JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Quando eu era pequena meu pai me contou sobre esse pronunciamento e falou q ele mudou sua forma de pensar, por isso desde q nasci meu pai me criou para q eu tivesse essa consciência. Essa carta mostra o amor q  nós seres humanos devemos ter com a natureza, independente de qual povo pertencemos.

                  Marcela Barzilai

 

O pronunciamento do cacique Seattle

(discurso pronunciado após a fala do encarregado de negócios indígenas do governo norte-americano haver dado a entender que desejava adquirir as terras de sua tribo Duwamish).

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

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Respostas a este tópico

Oi Marcelinha

Parabéns!!! Isso é jornalismo de primeira classe. Para o público que você quer atingir (adolescentes), eu acho que essa matéria é muito interessante. E serve de gancho para trazermos mais adolescentes. Por exemplo, vou enviar para o pessoal do Avanhandava (os escoteiros e bandeirantes da CIP), para que vejam como será legal trazer os chanichim para os Bnai Mitzvá. 

Sabe o que me ocorreu? Você poderia receber assinaturas de revistas da comunidade do RJ, SP e outros centros, e resenhar os artigos que achar mais interessantes para o seu público. Você conhece a revista da Hebraica? Ela tem o Hebraica Magazine, que tem artigos excelentes.


Um beijo

Sérgio

Obg padrinho!!! =)

Trazer escoteiros para o B´Nai Mitzvá seria mtoo boom! Eu conheço mto bem essa mentalidade, pq fui criada dentro do escotismo...

Ter acesso as revistas seria legal, mas ñ sei por onde começar.

Abraço!

Marcela

Querida

"Ter acesso as revistas seria legal, mas ñ sei por onde começar."

Seu padrinho ja começou (rs). Pó deixar, que as coisas vão acontecer. Você terá acesso logo,logo...

Conversei sobre você com o editor da revista, que aliás, por causa disso e da conferência em Washington na semana passada (você leu meu post sobre isso?), já se cadastrou no JH. Aí tem uma tarefinha pra vc (vamos fazer tudo combinadinho, tá?). Procure nos Membros o Bernardo Lerer, e mande uma msg pra ele, dizendo que é de Curitiba, e que eu recomendei que você lesse sempre o Magazine, e pedindo pra que ele te coloque no cadastro de distribuição da revista. Isso ajuda ele a se lembrar. É amigão meu.

Outra coisa: daqui a pouco teremos no JH uma jornalista de 32 anos, filha de amigos, e minha amiga, que trabalhou em Israel, e que também já está sabendo de você. Pela sua cabecinha e pelo seu coraçãozinho, você merece um apoio muito grande, pois tem tudo pra ter um futuro brilhante e importante para todos nós.

Outra pessoa que vai entrar no Bnai Mitzvá é a Tatiana, que se converteu e fez Bat há pouco tempo. Então mais uma tarefinha pra vc: procure-a pra ser sua amiga (Tatiana Vergueiro Corovtchenco), e diga que eu falei dela pra você. Acho que ela será uma grande amiga pra vc, e vai te ajudar no Bnai Mitzvá.

E olha, se puder, dá uma lidinha nos meus posts da minissérie "Empreendedorismo, capital intelectual e... Oriente Médio". Talvez você não consiga entender tudo, pois uso uma linguagem que requer uma formação em administração para entender, mas acho que você pegará bem o espírito da coisa. E se quiser deixar lá um comentário, não fique intimidada. Só se apresente, dizendo que tem 14 anos e coisa e tal, e todos entenderão o seu comentário no contexto da sua juventude. Seja bem sincera dizendo o que sentiu.

Agora brincando: espero que você não se arrependa de me mandar mensagens, pois cada mensagem sua eu devolvo com tarefinhas pra semana inteira:-))

Tô puxando, mas acho que você guenta... Se for demais, me fale, que eu dou uma maneirada.

Um beijo, e um beijo para os seus pais e o Thiago também.

 

 

 

 

 

 Padrinho, primeiramente quero te agradecer por estar me ajudando! =)

Eu li os seus posts e achei mto interessante, deixei um comentário lá.

Sobre as tarefas, ñ tem problema puxar ñ, pois elas sempre me auxiliam! Só demorei um pouco pq estou me adaptando com o novo colégio e o ensino médio q está bem mais puxado, pois estou preocupada em ter uma boa base de aprendizado neste primeiro ano para q os próximos sejam mais sossegados.

Eu procurei o Bernardo Lerer e estou aguardando o retorno do pedido de amizade para q eu possa enviar a mensagem.  Eu tbm procurei a Tatiana mas ñ encontrei ela.

Agora falando sério: Eu nunca vou me arrepender de te enviar mensagens, pois suas tarefas, como eu já disse, me auxiliam mto.

Um grande abraço, dos meus pais e do Thiago tbm. :)

 

Marcela

 

 

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