Fórum Atualidades Judaicas e de Israel - JUDAISMO HUMANISTA2024-03-29T05:31:19Zhttps://judaismohumanista.ning.com/group/atualidadesjudaicasedeisrael/forum?feed=yes&xn_auth=noNo sul de Israel, tâmaras de dois mil anos Revista Morashatag:judaismohumanista.ning.com,2021-02-01:3531236:Topic:1738842021-02-01T18:18:17.847ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Cientistas israelenses anunciaram recentemente a germinação de sementes de tâmaras datadas de dois mil anos atrás. O surpreendente resultado de suas pesquisas foi publicado em um artigo na renomada revista científica internacional Science, em fevereiro deste ano, despertando o interesse de estudiosos no mundo inteiro.</p>
<p>Edição 109 - Dezembro de 2020</p>
<p>Robin Allaby, geneticista da Universidade de Warwick, na Inglaterra, afirmou que esse surpreendente resultado “torna claro o fato de…</p>
<p>Cientistas israelenses anunciaram recentemente a germinação de sementes de tâmaras datadas de dois mil anos atrás. O surpreendente resultado de suas pesquisas foi publicado em um artigo na renomada revista científica internacional Science, em fevereiro deste ano, despertando o interesse de estudiosos no mundo inteiro.</p>
<p>Edição 109 - Dezembro de 2020</p>
<p>Robin Allaby, geneticista da Universidade de Warwick, na Inglaterra, afirmou que esse surpreendente resultado “torna claro o fato de que nós ainda não conseguimos compreender a viabilidade, a longo prazo, das sementes”.</p>
<p>Essa história começou, no entanto, há mais de 30 anos, durante escavações realizadas na Fortaleza de Massada e nas cavernas de Qumran, no Deserto da Judeia, pelo arqueólogo Ehud Netzer, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Netzer encontrou um pote cheio de sementes de tâmara, em bom estado de conservação, e os guardou por anos por considerar impossível voltarem a germinar após dois milênios. Em 2004, através de contatos acadêmicos, as sementes chegaram às mãos da equipe do Instituto Aravá de Estudos Ambientais, liderada pela doutora Elaine Solowey.</p>
<p>O Instituto está localizado no Kibutz Ketura, no extremo sul de Israel, próximo à cidade de Eilat. O estudo assume relevância, pois ajuda a conhecer como os agricultores do passado cultivavam o fruto, na região, e como puderam sobreviver milênios. “A germinação da espécie Phoenix Dactylifera representa uma oportunidade única para estudar as tamareiras da região, descritas na Antiguidade por sua qualidade e tamanho, bem como pelas propriedades medicinais de seus frutos – mas foram consideradas perdidas durante séculos”, afirma o artigo sobre o assunto na revista.</p>
<p>As primeiras análises genéticas revelaram que os agricultores do passado cultivavam tâmaras com traços de vários locais ao redor da Judeia. Segundo escritores clássicos como Galen, Strabo e Heródoto, havia uma fruta grande, doce, de longa conservação, que era muito cobiçada em todo o mundo romano. Depois do colapso do Império Romano do Oriente – precursor do Império Bizantino – e da conquista árabe da região, a produção de tâmaras decaiu na Terra de Israel. Na época das Cruzadas, ao redor do ano 1000 da Era Comum, as plantações das lindas tamareiras já não existiam.</p>
<p>No artigo, de fevereiro, o coautor do estudo, Fredérique Aberlenc, biólogo do Instituto Francês de Desenvolvimento Sustentável, explicava que a pesquisa pretendia polinizar plantas fêmeas, com a expectativa de poderem dar frutos – o que de fato ocorreu em setembro deste ano, quando o Instituto anunciou o crescimento das primeiras tâmaras na palmeira, denominada Hannah.</p>
<p>A ideia é produzir tâmaras com características que possam ser usadas para melhorar as variedades atuais, aumentando sua doçura, tamanho e resistência às pestes modernas, por exemplo. “À medida que novas informações são encontradas sobre características específicas associadas aos genes (por exemplo, cor e textura da fruta), esperamos reconstruir os fenótipos dessa tamareira histórica, identificando regiões genômicas associadas a pressões de seleção na história evolutiva”, ressaltou Aberlenc.</p>
<p>As plantas poderão, também, trazer informações sobre como se protegeram e conseguiram preservar seu DNA ao longo dos séculos. Embora algumas sementes antigas tenham sido germinadas com sucesso depois de centenas de anos congeladas na Sibéria, as tâmaras de Israel são algumas das plantas mais antigas cuja germinação deu certo. Isso porque o DNA e o RNA geralmente se dividem em partes muito pequenas que são suficientes para a análise de DNA antigo, mas não para fazer crescer e viver uma tamareira.</p>
<p>“Para que estas sementes germinem, o DNA tem que estar intacto, o que vai contra o que se sabe sobre preservação de DNA. Não é impossível que, de fato, haja algum tipo de sistema biológico de resfriamento que tenha sido responsável pela conservação do DNA nas tâmaras”, disse Nathan Wales, arqueólogo e geneticista da Universidade de York, também na Inglaterra.</p>
<p>Para Sara Sallon, da equipe israelense, as condições singulares ao redor do Mar Morto provavelmente influíram na preservação das sementes. “Baixa altitude, calor, clima seco – todos estes elementos podem ter afetado sua longevidade. O tamanho incomum também pode ter tido algum impacto, pois quanto mais material genético disponível, maior a chance de permanecer inteiro. A capacidade das sementes de permanecerem viáveis por longos períodos é importante na preservação dos recursos genéticos da planta”, explicou.</p>
<p>O início</p>
<p>A equipe do Instituto Aravá recebeu um reforço no ano 2000, com a chegada de Sara Sallon, gastroenterologista do Centro Médico e Universidade Hadassah, em Jerusalém, onde atuava desde 1983, antes mesmo de que se iniciassem as pesquisas com as sementes milenares de tâmara. Ela veio atraída pelos trabalhos desenvolvidos pela instituição na área de plantas e dessa fruta, em particular. Em 1985, a cientista fundou o Centro de Pesquisa em Medicina Natural Louis L. Borick, no Hospital, coordenando-o até 2000. Nos últimos 15 anos, ela se dedicou totalmente a estudar a aplicação de plantas na medicina. “Sempre tive muito interesse em plantas antigas, em saber como e onde cresceram e as consequências sofridas em decorrência da mudança climática, da poluição e do desenvolvimento. Sabia que o Instituto Aravá seria o local certo para dar continuidade a meu trabalho”.</p>
<p>As doutoras Solowey e Sallon tiveram acesso às sementes através do professor Joseph Patrich, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. “Passei horas e horas no Departamento de Arqueologia escolhendo as melhores sementes. Muitas tinham furos onde os insetos haviam bicado ou se desfizeram, mas algumas estavam realmente intactas”, explicou Sarah.</p>
<p>As primeiras sementes foram plantadas em estufas em 2005 e a árvore que germinou recebeu o nome de Matusalém, em referência ao mais longevo personagem bíblico. Segundo Miriam May, CEO dos Amigos do Instituto Aravá, o desenvolvimento das palmeiras representa uma inesperada história de sucesso.</p>
<p>Os primeiros resultados sobre as pesquisas com as sementes antigas foram divulgados em 2008, com o crescimento da Matusalém. Após 15 meses, a árvore foi transferida para um vaso maior e foram recolhidos das raízes vestígios da semente para realizar o processo de datação radioativa por carbono, que comprovou as suspeitas dos cientistas de que as sementes teriam perto de 2.000 anos!</p>
<p>No total das 32 sementes cultivadas no Aravá, seis brotaram com sucesso (quatro machos e duas fêmeas), em intervalos que variaram entre semanas e meses, sendo assim nomeadas: Adão, Jonas, Uriel, Boaz, Judith e Hannah. As análises com carbono demonstraram que os grãos datam de épocas diferentes, que variaram do século 1 antes da Era Comum ao século 4. O estudo das sementes indicou, também, que são 30% maiores do que as cultivadas atualmente em Israel.</p>
<p>Processo minucioso</p>
<p>Antes de serem plantadas em estufas as sementes passaram por um processo de aquecimento e hidratação gradativa, durante 24 horas, sendo tratadas com hormônios e fertilizantes naturais, dando origem, então, a tamareiras saudáveis. No início de 2019 Adão, Jonas e Hannah foram transferidos para o Parque de Pesquisa e Visitantes “Daniel Fischel & Sylvia Neil”, do Instituto Aravá, onde já estava Matusalém. Adão agora com 1,5m de altura e já produz flores, como Jonas. Matusalém, o primeiro a ser plantado, está com 3,5m de altura e é muito diferente das tamareiras atuais.</p>
<p>“Foi realmente impressionante fazer estas árvores reviverem – elas estavam simplesmente dormindo. Vê-las crescer e dar frutos foi um raio de luz em uma época como a atual, na qual as pessoas estão preocupadas e deprimidas com a pandemia. É um sinal da maravilhosa resiliência da natureza diante desta terrível destruição das espécies. A natureza jamais se renderá sem luta. Estes resultados nos incentivam a continuar com as pesquisas”.</p>
<p>Para darem frutos, as palmeiras fêmeas precisam do pólen produzido pela árvore macho. Assim, há alguns meses Hannah foi polinizada por Matusalém e em setembro surgiram as primeiras tâmaras. Quando perguntada sobre o sabor das tâmaras de Hannah, Sarah respondeu: “Maravilhoso! Particularmente acho a espécie Medjoul muito úmida e adocicada. As tâmaras dadas pela árvore Hannah são mais tenras e secas, com um sabor de mel no final que me remonta à ‘terra do leite e do mel’”. Os especialistas do Kibutz Keturah dizem que o sabor das tâmaras de Hannah se assemelha ao das provenientes da espécie iraquiana Zahidi. O que faz sentido, pois Hannah está geneticamente relacionada às tamareiras que cresciam na Babilônia, atual Iraque. Matusalém e Adão, cujas sementes foram encontradas em Massada, são muito semelhantes às arábicas e têm mais de dois mil anos. Hannah é mais “iraquiana”. “Presumimos que tenha sido trazida pelos judeus que retornaram do exílio, após a destruição do Primeiro Templo, porque o Talmud nos diz que eles trabalharam nas plantações de tâmaras durante o cativeiro. Já as sementes de Uriel, Boaz e Jonas datam do ano 200 desta nossa Era e foram encontradas nas cavernas em Qumran, onde os judeus se refugiaram para fugir das perseguições. Dão frutos mais semelhantes às tâmaras ocidentais, como as do Norte da África”, explicam.</p>
<p>A próxima etapa do projeto será reintroduzir as tamareiras da Judeia na agricultura moderna. Sarah Sallon acredita que é possível que tenham maiores propriedades medicinais e nutricionais do que as cultivadas atualmente. “Na Antiguidade as tâmaras eram também uma importante fonte de renda.</p>
<p>Seria muito bom trazer de volta da extinção esta variedade antiga, que está produzindo tâmaras muito boas, e reintroduzi-las no mercado”. A pesquisadora espera, também, arrecadar recursos para publicar o livro infantil que escreveu, cuja narrativa parte da visão do próprio Matusalém indo dormir em Massada e acordando em um moderno laboratório, dois mil anos depois.</p> O Lar da Dança em Israel - Revista Morashatag:judaismohumanista.ning.com,2021-01-16:3531236:Topic:1659922021-01-16T20:54:43.756ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>O Centro Suzanne Dellal, em Neve Tzedek, é atualmente a principal referência quando se trata da dança contemporânea do país, com a realização de seminários, programas de formação, festivais de dança e teatro, nacionais e internacionais.</p>
<p>Edição 107 - Abril de 2020</p>
<p>Indicadores internacionais de inovação tecnológica e excelência em educação e segurança listam continuamente Israel entre os principais países do mundo. Israel, no entanto, é destaque também em áreas como cultura e…</p>
<p>O Centro Suzanne Dellal, em Neve Tzedek, é atualmente a principal referência quando se trata da dança contemporânea do país, com a realização de seminários, programas de formação, festivais de dança e teatro, nacionais e internacionais.</p>
<p>Edição 107 - Abril de 2020</p>
<p>Indicadores internacionais de inovação tecnológica e excelência em educação e segurança listam continuamente Israel entre os principais países do mundo. Israel, no entanto, é destaque também em áreas como cultura e arte, surpreendendo muitas vezes os que visitam a região em busca de suas muitas facetas. No coração da antiga Tel Aviv, na área onde a cidade nasceu em 1909, está o bairro de Neve Tzedek. Restaurado nas últimas décadas, sedia, desde 1989, o Centro Suzanne Dellal para Dança e Teatro.</p>
