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Curitiba possui cerca de 300 mil árvores nas ruas. As alterações mais significativas na arborização da cidade nos últimos 26 anos estão na maior diversidade de espécies plantadas em vias públicas, e o aumento em 100 mil metros quadrados na área das copas das árvores, que deixou Curitiba ainda mais verde vista de cima e mais protegida da insolação.
Os dados fazem parte da pesquisa do engenheiro florestal Rogério Bobrowski, do Departamento de Pesquisa e Monitoramento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Bobrowski levou dois anos estudando a dinâmica da arborização pública de Curitiba durante o curso de pós-graduação da Universidade Federal do Paraná.
A pesquisa comparou dados da arborização de Curitiba entre os anos 1984 e 2010. “A conclusão é que as árvores das ruas foram bem cuidadas ao longo desses anos, e que as reposições deram conta de substituir as árvores que precisaram ser removidas, e também que a população têm ajudado a manter essas árvores.”, destaca Bobrowski.
Em 1984 na amostragem realizada foi constatada a existência de 94 espécies para plantada nas ruas da cidade. Em 2010 o número aumentou para 122 espécies, com destaque para a introdução de nativas e remoção das exóticas invasoras como o Alfeneiro.
Espécies nativas - Outro dado que chamou a atenção do pesquisador é o padrão de plantio, ou seja, grande quantidade de uma única espécie para compor a arborização e o paisagismo numa determinada rua ou região. Na nova arborização da avenida Marechal Deodoro, por exemplo, a Prefeitura selecionou o Pau-ferro, espécie nativa usada num trecho da rua Padre Anchieta, e que forma um grande corredor em meio a canaleta do ônibus expresso.
“Quando estiverem bem desenvolvidas, as árvores deixarão a Marechal Deodoro muito bonita”, diz Bobrowski. Além do Pau-ferro, as espécies que estão em voga na arborização de Curitiba são o Dedaleiro, Sibipiruna, Ipês Amarelo e Roxo, Hibisco e Extremosa. Da lista, apenas as duas últimas espécies são exóticas e não invasoras, porém são opções para calçadas pequenas.
Embora não tenha sido alvo da pesquisa, a erradicação das exóticas invasoras das ruas é citada. Bobrowski conta que a Prefeitura tem feito um grande esforço na substituição das invasoras, mas como elas foram padrão de plantio em anos anteriores, o trabalho levará tempo ainda.
Esse trabalho de substituição de invasoras é uma das prioridades do programa Biocidade, que também vem testando o uso de “novas” árvores nativas na arborização pública. “Ainda é muito cedo para avaliar os resultados do Biocidade nas ruas de Curitiba, mas com certeza ele aparecerá daqui uns cinco ou seis anos nas pesquisas que forem feitas sobre arborização de ruas”, alerta o pesquisador.
Telhado verde – As ruas de Curitiba têm um grande “telhado” verde como fica demonstrado na pesquisa. Isso porque as árvores plantadas no período estudado cresceram aumentando suas áreas de copas, num acréscimo de cerca de 100 mil metros quadrados de área, nas quinze parcelas do inventário realizado. Bobrowski encontrou árvores com copas variando de 200 a 500 metros quadrados de área.
“Isso significa um acréscimo de proteção em relação aos raios solares, principalmente numa cidade de grande porte com muitos prédios, e também de controle dos picos de temperatura”, argumenta Bobrowski.
As vantagens de uma cidade manter uma arborização pública de qualidade são muitas segundo o pesquisador. “Influencia no controle da poluição atmosférica e sonora, controle do microclima e na estética da cidade e até mesmo favorecendo o aspecto psicológico dos cidadãos. “Não parece, mas uma cidade arborizada interfere diretamente no lado psicológico dos cidadãos”, fala Bobrowski.
A pesquisa será usada pelo Departamento de Pesquisa e Monitoramento que analisa e autoriza ou não os pedidos de poda e remoção de árvores das vias públicas. Mesmo sendo um serviço executado pela própria Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Departamento do Horto Municipal não pode fazer nenhuma interferência nas árvores sem a autorização do Departamento de Pesquisa e Monitoramento. “O estudo nos indica como proceder melhor nesses casos”, diz a diretora Érica Mielke.
Os indicadores analisados foram composição das espécies, quantidade de árvores, padrão de plantio, área de copa e condições fitossanitárias. Foram selecionados pelo pesquisador 15 unidades de amostras em 11 bairros: Bacacheri (2 amostras), Água Verde, Alto da XV, Centro, Boqueirão, Bigorrilho, Mercês, Seminário, Rebouças (2 amostras), Jardim Social e Cristo Rei.
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