JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Liberdade de religião? Para 5 bilhões de pessoas é um sonho proibido

 

É o que demonstra Pew Forum com a maior pesquisa jamais realizada sobre o tema. As restrições dos governos se somam às hostilidades sociais. Tampouco os países mais livres estão imunes a isso. Em Israel, incidentes entre judeus ultraortodoxos e cristãos

O artigo é de Sandro Magister, jornalista, e publicada no sítio chiesa.espressoonline,it, 08-01-2010. A tradução é de Vanessa Alves.

Eis o artigo.

O diagrama reproduzido acima classifica as cinquenta nações mais populosas do mundo com base nas respectivas restrições que impõem para a liberdade religiosa: tanto as restrições impostas pelos governos, em medida crescente de esquerda à direita, como as que são produto da violência de pessoas ou grupos, e crescendo de baixo para cima.

As violações da liberdade religiosa será um tema relevante do discurso que o Papa Bento XVI fará em 11 de janeiro – como cada início de ano – ao corpo diplomático acreditado frente à Santa Sede.

O tema não é novo. No entanto, nunca antes havia sido analisado com a precisão científica posta em campo pelo Pew Forum on Religion & Public Life de Washington, na pesquisa da qual foi extraído o diagrama.

A pesquisa se refere a 198 países, entre os quais falta Coréia do Norte pela inevitável escassez de dados, e cobre os dois anos que vão da metade de 2006 até a metade de 2008.

A síntese da pesquisa e as 72 páginas do relatório completo podem ser baixadas gratuitamente do site do Pew Forum:

No diagrama, o tamanho dos círculos corresponde à população de cada país. Como se vê, entre os países com mais restrições à liberdade religiosa Índia e China têm um peso esmagador, cada um com uma população muito acima de um bilhão. Com o apoio de outros países não liberais, também estes densamente povoados, resulta que 70 por cento dos 6 bilhões e 800 milhões da população do planeta vivem em nações com altos ou muito altos limites à liberdade religiosa.

Ao contrário, apenas 15 por cento da população mundial são os que vivem em países onde as religiões são aceitavelmente livres.

Naturalmente, as modalidades com as que, em vários países, a liberdade religiosa encontra obstáculos são diferentes.

Na China e no Vietnã, por exemplo, as populações não mostram hostilidades para uma ou outra religião. São os governos os que impõem fortes limites às expressões de fé. Na China, as restrições prejudicam os budistas do Tibete, os muçulmanos de Uighur, os cristãos, a quem o governo não os registra, e os seguidores do Falun Gong.

O oposto ocorre na Nigéria e em Bangladesh. Ali os governos optam pela moderação, enquanto é na sociedade civil que explodem atos de violência contra uma ou outra religião.

Também na Índia as hostilidades são mais obra dos grupos sociais que das autoridades, apesar de que estas também põem pesadas restrições.

Entre os 198 países só há um no qual os índices de hostilidade contra as religiões "inimigas" alcançam os picos máximos tanto por parte do governo quanto por parte da população. É Arábia Saudita.

Mas também Paquistão, Indonésia, Egito e Irã têm índices globalmente muito negativos, igualando à Índia. No Egito, as restrições à liberdade religiosa se descarregam principalmente sobre os cristãos coptas, que são cerca de dez por cento da população.

A metade dos países do mundo proíbe ou limita fortemente a atividade missioneira. Alguns governos defendem uma só religião (no Sri Lanka, Myanmar e Camboja o budismo) reprimindo todas as outras. Em alguns países, a hostilidade se dá entre facções do mesmo mundo religioso. Na Indonésia, o país islâmico mais populoso do planeta, os que sofrem são os muçulmanos Ahmadi. E na Turquia, os muçulmanos Alevi, que inclusive são milhares.

Num mapa do mundo incluído no relatório, com os países coloridos conforme o grau de restrição da liberdade religiosa, salta aos olhos que as áreas de maior liberdade são aquelas que o cristianismo está mais presente: Europa, as Américas, Austrália e África subsaariana.