<p>Berço da dança contemporânea israelense e internacionalmente reconhecido como tal, abriga em seu complexo importantes companhias. Entre estas, a Companhia de Dança Batsheva, a Companhia Dança e Teatro Inbal e Inbal Pinto, a Companhia de Dança Avshalom Pollak, que deram ao mundo nomes consagrados como Ohad Naharin, bailarino, coreógrafo e durante 30 anos diretor do Batsheva, entre outros. O Centro possui, atualmente, quatro espaços para apresentações, estúdios para ensaios, restaurante e café, além de amplas praças onde são realizados eventos e espetáculos a céu aberto.</p>
<p>“O Lar da Dança em Israel”. Assim é considerado o Centro Dellal, passagem obrigatória das companhias do país e do exterior, tanto de dança quanto de artes cênicas. Foi criado pela família Dellal, de Londres, em homenagem a sua filha Suzanne, em parceria com a Prefeitura de Tel Aviv-Yafo, a Fundação Tel Aviv e o Ministério de Cultura e Educação de Israel. Desde então, está sob a direção do empresário Yair Vardi, que desde o início compartilhou os objetivos da instituição com seus idealizadores: criar um espaço de referência para a dança contemporânea israelense. Dentro desta perspectiva, a agenda de eventos inclui festivais, eventos e workshops com artistas e profissionais do mundo inteiro nas áreas de dança e teatro.</p>
<p>A agenda de eventos comprova o sucesso do Centro, confirmando que as metas traçadas têm sido superadas. Em 2010 a instituição recebeu o Prêmio Israel durante a comemoração dos 62 anos de renascimento do Estado Judeu. Esta é a mais importante láurea concedida pelo governo. Na ocasião, o então ministro da Cultura Gideon Saar afirmou:</p>
<p>“Em seus 20 anos de atividade em Neve Tzedek o Centro conseguiu elevar a arte da dança em Israel. O esforço e empenho dos profissionais que ali atuam têm formado uma nova geração de artistas e dançarinos. A excelência e a criatividade vistas nos palcos têm ampliado o círculo dos amantes da dança. O Centro abriu os portões dos palcos mundiais de dança e, sem dúvida, foi responsável por colocar a dança israelense no mapa internacional.</p>
<p>Desde o seu estabelecimento a instituição tornou-se o lar e a âncora para todos os empreendimentos artísticos no campo da dança contemporânea em Israel, formando coreógrafos, dançarinos, produtores e diretores”. Anualmente o Centro lança vários programas inovadores que permitem a jovens artistas mostrar sua arte e levar a dança a novos públicos.</p>
<p>Plano de revitalização</p>
<p>A escolha do local para o estabelecimento do Centro Suzanne Dellal – Neve Tzedek – não foi um acaso e veio de encontro ao projeto municipal de revitalização do antigo centro histórico, a poucos metros da orla mediterrânea, repleta de construções do século 19, muitas delas deterioradas. Neve Tzedek (Morada da Justiça) foi fundada em 1887, 22 anos antes da fundação de Tel Aviv por um pequeno grupo de famílias judias que desejavam viver fora do limite da cidade portuária de Yaffo, já superpovoada na época.</p>
<p>No início do século 20 era o lar de artistas e escritores, entre os quais o Prêmio Nobel de Literatura S.Y. Agnon. Nos seus primeiros anos anteriores à independência de Israel, abrigava a Escola Yechiely para Meninas e a Escola Alliance para Meninos. Em 1913, foi fundado o Seminário Lewinsky, o primeiro para formação de professores em Tel Aviv, e, em 1914, o primeiro cinema israelense. No entanto, a partir da fundação de Tel Aviv, em 1909, e, principalmente após a independência, a região foi sendo abandonada. A cidade expandiu-se para o norte e para o leste. As construções foram se deteriorando. O antigo bairro, charmoso pelas suas casas, edifícios e ruas, foi sendo substituído por muros e paredes desbotadas e entulhos em quase todas as esquinas.</p>
<p>A partir do início da década de 1980, deu-se início a um plano de revitalização da região com o objetivo de ocupar espaços abandonados e recuperar o charme do passado. Em meio a esse contexto, foi idealizado o Suzanne Dellal Center. Desde então, Neve Tzedek gradativamente voltou à glória de seus primeiros dias, tornando-se um bairro sofisticado e artístico, com lojas de design de vanguarda, moda e artesanato, além de uma feira semanal de agricultores em HaTachaná, a antiga estação ferroviária de Tel Aviv restaurada há alguns anos e transformada em mais um local de lazer. Ali restaurantes badalados estão ao lado de bistrôs elegantes e, à noite, muitos dos cafés ao ar livre se transformam em bares de jazz ao vivo e lounges em meio a um cenário histórico.</p>
<p>As ruas antigamente cheias de entulho e lixo foram totalmente recapeadas, com faixas para pedestres para caminhadas pelas ruelas, entre pequenos prédios de um ou dois andares. Andar pelas alamedas de Neve Tzedek é, atualmente, muito comum entre turistas estrangeiros e também israelenses interessados em conhecer a sua história ou simplesmente passar uma tarde agradável em um dos lugares mais charmosos da cidade. Um point onde a arte vive um constante desabrochar.</p>
<p>Ali estão localizados, entre outros pontos importantes, além do Suzanne Dellal Center, as Casas Shimon Rockah e Sheloush e a antiga Casa dos Escritores, um edifício que recebeu intelectuais como Yosef Haim Brenner, Devorah Baron e Yossef Aharonovitch. A casa abriga atualmente o Museu Nahum Gutman, renomado artista de Tel Aviv, onde exposições permanentes e atividades interativas realçam o cenário artístico deste bairro sereno, bem como outras galerias locais e estúdios de cerâmica.</p>
<p>Núcleo de referência</p>
<p>A sede central do complexo Suzanne Dellal está instalada desde os seus primeiros dias no restaurado Edifício Yerushalmi, quando se projetou a criação de um núcleo para dança como jamais existira em Israel, até então. A maioria dos edifícios estavam vazios e em péssimas condições. O Seminário Lewisnksy colapsara e a Escola para Meninas estava desativada, funcionando no prédio apenas um grupo de teatro dirigido por Oded Kotler e Miki Yerushalmi, que se reunia no segundo andar. No pátio externo havia apenas uma pequena construção na qual ensaiava a Companhia de Dança Inbal, fundada por Sara Levi-Tanai.</p>
<p>O projeto do complexo Suzanne Dellal, assinado pelo arquiteto Elisha Rubin, tinha como objetivo transmitir a ideia de movimento e não obstrução. Todo o piso da área ocupada foi nivelado para que as pessoas possam caminhar livremente em qualquer hora do dia, mesmo quando não há atividades no local. Para realizar suas ideias, Rubin pediu à Prefeitura de Tel Aviv autorização para eliminar a Rua Yechieli, situada entre as duas construções principais do complexo, o que lhe foi permitido. Como resultado, muros e portões foram demolidos e os dois edifícios principais foram ligados por uma praça central que funciona como pátio e faixa de pedestres.</p>
<p>Uma faixa para caminhada liga o Centro à Avenida Tel Aviv-Yaffo, começando neste ponto, passando pela ponte situada na Rua Aharon Chelouche em direção às Rua Amzaleg. Em seguida corta através dos pátios, passa pelo poço descoberto durante a construção, cruza a praça principal e adentra através das colunas do edifício principal. A partir desse local, uma fileira de eucaliptos leva diretamente ao Parque Charles Clore e à praia.</p>
<p>O projeto apresentado tinha como objetivo a preservação tanto quanto possível da arquitetura original dos edifícios. O Edifício Yerushalmi teve sua fachada reforçada e restaurada, as paredes internas demolidas e redesenhadas de acordo com as necessidades do futuro teatro. Outras construções também foram preservadas ou reconstruídas seguindo o projeto original. A sede da Companhia de Dança Batsheva, apesar de estar em um novo edifício, foi erguida acompanhando o estilo das demais construções dos arredores, mantendo nas cores e nos detalhes a atmosfera histórica da área.</p>
<p>Entre os anos de 2017 e 2018 o Centro passou por uma reforma que incluiu um novo núcleo, o Studio Zehava e Jack Dellal Studio, assim nomeado em homenagem a dois membros da família Dellal. Localizado no terraço, no terceiro andar, o novo estúdio com 400 metros quadrados e 100 lugares, foi inaugurado por Guy Dellal e contou com apresentações da Batsheva, Escola de Dança Ironi e do Maslool, Programa Profissional de Dança do Centro Ha’itim Bikurey. O segundo andar inclui o Teatro Yerushalmi, agora reformado. Na inauguração, Guy Dellal falou que a criação do Centro Suzanne Dellal é a realização do desejo de seus pais de celebrar a vida de sua filha e enriquecer a vida da população de Tel Aviv.</p>
<p>Programas de sucesso</p>
<p>Ao longo de seus 30 anos de existência, o Centro Suzanne Dellal implantou diferentes programas para o fortalecimento da dança contemporânea e das artes cênicas israelenses através de cursos para formação de profissionais, organização de eventos e espetáculos. “Shades in Dance” é um programa bienal que aproxima jovens coreógrafos e diretores artísticos profissionais para produção conjunta de um espetáculo que serve como estreia de novos talentos no cenário da dança israelense. Muitos dos grandes nomes na área de coreografia da atualidade começaram sua carreira nesse projeto, incluindo Barak Marshall, Yasmeen Godder, Inbal Pinto, Emanuel Gat, Noa Wertheim, da Companhia de Dança Vertigo, e muitos outros.</p>
<p>Anualmente realiza, também, uma vez por ano, uma Mostra Internacional levando ao público o que há de mais inovador na dança contemporânea israelense em termos de coreografia, cenários e direção. Participam da mostra tanto companhias tradicionais quanto grupos alternativos e emergentes. A mostra é uma forma de aumentar o intercâmbio entre profissionais e iniciantes. O Centro promove, também, anualmente, o Festival de Dança de Tel Aviv com apresentações de companhias e coreógrafos do mundo todo. Em 1999 foi realizado pela primeira vez, com o nome de Dance Europa, passando a se chamar Festival de Dança de Tel Aviv, em 2003.</p>
<p>Estimular novos talentos é um dos objetivos permanentes da instituição. Dentro desta perspectiva, foi lançado em 1989 o “Curtain Up”, um programa para coreógrafos iniciantes, garantindo subsídios para que sejam apresentados novos trabalhos e divulgados em turnês em Tel Aviv e em várias cidades israelenses. Em todas as suas iniciativas, o Centro Suzanne Dellal conta com o apoio de diferentes ministérios.</p>
<p>O Centro abre espaço também para trabalhos de atores, coreógrafos e companhias de destaque. Nesta linha, recebeu Barak Marshall com os espetáculos Monger (2008), Rooster (2010, Wonderland Part 1 (2011); Renana Raz, em The Diplomats (2011), de Gadi Dagon; e Itzik Galili, com Man of the Hour (2016), entre outros.</p>
<p>Passear pelas ruas e travessas de Neve Tzedek e adentrar o complexo Suzanne Dellal pode acabar se tornando uma experiência surpreendente, pois é sempre possível esbarrar por acaso com diferentes personalidades do cenário intelectual, musical, da dança e do teatro israelense. Talvez em um café ou restaurante, ou mesmo durante uma caminhada descompromissada pelo calçadão, num fim de tarde de verão, na primavera ou no meio da madrugada. Quem sabe, até assistir a um ensaio improvisado de um jovem talento em busca de seu caminho no universo da arte. Afinal, como diz o slogan, Tel Aviv é a cidade que nunca dorme.</p> Em Latrun, Museu e memorial homenageiam combatentes - REVISTA MORASHAtag:judaismohumanista.ning.com,2020-04-27:3531236:Topic:1309662020-04-27T22:33:53.994ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>A cerca de 30 quilômetros de Jerusalém, em Latrun, no Vale de Ayalon, está situado o Yad La-Shiryon, Memorial e Museu para o Corpo de Blindados, de importância estratégica ao longo da história judaica.</p>
<p>O museu foi construído no alto de uma colina estratégica nesse vale, onde durante o Mandato Britânico havia um posto policial inglês. A pedra fundamental do memorial, trazida do Sinai, foi colocada em 14 de dezembro de 1982 e, desde sua inauguração, em 1983, o Museu se tornou ponto de…</p>
<p>A cerca de 30 quilômetros de Jerusalém, em Latrun, no Vale de Ayalon, está situado o Yad La-Shiryon, Memorial e Museu para o Corpo de Blindados, de importância estratégica ao longo da história judaica.</p>
<p>O museu foi construído no alto de uma colina estratégica nesse vale, onde durante o Mandato Britânico havia um posto policial inglês. A pedra fundamental do memorial, trazida do Sinai, foi colocada em 14 de dezembro de 1982 e, desde sua inauguração, em 1983, o Museu se tornou ponto de visitação de turistas israelenses e estrangeiros, de todas as idades.</p>
