JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Caros amigos,

Em seguimento ao meu mail anterior minha opinião ao artigo\manifesto que Dani Dayan (um dos expoentes da política de colonização e ocupação dos territórios ocupados, recentemente nomeado por Benjamin Netaniahu para embaixador de Israel no Brasil) publicou no New York Times em 8.6.2014. Este artigo (vejam abaixo) circula com tradução ao português nos meios judaicos brasileiros.

O único mérito do artigo\manifesto do Dayan é ele, sendo líder e um dos ideólogos da colonização nos territórios ocupados e da negação dos direitos nacionais palestinos reconhecer que (a) Israel “impõe extensas e pesadas restrições aos palestinos » que ele propõe aliviá-las através de uma política de movimento livre de israelenses e palestinos por todos os territórios (conquistados ou não) (b)  reconhecer o apartheid vigente nestes territórios quando afirma que “não há justificação moral ou prática para uma política legal diferente para palestinos e israelenses”, e (c) que “não ganhamos nada com a humilhação ou a pobreza dos palestinos”.

Mas no final do artigo Dayan mostra o jogo e suas intenções ao dizer que ele não propõe “um plano de paz permanente, mas sim um projeto para uma não-reconciliação pacífica”. Conceito que é oximoro, pois reconciliação implica reconhecer o outro. Neste caso, restituir o que lhes pertence por direito, opor-se a desapropriação de terras palestinas por “razões de segurança nacional”, permitir aos palestinos desenvolver seu potencial econômico, político e cultural enquanto nação livre. Em hebraico soa bem: “lihiot am chofshi”. Dayan certamente conhece o significado destas palavras. Contudo ele é honesto ao propor a “não-reconciliação”, mas é desonesto no uso do conceito “pacífico”, pois seu ethos e atitudes foram tudo menos pacíficos.

Quando Dayan escreveu seu artigo (um mês antes da última guerra com o Hamas de Gaza) ele ainda pertencia ao partido da extrema direita, “Ha bait hayeudi” com postulados nacionalistas, etnocêntricos, messiânicos, fascistas e racistas. Ora, este partido ameaçou abandonar o governo em 2014 caso os esforços de John Kerry dessem resultado. O partido foi coerente com a “não reconciliação” a la Dayan. Acaso ele se opõe a colonização de judeus israelenses nos bairros de Jerusalém oriental e da anexação de facto destes bairros? Da contínua desapropriação de terras palestinas para colonizadores israelenses? Dayan permitiria a volta de refugiados palestinos dos campos de refugiados aos territórios ocupados? Certamente que não depois que 60% destes territórios estar sob mando militar, civil e administrativo de Israel e para sempre. Então, o que há de “pacifico” nesta proposta de “não reconciliação”? E o que ocorrerá quando os judeus forem minoria? Será decente que uma minoria (nacional) domine e decida pelos destinos de uma maioria?

A proposta de Dayan é paternalismo colonial, apenas. Falsa pretensão de decência para perpetuar uma situação indecente. Uma fórmula elegante para um suicídio judaico-sionista. Obrigado, queremos opções melhores, uma delas - reconciliação.

 

Avraham Milgram (Tito)

NÃO-RECONCILIAÇÃO PACÍFICA AGORA

Por DANI DAYAN

MAALE SHOMRON, Cisjordânia – O fracassado esforço de paz de John Kerry no Oriente Médio deixou claro que um acordo político negociado é impossível no momento. A fórmula de dois Estados desfrutou de décadas de estrelato exclusivo enquanto seu apelo frustrou todo pensamento inovador e alternativo.

Os funcionários do governo em Washington, Bruxelas e outras capitais parecem não ter idéia de como proceder ou estão se agarrando desesperadamente uma idéia passada.

Mas desespero não é uma política aceitável. Existem questões práticas que podem e devem ser resolvidas. Em primeiro lugar, os palestinos merecem melhorias drásticas e imediatas em suas vidas cotidianas. Obviamente, esta não é a sua principal aspiração, mas, ao contrário de outras, é imediatamente viável. Estamos envolvidos em um conflito amargo nacional com os palestinos. Mas nós, os colonos, não somos motivados - com exceção de elementos marginais - por fanatismo, ódio ou racismo.

Israel deve iniciar um plano ambicioso e corajoso para melhorar todos os aspectos da vida cotidiana dos palestinos na Judéia e na Samaria – comumente referidas como a Cisjordânia nestas páginas. Os israelenses precisam deixar de lado o trauma da Segunda Intifada que os aterrorizou entre 2000 e 2005. Eles não podem continuar a viver sob assédio psicológico, impondo extensas e pesadas restrições aos palestinos por causa de atos abomináveis de terror perpetrados há uma década.

A barreira de segurança que separa a Judéia e a Samária do resto de Israel deve finalmente ser desmantelada e os palestinos devem desfrutar de total liberdade de movimento, sendo capazes de retornar ao mercado de trabalho israelense. Não há nenhuma razão para que Israel importe milhares de trabalhadores estrangeiros enquanto tantos palestinos entre nós lutam para ganhar a vida. Os palestinos precisam voltar para cidades israelenses, e não apenas como trabalhadores de colarinho azul. Acadêmicos palestinos devem ser incluídos nas indústrias avançadas de Israel: Um engenheiro de Ramallah deve ser capaz de trabalhar em Tel Aviv, e um médico palestino tratando de pacientes em um hospital israelense não deve ser uma visão rara.

