JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Em Homenagem aos judeus de Portugal, vítimas do Pogrom no Pessach de 19 de Abril de 1506. Jayme Fucs Bar

Já não existia oficialmente judaísmo em Portugal. Mas em 17 de Abril 1506 era noite de Pessach e, por acaso, caia na mesma semana da Páscoa cristã. Nesse dia, em Lisboa, foi denunciado um grupo de judeus cristãos novos que realizava, às escondidas, um Seder de Pessach, onde comiam o pão sem fermento e contavam a saída do povo hebreu do Egito. A cerimônia foi interrompida pelos inquisidores que prenderam em flagrante 17 pessoas.
Elas foram levadas para prisão e a multidão, aos gritos, pedia para queimá-los vivos por heresia.

Essa época foi um período difícil em Lisboa, onde a peste matava dezenas de pessoas por dia. Era uma situação propícia para o ódio e o fanatismo religioso contra os "hereges" cristãos novos, que não abraçavam a fé no catolicismo. Devido à peste, o Rei Dom Manuel e grande parte dos Nobres abandonaram Lisboa temendo a epidemia. Sem uma ordem pública, a cidade ficou nas mãos dos fanáticos padres Dominicanos, que realizavam preces públicas em todas as igrejas.

No Domingo, dia 19 de Abril de 1506 e terceiro dia de Pessach, a igreja do convento dos Dominicanos estava lotada de fiéis e num altar havia um relicário de vidro, que muitos acreditavam que iluminava a imagem de Cristo de forma sobre natural e os fiéis gritavam: "Milagre, Milagre”!!! Um Cristão Novo que estava na igreja e, talvez por ingenuidade, disse que não era milagre e sim o reflexo da luz pendurada ao lado da imagem de Jesus.

A fala ingênua, vinda da boca de um odiado judeu cristão novo, foi suficiente para incitar a multidão da igreja. Sob o comando dos padres dominicanos o homem, aos gritos de infiel e herege, foi agarrado pela multidão, esquartejado e jogado numa imensa fogueira construída de imediato em frente à igreja, na Praça do Rossio.

Os dois carrascos Dominicanos João Mocho e Bernardo Aragão saíram comandando as massas, carregando um grande crucifixo nas mãos e gritando "Morte aos hereges judeus". A massa sedenta de sangue capturou e arrancou os cristãos novos de suas casas e os levaram para serem queimados vivos nas fogueiras. Suas casas e seus pertences foram saqueados e as crianças e bebês foram jogados pelas janelas e contra as paredes.

Foram três dias de massacres e mortes aos cristãos novos portugueses. Calcula-se que foram assassinados nessa semana de Páscoa por volta de mais dois mil judeus.

O Pogrom da Páscoa de 19 de Abril de 1506 somente terminou com a intervenção de Dom Manuel que, furioso, mandou prender os dois carrascos dominicanos, que foram garroteados e mortos. O Rei, a fim de dar um bom exemplo, mandou enforcar 50 pessoas em praça pública, por participarem da chacina aos judeus de Lisboa.

Esse foi um dos episódios mais terríveis na história dos judeus de Portugal e tudo isso se passou na semana de Pessach, o dia em que comemoramos a nossa libertação como escravos do Egito.

A memória dos judeus, vítimas do pogrom no Pessach de 19 de Abril de 1506 em Portugal, jamais será esquecida !!!

Fonte :
A História dos judeus de Portugal Meyer Kayserling - Pioneira Editora SP

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Sou Judia, descobri as 15 anos. Mas nunca tive ensinamentos em si pois minha avó guardou pra ela e levou com ela. Gostaria de me aprofundar, depois que descobri, entendi pq outras religiões não se encaixam em minha vida. Sempre faltava algo. Queria participar de grupo, aprender, ler e escrever. Sou de Jundiaí. Podem me ajudar?

 Esta narrativa é um exemplo de muitas atrocidades cometidas contra o povo judeu, por qualquer motivo que os patrocinadores de intolerância julgassem válidos. Mas eles sempre tinham seguidores ou pessoas pra agir por eles. De centenas para milhares. Desculpe, mas não consigo crer que tenha realmente acabado ou que o jogo tenha virado de vez. Mesmo com o poderio militar do moderno Israel e com as comunidades ainda em países poderosos, há tendências no grande público contra e a favor da identidade judaica que são facilmente manipuláveis de forma negativa, no final, contra o próprio judaísmo e povo judeu. Até mesmo quando características de intolerância se vestem de tradições judaicas, há o risco de novas ondas devastadoras. Desejo profundamente que muitas pessoas possam conhecer a história judaica em paralelo com a história universal, onde há bases de reflexão riquíssimas para muitas pessoas, como na obra citada acima.

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