<p>Yad La-Shiryon é uma combinação de memorial em homenagem aos soldados do Corpo de Blindados de Israel que tombaram nas várias guerras enfrentadas pelo país desde a luta pela Independência, em 1948, e de museu a céu aberto, constituindo um dos mais diferenciados museus de tanques, no mundo. As marcas de combates foram deixadas, intocadas, bem como algumas palavras escritas em árabe na carroceria dos veículos capturados em conflito.</p>
<p>O local não foi escolhido ao acaso. Latrun, situada em lugar estratégico numa saliência no topo da colina, permite que de lá se observe a estrada que leva a Jerusalém. Empresta, também, seu nome ao mosteiro ali localizado e a um antigo povoado árabe destruído durante a Guerra da Independência de Israel. Porém, mais importante de tudo, Latrun está no cruzamento de várias estradas importantes que levam a um lugar muito especial: Jerusalém, que foi palco de inúmeras batalhas ao longo da história do Povo Judeu e de Israel.</p>
<p>Trata-se de lugar de importante significado histórico para os judeus, ao longo dos tempos. Lá se travou a mais dura batalha na Guerra de 1948, a Guerra da Independência, quando muitos soldados israelenses perderam a vida tentando tomar o local.</p>
<p>Na Antiguidade, o Vale de Ayalon assistiu a Joshua Bin-Nun enfrentar seus inimigos e derrotar os reis amoritas; ao Rei David vencer os filisteus. O mesmo com Judá, o Macabeu, ao enfrentar o exército selêucida sírio na batalha próxima a Emmaus1. Em 1187, os Templários fortificaram o castelo e, daquela época, resta apenas a torre. Em 1890, foi erguido o Mosteiro dos Monges Silenciosos, ou Trapistas, que foi destruído pelos turcos otomanos e reconstruído em 1927.</p>
<p>Após a revolta árabe em Eretz Israel, que durou de 1936 a 1939, os britânicos construíram a Fortaleza Tegart no alto da colina, para melhor observar e controlar a região. Os britânicos também construíram nas proximidades campos de prisioneiros onde mantiveram detidos judeus durante a luta pela independência.</p>
<p>Durante a Guerra de 1948, as forças israelenses não conseguiram conquistar Latrun, apesar de várias tentativas. A área era considerada estratégica porque as forças britânicas e a Legião Jordaniana ali estacionadas controlavam a estrada para Jerusalém e mantinham o cerco à cidade, atacando do alto os veículos que vinham de Hulda. Em junho de 1948 os israelenses conseguiram finalmente construir um acesso, a Estrada de Burma, que não podia ser vista a partir de Latrun, e, assim, permitiu o rompimento do cerco a Jerusalém. A área permaneceu terra-de-ninguém até 1967, quando, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel conquistou a Judeia e a Samaria, incluindo Latrun.</p>
<p>História e lazer</p>
<p>Considerado um dos mais heterogêneos museus de tanques do mundo, Yad Al-Shiryon mantém em exposição a céu aberto de mais de 160 tanques e outros veículos blindados que pertenceram às Forças de Defesa de Israel (FDI), e outros apreendidos durante os combates com inimigos ou comprados e doados por diferentes países. Destaques da mostra são os tanques da série Merkavá (desenvolvidos em Israel) e os tanques T-34, T-54, T-55, T-62. Os visitantes podem, também, ver de perto os famosos tanques alemães Leopard e o único T-72 de Israel, além de muitos outros.</p>
<p>Destaca-se, ainda, uma coleção de pontes móveis construídas pelas Forças de Defesa de Israel, que podem ser carregadas por tanques e erguidas durante combates. Outras peças dignas de nota são dois Panzers alemães da 2ª Guerra Mundial, um Panzer IV e um Stug III. Chamam a atenção, também, os carros de combate soviéticos, tradicionais fornecedores de armamento aos países árabes após a 2ª Guerra Mundial.</p>
<p>O edifício principal do memorial é a chamada Fortaleza Tegart. Ali estão uma moderna biblioteca com acervo totalmente computadorizado, uma sala com maquetes de tanques, bigas assírias e egípcias em tamanho real, esboços de Leonardo da Vinci, coleções de selos com imagens de tanques e outros veículos de guerra, além de uma sinagoga.</p>
<p>As paredes externas do edifício são uma lembrança da época da Guerra da Independência, quando o local foi usado pela Legião Árabe e pelos ingleses. A torre da fortaleza foi transformada pelo artista israelense Danny Karavan, e leva o nome de Torre das Lágrimas. Seu interior foi revestido de ferro extraído de um tanque e as gotas de água que escorrem pelas paredes (simulando lágrimas) vêm de um reservatório subterrâneo.</p>
<p>Três monumentos chamam a atenção: o Monumento às Forças Aliadas, uma escultura estilizada de um soldado carregando um companheiro ferido, e o muro com o nome dos 4.965 soldados do Corpo Blindado de Israel, mortos em combate em 1948 e nas demais guerras árabe-israelenses. O monumento aos aliados é composto por uma montanha de pedra no topo da qual estão os três principais tanques que faziam parte dos exércitos aliados nas diferentes frentes de combate: um Cromwell britânico, um Sherman americano e o T-34 soviético. Ao redor do monumento, as bandeiras dos 19 países e das organizações que participaram ativamente das lutas, entre as quais a bandeira da Brigada Judaica que fazia parte do exército britânico.</p>
<p>Os visitantes que passeiam pelo local, mais do que ver e subir em tanques e veículos de combate, têm a oportunidade de conhecer a história dos combatentes caídos através das exposições e material interativo no edifício principal do memorial. Conhecem seus nomes, seus rostos, seus sorrisos, suas patentes, suas unidades, seus atos e suas realizações, a soma de suas vidas e de suas histórias como indivíduos e como parte de um todo. Ali encontram uma exposição sobre a história e a herança dessas unidades, desde os primórdios do Estado de Israel até o presente, e o papel fundamental que desempenharam em cada uma das vitórias israelenses. Naquele local vive o espírito das divisões de blindados, de seus comandantes e de seus soldados.</p>
<p>Um dos pontos mais importantes de Yad La-Shiryon é um tanque instalado no topo de uma torre. Este é, também, o logotipo do Museu. Em 1979, por decisão do major general (Res.) Moshe Peled, o veículo foi içado ao alto da torre originalmente usada como um reservatório de água. O veículo escolhido foi um M4 Sherman, um dos primeiros tanques usados pelas FDI. Como a torre fora projetada para suportar apenas 25 toneladas e o tanque pesava 34, o motor e as engrenagens de transmissão tiveram que ser retirados.</p>
<p>Yad LaShiryon não é apenas um local de visitação turística, mas também uma oportunidade de se aprender um pouco mais sobre os desafios enfrentados por Israel, ao longo de sua história. Mais do que apenas conhecer um ponto turístico de Israel, os que lá vão desejam render suas homenagens aos combatentes que deram a vida pelo país.</p>
<p>1 Emmaus existiu como uma aldeia na antiga Palestina até 1967, localizada a uns 30 km a oeste de Jerusalém, no limite entre as montanhas da Judeia e o Vale de Ayalon.</p>
<p>BIBLIOGRAFIA</p>
<p><a href="http://www.yadlashiron.com">www.yadlashiron.com</a><br/> <a href="http://www.tankmuseum.org">www.tankmuseum.org</a><br/>
<a href="http://www.zionism-Israel.com">www.zionism-Israel.com</a></p> Judeus na Primeira Pessoa - Bernard-Henry Lévytag:judaismohumanista.ning.com,2020-04-27:3531236:Topic:1312612020-04-27T22:20:39.172ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
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<p><br></br>Sou judeu por parte da minha mãe e do meu pai. Sou judeu por parte de Lévinas, Buber, Rosenzweig.<br></br>Sou judeu porque ser judeu significa amar mais a lei do que a terra e a letra tanto quanto o espírito.<br></br>Sou judeu em resultado de uma desconfiança, que sempre senti, em relação a estados extáticos e extremos de paixão religiosa.<br></br>Sou judeu em resultado da minha rejeição de todas as formas de magia ou mistério: “Cautela”, gritou Lévinas, autor de Difficíle Liberté, Essais…</p>
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<p><br/>Sou judeu por parte da minha mãe e do meu pai. Sou judeu por parte de Lévinas, Buber, Rosenzweig.<br/>Sou judeu porque ser judeu significa amar mais a lei do que a terra e a letra tanto quanto o espírito.<br/>Sou judeu em resultado de uma desconfiança, que sempre senti, em relação a estados extáticos e extremos de paixão religiosa.<br/>Sou judeu em resultado da minha rejeição de todas as formas de magia ou mistério: “Cautela”, gritou Lévinas, autor de Difficíle Liberté, Essais sur le Judaïsm, “com todos os falsos profetas que dizem que o homem está ‘mais perto dos deuses quando deixa de pertencer a si próprio’! Em guarda, judeus, contra o esquecimento de que o judaísmo é a única religião no mundo que prega a recusa das forças obscuras – a religião do desencanto, do santo e não do sagrado!” É assim que sou judeu.<br/>Sou judeu porque sou antinaturalista e antimaterialista –<br/>sou judeu, por outras palavras, porque me sinto em casa no Livro e entre os homens, mais do que na obscura floresta de símbolos e até na vida.<br/>Sou um judeu do galout (exílio, diáspora); sou um judeu que, há anos e anos, reflecte nesta questão do galout; não propriamente na reabilitação do galout; não, falando correctamente, na metafísica do galout; e, ainda menos, na distância em relação a Israel, que amo do fundo do coração, um amor incondicional; mas a meditação num exílio essencial, sem redenção nem retorno, que para mim parece constituir o que significa ser judeu, tanto no galout como em Israel; o contrário do exílio de Ulisses; a correlação e parte do fascínio, judaico também, com o reino dos céus; não é Judeu o nome, igualmente, do filho de Abraão (o Hebreu) e de Jacob (o Israelita)? Não é a filosofia judaica, indissociavelmente, a filosofia dos reis e dos profetas, de Israel e a da voz que, através de Jeremias, implora ao “resto de Israel” para “fortificar as suas posições no exílio”?<br/>Sou judeu porque não sou um platónico; judeu por causa do que chamarei, para ser sucinto, anti-platonismo coextensivo ao pensamento judaico; uma ética mais do que um ponto de vista; uma relação com os outros homens tanto quanto com Deus ou, mais exactamente, a Deus, sim, mas porque, e somente porque, me traz mais perto do meu semelhante.<br/>Sou judeu como Lévinas quando ele discute a amizade com Buber. Nessa discussão, que é digna, pelos seus termos, da famosa disputa em que Proust, sobre o mesmo tema, acaba por atirar os sapatos à cara de Emmanuel Berl, Lévinas expressa a sua desconfiança das noções buberianas de diálogo e reciprocidade. Sou judeu, sim, na forma como Lévinas declara ser estranha e irrelevante a ideia de uma amizade puramente espiritual, ou “desnervada”, que pode apenas cair em “formalismo”. Ele conclui com estas formulações magníficas, que são parte do meu judaísmo: o Outro necessita mais de “solicitude” do que de “amizade”, porque “vestir os que estão nus e alimentar os que têm fome é o real e concreto acesso ao Outro, mais autêntico do que amizade etérea.”<br/>Sou um judeu que não é realmente um humanista (a palavra perde o sentido para um leitor, mesmo o menos versado, do Maharal de Praga ou do Gaon de Vilna), mas sou consciente de um judaísmo que me faz responsável pelos outros, o seu guardador – um judaísmo que se define, assim, como uma ética e define esta ética como aquela que é estabelecida quando eu resolvo fazer de mim não o igual mas o refém do meu semelhante e que vejo, sobre o meu “eu”, um “Ele” que me domina das sagradas alturas.<br/>Sou um judeu que não é obviamente político (como pode um estudante de Lévinas esquecer o seu Politique Aprés?) mas aberto, por outro lado, ao mundo e a fazer do messianismo a responsabilidade básica do homem, de cada homem, no trabalho de redenção.<br/>Sou um judeu universalista.<br/>Sou um judeu que não se resigna a deixar ao cristianismo o monopólio do universalismo. O “povo escolhido”, tanto para mim como para Lévinas e Albert Cohen, não é um privilégio, mas uma missão. O papel do povo judeu, tanto para mim como para Rosenzweig, é abrir, a todos os povos, as invisíveis e sagradas portas que iluminam a estrela da redenção. É este, aos meus olhos, o significado do mandamento de Deuteronómio: “Não abominarás o idumeu, pois é teu irmão; não abominarás o egípcio”; e também na história de Jonas, a quem Deus diz: “Levanta-te, vai à grande cidade de Ninive e clama”, mesmo quando Ninive é, como ele sabe, o inimigo de Israel, a capital da Assíria, o próprio reino do mal.<br/>Sou um judeu tal como Walter Benjamin quando Benjamin fala da sua “solicitude para com os vencidos e famintos” – sou judeu no sentido de Poésie et Revolution e de Teses Sobre o Conceito da História mostrando que “cada segundo é a porta estreita através da qual pode passar o messias.”<br/>Sou um judeu que acredita, como Benjamin e, de certa forma, Scholem, que o messianismo judaico é a “encarnação de uma história secreta e invisível” que “se contrapõe à história dos fortes e dos poderosos”, que é como quem diz a “história visível” – toda a minha vida acreditei neste judaísmo, e isto é o que tenho praticado.<br/>Fui judeu, por outras palavras, no meu Réflexions sur la Guerre, le Mal e la Fin de l’Histoire. Fui judeu no Burundi, em Angola, e na Bósnia muçulmana. Fui judeu entre os nubios a caminho de serem exterminados no sul do Sudão.<br/>Fui judeu cada vez que, nas mais desoladas zonas do mundo, no coração das suas mais esquecidas guerras, eu aprendi a instrução judaica segundo a qual a mais séria prova da existência de Deus é a existência de rostos – e o sinal do eclipse de Deus é o seu apagamento programado.<br/>Sou judeu porque acredito num Deus que por outra definição é “Não Matarás”.<br/>Sou judeu quando tentei, ao longo de um ano, traçar os passos de Daniel Pearl, e sou judeu quando, à minha maneira, modesta e secular, sim, mas à minha maneira, tento contribuir para a santificação do seu nome.</p>
