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Avanço religioso em Israel põe em xeque diálogo no Oriente Guila Flint Direto de Tel Aviv

De acordo com o vice-ministro da Educação de Israel, Menahem Eliezer Mozes, 52% das crianças nos jardins de infância do país estão registradas em instituições pertencentes a correntes religiosas radicais ¿ ultraortodoxas ou nacionalistas-religiosas. Os números citados por Mozes se referem à população judaica de Israel e não incluem a minoria de cidadãos árabes israelenses que constituem 20% da população.

"Neste ano letivo, nos jardins de infância seremos 52% e eles serão apenas 48%", disse o vice-ministro, que pertence ao partido ultraortodoxo Yahadut Hatorah (Judaismo da Torá, em tradução livre).

Quando diz "eles", Mozes se refere aos seculares em Israel, que eram o setor majoritário e hegemônico na época da fundação do Estado, em 1948, e segundo as estatísticas passarão a ser minoria dentro de 15 a 20 anos.

O Terra conversou com diversos analistas sobre as possiveis consequências desse processo, tanto para a sociedade israelense como para as perspectivas de paz entre Israel e o Mundo Árabe.

Abismo
Para o sociólogo Zvi Barel, "se não houver uma mudança radical, tudo indica que estamos indo para um abismo".

"Os seculares e liberais em Israel se transformarão em minoria e Israel se tornará uma sociedade mais fundamentalista e menos tolerante", disse Barel. "A opinião pública se tornará mais nacionalista e radical, e isso obviamente dificultará mais ainda a possibilidade de uma convivência pacifica com nossos vizinhos no Oriente Médio".

Barel disse que está muito pessimista quanto ao futuro da sociedade israelense. "Não sei em que país meus netos irão viver", afirmou. "Vale lembrar que, dentro de poucos anos, religiosos radicais serão maioria tanto entre os eleitores como no próprio Exército".

Em Israel a grande maioria da população judaica religiosa adota as linhas mais radicais do judaismo, incluindo as correntes ultraortodoxas e a nacionalista-religiosa. Já no exterior, correntes mais moderadas da religião judaica são majoritárias.

O rabino Uri Regev pertence à corrente reformista do judaísmo, que tem um grande número de seguidores nas diásporas judaicas, inclusive nos Estados Unidos e no Brasil. Regev é diretor da ONG Hiddush, que defende a liberdade de religião e a igualdade, e se opõe à coerção religiosa exercida por religiosos radicais em Israel.

"As últimas pesquisas, feitas pelo Instituto Israelense de Democracia, apontam atitudes muito preocupantes dos jovens ultraortodoxos e nacionalistas-religiosos", disse o rabino Regev.

Segundo o instituto, se tivessem que escolher entre os preceitos religiosos e os valores da democracia, 85.4% dos jovens religiosos israelenses afirmaram que optariam pelos preceitos da religião.

Para Regev, comparando com outras democracias ocidentais, hoje em dia Israel "já se encontra em uma posição bastante desfavorável" nas questões relacionadas à liberdade de religião, direitos humanos e igualdade das mulheres.

"As pesquisas infelizmente apontam uma correlação preocupante entre o pertencimento ao setor ultraortodoxo ou nacionalista-religioso e valores anti-democráticos e contrários a uma coexistência pacifica com os árabes". Regev menciona pesquisas que indicam que a maioria dos jovens religiosos sente "ódio" por árabes e se opõe à participação dos cidadãos árabes israelenses na eleições.

"Hoje em dia a sociedade israelense já apresenta sinais de fundamentalismo religioso e, se a proporção do setor religioso radical na população geral aumentar, esses sinais vão se fortalecer".

Esperança
No entanto, o rabino Regev ainda vê uma possibilidade de que o público israelense "acorde, antes que seja tarde demais". "Podemos observar que nos últimos anos muita gente, tanto em Israel como nas diásporas judaicas, começou a perceber que a própria alma do país se encontra em risco".

Para ele, a segregação crescente das mulheres em Israel, imposta pelos ultraortodoxos, causou um choque no país e no mundo. "Organizações judaicas no mundo, que sempre apoiaram Israel, ficaram estupefatas ao ouvir sobre a segregação das mulheres".

Em locais de grande concentração de ultraortodoxos a segregação das mulheres tem se tornado cada vez mais comum. Hoje em dia há dezenas de linhas de ônibus nos quais as mulheres sentam na parte traseira e os homens na parte dianteira dos veículos.

Em bairros ultraortodoxos nas cidades de Jerusalem e Beit Shemesh, mulheres chegam a ser obrigadas a andar em calçadas separadas e em instituições públicas há filas separadas para homens e mulheres. Já a corrente reformista do judaismo, à qual o rabino Regev pertence, não só se opõe à segregação das mulheres em locais públicos como também aceita mulheres como rabinas.

"Se Israel se tornar um Estado fundamentalista a maioria dos judeus do mundo vai deixar de apoiá-lo", afirmou Regev. "Estamos travando uma batalha pela alma do nosso país, ainda tenho esperanças de que haja uma reviravolta e que os valores da democracia prevaleçam", concluiu.

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