JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Resolví traduzir este texto sobre o pós vida no judaísmo que encontrei no Jewish Virtual Library. Creio que é muito interessante e relevante na discussão do judaísmo Humanista, que a meu ver deve procurar minimizar a relevância moral de um pós vida e focar nas nossas obrigações terrenas.

Fonte: Joseph Telushkin. Jewish Literacy. NY: William Morrow and Co., 1991. Reprinted by permission of the author.

http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Judaism/afterlife.html

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Pós vida

O Olam ha­Ba (pós vida) é raramente discutido na vida judaica, seja entre os judeus reformistas, conservadores ou ortodoxos. Isto representa um grande contraste com as religiões tradicionais das pessoas entre as quais os judeus viveram. O pós vida sempre desempenhou um papel fundamental nos ensinamentos islâmicos, por exemplo. Até hoje, terroristas muçulmanos enviados em missões suicidas são lembrados que aquele que morre na jihad (guerra santa) imediatamente ascende ao lugar mais alto do céu. No cristianismo, o pós vida também tem um papel fundamental; os vigorosos esforços de catequese de muitas facções protestantes estão fundamentadas na crença de que converter descrentes irá salvá-los do inferno.

Os ensinamentos judaicos sobre o assunto são esparsos: A Torá, o texto mais importante do judaísmo, não tem nenhuma referência clara sobre o pós vida.

Dado que o judaísmo acredita em um "próximo mundo" como é possível explicar o silêncio da Torá? Eu suspeito que exista uma correlação entre esta lacuna sobre o pós vida e o fato de que a Torá foi revelada logo após a longa residência dos judeus no Egito. A sociedade egípcia – da qual saíram os escravos Hebreus – era obcecada com a morte e o pós vida. A mais sagrada obra literária egípcia era O Livro Dos Mortos e a maior façanha de muitos faraós foi erigir gigantescas tumbas chamadas de pirâmides. Em contrapartida, a Torá é obcecada com o mundo atual, tanto é que ela proíbe até mesmo que seus sacerdotes entrem em contato com defuntos (Levítico 21:2).

A Torá deve então ter se silenciado sobre o pós vida por um desejo de garantir que o judaísmo não evoluisse na direção de uma religão obcecada com a morte como a egípcia. Através da história, as religiões que deram um papel significativo ao pós vida tem amiúde permitido a distorção de outros valores religiosos. Por exemplo, a crença no pós vida motivou homens da inquisição espanhola a torturar seres humanos inocentes; eles acreditavam que era moralmente desejável torturar pessoas por alguns dias até que estas aceitassem Cristo, assim salvando-as dos tormentos eternos do inferno.

No judaísmo a crença no pós vida é menos um "salto de fé" do que uma consequência lógica das outras crenças judaicas. Se alguém crê em um D'us que é todo poderoso e justo, este não pode acreditar que o mundo atual, no qual o mal muito comumente triunfa, é a única arena na qual a vida humana existe. Pois se esta é a única existência, e D'us permite que o mal vença, então não pode ser que D'us seja bom. Logo, quando alguém diz que acredita em D'us mas não no pós vida, parece que esta pessoa ou não pensou muito sobre o assunto, ou ela não acredita em D'us ou este ser divino que ela acredita é amoral ou imoral.

De acordo com o judaísmo, o que acontece no próximo mundo? Como já foi dito, neste tópico existe pouco material. Algumas das sugestões sobre o pós vida nos escritos e no folclore judaicos são até mesmo humorosos. No céu, ensina uma destas histórias, Moisés senta e ensina a Torá o dia todo. Para os justos (os tzaddikim), este é o céu; para os maus, é o inferno. Outro conto popular ensina que tanto no céu, como no inferno, os homens não podem dobrar os cotovelos. No inferno as pessoas são perpetuamente famintas; no céu cada um alimenta o seu vizinho.

Todas as tentativas de descrever o céu e o inferno são, é claro, especulações. Como o judaísmo crê que D'us é bom, ele crê que D'us recompensa as pessoas boas; ele não crê que Adolf Hitler e suas vítimas tem o mesmo destino. Para além disso, é difícil assumir muito mais. Somos convidados, então, a deixar a vida após a morte nas mãos de D'us.

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Parabéns pelo envio desse interessante artigo. E continue postando mais textos.

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