<p>, filósofo, escritor, jornalista e ensaísta francês. Retirado do livro “I Am Jewish: Personal Reflections Inspired by the Last Words of Daniel Pearl”, 2004.</p> Solidariedade ao Povo Curdo !tag:judaismohumanista.ning.com,2019-10-15:3531236:Topic:1299182019-10-15T18:37:52.500ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>O Povo Curdo vive ha mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas, que apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um pais, e sempre estiveram sob domínio político e militar de outros povos. <br></br> Na Turquia, onde vive a maioria do povo Curdo, o seu idioma é proibido de ser usado, são perseguidos e descriminados como minoria nacional, milhares de Curdos estão presos por revindicar o seus direitos nacionais. <br></br> A hipocrisia da Turquia é enorme de um lado apoio…</p>
<p>O Povo Curdo vive ha mais de 3 mil anos nessas regiões montanhosas, que apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um pais, e sempre estiveram sob domínio político e militar de outros povos. <br/> Na Turquia, onde vive a maioria do povo Curdo, o seu idioma é proibido de ser usado, são perseguidos e descriminados como minoria nacional, milhares de Curdos estão presos por revindicar o seus direitos nacionais. <br/>
A hipocrisia da Turquia é enorme de um lado apoio incondicional a luta dos direitos nacionais do povo Palestino do outro os Turcos ocupam, matam, dominam e oprime os direitos nacionais do povo Curdo.<br/>
No Iraque região que conseguiram uma certa autonomia em 2005 , foram os verdadeiros herois combates contra os radicais sunitas do "Estado Islâmico".<br/>
E agora estão completamente abandonados pelos americanos e sem nenhum respaldo internacional que possa protege los. <br/>
Estão sofrendo sem tregua aos ataques covardes da Turquia levando todos os dias dezenas de mortos e destruição ao povo Curdo.</p> Descobrindo Israel por meio dos museus - REVISTA MORASHAtag:judaismohumanista.ning.com,2019-03-27:3531236:Topic:1267922019-03-27T23:43:32.855ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Que Israel é a Terra Santa, berço das três grandes religiões e um dos principais centros de inovação tecnológica do cenário internacional são informações de conhecimento geral. O que muita gente talvez não saiba ainda é que Israel é, também, um dos países com maior número de museus per capita do mundo.</p>
<p>Com mais de 200 espalhados de norte a sul do território nacional, o país foi tema de uma reportagem especial da emissora norte-americana CNN, que listou os dez melhores museus…</p>
<p>Que Israel é a Terra Santa, berço das três grandes religiões e um dos principais centros de inovação tecnológica do cenário internacional são informações de conhecimento geral. O que muita gente talvez não saiba ainda é que Israel é, também, um dos países com maior número de museus per capita do mundo.</p>
<p>Com mais de 200 espalhados de norte a sul do território nacional, o país foi tema de uma reportagem especial da emissora norte-americana CNN, que listou os dez melhores museus israelenses. Grandes ou pequenos, em cidades, vilarejos ou em kibutzim, à espera de visitantes do país e do exterior, abrigam tesouros de arqueologia, etnografia, história regional, arte antiga e moderna, da mais simples à mais sofisticada.<br/> A lista da CNN inclui, em primeiro lugar, o mundialmente famoso Museu de Israel, em Jerusalém, seguido do Museu de Arte Moderna, em Tel Aviv. Completam o ranking o Museu do Holocausto Yad Vashem, também em Jerusalém, além de outros, menores em tamanho, mas não em importância, como o Museu de Design de Holon e o Museu de Arte de Ein Harod, primeiro do país, o Museu Nacional de Ciência, Tecnologia e Espaço – Centro Daniel e Matilde Recanati, também chamado de Madatech (Haifa), o Museu de Arte Islâmica (Jerusalém), o Museu de Arte do Neguev (Beersheva) e o Museu do Seam (Jerusalém).<br/> O Museu de Israel, considerado a maior instituição cultural do país, foi reformado e reorganizado, sendo aberto ao público novamente em 2012 (ver Morashá 78). O novo design das galerias leva o visitante a uma viagem através do tempo, começando com a arqueologia e a pré-história, há um bilhão e meio de anos, e chegando até a arte contemporânea. Na mesma área geográfica estão o Santuário do Livro, onde se encontram os famosos Manuscritos do Mar Morto, além de outros textos antigos, e a maquete de Jerusalém do período do Segundo Templo.<br/> O Museu de Israel mantém, ainda, anexos fora do seu campus, entre os quais o Museu Rockefeller, na parte oriental de Jerusalém, com sua coleção de arqueologia regional; o Centro de Arte Paley, também na zona oriental de Jerusalém, com programas específicos para crianças árabes; e a Casa de Ticho, uma galeria de arte e cafeteria situada em uma mansão centenária no centro de Jerusalém. Várias exposições temporárias também são apresentadas regularmente, bem como outras atividades, como palestras, oficinas, filmes, concertos e aulas de arte.<br/> O Yad Vashem – Museu do Holocausto –, foi erguido em 1953 para relembrar os seis milhões de judeus mortos durante a 2ª Guerra Mundial e abriga uma das maiores coleções do mundo sobre o tema. Com quase 45 mil metros quadrados, atrai mais de um milhão de visitantes por ano. Tornou-se ponto obrigatório na agenda de líderes mundiais e diplomatas em visita a Israel. O museu passou por uma ampla reforma e o novo prédio, em forma de triângulo esculpido na montanha – projeto do arquiteto Moshe Safdie, foi reinaugurado em 2005.<br/> O complexo do Yad Vashem abriga ainda um pavilhão especial dedicado à memória das crianças vítimas dos nazistas, a Avenida dos Justos entre as Nações, em lembrança daqueles que arriscaram a vida para salvar judeus durante a 2ª Guerra, o Salão de Recordação, com gravações no chão dos nomes dos campos de extermínio, e o Vale das Comunidades Destruídas. Um dos objetivos da reforma no local foi oferecer aos visitantes uma experiência sensorial e, ao mesmo tempo, objetiva dos fatos relativos ao Holocausto e às comunidades dizimadas pelos nazistas. O Museu oferece também cursos e programas especiais para educadores e estudantes de Israel e da Diáspora.<br/> O Museu de Arte de Tel Aviv, fundado em 1932, foi transferido para suas atuais instalações em 1971. Após a reforma, foi reaberto em 2011, acrescido de uma nova ala. Atualmente está dividido em quatro galerias que abrigam uma coleção de arte clássica e contemporânea, sobretudo israelense; uma ala juvenil; um auditório onde recitais, concertos de câmara e filmes são apresentados regularmente; e vários salões para exposições temporárias. O Pavilhão Helena Rubinstein de Arte Moderna também está sob sua administração.<br/> Fundado na década de 1930 em uma construção temporária de madeira, dentro do kibutz que leva o mesmo nome, o Museu de Arte Ein Harod foi transferido para um local mais adequado em 1948. A construção atual é considerada um dos exemplos mais representativos do modernismo israelense, tanto pela beleza quanto pela simplicidade. O museu destaca a arte de Israel e possui mais de 16 mil objetos de arte em seu acervo, sendo o maior na região norte.<br/> Na terra da inovação e da educação não poderia faltar um espaço dedicado à ciência. Assim, em 1983, no coração de Haifa, em meio a uma extensão verde e em uma construção histórica, foi fundado o Museu Nacional de Ciência, Tecnologia e Espaço – Centro Daniel e Matilde Recanati, também chamado de Madatech. Projetado pelo renomado arquiteto judeu alemão, Alexander Baerwald, foi instalado na antiga sede do Instituto de Tecnologia – Technion, uma das primeiras instituições acadêmicas do país.<br/> Despertar a curiosidade e inspirar a criatividade dos visitantes, principalmente crianças e estudantes, são os principais objetivos da instituição, que utiliza ferramentas como cinema 3D com recursos multissensoriais e atividades interativas. Dentro dessa perspectiva, o Madatech organiza programas especiais ao longo do ano nos sete centros educativos que possui e opera seis centros de demonstração e 12 laboratórios avançados, além de três laboratórios móveis utilizados para atividades em todo o país, levando, dessa maneira, ciência e tecnologia a mais de 150 mil estudantes israelenses.<br/> O Museu de Arte Islâmica está localizado próximo à residência oficial do presidente de Israel, em Jerusalém, e seu acervo é considerado um dos mais impressionantes do mundo. Mantém exposições permanentes mostrando vários períodos da arte islâmica. É conhecido ainda por sua vasta coleção de relógios antigos.<br/> O Museu de Arte de Neguev, localizado na parte antiga da cidade de Beersheva, sul de Israel, além de realizar mostras de arte contemporânea, organiza shows durante o verão no pátio externo. O edifício foi construído durante o período Otomano no início do século 20 e, após ampla reforma, recuperou seu esplendor original.<br/> O Museu de Design de Holon, criado em 2010, organiza exposições de moda e da indústria têxtil, além de promover a semana de design de joias e outros eventos. Projetado pelo arquiteto e designer israelense Ron Arad, o prédio é considerado uma obra de arte, com suas tiras de aço pintadas em vários tons de vermelho.<br/> O Museu do Seam, em Jerusalém, é considerado um dos mais polêmicos do país. Fundado em 1999 por Raphie Etgar, atual curador, é um museu de cunho sociopolítico que se propõe a discutir, por meio da arte moderna, temas ligados à realidade do país e da região. O tema central das mostras ali realizadas são as diferenças nacionais, étnicas ou econômicas.<br/> Opções para todos os perfis<br/> Além dos mencionados pela CNN, outros museus israelenses têm atraído milhares de visitantes. O de Haifa, fundado em 1949, é uma boa opção para quem visita a cidade. Seu complexo engloba o Museu de Arte Antiga, especializado em tesouros arqueológicos encontrados em Israel e na bacia do Mediterrâneo, e o Museu de Arte Moderna, fundado em 1951, com mostras de arte de todo o mundo. Também estão sob sua administração o Museu da Pré-História, o Museu Nacional Marítimo e o Museu Tikotin de Arte Japonesa.<br/> Localizado nos arredores de Tel Aviv encontra-se o Museu Holon das Crianças, considerado um dos mais populares museus educacionais do Oriente Médio. Em setembro do ano passado, foram inauguradas as exposições “Diálogo no Escuro” e “Convite ao Silêncio”, que fazem parte da série denominada “Diálogo com o Tempo”. Fazendo da interatividade uma de suas principais ferramentas, procuraram introduzir o público infantil na realidade de pessoas com necessidades especiais e da terceira idade. Utilizando guias cegos, surdos e idosos, as exposições tinham como objetivo aproximar os visitantes dos desafios enfrentados por tais segmentos da população.<br/> O Museu Eretz Israel, fundado em 1953, em Ramat Aviv, possui um rico acervo de tesouros arqueológicos, antropológicos e históricos da região, pavilhões específicos para objetos de vidro, cobre e cerâmica e moedas, entre outros, além de um planetário. A seção “O Homem e seu Trabalho” retrata métodos antigos de tecelagem, joalheria, olaria, <br/> moagem e panificação.</p>
