JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Por outro lado, é muito interessante a narrativa dos acontecimentos durante a última ceia, como relatado no Evangelho de Mateus, em que Iehoshua de Nazaré responde aos seus discípulos sobre quem o iria trair:

Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse: “Em verdade vos digo: um de vós me há de trair.” Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: “Sou eu, Senhor?” Respondeu ele: “Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho do homem vai, como está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!” Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: “Mestre, serei eu?” – “Sim”, disse Jesus. (Mateus 26,20-25)

O autor desta passagem do Evangelho de João tenta relacionar esta última com a passagem do Salmo Hb 41,10, mas tal passagem se trata de uma queixa de Davi a respeito da traição de Aquitofel. Diante disto, torna-se claro que a passagem do Salmo Hb 41,10 não é uma profecia, mas uma oração oriunda de um fato histórico: A Conjuração de Absalão. Desta forma, é impossível relacionar tal fato a Iehoshua de Nazaré, como insistem os apologistas cristãos para poder dar suporte aos seus dogmas. Como mencionado anteriormente, Davi foi traído por Aquitofel, conforme narrado em II Samuel 15,12.31. O destino da vida de Aquitofel foi enforcar-se, como é narrado em II Samuel 17,23. Outras passagens que relatam suicídio nas Escrituras Hebraicas são encontradas em Juízes 9,50-57; I Samuel 31,1-7; II Samuel 17,23 e I Reis 16,15-20. As passagens de Mateus 27,1-10 e Atos dos Apóstolos 1,15-20 parecem ser inspiradas em II Samuel 17,23, mas narradas de forma diferente. Em Mateus 27,5 está relatado que Judas Iscariotes, após se retirar da presença dos príncipes dos sacerdotes e anciãos, foi se enforcar. Entretanto, em Atos dos Apóstolos 1,15-18 está relatado que Judas Iscariotes, após tombar para frente, arrebentou-se pelo meio e todas as suas entranhas se derramaram, mudando-se, desta maneira, a versão de Mateus 27,5 a respeito da morte de Judas. Desta forma, o autor desta passagem do Evangelho de Mateus transferiu a forma de como Aquitofel morreu para Judas Iscariotes, de modo que o Salmo Hb 41,10 obtivesse respaldo de uma profecia quando, na realidade, se trata de um fato histórico. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 15,23-25 com referência ao Salmo Hb 35,19 e Salmo Hb 69,5

João 15,23-25: “Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Sal 34,19; 68,5).”

Salmo 35,19-21: Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo, pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra escancaram para mim a boca, dizendo: “Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!”

Salmo 69,5: Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça os que me detestam sem razão. São mais fortes que meus ossos os meus injustos inimigos.

O rei Davi teve um grandioso reinado, porém turbulento, mas jamais deixou de se ocupar do estudo da Torá. Conta-se que todos os dias, sempre após o término de suas funções de rei, passava a noite estudando e depois da meia noite, começava a compor cânticos, súplicas e louvores ao Eterno, Bendito Seja, até o amanhecer. Desta reverência ao Eterno surgiu sua obra sagrada chamada Salmos. Durante as batalhas e muitas vezes em fuga, na aflição e na angústia do deserto, sentia a alegria da proximidade com o Eterno e com a presença da Shekinah fluíam de seus lábios os versículos. Davi era descendente da tribo de Judá, portanto predestinado a ser rei. As tragédias de seu povo eram as suas próprias tragédias. A palavra Salmo em hebraico é Tehilim que significa Hino, porém a palavra hebraica mais usada é Mizmor. Portanto, os Salmos são cânticos, louvores ao Criador, pedidos de perdão, súplicas que revelam o sofrimento e as alegrias do rei Davi e de seu povo, incluindo as guerras, tanto com o rei Saul como com o rei Absalão, seu filho. Os Salmos também narram a vida deste povo no deserto, nos oásis, suas tendas, os pastores que orientavam seus rebanhos, as imagens de Jerusalém, com seus palácios e torres do magnífico Templo Sagrado. Davi, nos Salmos, deixa o temor aos céus e ao estudá-los a alma do homem se comunica com as forças superiores, originando a Teshuvah, ou seja, o retorno do homem ao Eterno. O trabalho espiritual realizado com os Salmos provoca a regeneração do homem, e eles se tornam uma riqueza espiritual para ele. O Eterno inspirou estes sentimentos, para que seus filhos tenham ante Ele a atitude de veneração e respeito necessária a todo aquele que deseja unir o céu com a terra e galgar os degraus da luminosa Escada de Jacó.

