Integrantes de cerca de 30 movimentos sociais e religiosos protestaram, na orla de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, contra a vinda do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à Rio+20. Em um dia de sol e praia cheia, os manifestantes iniciaram a caminhada por volta das 11h deste domingo (17), com faixas e cartazes, na pista próxima ao calçadão da praia da Avenida Vieira Souto, que é interditada ao tráfego e se transforma em área de lazer aos domingos e feriados.
Ahmadinejad é esperado na capital fluminense para participar do encontro com cerca cem chefes de estado na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU). O protesto criticou a política iraniana de desenvolvimento de armas nucleares e o histórico de tortura e terrorismo ocorridos no governo de Ahmadinejad. Lideranças de movimentos gays, da juventude judaica e do candomblé também participaram da caminhada.
Os manifestantes também criticaram a intolerância religiosa, desrespeitos aos direitos humanos e a homofobia. Cerca de 3 mil pessoas, segundo organizadores do protesto, também cantaram músicas parodiando a vinda do presidente do Irã ao Rio. Uma delas diz: “Eu quero tchu, eu quero tchá, fora Ahmadinejad!” Eles esperam que, com esse protesto, a presidente Dilma Rousseff não estreite relações com Ahmadinejad. O grupo é contra a aproximação política entre Brasil e Irã.
Alguns manifestantes confeccionaram imitações de troncos de árvores com material reciclado, como garrafas PET e papelão. Nos “troncos”, havia bilhetes pendurados dizendo: “Desrespeito aos direitos humanos não se sustenta”; “Homofobia não se sustenta”; “Intolerância religiosa não se sustenta”; “Negar o Holocausto não se sustenta”.
Vereadora quer tornar Ahmadinejad “persona non grata” no Rio O movimento começou a ser organizado há cerca de um mês através das redes sociais. Nesta terça-feira (19), a vereadora Teresa Bergher (PSDB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio, vai propor que Ahmadinejad se torne “persona non grata” na capital. Ela acredita que, caso a medida seja aprovada, o presidente iraniano sinta-se inibido de voltar outras vezes ao Rio.
“Essa minha proposta de considerar o Ahmadinejad ‘pessoa non grata’ no Rio é um alerta aos nossos governantes para que não o convidem para vir a nossa cidade. Em minha opinião, ele nega e viola todos os direitos humanos, além de pregar a mentira, como negar a existência do holocausto”, afirmou Teresa.
A designer de jóias Silvia Blumberg se emocionou durante o ato contra Ahmadinejad. Ela conta que perdeu uma prima durante um atentado terrorista na Cisjordânia, em 2006. Helena Halevy era brasileira e morou em Israel por 20 anos. Em 2006, Silvia conta que Helena e o marido deram carona a um homem vestido de judeu ortodoxo. Na verdade, segundo Silvia, o homem carregava uma bomba amarrada ao corpo.
“O Brasil não pode se juntar ou manter conversas com um homem que só representa a si mesmo. Os iranianos não têm culpa”, afirmou ela. “O homem é o maior símbolo da natureza. Gostaria que, na Rio+20, discutissem a tolerância. É disso e de respeito que precisamos para viver”, acrescentou. “Ainda tenho muitos parentes morando em Israel e tenho medo dessa política de armas nucleares que Ahmadinejad é a favor”, concluiu Silvia.
Os organizadores do protesto informaram que pretendem fazer outras manifestações, inclusive na porta do hotel onde Ahmadinejad ficará hospedado durante a Rio+20.
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