<p>A escavação de Tel Quasile, onde foram encontradas 12 camadas distintas de civilização, situa-se no local. O museu é responsável também pela administração do Museu da História de Tel Aviv-Yafo e pelo Salão da Independência, onde o Estado de Israel foi proclamado em 1948.<br/> O Beit Hatefutzot, também chamado de Museu da Diáspora, foi fundado em 1978 dentro do campus da Universidade de Tel Aviv. Graças a várias coleções e à utilização de tecnologias modernas, traça a história das comunidades judaicas na Diáspora ao longo dos séculos. Com mostras temáticas que ocupam um andar cada uma, oferece aos visitantes apresentações audiovisuais sobre história judaica e uma série de programas educacionais.<br/> Os interessados pela história antiga da região poderão viver uma experiência única no Museu da Torre de David, no qual se faz uma retrospectiva de Jerusalém através dos séculos. Fundado em 1988, está inserido no complexo arquitetônico da Cidadela. Seu acervo inclui achados do período do Primeiro Templo (960-586 AEC), os restos de uma torre e da muralha da cidade do período dos Asmoneus (século I AEC) e as fundações de uma enorme torre construída pelo rei Herodes (37-4 AEC). O museu cobre quatro mil anos de história de Jerusalém, desde seus primórdios como cidade canaanita até os tempos modernos.<br/> O Museu das Terras da Bíblia fica próximo ao Museu de Israel. Ali está exposta uma coleção de artefatos arqueológicos que remete às culturas antigas do Oriente Médio. Por uma linha do tempo, os visitantes são levados a uma viagem que começa no período bíblico e termina na era moderna. Mapas, esboços e citações bíblicas compõem as exposições, recriando a atmosfera do passado. Na área externa, há um jardim com árvores e plantas que são mencionadas na Bíblia.<br/> Novos talentos também têm espaço em Israel. A Casa dos Artistas de Jerusalém, situada na antiga sede da Escola de Artes e Ofício Bezalel, realiza exposições provisórias dos artistas israelenses. O Museu Janco Dada, assim nomeado em homenagem ao artista Marcel Janco, está situado na vila dos artistas em Ein Hod, próximo a Haifa. Janco foi um dos fundadores do movimento de vanguarda conhecido como dadaísmo. Visitado por estudantes judeus e árabes, possui uma ala especial para a juventude e um Dadalab – um laboratório que permite a esses jovens expressarem sua criatividade.<br/> A arte também tem vez no universo industrial. Um dos principais defensores desse princípio é o empresário israelense Stef Wertheimer, criador de quatro parques industriais no país, entre os quais o Parque Tefen, próximo a Naharia, norte do país. Ali, em meio a fábricas modernas, foi instalado um museu a céu aberto com obras criadas por artistas israelenses, além de haver uma exposição permanente que descreve a história da imigração alemã, um jardim esculpido que contêm esculturas de numerosos estilos, e uma exposição dedicada ao desenvolvimento da indústria Israelense. Com essa iniciativa, Wertheimer tinha como objetivo criar um lugar que ligasse a indústria com a arte e promovesse a criatividade em todas as suas formas.<br/> Assim, considerando-se a lista elaborada pela CNN e os demais que o país possui, uma visita a Israel não seria completa sem uma passagem por alguns dos mais importantes museus do país. Cada um, com suas especificidades, conta um pouco da história da nação e de seus habitantes. Mais do que apenas monumentos ao passado, são considerados ferramentas para educação das novas gerações.</p> Os pergaminhos do Mar Morto - Revista Morashatag:judaismohumanista.ning.com,2018-06-15:3531236:Topic:1217092018-06-15T11:30:09.958ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Uma coleção de manuscritos antigos foram descobertos entre 1947-1956, em cavernas do Deserto da Judeia, e constituem a maior descoberta arqueológica do século 20. poucos achados arqueológicos – quiçá nenhum – são tão conhecidos ou despertaram tanto interesse ou controvérsia. Esses manuscritos revolucionaram o entendimento que se tinha sobre o último período do Segundo Templo, quando emergiram o Judaísmo rabínico e o Cristianismo.<br></br> Edição 98 - Dezembro de 2017</p>
<p>Em 1947 o Oriente…</p>
<p>Uma coleção de manuscritos antigos foram descobertos entre 1947-1956, em cavernas do Deserto da Judeia, e constituem a maior descoberta arqueológica do século 20. poucos achados arqueológicos – quiçá nenhum – são tão conhecidos ou despertaram tanto interesse ou controvérsia. Esses manuscritos revolucionaram o entendimento que se tinha sobre o último período do Segundo Templo, quando emergiram o Judaísmo rabínico e o Cristianismo.<br/> Edição 98 - Dezembro de 2017</p>
<p>Em 1947 o Oriente Médio estava tumultuado, o que fazia da época o pior momento para se lidar com manuscritos antigos. Mas, para o Povo Judeu, que lutava política e militarmente pela recriação de seu Estado, em sua terra, a Terra de Israel, a descoberta dos primeiros pergaminhos e sua aquisição no exato dia em que as Nações Unidas votaram pela Partilha da Palestina, tinha significado simbólico. Era como se eles estivessem escondidos na escuridão das cavernas durante 2.000 anos, apenas esperando pelo retorno do Povo de Israel a seu Lar ancestral.<br/> A descoberta original se resumia a alguns pergaminhos encontrados em uma caverna próximo a Qumran. Mas, os arqueólogos e beduínos continuaram procurando, durante anos, ao longo da margem oriental do Mar Morto, e encontraram no interior de outras dez das centenas de cavernas existentes milhares de documentos antigos e de fragmentos de textos escritos sobre pele de animal, papiros e até sobre cobre. Hoje, esse tesouro, conhecido como os Pergaminhos do Mar Morto, inclui seis pergaminhos praticamente completos, 80 mil fragmentos agrupados em 20 mil segmentos, que representam mais de 900 diferentes textos. Eles contêm passagens de todos os livros do Tanach, exceto o Livro de Esther, além de textos apócrifos, orações e textos sobre a Leis Judaica. Foram escritos predominantemente em hebraico, sendo apenas 15% deles em aramaico e alguns em grego.<br/>
No início da década de 1950 era costume falar na “batalha dos pergaminhos” em virtude dos inúmeros e candentes debates públicos acerca da identidade de seus autores e sua relevância para o Judaísmo e Cristianismo. Muitas das hipóteses e teorias da época estão hoje sendo questionadas ou descartadas.<br/>
Durante décadas, a maioria dos achados arqueológicos ficaram nas mãos da Jordânia e de uma equipe de estudiosos cristãos – a maioria católicos. Por mais absurdo que fosse, apesar dos manuscritos terem sido escritos por judeus e versarem apenas sobre assuntos relativos à vida religiosa judaica, ao Templo de Jerusalém, e ao Tanach - composto de 24 livros: a Torá, os Profetas (Neviim), e das Escrituras Sagradas (Ktuvim). Nenhum judeu podia fazer parte desse grupo. Como veremos adiante, somente em 1980 os estudiosos judeus passaram a fazer parte da equipe.<br/>
Hoje, a maioria dos estudiosos acreditam que os pergaminhos foram reunidos por uma seita de judeus- a seita de Qumran ou do Mar Morto – que ocupava uma área adjacente às cavernas, chamada Khirbet Qumran (Ruína de Qumran). A seita viveu na área desde 150 AEC até 68 EC, quando o local foi destruído pelos romanos, durante a Grande Revolta Judaica (66-73 EC). Ainda que na sociologia da religião o uso do termo “seita” implique uma “igreja” normativa à qual a seita possa ser comparada, o termo é usado para descrever os vários grupos que existiam entre os judeus à época do Segundo Templo.<br/>
Tanto a análise paleográfica1 quanto a datação por radiocarbono-14 concluíram que os Pergaminhos do mar Morto foram escritos entre o século 2 AEC e o século 1 EC, durante os períodos helenístico e romano. Por outro lado, a composição dos textos varia dentro de um período extenso. Os textos bíblicos incluem os primeiros livros do Tanach; os não-bíblicos foram compostos a partir do século 3 AEC e vão até a virada da Era Comum. Isto significa que a maior parte dos textos não foram compostos pela seita, apenas copiados, e que os textos são pré-Cristianismo.<br/>
De acordo com o Prof. Lawrence H. Schiffman, especialista nos Pergaminhos do Mar Morto e em Judaísmo na Antiguidade, História da Lei Judaica e Literatura Talmúdica, “o papel central da Halachá (Lei Judaica) no estudo do Judaísmo à época do Segundo Templo é crucial para a definição de uma seita. Isto porque entre as características que os separavam estava a sua prática da Lei. Mas, temos que ter em mente que a grande maioria das práticas haláchicas – cumprimento da lei do sacrifício, o Shabat, as leis da pureza e outras – eram comuns aos judeus do período do Segundo Templo”.<br/>
O período do Segundo Templo foi marcado de diversidade e complexidade na vida religiosa judaica, uma época em que grupos tentavam conquistar e manter a liderança política e religiosa na Terra de Israel. Os Pergaminhos se tornaram uma fonte básica sobre as crenças, a vida e os eventos históricos ocorridos nesse período. Até serem descobertos, nossas principais fontes eram a obra do historiador Flavius Josephus e o livro dos Macabeus.<br/>
A descoberta<br/>
A história que envolve os Pergaminhos do Mar Morto é legendária2 e se inicia no final do ano de 1946, início de 1947, quando jovens da tribo beduína de Ta’amireh pastoreavam suas cabras nas proximidades de Qumran. Um deles, Muhammad Ahmad el-Hamed, conhecido como edh-Dhib (Muhammad, o Urso), enquanto procurava uma ovelha que se desgarrara, atirou uma pedra dentro de uma caverna e ouviu o som de barro se rachando. Ao explorar a caverna, ele e os companheiros descobriram dois grandes jarros dentro dos quais viram alguns pergaminhos antigos.<br/>
Em abril de 1947, os beduínos foram a Bethlehem com os pergaminhos, e contataram dois comerciantes de antiguidades: Faidi Salahi e Khalil Iskander Shahin, mais conhecido como Kando. Este último adquiriu quatro pergaminhos e Salahi, três. Em julho, Kando – membro da Igreja Ortodoxa Siríaca que iria ter um papel importante na saga dos Pergaminhos – vendeu os quatro a Athanasius Yeshue Samuel, Arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Siríaca, conhecido como Mar Samuel (“Mar”, pronome de tratamento usado para os bispos da Igreja Ortodoxa Siríaca).<br/>
Salahi, por sua vez, pediu a Levon Ohan, filho de um armênio comerciante de antiguidades da Cidade Velha, para ajudá-lo. Em novembro, Ohan contatou Eliezer Lupa Sukenik, professor de arqueologia na Universidade Hebraica e pai de Yigael Yadin, chefe das operações da Haganá, à época, que se tornaria o arqueólogo mais respeitado de Israel e grande estudioso dos Pergaminhos do Mar Morto.<br/>
Sukenik relata os eventos: “Estávamos em 1947, últimos dias do Mandato Britânico. A violência corria solta. Os britânicos tinham dividido Jerusalém em zonas militares, separando as partes judaica e árabe da cidade e delimitando-as com arame farpado. Para se ir de uma zona a outra era necessário um passe militar”. Nem ele nem Ohan tinham esse passe, portanto se encontraram no portão que dava acesso à Zona B. Através do arame farpado, Ohan mostrou um fragmento de um dos pergaminhos e Sukenik percebeu que o formato das letras hebraicas se parecia com o das letras que ele estudara em ossuários de Jerusalém, datados no início da Era Comum. Sukenik decidiu comprar os pergaminhos, mas pediu para ver mais amostras. Conseguiu um passe para entrar na Zona B e, depois de examinar outros fragmentos, resolveu ir a Bethlehem.<br/>
Tratava-se de uma viagem perigosa. O clima era de extrema tensão porque as Nações Unidas estavam para votar a partilha da Palestina. Sua esposa foi totalmente contrária à sua ida. Seu filho mais velho, Yigael Yadin, também pediu ao pai que não fosse a Bethlehem, pois a Haganá recebera informações de que haveria atos de violência contra os judeus.<br/>
Mas Sukenik estava determinado a comprá-los em nome da Universidade Hebraica. Em 29 de novembro, enquanto a ONU votava o futuro de Israel, ele, junto com Ohan, tomou um ônibus para Bethlehem. Ele era o único judeu. Em seu diário, Sukenik conta o momento em que Salahi trouxe os dois jarros contendo os manuscritos: “Minhas mãos tremiam quando comecei a desembrulhar um deles. Li algumas frases. Estavam escritas em um lindo hebraico bíblico. O linguajar era igual ao dos Salmos, mas o texto me era desconhecido.... De repente, me senti muito privilegiado que o destino me estivesse fazendo contemplar um pergaminho hebraico que não fora lido por mais de 2.000 anos...”.<br/>