Mas também aqui há algumas restrições. Na Grécia, só os cristãos ortodoxos, os judeus e os muçulmanos podem se organizar como tais e reter propriedades. Os cristãos de outras confissões não.

Na França, a lei que nas escolas proíbe o véu das meninas muçulmanas proíbe também aos cristãos levar uma cruz demasiada visível e aos sikh usar turbante.

Na Grã Bretanha, onde além de chefe de Estado é também chefe da Igreja da Inglaterra, uma sentença que permitiu que uma companhia impusesse a seus próprios dependentes cristãos que escondessem os símbolos da própria fé no local de trabalho, deixando, no entanto, livres de portar seus símbolos aos pertencentes a outras religiões.

E em Israel? Em 2009, pela primeira vez, em dez anos, não se registrou nenhuma morte de judeus pela obra de terroristas suicidas muçulmanos.

A novidade vai além do espaço de tempo da pesquisa do Pew Forum. Mas esta também registrou em Israel restrições de outro tipo à liberdade religiosa, sobretudo para os privilégios acordados, por exemplo, na legislação matrimonial, aos judeus ortodoxos, embora estes sejam uma pequena parte dos judeus residentes no país.

Nas semanas passadas – também isso foi da pesquisa do Pew Forum – houve, em Jerusalém, inclusive, uns atos de violência cometidos por judeus ultraortodoxos para prejudicar os cristãos.

O que segue é o comunicado emitido em 15 de janeiro de 2010 pela embaixada de Israel frente à Santa Sede após os passos realizados para pôr fim a estes incidentes, acompanhado de uma carta de pacificação das autoridades delegadas para a comunidade judia implicada.

COMUNICADO

Após os lamentos causados pelas moléstias dirigidas a sacerdotes e locais cristãos na capital de Israel, o conselheiro do prefeito de Jerusalém para as comunidades religiosas, o senhor Jacob Avrahmi, tomou a iniciativa de mobilizar o apoio à comunidade ultraortodoxa dos Haredim para combater a tensão ao longo da linha de separação entre os judeus ultraortodoxos e seus vizinhos cristãos.

Numa reunido entre os representantes do ministério dos assuntos externos e a municipalidade de Jerusalém com o rabino Shlomo Papenheim da comunidade dos Haredim, foi apresentada uma carta de denúncia dos ataques, que cita como os sábios de todas as épocas sempre proibiram molestar os gentios.

A seguir se reporta a tradução da carta do Beth Din Tzedek – o tribunal da comunidade judia ortodoxa e a mais alta instância da comunidade judia ultraortodoxa de Jerusalém – escrita em um hebreu muito original:

PROVOCAÇÕES PERIGOSAS

Os gentios lamentaram recentemente e de maneira repetida a propósito de reiteradas moléstias e insultos dirigidos para eles por jovens irresponsáveis em vários locais da cidade, especialmente ao redor de Shivtei Yisrael Street e da tumba de Shimon O Justo.  

Além de dessacralizar o Santo Nome, que por si já representa um pecado muito grave, provocar os gentios, conforme nossos sábios – bendita seja sua santa e virtuosa memória – é proibido e pode trazer trágicas consequencias sobre nossa comunidade, que Deus tenha piedade.

Contudo, invocamos a quem tem o poder de pôr fim a estes vergonhosos incidentes, através da persuasão, que trabalhe para remover estes perigos, com o fim de que nossa comunidade possa viver em paz.

Possa o Santíssimo, que Ele seja bendito, difundir o tabernáculo de uma vida misericordiosa e pacífica sobre nós e sobre a Casa de Israel e Jerusalém, enquanto nós esperamos a vinda do Messias o mais rápido possível em nosso tempo. Amém.

Assinado hoje, o 13 de Tevet 5770 (30 de dezembro de 2009) pelo Tribunal de Justiça da comunidade Haredim, na santa cidade de Jerusalém.

As palavras do tribunal são claras e simples, e se espera que todos aqueles que as escutem e que possam realizar as correspondentes ações, o façam.

Atualizado pela última vez por Jayme Fucs Bar 10 Jan, 2010.

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