JUDAISMO HUMANISTA

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Paz no Oriente Médio Significa Dividir a Terra - AMÓS OZ

Paz - no Oriente Médio - Significa Dividir a Terra
 
Entrevista de AMÓS OZ para Sheldon Kirshner
 
Canadian Jewish News 25|09|08
 

- traduzido pelo PAZ AGORA|BR -

 
A vasta maioria dos israelenses e palestinos está pronta para 'uma solução de compromisso' do conflito árabe-israelense, diz o romancista e jornalista Amós Oz.
 
'Compromisso significa a divisão da terra, que é dolorosa mas necessária', diz Oz, numa palestra no Holy Blossom Temple de Toronto na semana passada. 'Simplesmente não há alternativa'.

Oz, que há muito tempo defende uma solução de dois Estados para resolver a luta de Israel com os palestinos, descreve o conflito como uma 'diputa por terras' e não como uma 'guerra santa'.

Um dos mais famosos escritores de Israel e dos fundadores do PAZ AGORA, Oz afirma que não há um 'desentendimento essencial' entre israelenses e palestinos. Ambos querem e precisam de uma terra que seja sua.

'O que é necessário é um compromisso viável'. diz, observando que israelenses e palestinos estão cansados de brigarem entre si. 'Muitos conflitos já foram resolvidos devido a fadiga e exaustão, que podem levar a compromissos'.

No seu vocabulário, compromisso é sinônimo de vida, enquanto a alternativa leva à morte. E acrescenta: 'Sei alguma coisa sobre compromisso; Estou casado com a mesma mulher há 49 anos'.

A maior parte dos israelenses e palestinos já sabem muito bem o que um acordo de paz demandaria, diz  Oz, cujos romances foram traduzidos para umas 30 línguas.

Um acordo deve ser baseado nas fronteiras de Israel em 1967, com trocas territoriais mútuas em que Israel manteria alguns assentamentos na Cisjordânia. Os refugiados palestinos seriam reassentados numa entidade palestina e não em Israel. E as partes ocidental e oriental de Jerusalém sediariam respectivamente as capitais de Israel e Palestina.

'Um dia, haverá uma embaixada palestina em Israel e uma embaixada israelense na Palestina, e será possível ir a pé de uma a outra', prediz. Nem Israel nem Palestina reclamariam soberania sobre os lugares santos de Jerusalém, mas israelenses e palestinos teriam acesso livre a eles.

Afirmando que Israel e os palestinos não tem nenhuma alternativa exceto terminar o conflito, Oz observa que fanáticos dos dois lados tentarão sabotar qualquer acordo possível.

Numa advertência veemente, Oz diz que se Israel persistir em ocupar a Cisjordânia, os palestinos irão exigir direito a voto, com o apoio da comunidade internacional, e isto significaria 'o fim de Israel'.

Chamando de trágico o conflito entre Israel e palestinos, Oz diz que judeus e palestinos foram vitimizados pela opressão européia: os judeus foram objeto de perseguições anti-semitas enquanto os palestinos foram vítimas do colonialismo ocidental.

Mas os árabes enxergam os judeus israelenses como colonialistas e não como ex-refugiados do anti-semitismo europeu, enquanto os judeus vêem os árabes e palestinos como novos opressores cossacos, e não como sendo igualmente vítimas.

Oz, em sua palestra sobre o tema 'Contando de Novo a História Sionista: Israel se Explica para o Mundo', disse que o Estado judeu nasceu de 'sonhos mutuamente exclusivos e planos gerais [master plans].'

Havia judeus que queriam construir em Israel um país capitalista, outros sonhavam com uma sociedade marxista, enquanto outros ainda sonhavam em construir um 'super-shtetl' ou um estado democrático de bem-estar social.

Oz admite que não aprecia alguns desses master plans, mas se alegra de que Israel seja um mercado pluralista de ideais concorrentes.

Comentando as 'perspectivas distorcidas' da grande mídia, Oz falou da 'enorme diferença' entre o Israel 'real' e o país que é retratado pela CNN.

Na CNN, uma ênfase indevida é colocada ao descrever Israel como uma nação dominada por colonos fanáticos judeus e soldados armados até os dentes controlando checkpoints e restringindo o movimento de palestinos. E há reportagens em que Israel é vista pelos filtros de Jerusalém.

Mas no Israel 'real', um país com 'dolorosos bolsões de pobreza', 70% de seus habitantes - uma gente ambiciosa, generosa, barulhenta e vigorosa, como adjetiva Oz - vive na planice costeira do Mediterrâneo.

Numa referência aos seus pais e avós, vindos da Polônia, Oz diz que os verdadeiros europeus dos anos '20 e '30 eram judeus como eles. Em vez de se considerarem como poloneses ou lituanos, aqueles judeus se viam como europeus. Eles amavam a cultura, a música e a paisagem, mas a Europa 'não retribuiu esse amor', os percebeu como cosmopolitas sem raízes e os marginalizou pelo anti-semitismo.

O anti-semitismo foi tão insuportável que eles deixaram a Europa e optaram pela Palestina após serem rejeitados por outros países. A Terra de Israel foi assim um 'bote salva-vidas' para imigrantes judeus europeus.

Descrevendo o Israel contemporâneo como 'um monte de gente gritando', Oz disse que a sociedade israelense é aberta, democrática e argumentativa. 'Somos uma nação de sete milhões de profetas', sorriu saboreando as próprias palavras.

Mas para Israel prosperar, concluiu, precisa resolver seu conflito com os árabes e erradicar a pobreza.

Atualizado pela última vez por Jayme Fucs Bar 10 Jun, 2010.

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