Sukenik disse a Salahi que “provavelmente” iria comprar os pergaminhos todos, mas levaria dois consigo para examinar. No caminho de volta a Jerusalém, ele estava de posse do “Pergaminho dos Salmos de Ação de Graças” - Hodayot, em hebraico, e do “Pergaminho da Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos da Escuridão”, ou “Pergaminho da Guerra” – em hebraico, Milchamá. Uma semana mais tarde, ele adquiriu o terceiro, um manuscrito do Livro de Isaías, conhecido como “Isaiahb”.<br/>
Horas após seu retorno, Sukenik estava em seu escritório quando seu filho menor, Mati, entra correndo para lhe contar que as Nações Unidas tinham aprovado a Resolução da Partilha.<br/>
Yigael Yadin, relembra: “Não pude evitar a sensação de que havia algo de simbólico na descoberta dos pergaminhos e em sua aquisição, no momento exato da criação do Estado de Israel. Parecia que os manuscritos ficaram esperando em cavernas, por 2.000 anos, desde o fim da independência de Israel até que Am Israel retornasse a seu Lar ancestral e recuperasse sua liberdade. O simbolismo fica ainda mais forte pelo fato de que os três primeiros pergaminhos foram comprados por meu pai, em nome de Israel, no dia 29 de novembro de 1947, dia exato em que a ONU votou pela recriação de um Estado judeu na Terra de Israel, após 2.000 anos...”.<br/>
Em janeiro de 1948, Sukenik recebe uma ligação de Anton Kiraz, da Comunidade Ortodoxa Siríaca, colocando à sua disposição os quatro pergaminhos que estavam em posse de Mar Samuel. Quando Kiraz os mostrou a Sukenik, este percebeu, de imediato, que pertenciam ao mesmo conjunto que os que adquirira. Ofereceu £2.000 libras esterlinas por eles, mas como Israel estava às vésperas da Guerra de Independência, ele não conseguiu o dinheiro. Sukenik nunca mais os viu. Em seu diário, ele conta: “O Povo Judeu perdeu uma herança preciosa”. Mas ele estava enganado, pois, anos mais tarde, seu filho Yigael os adquiriria para o Estado de Israel.<br/>
Frustrada a venda, Mar Samuel decide mostrá-los à Escola Americana de Pesquisa sobre o Oriente, em Jerusalém3, então sob a direção de Millar Burrows. O assistente de Mar Samuel, Butros Sowmy, contata o diretor em exercício, John Trever. Arqueólogo e estudioso bíblico, este último lhe pede que leve os pergaminhos à Escola. No dia seguinte, quando Sowmy surge com os quatro manuscritos, Trever fica boquiaberto. A escrita era semelhante à do Papiro Nash, datado de cerca de 150 AEC 4. Ele fotografa os pergaminhos, o Livro de Isaías (Isaiaha), o “Manual da Disciplina”, um comentário sobre o “Livro de Habakuk” (Pesher Habakuk, em hebraico) e o “Livro Apócrifo de Gênesis”. Este último estava tão enrolado e frágil que não pôde ser desenrolado. Trever envia fotos a William Foxwell Albright, renomado arqueólogo bíblico e especialista em epigrafia semita da época, que lhe responde em 15 de maio de 1948, justo o dia em que Israel declarava sua independência: “Minhas congratulações …pela maior descoberta em manuscritos dos tempos modernos! … a escrita é mais arcaica do que a do Papiro Nash... Eu diria que data por volta do ano 100 AEC ”.<br/>
Em janeiro do ano seguinte, Mar Samuel contrabandeia os quatro pergaminhos para fora do Oriente Médio, instalando-se em New Jersey, nos EUA. Uma vez lá, ele recomeça as buscas por um comprador. Nove meses depois, os pergaminhos foram expostos na Biblioteca do Congresso. Despertaram enorme interesse, mas nenhuma instituição se apresentou com uma proposta de compra.<br/>
Após a descoberta inicial...<br/>
Nesse ínterim, a notícia da descoberta se tinha espalhado pelo mundo arqueológico. Na tentativa de localizar a caverna onde os pergaminhos iniciais haviam sido encontrados, o diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, o arqueólogo inglês G. Lankester Harding, conseguiu que a Legião Árabe vasculhasse a área onde foram supostamente encontrados. Em 28 de janeiro de 1949, foi descoberta a Caverna 1. Ele próprio encarregou-se da exploração da mesma, junto com o diretor da Escola Bíblica de Jerusalém Oriental, o padre Roland de Vaux. Este padre dominicano francês lideraria a equipe que iria trabalhar nos Pergaminhos.<br/>
Organizou-se uma grande expedição arqueológica para escavar a área ao longo da costa noroeste do Mar Morto. À época, a região estava sob domínio jordaniano e nenhum israelense ou judeu podia participar da expedição. Decidiram escavar também as ruínas de Khirbet Qumran (também chamada de Khirbet Yahud) que ficavam a menos de 2 km ao sul da Caverna 1, em uma formação mais baixa de arenito, entre as encostas de calcário e a costa do Mar Morto.<br/>
Os membros da tribo de Ta’amireh também estavam atrás de novos achados. Ainda em 1950, o diretor Harding e o padre de Vaux sabiam que seria problemático se os fragmentos encontrados pelos beduínos fossem vendidos para vários compradores. Seria impossível reuni-los de acordo com o manuscrito ao qual pertenciam ou reconstituir qualquer um deles. Assim sendo, procuraram Kando e compraram dele os fragmentos que haviam sidos posteriormente removidos da Caverna 1 e que ainda estavam com ele. Nesse meio tempo, Kando se associara ao xeque dos Ta’amireh, passando a ter um quase monopólio dos achados.<br/>
Nos anos seguintes, arqueólogos e beduínos encontram em dez, das centenas de cavernas examinadas, um verdadeiro tesouro arqueológico. Algumas eram riquíssimas em manuscritos e fragmentos. Na Caverna 3, por exemplo, foram descobertos fragmentos do “Livro de Ezequiel” e dos Salmos, textos apócrifos e dois rolos oxidados em cobre martelado (Pergaminho de Cobre), que constituiu o mais envolto em mistério dentre todos os achados arqueológicos do Mar Morto.<br/>
Em 1952, enquanto os arqueólogos escavavam em Qumran durante o dia, os beduínos o faziam à noite, e foram eles que descobriram a Caverna 4. Com uma entrada a uns 100 metros de onde os arqueólogos estavam escavando, a caverna continha 15 mil fragmentos de cerca de 500 pergaminhos diferentes. Tendo os beduínos removido a maior parte, mais uma vez Kando foi o caminho para que os arqueólogos os adquirissem.<br/>
O material encontrado na Caverna 11, descoberto em 1956, foi extremamente rico. Mas, continua sendo um mistério o número de pergaminhos descobertos pelos beduínos. Entre os achados estava um manuscrito do “Livro Levítico”, da Torá, usado antes do exílio da Babilônia, e um dos Salmos, contendo salmos adicionais.<br/>
Harding, à época diretor do Departamento de Antiguidades e curador do Museu Arqueológico da Palestina (PAM), localizado em Jerusalém, tomou uma decisão crucial. Encaminhou os pergaminhos ao PAM ao invés de consigná-los ao Museu Nacional da Jordânia, em Amã. Como veremos adiante, não fosse pela decisão de Harding, os preciosos achados poderiam estar, hoje, em Amã, e não em Israel.<br/>
Com a chegada, na década de 1950, de milhares de fragmentos ao Museu Arqueológico da Palestina, reuniu-se uma equipe de estudiosos bíblicos para tratar da enorme quantidade de material. Segundo um relato recente: “Harding e de Vaux queriam uma equipe que representasse, de fato, os países e credos atuantes na pesquisa bíblica, com uma ressalva – não incluiriam nenhum judeu ou israelense. Tem-se falado que o padre de Vaux era antissemita. Certo é que, a exemplo de Burrows, Trever e muitos outros pesquisadores, ele era veementemente contrário à criação do Estado de Israel”.<br/>
Khirbet Qumran (a Ruína de Qumran)<br/>
Uma equipe de arqueólogos encabeçada por Harding e de Vaux iniciou as escavações em Khirbet Qumran, em 1949, em busca de mais pergaminhos e, principalmente, respostas. Haveria uma relação entre o local e os pergaminhos? Teriam seus habitantes os escondido nas cavernas próximas?<br/>
Desencavaram várias estruturas de grande porte que acreditavam ser o centro de uma seita pequena judia, muito religiosa. Seguindo-se às escavações iniciais, de Vaux sugeriu que o local poderia ter sido fundado pelos essênios, uma das diferentes seitas de judeus da época. Atualmente, a teoria dos essênios é amplamente discutida e rejeitada por muitos estudiosos. Todos, porém, concordam que no século 2 AEC , durante a época dos Macabeus, Qumran foi ocupado por um grupo judeu que tinha sido expulso ou se afastado do culto no Templo de Jerusalém. Um dos manuscritos encontrados, a “Carta Haláchica”, lista assuntos sobre os quais os sectários não concordavam com a maneira em que o culto no Templo era praticado. O texto data de 150 AEC e representa um documento formativo da seita, logo após a Revolta dos Macabeus.<br/>
A seita chegou a seu ponto alto entre o final do Séc.1 AEC e o Séc.1 desta Era. Foi nesse período que a maioria dos pergaminhos foram escritos. Um terremoto destruiu o local, provavelmente em torno de 31 AEC . Reconstruído alguns anos depois, foi arrasado por tropas romanas à época da Primeira Revolta Judaica (66-73 EC), antes do sítio a Jerusalém.<br/>
Os romanos ocupam o local durante 20 anos. Durante a Revolta de Bar Kochba de 132-135, combatentes judeus se estabelecem em Qumran. Depois disso, o local foi abandonado. Acredita-se que grande parte dos manuscritos encontrados tenham sido escondidos nas cavernas durante a guerra contra Roma.<br/>
Os Pergaminhos do Mar Morto em mãos de Israel<br/>
Foram necessários mais de 20 anos, mais precisamente até a Guerra dos Seis Dias, para que todo o precioso material arqueológico estivesse em mãos israelenses.<br/>
Os quatro pergaminhos da descoberta inicial que ainda estavam nas mãos de Mar Samuel, voltaram para Israel em 1954. Em 1o de junho daquele ano, desesperado, ele publica um anúncio no The Wall Street Journal colocando-os à venda. Na época, Yigael Yadin estava nos EUA dando palestras e a Embaixada de Israel o coloca a par do anúncio.<br/>
Determinado a comprar os pergaminhos para seu país, ele sabia que tinha que agir com cautela, mantendo seu nome e o de Israel por fora temendo que Mar Samuel não consentisse em vendê-los. Yadin entra em contato com seu amigo, o Dr. Harry Orlinsky, estudioso e tradutor de textos bíblicos, e lhe pede que vá a Nova York. Explica que devia assumir o nome de “Mr. Green” e fazer-se passar por um perito enviado por um possível comprador para autenticar os pergaminhos; e ir ao Chemical Bank and Trust Co, assegurando-se de não estar sendo seguido.<br/>
Orlinsky encontra-se no cofre do Banco com o representante de Mar Samuel. Este retira de um cofre preto os quatro manuscritos. Após autenticá-los, Orlinsky vai a um telefone público, liga para um número e diz as palavras-código: Lechaim, Viva! A missão tinha sido um sucesso. O preço acordado pelos quatro pergaminhos foi de US$ 250.000 – uma barganha mesmo para a época. Os pergaminhos são despachados, separadamente, para Israel. Lá, foram reunidos aos outros três rolos que, sete anos antes, o pai de Yadin comprara.<br/>
Em fevereiro de 1955, o Primeiro Ministro de Israel à época, Moshe Sharett, convoca uma coletiva de imprensa para anunciar que todos os sete pergaminhos estavam, finalmente em Israel. No início da década de 1960, construiu-se em Jerusalém o Santuário do Livro, Heichal ha-Sefer, para abrigar os sete tesouros encontrados na Caverna 1.<br/>
Mais 12 anos se passaram até que todos os achados estivessem, por fim, em mãos de Israel. Durante a Guerra de Seis Dias, de 1967, os jordanianos não os transferiram para um local “mais seguro”, como acontecera em 1956, antecipando um possível avanço de Israel. Eles foram simplesmente levados ao subterrâneo do Museu. No terceiro dia da Guerra, Israel capturou Jerusalém Oriental e arqueólogos israelenses entraram no museu em busca dos Pergaminhos.<br/>
Yadin, à época assessor militar do Primeiro Ministro Levi Eshkol, sabia que o “Pergaminho do Templo” estava sendo escondido por um comerciante de antiguidades. Descoberto na Caverna 11 em 1956, até o início dos anos 1960 ninguém no Ocidente sabia de sua existência. Um pastor americano, preposto de um negociante de antiguidades – que, mais tarde se soube ser Kando – escreveu a Yadin oferecendo um pergaminho completo por US$ 100.000. Era o Pergaminho do Templo. O intermediário concordou em enviar um fragmento a Yadin, que, após examiná-lo, garantiu ser autêntico. O texto, em hebraico, que recebera tratava do papel do Sumo Sacerdote. Iniciam-se as negociações, mas o vendedor continuava a subir o preço, e em maio de 1962, cessou toda a comunicação entre as partes.<br/>
Em 7 de junho, Yadin enviou um coronel do Exército de Israel a Bethlehem, já em mãos israelenses, para confrontar Kando. As suspeitas de Yadin estavam corretas. Ao ser confrontado, Kando removeu alguns ladrilhos do chão de sua casa e de lá tirou uma caixa de sapatos onde tinha colocado o “Pergaminho do Templo”, enrolado em celofane e toalha e embrulhado com papel. As autoridades israelenses o confiscam, pagando a Kando US$ 105.000. Finalmente, o “Pergaminho do Templo” estava a salvo e foi exposto junto dos primeiros sete rolos, no Santuário do Livro, no Museu de Israel. Todos os demais manuscritos e fragmentos de textos estão preservados no Museu Rockefeller, em Jerusalém, onde fica o Departamento de Antiguidades de Israel. <br/>
