Os tambores da guerra soavam no oriente médio. O Iraque de Saddam Hussein invadira o Kuwait. O ano era mil novecentos e noventa e um.
Saddam dizia ter sido instruído pelo anjo Gabriel a lançar mísseis contra Israel. George Bush Pai, costurava uma coalizão com diversos países Árabes, que condicionavam sua participação na luta contra o Iraque a não participação de Israel na guerra. Na Russia, a Glasnost, política de flexibilização do governo Soviético, trazia em seu bojo a tão sonhada liberdade para um milhão de judeus soviéticos desejosos de migrar para a terra santa, que mesmo sob o ritmo dos tambores bélicos, recebia os novos cidadãos de braços abertos. América do Norte, Europa, Oriente médio e Asia. Para fechar a conexão internacional só faltava a América Latina. Então chegamos ao nosso destino: Jundiaí, São Paulo, Brasil. Ali estava eu no sitio Fortuna, de propriedade de meu tio avô Luiz, sentado numa poltrona carcomida pelo tempo e pelas traças, assistindo a velha televisão, quando chegou a terrível notícia, num flash da finada TV Manchete: -“Urgente! Vários mísseis provenientes do Iraque caíram em Israel. Os Hospitais estão lotados e há centenas de mortos.” – Em poucos minutos o correspondente se desculpou pelo erro: Surpreendentemente não havia nenhum morto! -Sentindo o calor da guerra e de meu sangue adolescente fervendo em minhas entranhas, ensaiei uma bicuda no velho aparelho de televisão, mas logo concluí, (de modo muito maduro), que esta atitude não enfraqueceria o ataque de Saddam aos meus irmãos israelenses, mas enfraqueceria sim, a minha posição perante meu tio-avô! A frenética ação de minha imaginação dominava a impotência gerada pela impossibilidade de agir. A bateria de meu coração abafava o temor produzido pelos tambores da guerra e logo a letra da música que acompanharia o meu frenético compasso cardíaco estava composta: -Vou para Israel! Vou para Israel! Vou para Israel! Como alguém em sã consciência pode escolher a guerra à paz ? Haifa bombardeada à Jundiaí no verão? E então meus amigos, sabem o que acontece com alguém que faz tão incauta escolha? Vai parar no… céu! E ali estava eu depois de um mês, no céu! Após a escala no aeroporto de Roma, subi no avião da El Al a companhia aérea israelense, rumo a Israel. Fiz tudo conforme manda o figurino: Pisquei para as aeromoças, apertei as mãos dos “aeromoços”e procurei lugares vagos para poder me deitar. Estava tudo indo maravilhosamente bem, até que percebi que…havia tomado o voo errado! Sim! Só posso ter errado! Aquele não era um vôo para Israel e sim para a Africa, provavelmente Botswana ou Suazilândia. E como eu sabia que errei o vôo ? Ora, isso era óbvio, pois meus companheiros de viagem eram todos negros que usavam roupas que mais pareciam lençóis enrolados no corpo e falavam um idioma muito diferente do hebraico. Quando perguntei o nome de seu pais de orígem,recebi a resposta: Somos judeus da Etiópia e estamos migrando para Israel! Naquele mesmo momento eu soube que o som dos tambores da guerra havia sido extinto e havia sido substituído por outro batuque: O dos tambores da paz! Após milhares de anos de exílio, a tribo perdida de Dan, composta pelos judeus da Etiópia, retornava ao berço de seu povo: A terra de Israel ! Este era o final de uma história: A do exílio dos judeus negros da Etiópia. Este era o inicio de duas historias: A da chegada dos Judeus Etíopes à Terra Prometida e a da minha chegada, tão maravilhosamente bem acompanhado às mesmas sagradas terras!
Grupos de estudos judaicos
24 membros
Descrição
EXISTE JUDEUS NEGROS? (Rabino Moré Ventura)
por Renato Pereira de Azevedo
30 Jun, 2014
Os tambores da guerra soavam no oriente médio. O Iraque de Saddam Hussein invadira o Kuwait. O ano era mil novecentos e noventa e um.
Saddam dizia ter sido instruído pelo anjo Gabriel a lançar mísseis contra Israel.
George Bush Pai, costurava uma coalizão com diversos países Árabes, que condicionavam sua participação na luta contra o Iraque a não participação de Israel na guerra.
Na Russia, a Glasnost, política de flexibilização do governo Soviético, trazia em seu bojo a tão sonhada liberdade para um milhão de judeus soviéticos desejosos de migrar para a terra santa, que mesmo sob o ritmo dos tambores bélicos, recebia os novos cidadãos de braços abertos.
América do Norte, Europa, Oriente médio e Asia. Para fechar a conexão internacional só faltava a América Latina. Então chegamos ao nosso destino: Jundiaí, São Paulo, Brasil.
Ali estava eu no sitio Fortuna, de propriedade de meu tio avô Luiz, sentado numa poltrona carcomida pelo tempo e pelas traças, assistindo a velha televisão, quando chegou a terrível notícia, num flash da finada TV Manchete:
-“Urgente! Vários mísseis provenientes do Iraque caíram em Israel. Os Hospitais estão lotados e há centenas de mortos.” – Em poucos minutos o correspondente se desculpou pelo erro: Surpreendentemente não havia nenhum morto!
-Sentindo o calor da guerra e de meu sangue adolescente fervendo em minhas entranhas, ensaiei uma bicuda no velho aparelho de televisão, mas logo concluí, (de modo muito maduro), que esta atitude não enfraqueceria o ataque de Saddam aos meus irmãos israelenses, mas enfraqueceria sim, a minha posição perante meu tio-avô!
A frenética ação de minha imaginação dominava a impotência gerada pela impossibilidade de agir.
A bateria de meu coração abafava o temor produzido pelos tambores da guerra e logo a letra da música que acompanharia o meu frenético compasso cardíaco estava composta:
-Vou para Israel! Vou para Israel! Vou para Israel!
Como alguém em sã consciência pode escolher a guerra à paz ? Haifa bombardeada à Jundiaí no verão?
E então meus amigos, sabem o que acontece com alguém que faz tão incauta escolha? Vai parar no… céu!
E ali estava eu depois de um mês, no céu! Após a escala no aeroporto de Roma, subi no avião da El Al a companhia aérea israelense, rumo a Israel. Fiz tudo conforme manda o figurino: Pisquei para as aeromoças, apertei as mãos dos “aeromoços”e procurei lugares vagos para poder me deitar. Estava tudo indo maravilhosamente bem, até que percebi que…havia tomado o voo errado!
Sim! Só posso ter errado!
Aquele não era um vôo para Israel e sim para a Africa, provavelmente Botswana ou Suazilândia.
E como eu sabia que errei o vôo ?
Ora, isso era óbvio, pois meus companheiros de viagem eram todos negros que usavam roupas que mais pareciam lençóis enrolados no corpo e falavam um idioma muito diferente do hebraico.
Quando perguntei o nome de seu pais de orígem,recebi a resposta:
Somos judeus da Etiópia e estamos migrando para Israel!
Naquele mesmo momento eu soube que o som dos tambores da guerra havia sido extinto e havia sido substituído por outro batuque: O dos tambores da paz! Após milhares de anos de exílio, a tribo perdida de Dan, composta pelos judeus da Etiópia, retornava ao berço de seu povo: A terra de Israel !
Este era o final de uma história: A do exílio dos judeus negros da Etiópia.
Este era o inicio de duas historias: A da chegada dos Judeus Etíopes à Terra Prometida e a da minha chegada, tão maravilhosamente bem acompanhado às mesmas sagradas terras!