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Onde estão os intelectuais judeus?
Obrigado por ter publicado o texto meu caro Jayme. Enquanto vc espera q surja uma voz judaica ( vozes não surgem do nada quando são sufocadas pelo conformismo da rua judaica ou pelo temor de ficar mal com o ambiente pensante-acadêmico não judeu) para apoiar as minorias pacifistas de Israel, uma magbit da paz como propúnhamos quando organizamos as primeiras manifestações de apoio Paz Agora em 1982. Este acontecimento em Paraty revela o total descompromisso por parte dos judeus que escrevem livros de temáticas judaicas, publicam teses e fazem parte de núcleos de estudos judaicos dentro das academias. Não vi reações públicas de escritores judeus presentes na FLIP, não vi nada na imprensa que tivesse a assinatura de qualquer intelectual judeu brasileiro. Entrei no site da Folha de São Paulo e do Estadão onde encontrei ecos deste debate. Mas estas pessoas estavam ausentes enquanto leitores anônimos discutiam a afirmação vergonhosa. No meio destes, como logo acontece, um ou outro já misturava as estações e falava do nazismo de Israel para não perder a oportunidade.
Os nossos pensadores que precisam de verba do estado para financiar seus projetos de pesquisa em temáticas judaicas e acumular pontos em suas carreiras de ensino, nossos sociólogos que mantêm centros de pesquisa e publicam livros sobre o assunto com polpudas verbas internacionais, nossos rabinos que ensinam como ser um ser humano mais puro com uma boa cabeça judaica, nossos cineastas que se afirmam humanistas e judeus e choram o fim da utopia kibutziana que cultivaram à beira da praia e à distância segura do arad, da foice e do martelo, todos eles silenciaram diante do ato terrorista eivado de maldade, a pura banalização da maldade do curador da FLIP que depois, sob pressão da organização e do editor do Lanzman, pediu desculpas. E isto basta ou na verdade apazigua as mentes dos intelectuais e os livra de terem que se manifestar enquanto judeus? Assumirem a voz de um outro que não se conforma com maneirismos e traquinagens linguísticas que permitem a qualquer um dizer o que bem entender e depois sair impune e sem responsabilidade com um simples, "desculpe", "foi mal".
No meio do dia de trabalho arranjei um tempo para me inscrever no site da Folha e deixar a minha mensagem de contestação. É o mínimo que podemos fazer. Enfrentar sem medo estas manifestações de onde venham. Mas, infelizmente, não existem mais intelectuais judeus no Brasil. Uma vez numa reunião com pesquisadores da UFRJ eu me apresentei como tal e me olharam como se eu fosse doido. Nem memso judeus existem mais nestes meios. São todos de "origem"judaica como se diz nesta nossa terra onde as diferenças precisam ser ocultadas sob o manto do mito nacional brasileiro. Aí vai o que escrevi na Folha
“Triste o intelectual ( ?) que banaliza o nazismo e depois escorre belas brechas do perdão pós moderno fugindo à responsabilidade pelo que falou. Que banalização do mal. O prazer de chamar um judeu de nazista é a malignidade em sua revelação plena. Ler o livro do Lanzmann para saber com quem estamos tratando seria bem melhor para todos. A FLIP precisa aprender a tratar de maneira diferente autores que estão lá para vender o seu peixe e outros, já consagrados pela obra, que não precisam da exibição”
Brasil, um país de todo os diferentes entre si provoca um tipo de tensão que poucos estão a fim de dar suporte a não ser que, seja numa rua judaica que ecoe a voz do pensamento judaico oficial, nascido nos escritórios do governo de Israel e temperado pela religiosidade que transformou deus num funcionário do estado, como dizia Yeshaaiu Leibowitz .
Grande abraço caro Jayme.
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