A batalha para publicá-los<br/>
Os textos dos sete pergaminhos da descoberta inicial foram publicados por estudiosos israelenses e americanos já na década de 1950 e disponibilizado a outros pesquisadores. No entanto, o tesouro arqueológico que estava nas mãos do time de estudiosos reunidos pelo padre de Vaux publicara uma parte bem reduzida do material, e não permitia que outros pesquisassem o material. Estudiosos acreditavam que após Israel ter assumido o controle, os pergaminhos seriam disponibilizados rapidamente. Mas tudo ficou na mesma. Mesmo sob os auspícios israelenses e apesar da insistência de Yadin, os avanços para sua publicação continuavam emperrados.<br/>
O problema era que Israel queria ser visto como “um conquistador de boa paz”. Avraham Biran, diretor do Departamento de Antiguidades, e Yigael Yadin trabalharam em busca de um relacionamento amigável entre Israel e a equipe de publicação, apesar de saber que o sentimento prevalecente na Escola Bíblica era de ressentimento contra Israel – ao ponto de os pesquisadores, todos antissionistas, recusarem-se a pisar em Jerusalém após 1967.<br/>
Mas Israel não queria ser acusado de apropriação intelectual e, de início, manteve o status quo, deixando a responsabilidade pela publicação em mãos da equipe original e aceitando a exclusão dos pesquisadores judeus e israelenses. Quando de Vaux procura Biran, este lhe comunica que Israel honraria os direitos de publicação de sua equipe – ou seja, os direitos exclusivos de publicar os pergaminhos sem permitir que outros estudiosos tivessem acesso aos mesmos nesse ínterim. Mas o “monopólio” e a demora na publicação desperta conflitos e controvérsias crescentes.<br/>
Em 1980, Emanuel Tov e Elisha Qimron são os primeiros israelenses a trabalhar nos pergaminhos. John Strugnell, chefe da equipe internacional de 1986-1990, aumenta ainda mais o número de participantes e inclui alguns judeus. Em 1990, depois de uma entrevista onde ele se auto descreve como “anti-judaísta”, dizendo entre outros : “... Judaísmo – uma religião horrível”, ele é destituído e Emanuel Tov, professor da Universidade Hebraica, assume como editor-chefe do projeto de publicação dos manuscritos. O Prof. Tov aumentou o número de pesquisadores e ficou na direção até o término dos trabalhos.<br/>
Em 2008, Tov presenciou o término real da série oficial de 40 volumes, e sua publicação. Em dezembro de 2012, mediante colaboração com a Google, o Departamento de Antiguidades de Israel disponibilizou on-line os Pergaminhos, constituindo a “Biblioteca Digital Leon Levy de Pergaminhos do Mar Morto”. Essa biblioteca digital pode ser acessada gratuitamente.<br/>
Importância dos Pergaminhos<br/>
Atualmente há um consenso entre os estudiosos acerca da necessidade de um grande foco no contexto judaico dos Pergaminhos do Mar Morto. Entendem, ainda, que essa abordagem também permite que esses documentos tenham um papel ainda maior em facilitar o entendimento sobre os primórdios do Cristianismo.<br/>
A descoberta dos Pergaminhos nos ofereceu a oportunidade de aprender muito não apenas sobre a seita de Qumran, mas também sobre outras seitas do período do Segundo Templo. Somente compreendendo a complexa dialética entre acordo e desacordo podemos traçar corretamente o panorama religioso da antiga Terra de Israel. Uma das várias conclusões do trabalho é que mesmo no contexto das inúmeras disputas entre os diferentes grupos judaicos à época, certos pontos básicos em comum caracterizam o Judaísmo.<br/>
A centralidade do estudo da Torá era comum a todas as seitas e, apesar das disputas entre fariseus, saduceus e a seita de Qumran, é importante esclarecer que a observância da lei dos sacrifícios, do Shabat, de pureza e de outras práticas haláchicas eram comuns aos judeus do período do Segundo Templo. Ademais, os Pergaminhos revelam a existência de um grande grau de continuidade entre o Judaísmo antes e após a destruição do Segundo Templo.<br/>
1A Paleografia estuda a origem, forma e evolução da escrita.<br/>
2 Alguns desses eventos têm várias versões, das mais realistas às mais fantasiosas.<br/>
3 Hoje, Instituto W.F. Albright de Pesquisa Arqueológica.<br/>
4O Papiro Nash, fragmento mais antigo do Tanach conhecido até então, contém o texto dos Dez Mandamentos e do Shemá Israel.<br/>
Bibliografia<br/>
Lawrence H. Schiffman, Qumran and Jerusalem: Studies in the Dead Sea Scrolls and the History of Judaism. Edição do Kindle.<br/>
Shanks, Hershel, The Mystery and Meaning of the Dead Sea Scrolls. Edição do Kindle.<br/>
Leonard, Cheryl, The Dead Sea Scrolls: Ancient Secrets Unveiled. Edição do Kindle.</p> _¿Por qué el mundo calla Beni Cotlertag:judaismohumanista.ning.com,2018-03-10:3531236:Topic:1187892018-03-10T22:06:09.589ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p><span>Se </span>están cumpliendo los siete años de la Guerra Civil en Siria, que a pesar de los resultados en pérdidas humanas demuestran que parecería que, como dice el tango, “al Mundo nada le importa”<br></br> Ya contamos con cerca de medio millón de muertos, miles de detenidos en cárceles en forma inhumana que incluye torturas según fotos que se han filtrado, y millones de desplazados.<br></br> Es conocido que actualmente en Siria se encuentran instalados Rusia e Irán, como colaboradores del…</p>
<p><span>Se </span>están cumpliendo los siete años de la Guerra Civil en Siria, que a pesar de los resultados en pérdidas humanas demuestran que parecería que, como dice el tango, “al Mundo nada le importa”<br/> Ya contamos con cerca de medio millón de muertos, miles de detenidos en cárceles en forma inhumana que incluye torturas según fotos que se han filtrado, y millones de desplazados.<br/> Es conocido que actualmente en Siria se encuentran instalados Rusia e Irán, como colaboradores del régimen de Assad, y dado el tiempo transcurrido todo hace suponer que ambos regímenes llegaron para quedarse.<br/> Hace días un dron iraní fue disparado desde Siria hacia el territorio israelí, con la correspondiente respuesta de Israel y la caída de un avión israelí dentro de la Galilea sin ocasionar víctimas humanas para Israel.<br/> El Mundo puede ser que ignore que Israel ha recibido en la frontera Norte más de 1000 sirios heridos en la guerra y fueron atendidos en hospitales sionistas.<br/> Desde el último domingo (18/2) se han recrudecido los ataques y las fuerzas sirias y rusas han atacado poblaciones civiles con un saldo de más de 300 muertos y decenas de heridos, estos últimos de difícil atención porque varios hospitales han quedado destruidos.<br/> Quiero destacar que cuando comenzó esta guerra hubo varios países mediadores sin éxito, y en este momento el Mundo parece preocupado pero sin ánimo de intervenir en este atentado aberrante a los derechos humanos, ya que en los medios televisivos advierten que las imágenes pueden afectar al ser humano…<br/> Falta de todo, medicinas, alimentos, frazadas, etcétera… pero lo que más falta es vergüenza por parte de Assad. Putin y Rohani.<br/> ¡Los estrategas mundiales deben de alguna forma ponerle el cascabel al gato! Amén<br/> proyectostierrasanta@gmail.com</p> O avanço da extrema direita na Alemanha por Jaime Spitzcovskytag:judaismohumanista.ning.com,2018-01-05:3531236:Topic:1184122018-01-05T11:47:22.147ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
<p>Nas últimas eleições gerais alemãs, em setembro, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, um partido de extrema direita conquistou cadeiras no Bundestag, o Parlamento federal. Trata-se do maior desafio para a Alemanha depois de 1945, avaliou o Conselho Central dos Judeus, principal entidade comunitária no país.</p>
<p>O “Alternativa para a Alemanha” (AfD), com sua plataforma populista e xenófoba, contabilizou 13% dos votos na eleição de 24 de setembro, resultado responsável por…</p>
<p>Nas últimas eleições gerais alemãs, em setembro, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, um partido de extrema direita conquistou cadeiras no Bundestag, o Parlamento federal. Trata-se do maior desafio para a Alemanha depois de 1945, avaliou o Conselho Central dos Judeus, principal entidade comunitária no país.</p>
<p>O “Alternativa para a Alemanha” (AfD), com sua plataforma populista e xenófoba, contabilizou 13% dos votos na eleição de 24 de setembro, resultado responsável por ofuscar a vitória da primeira-ministra Angela Merkel, que conquistou seu quarto mandato consecutivo. Ela lidera o governo, com seu partido CDU (centro-direita), desde 2005.<br/> “Parabéns a nossos aliados do AfD por seu resultado histórico! É um novo símbolo do despertar dos povos da Europa”, reagiu Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido de extrema direita na França. “A entrada do AfD no Bundestag é um grande choque”, opinou o Pierre Moscovici, socialista francês que ocupou o Ministério de Assuntos Europeus entre 1997 e 2002. Mas, acrescentou, a “democracia na Alemanha do pós-guerra é forte”.<br/>
Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, escreveu: “É abominável que o AfD, um movimento reacionário e vergonhoso que lembra o pior do passado da Alemanha e que deveria ser banido, agora conta com a capacidade, dentro do Parlamento alemão, de promover sua plataforma vil”.<br/>
O resultado eleitoral do AfD se insere no avanço da extrema direita europeia, impulsionado por fatores como recentes ataques terroristas na Europa e pela onda antiglobalização, já verificada com a vitória do “Brexit”, em junho de 2016. A mobilização dos partidos populistas e anti-imigração se intensificou ainda com a crise dos refugiados, com a chegada, ao velho continente, de mais de 1 milhão de pessoas fugindo da violência e da guerra em países como Síria e Iraque.<br/>
Além da Alemanha, a França também testemunha avanço recente da extrema direita. Embora Emmanuel Macron tenha vencido as eleições presidenciais de maio com 66% dos votos, sua adversária, Marine Le Pen, alcançou a marca de 34%, recorde histórico para seu partido, a Frente Nacional.<br/>
Merkel e Macron, entre outros líderes internacionais, enfrentam desafios históricos, com objetivo de desfazer a ameaça representada por grupos baseados em plataformas xenófobas e anti-imigração. Nos próximos anos, Alemanha e França, por exemplo, terão de conquistar avanços em áreas como luta antiterrorismo e na absorção social e econômica de refugiados, a fim de esvaziar o discurso de partidos como o AfD e a Frente Nacional.<br/>
A economia representa também sério desafio para Merkel e Macron. O AfD conquistou votações expressivas em regiões da antiga Alemanha Oriental, que ainda apresenta taxas de desemprego maiores do que no restante do país. Na Saxônia, a extrema direita alemã ultrapassou a barreira dos 25% dos sufrágios e, na Turíngia, alcançou 22%.<br/>
O AfD surgiu em 2013 com uma plataforma essencialmente econômica. Seus líderes criticavam as iniciativas governamentais de canalizar recursos a países europeus em crise, como Grécia, Portugal e Espanha. Merkel adotou um programa de ajuda financeira com o objetivo principal de manter a coesão da União Europeia e consolidar a liderança de Berlim no continente.<br/>
À época, o porta-voz do AfD, Bernd Lucke, afirmou que sua organização, apoiada na crítica ao projeto de resgate financeiro, correspondia a um “novo tipo de partido, que não é de direita nem de esquerda”. Em 2013, na primeira eleição federal, os adversários da política europeia de Merkel não conseguiram ultrapassar a barreira de 5% dos votos, mínimo exigido para entrar no Bundestag.<br/>
As eleições para o Parlamento europeu, no ano seguinte, registraram avanço do AfD, ao amealhar 7% da votação. A agenda de campanha se apoiou essencialmente no fim da adoção da moeda comum, o euro.<br/>
Em 2015, a crise de refugiados resultou na ampliação do discurso do AfD, com a inclusão de elementos anti-imigração. A primeira-ministra Angela Merkel adotou a política da “porta aberta”, o que resultou na chegada de mais de 1 milhão de pessoas ao país.<br/>
A Alemanha passou a testemunhar a ascensão de discursos xenófobos em um nível inédito desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O AfD ocupou espaço que antigos grupelhos de extrema direita, como o NPD, jamais haviam conquistado em décadas passadas.<br/>