De acordo com a tradição os Salmos, na versão grega, atribui 73 Salmos a Davi, 12 a Asaf, 11 aos filhos de Coré, e os outros a Salomão e Moisés. Portanto o Livro dos Salmos consta de cinco partes ou livros, tal como a Torá. Moshê transmitiu à humanidade a Torá, ou seja, a palavra do Eterno, segundo o Judaísmo. Alguns Salmos são de difícil entendimento ou de verificar a continuidade entre um e outro, súbitas exclamações, uns rogando por salvação, outros mostrando a aflição do momento, mas nestes instantes de dor ou de angústia vemos a fé, a alegria e o louvor ao Criador. Davi compôs o Salmo 6 estando muito doente, doença esta que enfraquecia seu corpo, mas como homem íntegro e dedicado ao Eterno, aceitou as suas dores como meio de libertar a sua alma do pecado e da agitação. Portanto este salmo é a súplica de um doente ao Criador. O Salmo 8 anuncia a libertação para o mundo, a redenção para todos os males físicos e morais, e a restauração para toda a decadência física. O Salmo Hb 23 foi composto por Davi quando ele estava fugindo do rei Saul e seu exército, e se refugiou em uma floresta estéril e seca, mas o Eterno, Bendito Seja, não o abandonou. O Salmo Heb 91 foi composto por Moshê, que o dedicou à tribo de Levi.

Em João 15,23-25 existe algo que não condiz com a realidade. Trata-se da expressão está escrita na sua lei, a qual é atribuída a Iehoshua de Nazaré. A palavra Lei refere-se a Torá, e a profecia citada em João 15,23-25 não se encontra na Torá, mas no Salmo Hb 35, mas, na realidade, não se trata de uma profecia. Este salmo é uma oração de agradecimento que Davi fez ao Eterno, por ter ficado livre de Abimelec, que o perseguia, e para se livrar dele Davi se fingiu de louco. Em particular, os versículos 12-23 representam um grande ensinamento centrado no temor ao Eterno. Trata-se de reconhecer que Ele é poderoso, e que o homem não pode substituí-lo. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Esta é a luta que constrói a paz. Nesta luta o Eterno toma partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, o Eterno se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem. Com certeza, este salmo demonstra tratar-se de um fato relacionado ao próprio Davi. Ainda em relação a este salmo, Davi pede ao Eterno que o livre e traga destruição sobre os seus inimigos (Versículos 1-10), lamenta o ódio não justificado de seus inimigos contra ele (Versículos 11-16) e volta a solicitar ao Eterno livramento e justiça (Versículos 17-28). Em relação aos versículos 1-10 deste salmo, perguntamos aqui: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem destruídos? É provável também que este salmo tenha sido compôsto em uma época em que Davi estava sendo perseguido por Saul (I Samuel 24,15). A oração que Davi faz não está direcionada contra o próprio Saul, pois Davi poupara a sua vida, mas a oração é destinada contra aqueles que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi. Foi um fato histórico vivido por Davi, não uma previsão para uma ocorrência futura. Já o Salmo Hb 69 mostra o desespero de Davi durante a perseguição (Versículos 1-12), seu desejo de punição para seus inimigos (Versículos 13-28), e sua declaração de louvor (Versículos 29-36). Em relação aos versículos 13-28 deste salmo, perguntamos mais uma vez: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem punidos? Portanto, nenhuma das duas citações dos salmos mencionados em João 15,23-25 trata de uma profecia. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 17,12 sem referência aos livros proféticos

João 17,12: Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incubiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56 e Marcos 14,47-50, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 17,12 que possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 18,8-9 sem referência aos livros proféticos

 

João 18,8-9: Replicou Jesus: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.” Assim se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 71,12).

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56, Marcos 14,47-50 e João 17,12, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 18,8-9 que possa se enquadrar nela, e nem tampouco se conhece a existência da Escritura Jo 71,12. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,23-24 com referência ao Salmo Hb 22,19

João 19,23-24: Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.” Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sal 21,19).

Salmo Hb 22,19: repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.

A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 27,35 e pode também ser realizada com o Estudo de Mateus 26,30-35 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,31-36 com referência a Êxodo 12,46 e Zecharyah 12,10

João 19,33-36: Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Êxodo 12,46). E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zac 12,10).

Êxodo 12,46: O cordeiro será comido em uma mesma casa: tu não levarás nada de sua carne para fora da casa e não lhe quebrarás osso algum.

Zacarias 12,10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que transpassaram, como se fosse um filho único; chora-lo-ão amargamente como se chora um primogênito!

