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Para onde vão as ruas árabes?
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Quando as autoridades do governo de Israel seguem a instrução do seu primeiro-ministro para não façam declarações públicas sobre certo assunto, a situação é séria. Este tem sido o caso nos últimos dias, com respeito aos acontecimentos no Egito. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu instruiu seus ministros e outras autoridades de alto escalão para não comentar sobre os eventos dramáticos que se desenrolam além da fronteira, no principal aliado regional de Israel. E eles estão silenciosos. É um silêncio muito pesado, porém. Reflete o choque inicial de Israel, sua profunda ansiedade sobre as futuras relações com o maior - e mais poderoso - país árabe, e a angústia sobre uma potencial instabilidade mais ampla na região. Os comentaristas israelenses – dezenas dos quais vem sendo entrevistados em estações de rádio e canais de TV – parecem unânimes na opinião de que qualquer resultado potencial da revolta popular no Egito seria mau para Israel. “A revolução no Egito destrói a tranqüilidade estratégica de Israel no Oriente Médio: o país fica só, sem nenhum aliado”, escreve Itamar Eichner no Yedioth Ahronot. No mesmo jornal, Eli Shaked - antigo embaixador israelense no Egito diz: ”os acontecimentos futuros não serão bons para nossa paz com o Egito e a estabilidade na região”. E explica: “As únicas pessoas no Egito que estão comprometidas com a paz são o pessoal do círculo mais próximo de Mubarak, e se o próximo presidente não for um deles, teremos problemas. Mesmo caso o próximo presidente seja Mohamed ElBaradei, o Egito não mais será o mesmo, e a nossa paz não será a mesma”.
A paz Israel-Egito resistirá? Israel está notadamente preocupado, não apenas com que suas relações bilaterais diplomáticas e estratégicas possam ser negativamente impactadas, mas também com que tudo seja desestabilizado. Em nível bilateral, toda relação de Israel com o Egito está ameaçada, seja no turismo (turistas israelenses estão voltando para casa e o Ministério do Exterior emitiu uma recomendação séria para não viajarem), comércio (as exportações para o Egito estão congeladas), segurança, ou no papel do Egito nas relações entre Israel e os palestinos. Uma delegação do Hamas de Gaza, que estava se preparando para embarcar para Damasco, para discutir uma possível troca de prisioneiros com Israel, teve que cancelar sua viagem, porque a única saída para o Hamas de Gaza é através do Egito. De forma geral, os especialistas israelenses não estão otimistas sobre o impacto de uma possível mudança democrática no Cairo quanto às relações do Egito com Israel. As intenções dos estudantes egípcios em manifestações na Praça Tahrir são boas, escreve Nahum Barnea no Yedioth, mas “o problema é que intenções boas, no Oriente Médio, muitas vezes abrem o caminho para o inferno”, e conclui: “Frente à virada de eventos no Egito, Israel só pode ter uma esperança. A esperança de que a crise produza em sua esteira um governo estável que seja fiel à política externa anterior, incluindo suas relações pacíficas e laços com Israel e sua orientação ocidental”. Os eventos no Egito estão emitindo ondas de choques para a inteligência israelenses e seus analistas estratégicos. Normalmente, esses analistas políticos concentram-se nos governos e nos regimes árabes. Um amigo, que é próximo dessas comunidades, me disse que os padrões de interpretação certamente irão mudar. Irão prestar mais atenção à opinião pública e aos grupos populares reprimidos no mundo árabe. De repente, disse ele, toda uma hipótese axiomática ruiu. As especulações com respeito ao futuro político do Egito eram focadas no presidente Mubarak – e não sobre o que as ruas o obrigariam a fazer. Se as ruas egípcias podem derrubar Mubarak, o que não seriam capazes de fazer as ruas da Cisjordânia, Jordânia e Síria?
Poucos comentaristas estão falando sobre as repercussões políticas sobre Israel e, como sempre, os comentários variam com o posicionamento político deles. Os linhas-duras de direita, como previsível, apontam para os acontecimentos no Egito como prova de que Israel não pode confiar em regimes árabes, e que devem afiar suas espadas e evitar acordos de paz “arriscados”. Os pacifistas defendem o oposto. Gideon Levy, do Haaretz, escreve que os fatos na Tunísia e no Egito mostram o quão importante é Israel adotar uma doutrina diplomática que leve em conta os sentimentos populares no mundo árabe. Para conseguir se dirigir à população árabe, diz ele, Israel precisa acabar com a ocupação da Cisjordânia e Gaza, que é o prisma através do qual os árabes em geral enxergam Israel. Conforme Levy, “A verdadeira aliança com o Egito e seus irmãos só pode ser baseada no fim da ocupação, como o povo egípcio deseja, e não limitada ao combate de um inimigo comum, conforme o interesse do regime de turno”. Ori Nir, porta-voz do Americans for Peace Now, escreveu de Jerusalém. Publicado pelo APN em 30|01|2011 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR. |
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E não estaríamos nesta situação se o presidente Obama tivesse adotado uma política coerente com seu discurso. O futuro do Egito está com os militares» Alon Ben-MeirMais uma vez, desde a revolução de 1952 que acabou com a monarquia do Egito e trouxe os militares ao poder, o Egito está diante de uma encruzilhada história. A população, com o apoio das suas forças armadas, precisa escolher agora qual o futuro que deseja...Incerteza no Egito favorece direita em Israel
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