Discursos de líderes do AfD geram extrema indignação e preocupação. Alexander Gauland, um dos mais vocais dirigentes do partido, declarou: “Se os franceses corretamente se orgulham de seu imperador, e os britânicos, de Nelson e Churchill, nós temos o direito de nos orgulhar dos soldados alemães em duas guerras mundiais”.<br/>
Os alemães são o “único povo do mundo a plantar um monumento de vergonha no coração de sua capital”, declarou, em referência ao memorial às vítimas do Holocausto em Berlim, Bjorn Hocke, liderança da extrema direita no estado de Turíngia. Para Hocke, do AfD, a população da Alemanha apresenta a “mentalidade de um povo totalmente derrotado”.<br/>
O AfD também critica as relações atuais entre Israel e Alemanha. Desde o pós-guerra, nos anos 1950, em estratégia arquitetada pelos líderes israelense David Ben-Gurion e o alemão Konrad Adenauer, os dois países construíram importantes parcerias nos campos político, econômico e militar.<br/>
Merkel, por exemplo, se refere aos laços com Israel como “relação bilateral especial”. Alexander Gauland questionou a diretriz do governo alemão. “Se a existência de Israel é parte do interesse nacional alemão, então teríamos de estar preparados para enviar soldados alemães para defender o Estado judeu”, o que, acrescentou o líder do AfD, seria “problemático” e “difícil”.<br/>
Gauland também reservou discurso ofensivo para Angela Merkel, a quem chamou de “ditadora”. Logo após as eleições, o líder da AfD defendeu a criação de um comitê para investigar a política migratória da atual primeira-ministra. “Vamos recuperar nosso país e nosso povo”, declarou Gauland.<br/>
Com 94 das 709 cadeiras do Bundestag, o AfD conquistou, além de resultado histórico, importante plataforma para vociferar seu radicalismo. Se o avanço da extrema direita na Europa provoca temores, em um país com o passado trágico como a Alemanha, as preocupações são ainda mais intensas.<br/>
Jaime Spitzcovsky foi editor internacional e correspondente da Folha de S. Paulo em Moscou e em Pequim</p> ¿El apoyo de Israel a la independencia kurda la benefició o perjudicó? - Ofra Bengiotag:judaismohumanista.ning.com,2017-11-09:3531236:Topic:1170232017-11-09T22:59:19.367ZJayme Fucs Barhttps://judaismohumanista.ning.com/profile/JaymeFucsBar
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<p><strong>Ofra Bengio</strong></p>
<p>Desde la expansión de ISIS en el verano de 2014, los líderes israelíes han proclamado cada vez el derecho de los kurdos a un estado independiente en el Kurdistán iraquí. Esos líderes han incluido al ex presidente Shimon Peres, al primer ministro Biniamín Netanyahu y al ministro de Asuntos Exteriores (ahora ministro de Defensa), Avigdor Liberman.</p>
<p>Estas declaraciones de apoyo aumentaron aún más cuando los kurdos anunciaron su decisión de celebrar un referéndum sobre la independencia, que finalmente tuvo lugar el 25 de septiembre de 2017. En ese día, en una expresión simbólica de la relación entre Israel y el Kurdistán, flamearon algunas banderas de Israel junto a las banderas de Kurdistán. Israel es el único país – y se presentó como tal de manera prominente – en apoyar la independencia kurda.</p>
<p>La postura pública de Israel ha proporcionado enorme munición a aquellos que quieren deslegitimar y demonizar al movimiento de independencia kurda y retratar a los kurdos como traidores, a su dirigente Masoud Barzani como un títere sionista, el referéndum como la declaración de un nuevo Israel, y el apoyo de Israel como un intento de establecer una “Gran Israel.”</p>
<p>La postura de Israel también ofreció una justificación adicional a la alianza forjada por Irak, Turquía e Irán para frustrar cualquier avance hacia la independencia kurda.</p>
<p>El lenguaje amenazante adoptado por los líderes de esos países no dejó dudas sobre sus intenciones. Como manifestó Nouri al-Maliki, vicepresidente de Irak, unos días antes del referéndum, “No vamos a permitir el establecimiento de la segunda Israel en Irak.” Fue una reiteración de las palabras de un líder iraquí anterior que advirtió, en la lejana década de 1960, cuando Israel estaba ayudando militarmente luchas de los kurdos contra el régimen central en Bagdad, en contra de la creación de un segundo Israel en Irak.</p>
<p>El presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, que no pierde oportunidad de hacer afirmaciones antisemitas y antiisraelíes, se abalanzó sobre las declaraciones israelíes. Acusó al Mossad de la participación en el referéndum y pidió a los líderes kurdistaníes a despertar del sueño de un estado independiente apoyado únicamente por Israel. Fueron distribuidos mapas en Turquía mostrando una “Gran Israel” como una entidad con fronteras que se extiende desde la costa de Egipto hasta el Golfo Pérsico en la consolidación con “Gran Kurdistán.” Nacionalistas turcos que se manifestaron contra el referéndum fuera de la embajada israelí advirtieron en contra de “la segunda Israel”. Y afirmaron que habían estado advirtiendo de este peligro durante treinta años.</p>
<p>En una reunión cumbre con Erdogan para torpedear el referendum kurdo, el líder supremo de Irán ayatollah Ali Jamenei reiteró el mantra al afirmar que “Estados Unidos e Israel se benefician de la consulta… y están tratando de establecer un nuevo Israel en la región.”</p>
<p>Poco tiempo después de que las fuerzas iraquíes arrebataron Kirkuk a los kurdos el 16 de octubre, el jefe de gabinete iraní Muhammad Gulpaygani declaró que “Estados Unidos e Israel han planeado establecer un segundo Israel en Kurdistán… pero las órdenes del Líder Supremo y el sacrificio del General Soleimani han detenido estas intrigas en sus pistas y Kirkuk ha sido liberado sin derramar una sola gota de sangre.” Los medios de comunicación árabes intervinieron también, representando el Kurdistán como “el segundo Israel”, “el Israel iraquí”, o “el gemelo de Israel”.</p>
<p>¿Cómo han lidiado los kurdos con estos cargos? Sus líderes han mantenido un silencio ensordecedor que refleja gran confusión. El Presidente Barzani, que fue uno de los arquitectos de las relaciones clandestinas con Israel, se encontró en una trampa: por un lado, esperaba que la postura de Israel llevaría al apoyo de Estados Unidos y de Occidente; pero, por otro lado, temía los efectos nocivos del apoyo público israelí entre los enemigos de los kurdos. De ahí el esfuerzo por librarse de la culpa por asociación con las declaraciones de apoyo israelíes.</p>
<p>Los intelectuales kurdos, sin embargo, han intentado defenderse. Algunos respondieron positivamente al apoyo de Israel; otros lo vieron como gravemente dañino, mientras que al mismo tiempo ajustaban puntos con el mundo árabe y musulmán por su hostilidad hacia el objetivo de independencia de los kurdos. Todos estos intelectuales adoptaron un tono apologético y defensivo.</p>
<p>Uno de ellos escribió que condenar a los kurdos como “un segundo Israel” es despreciar el movimiento nacional kurdo e ignorar auténtica lucha de los kurdos, que ha durado cien años. Otro afirmó que los kurdos se han prometido en un estado mucho antes del establecimiento de Israel y que el sueño de la independencia kurda no fue obra de Israel.</p>
<p>Casi todos los escritores kurdos buscaron exponer la hipocresía inherente a las posturas anti kurdas. Se afirmó, por ejemplo, que todo el mundo árabe, así como Irán hace negocios con Israel. La bandera israelí, según se dijo, es volada en algunos de estos países, sin embargo, hostigaron a algunos jóvenes kurdos y exaltados que izaron banderas israelíes durante el referéndum.</p>
<p>Del mismo modo se afirmó que los líderes de los estados árabes mantienen relaciones encubiertas con Israel mientras se pide a los medios despotricarlo.</p>
<p>Turquía, en particular, se superó a sí misma en este punto: reconoció a Israel ya en 1949 e incluso ha desarrollado amplias relaciones estratégicas con él, pero expresó su conmoción por las relaciones entre los kurdos e Israel.</p>
<p>Otra línea de argumentación respecta al petróleo que Israel compra a los kurdos, que replican que fueron los estados árabes e Irán los que primero venden petróleo a Israel. El cargo de un doble estándar también se apuntó al apoyo del mundo árabe a la lucha por un estado palestino mientras se oponen firmemente a un estado kurdo.</p>
<p>Escritores más audaces han hecho hincapié en que no hay vergüenza en tener relaciones con Israel, uno de los estados más poderosos de la región y el único en expresar su apoyo a la cuestión kurda, mientras el mundo árabe y musulmán la ignoran por completo.</p>
<p>Otros, sin embargo, se oponen fuertemente a estos lazos, argumentando que la identificación de los kurdos con Israel sólo perjudicará sus relaciones con el mundo árabe y musulmán. Una portavoz kurdo fue tan lejos como para decir: “Si un estado kurdo debe ser establecido con ayuda israelí, entonces es preferible que no se establezca en absoluto.” Algunos comentaristas también ponen en duda los motivos de Israel, diciendo que apoya la causa kurda con el objetivo cínico de crear un cisma en el mundo árabe y musulmán.</p>
<p>En cuanto a las consideraciones Israel, se derivan de una combinación de factores históricos, estratégicos, humanitarios, e incluso morales que no se pueden detallar aquí. Sólo se debe hablar de los lazos clandestinos Israel mantuvo con los kurdos en Irak desde 1965 hasta 1975, y, en este contexto, el gran cambio que se produjo en los objetivos estratégicos de Israel. En esos años, el objetivo era salir del aislamiento regional y, de acuerdo con la doctrina de la periferia de David Ben-Gurión, forjar una alianza con una entidad etnonacional. Otro objetivo principal era debilitar a Irak y evitar que posiblemente se alíe a una guerra contra Israel. Hoy en día, los principales objetivos son luchar contra los elementos islámicos radicales tales como ISIS y, sobre todo, contrarrestar a Irán y su expansión hacia Siria.</p>
<p>Entonces, ¿qué les ha dado a los kurdos el apoyo de Israel, y qué ha respondido a sus expectativas?</p>
<p>El apoyo de Israel desempeñó un papel importante en las fases anteriores al referéndum y durante el evento en sí, elevar la moral de los kurdos, ayudando a sentir que no estaban solos en su justa lucha. Sin embargo, los kurdos tenían claramente expectativas poco realistas de Israel – en particular sus esperanzas de que Jerusalén pudiera persuadir al gobierno de Estados Unidos para apoyar el principio de la independencia kurda, y que las fuerzas militares de Israel vendrían a la ayuda de los kurdos si había necesidad. En ambos casos, sufrieron una amarga decepción.</p>
<p>Israel no tuvo éxito en la alteración de la posición de Washington en el referéndum. EE.UU. no sólo no apoyó el referéndum, sino que se alineó con el gobierno de Bagdad en el conflicto entre el Kurdistán e Irak.</p>
<p>EE.UU. ha abandonado los kurdos a su suerte, a pesar de que son vistos como aliados leales de Estados Unidos.</p>
<p>Cuando, como consecuencia de la consulta, los enfrentamientos militares estallaron entre Bagdad y Erbil, muchos kurdos esperaban – con una evidente falta de realismo – que Israel enviaría fuerzas de aeronaves o de tierra para ayudar a rechazar los ataques iraquíes, a pesar de que Israel no tiene acceso físico al enclave kurdo. Esta fue una repetición de la severa decepción que sufrieron los kurdos en 1975, cuando los estadounidenses les abandonaron e Israel tuvo que parar su asistencia debido al Acuerdo de Argel entre Irak e Irán y la pérdida de acceso físico a través de Irán.</p>
<p>Por segunda vez en cuatro décadas, las esperanzas kurdas se han hecho añicos.</p>
<p>No sólo el apoyo israelí ha dañado gravemente la imagen de los kurdos en el mundo árabe y musulmán, sino que se ha proporcionado un pretexto para una alianza anti-kurda de Irak, Irán y Turquía. Sin embargo, muchos kurdos siguen apreciando el hecho de que Israel era el único que se puso de su lado en su lucha.</p>
<p>Al final, la capitulación del enclave kurdo a los países de nuestro entorno aseguró que un “nuevo Israel” no surgirá pronto. Sin embargo, los considerables logros de los kurdos en los últimos veinte años no pueden borrarse fácilmente, y el hecho de que el 92% de los votantes en el referéndum favorezca la independencia continuará inspirando las aspiraciones de los kurdos para la autodeterminación nacional.</p>
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<p>Fuente: BESA Center</p>
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