JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

A carta de Menachem para Elohim - Jayme Fucs Bar
Eu escutei a anedota que vou contar a seguir do Avi, um vendedor
de sucos de frutas na entrada da cidade antiga de Safed. (Infelizmente faleceu no ano Passado)
Avi é uma pessoa muito conhecida na cidade. Não tem ninguém
que entre em Safed sem passar pela barraca de suco do Avi, que se orgulha sempre em dizer que foi o motorista pessoal do general Ariel Sharon na Guerra de Yom Kipur. A família dele vive em Safed há gerações e a primeira coisa que ele faz quando chego à loja dele com turistas é me dar um forte abraço , me convidando para tomar o seu suco de romã especial.
Por vezes, quando tenho um tempinho livre, sempre vou ao encontro do Avi para uma boa conversa.
Em um desses encontros, me recordo que era época do Pessach, Avi me fez uma pergunta que ele mesmo respondeu: “Por que a Hagadah de Pessach começa com as palavras ‘este é o pão da aflição que nossos ancestrais comeram no Egito. Deixe que todos os famintos venham e comam’?”.
Com essa frase, Avi tentou se aprofundar em sua mensagem e me
disse: “A forma mais significativa de comemorar o Pessach é saber ajudar alguém que necessita de ajuda”.
Para que eu entendesse melhor sua mensagem, ele me contou uma
linda e bem-humorada anedota, bem típica da cultura local de Safed.
Muitos anos atrás, na época de Pessach, um casal de velhinhos muito pobres que viviam em Safed estavam sem dinheiro para comprar as coisas básicas para o seder.
Ele se chamava Menachem, e ela se chamava Rebeca. Nesse dia, com a véspera de Pessach se aproximando, Menachem teve uma ideia de como resolver o problema da falta de dinheiro.
Ele disse para Rebeca, sua mulher: “Sabe o que vou fazer para resolver o nosso problema? Vou escrever uma carta a Elohim!”. E assim ele fez!
“Querido e adorado Elohim, o Todo-Poderoso, o Único. Venho,
por meio desta carta, pedir sua ajuda para que possamos realizar o nosso seder de Pessach. Para isso, necessitamos que você nos ajude a conseguir 500 shekalim para comprar as coisas básicas do nosso Pessach. Elohim! Espero que com tantos pedidos você tenha tempo de ler nossa carta e, se possível, de nos ajudar. Saudações! Menachem.”
Menachem, feliz da vida, pegou a carta, guardou-a no envelope e a
colocou na caixa do correio. O carteiro, na hora de coletar a carta, viu que o envelope não tinha nem selo e nem endereço. Mas, sobretudo, o que chamou sua atenção foi que no destinatário estava escrito “Elohim”. Ao ver isso, o carteiro até achou graça.
Sem saber o que fazer com a carta, o carteiro decidiu levar a questão para o chefe do correio de Safed, que abriu o envelope e leu o que estava escrito no papel. Quando terminou, ele sorriu e teve uma boa ideia: reuniu todos os três funcionários do correio de Safed e pediu para que cada um realizasse uma doação para ajudar o Pessach de Menachem.
Assim, eles conseguiram juntar 470 shekalim, colocaram o dinheiro num envelope e o enviaram para o endereço de Menachem.
Ao ver a carta, Menachem gritou para a mulher, cheio de felicidade:
“Venha ver, Rebeca! Elohim respondeu o nosso pedido!”, porém, quando abriu a carta viu que tinha 470 shekalim, e não 500.
Menachem olhou para Rebeca e disse: “Hum… Com certeza estão faltando 30 shekalim porque Elohim teve que pagar o imposto sobre o serviço ao governo”.
Dei um grande sorriso ao ouvir a boa anedota do Avi, que me disse:
“Menachem jamais vai saber que a ajuda que ele recebeu não veio de Elohim, mas o ato de ajudar alguém em estado de necessidade é um ato divino e sagrado!”.
Shabat Shalom!
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