Barreiras, postos de controle e restrições militares à circulação devem acabar e todos os judeus e palestinos devem ser autorizados a circular livremente. Os palestinos devem ser autorizados a entrar plenamente em cidades judaicas na Judéia e na Samária e atravessar a Linha Verde, e vice-versa. Os portões da barreira de segurança podem ser abertos regularmente numa fase preliminar antes de serem completamente desmantelados e removidos. Forças de segurança palestinas devem continuar realizando as mesmas tarefas de hoje. E, na ausência de postos de controle, o Exército israelense terá que ser mais ativo do que é agora. Se a violência irromper, este processo incremental seria interrompido ou revertido.

Israel também deve assegurar que os palestinos tenham acesso rápido e conveniente aos aeroportos internacionais de Israel e da Jordânia, além de remover a maioria dos obstáculos que atrasam atualmente as importações e exportações palestinas que entram e saem da Cisjordânia.

Não é do interesse de Israel enfraquecer ou dissolver a Autoridade Palestina ou perturbar o dia-a-dia dos palestinos. Isso significa acabar com os atrasos na transferência de pagamentos de impostos à AP e se esforçar para promover o seu funcionamento eficiente.

Além disso, a administração civil encarregada de contato entre israelenses e palestinos não deve continuar a ser controlada por militares israelenses, mas sim por civis que servem à população civil palestina de forma eficiente e cortês. Um palestino de 50 anos não deve ter que lidar com soldados e oficiais com metade de sua idade.

Os palestinos também devem ser incluídos como membros plenos dos comitês civis de planejamento e construção responsáveis pela construção em cidades árabes. E os magistrados palestinos devem ser incluídos nos tribunais que decidem sobre disputas civis, incluindo as que envolvem terras. A lei que se aplica a um palestino de 16 anos que é detido atirando pedras deve ser a mesma aplicada a um judeu de 16 anos pego atirando pedras, ou qualquer outro jovem de 16 anos de qualquer etnia que cometer o mesmo delito dentro da Linha Verde. Não há justificação moral ou prática para uma política legal diferente para palestinos e israelenses.

Finalmente, Israel, em conjunto com a comunidade internacional, deve tomar medidas para melhorar a infraestrutura de água, esgoto, transporte, educação e saúde, com o objetivo de estreitar as enormes lacunas entre as sociedades israelense e palestina.

Isto também significa a completa reabilitação de campos de refugiados na Cisjordânia. É inaceitável que a quinta geração de refugiados palestinos continue a viver em extrema pobreza, o que leva à frustração e à violência. Residentes do campo devem ser providos de habitação adequada, emprego, serviços de saúde e educação.

Deve haver tolerância zero para a violência de ambos os lados. Assim como o exército israelense permanecerá para garantir a segurança, os chamados ataques “Price Tag” perpetrados por israelenses contra palestinos e suas propriedades – no que eles consideram um "preço" a pagar pelo que acreditam ser políticas anti-assentamentos - deve ser estancados de uma vez por todas.

A disputa territorial árabe-israelense é um jogo de soma zero, mas as considerações humanas não são. Não ganhamos nada com a humilhação ou a pobreza dos palestino. Melhorar a qualidade de vida dos palestinos não conflitua com outros propostos endgames, como anexação da Judeia e da Samária ou a fórmula de dois Estados. Nem as questões do status final serão alteraras: Os palestinos continuarão a votar nas eleições da Autoridade Palestina e os israelenses, nas eleições de Israel.

Deve ficar claro: Este não é um plano de paz permanente, mas sim um projeto para uma não-reconciliação pacífica.

Dani Dayan é ex-presidente do Conselho Yesha das comunidades judaicas na Judeia e na Samária. 

 

Publicado na página de Opinião do The New York Times no dia 8 de junho de 2014

Caros amigos,

 

Tomei conhecimento que Dilma Roussef, a presidente do Brasil, rejeitou a nomeação de Ministro Dani Dayan, político e líder da extrema direita e colonizadora dos territórios conquistados para próximo embaixador de Israel no Brasil.

Esta e uma decisão que merece louvor e apoio. É chegada a hora para aqueles entre - liberais e\ou de esquerda - preocupados pelo presente e futuro de Israel manifestar seu apoio a decisão da Dilma. É um momento oportuno para judeus brasileiros destes segmentos manifestarem seu apoio a decisão da presidenta Roussef. Não ha o que temer, pelo contrario, o Brasil apóia o Estado de Israel, mas se opõe e rejeita a política colonizadora de Israel nos territórios ocupados.

Bibi Netaniahu nomeou ultimamente elementos da mais extrema direita como Ministro Dani Danon para embaixador de Israel na ONU, uma judia italiana de direita e ex-membro do parlamento italiano, que mal viveu em Israel, para embaixadora de Israel na Itália e Ministro Dani Dayan, líder dos meios colonizadores nos territórios ocupados para embaixador no Brasil. Netaniahu não só e coerente como segue prepotente e cego na política e na diplomacia.

Shaná Tová,

Avraham Milgram Tito

 

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