no século 21.”

De acordo com Perry, o número de pessoas com raízes judaicas na América Latina se aproxima de 100 a 150 milhões, sendo que muitos deles ainda são judeus aos olhos da Halachá, ou lei judaica, devido à alta taxa de casamentos dentro das comunidades de anussim. Cerca de 60 por cento das pessoas já registradas no site Reconectar indicaram que gostariam de se converter ao judaísmo, e cerca de 10 por cento disseram que gostariam de fazer aliá, ou emigrar para Israel. Ambas as opções, no entanto, são dificilmente acessíveis para eles até agora. Não há tribunais judaicos na América Latina cujas conversões são aceitas pelo Rabinato Chefe de Israel, e traçar sua história familiar desde 500 anos atrás para provar a sua linhagem judaica não é nada fácil – embora alguns tenham realmente conseguido fazer isso.

A decisão haláchica estabelecida entre juristas judeus é que “criptojudeus” ainda não são judeus, e devem passar por um processo de conversão, tal como qualquer gentio (aquele que não é judeu). A questão anussim despertou interesse em 2014 quando o governo espanhol anunciou um projeto de lei concedendo a cidadania plena para as pessoas com ascendência judaica sefardita, desde que seu último sobrenome esteja em uma lista oficial. No entanto, a questão permanece, como você sabe se é um descendente de anussim?

Um método é analisar com cuidado as tradições preservadas, como em comunidades latino-americanas descobertas nos últimos 30 anos, com curiosos rituais, aparentemente judaicos – as mulheres que acendiam velas na sexta-feira à noite, limpar a casa antes da Páscoa (como os judeus fazem antes da Páscoa judaica), e até mesmo alguns idosos confessando em seus leitos de morte “somos israelitas”. Há uma controvérsia, no entanto, entre os estudiosos sobre as origens dessas práticas. Alguns argumentam que as pessoas nessas comunidades podem, na verdade, ser descendentes de missionários protestantes e não dos judeus espanhóis. Talvez as ferramentas online, agora fornecidas pelo Reconectar, irão ajudar muitos a descobrir – e autenticar – suas raízes judaicas secretas.

Para mais informações sobre o projeto, visite: http://reconectar.co/

Fonte: TPS / Texto: Anna Rudnitsky / Tradução: Alessandra Franco / Foto: Hillel Maeir

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