JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

No último artigo, lemos a introdução sobre os judeus chineses. A partir dos próximos artigos a narrativa será sobre a História desses judeus e seu estabelecimento em um país tão diversificado e distante quanto a China.

Os primeiros israelitas aportaram em terras chinesas por volta do ano 600 E.C.[1]. Há registros a respeito das atividades sociais, religiosas e comerciais que os judeus realizavam em diversas províncias da China, durante a Dinastia Tang (618-907), sobretudo no século VIII. Além disso, um importante documento que atesta a presença judaica é uma carta comercial encontrada pelo arqueólogo britânico Sir Aurel Stein no posto avançado da Rota da Seda do Império Chinês, na província de Khutan.

Conquanto haja alguns documentos que comprovem que judeus tenham estado na China, não constituem fontes históricas de comunidades judaicas que tenham se estabelecido por períodos perenes. Os israelitas presentes objetivavam a prática comercial entre a China e a Europa e não a fundação de uma kehilá[2] na China.

No entanto, a cidade de Kaifeng acolhia uma comunidade judaica que tinha objetivos diferentes. Bianliang durante a Dinastia da Canção Norte (960-1126), a atual Kaifeng é uma das províncias chinesas mais antigas. O município se localiza na margem sul do Rio Amarelo e, por tal razão, era o porto das embarcações comerciais da Europa e da Ásia.

A comunidade judaica de Kaifeng, segundo historiadores, data do século XI. Há relatos que esses judeus aportavam acompanhados de suas famílias, para fugir das perseguições na Europa, por conseguinte, se fixaram e reconstruíram suas vidas.

Formando uma kehilá de aproximadamente 600 pessoas, os judeus de Kaifeng se enveredaram pela seara do comércio e demais profissões, gerando prosperidade. Como tinham uma vida social e religiosa profusas, não tardaram para erigir uma sinagoga, em 1163 que foi destruída 700 anos depois.

O auge da comunidade judaica de Kaifeng ocorreu durante o período da famosa dinastia Ming (1368 a 1644): havia cerca de 5 mil pessoas. Os judeus alcançaram supremos patamares econômicos e sociais, tendo, inclusive, alguns membros desfrutado de cargos do funcionalismo público e do exército. Não obstante, a vida religiosa sempre foi conservada e praticada por esses israelitas.

Todavia, não tardou para que casamentos interreligiosos e o isolamento do mundo judaico ocidental somados aos desastres naturais e guerras contribuíssem para o declínio vagaroso da comunidade de Kaifeng.

Na segunda metade do século XIX, um fator foi decisivo para o fim da comunidade judaica de Kaifeng: o falecimento do último rabino, que não deixou sucessor. Mesmo assim, a identidade judaica individual permaneceu acesa na alma da muitas pessoas. Até recentemente, na década de 1990, muitos descendentes dos israelitas de Kaifeng ainda se definiam como judeus, até porque os prenomes típicos como Moshê, Avraham, Sara, Daniel entre outros acompanhados de sobrenomes chineses são muito comuns na região.

Entre os 1 bilhão e 300 de pessoas que formam a população da China, apenas quase 1200 descendem dos judeus de Kaifeng, sendo que alguns residem na cidade. No entanto, apenas 10% desses judeus abriram processos reivindicando a identidade judaica, a partir da origem de seus sobrenomes. Curiosamente, quase todos não conhecem as tradições judaicas mais elementares.

Semana que vem, continuaremos nossa leitura sobre os judeus chineses.

Uma semana de Presença Divina a todos.

No sincero SHALOM,

Prof. Renato Dasg[3]

http://www.renatodasg.wordpress.com

renatodasg@msn.com

[1] E.C.: Era Comum.

[2] Kehilá: Comunidade ou congregação.

[3] Graduado em Português-Hebraico pela UFRJ. Mestre em Educação. Possui publicações no Brasil e em Israel sobre Religião, Cultura Judaica e Ensino de Língua Hebraica.

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