É incrível como os apologistas tentam relacionar determinadas passagens dos livros proféticos como sendo profecias, quando na realidade não são. Na realidade são fatos históricos e não profecias relacionadas a algum evento futuro. A passagem de Êxodo 12,46 não pode ser tomada isolada do seu contexto, pois desta forma estaríasse distorcendo o seu real sentido, como fizeram e fazem os apologistas cristãos para que passagens como estas se moldem ao que desejam. Portanto, vamos iniciar a partir do versículo 43:

 

O Senhor disse a Moisés e Aarão: “Eis a regra relativa à páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela; todo escravo adquirido a preço de dinheiro, e que tiver sido circuncidado, comerá dela, mas nem o estrangeiro nem o mercenário comerão dela.” (Êxodo 12,43-45)

Somente a partir daqui é que devemos prosseguir com o versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as determinações do Eterno a respeito de como os judeus deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem específicas a respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem comidos durante a celebração. É em relação a estes cordeiros, que o Eterno determina que nenhum dos seus ossos deve ser quebrado (Examinar os capítulos 1-11,16,17 e de 21-22 do livro de Levítico relatam como devem ser efetuados os sacrifícios expiatórios). Diante disto, os apologistas cristãos utilizam esta passagem do Evangelho de João para afirmar que, através de sua morte, Iehoshua de Nazaré passou a ser interpretado como o cordeiro pascal mencionado em Êxodo 12,43-45, e que foi morto para expiar o pecado de todos os judeus e não-judeus. Para demonstrar que isto não é verdade devemos saber que

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Amasias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar. Reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadã, e era de Jerusalém. Fez o bem aos olhos do Senhor, mas não com um coração inteiramente devotado. Desde que se sentiu seguro de seu poder real, mandou matar aqueles servos que tinham assassinado o rei, seu pai. Mas não mandou matar os filhos deles, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, onde o Senhor ordena: Os pais não serão mortos por seus filhos, nem os filhos por seus pais: cada um morrerá por seu próprio pecado. (II Crônicas 25,1-4)

“Perguntais por que não leva o filho a iniqüidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a eqüidade, e, como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá. É o pecador que deve perecer. Nem o filho responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará sua justiça, e ao mau a sua malícia. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer. Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.Terei eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva? E, se um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.” (Ezequiel 18,19-24) É recomendado que se estude todo o capítulo 18 do livro de Ezequiel.

Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate. Caríssimo é o preço de sua alma. Jamais conseguirá prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte, porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. (Salmo Hb 49,8-13)

Diante do que observamos acima, um pai alcoólatra e com sífilis, certamente irá transmitir aos seus filhos as conseqüências do pecado, mas não o pecado em si. Um pai ou uma mãe aidética transmitirá a enfermidade para o filho no ventre, mas não o pecado em si. O que se transmite, hereditariamente, são os efeitos do pecado e não o pecado em si. Mas a atitude de cada pessoa é de responsabilidade dela. A Torá nos ensina que:

 

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Observamos, assim, que o Eterno não permite que os filhos, que não possuem culpa, herdem as maldades dos pais, em termos espirituais, a ponto de morrerem por causa de seus antepassados. Por ironia, vale a pena acrescentar o que o próprio Iehoshua de Nazaré afirmou a respeito dos sacrifícios:

Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: “Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?” Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” (Mateus 9,10-13)

Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para come-las. Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: “Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado.” Jesus respondeu-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do homem é também senhor do sábado.” (Mateus 12,1-8)

“Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.” Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,1-6)

Assim, diante da passagem porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,6) , citada por Iehoshua de Nazaré em Mateus 9,13 e em Mateus 12,7, como, então, os apologistas cristãos ensinam que a morte de Iehoshua de Nazaré foi um sacrifício expiatório pelos pecados cometidos pelos judeus e não-judeus antes e depois dele? O cordeiro mencionado em Gênesis 22,13, que tomou o lugar de Isaac, foi chamado de cordeiro do holocausto. Etimologicamente, a palavra holocausto significa elevação, o que ascende, em referência à fumaça que se desprende do sacrifício, uma vez inteiramente consumido. Como mencionado em Deuteronômio 24,16 cada um morrerá pelo seu próprio pecado, pois somente o Eterno é quem pode perdoar os pecados.

Desta forma, para que Iehoshua de Nazaré fôsse o cordeiro do holocausto, como desejaram os apologistas cristãos, seria necessário transformá-lo em Filho de Deus. Para isto, seria necessário que estes apologistas ensinassem que Maria, mãe de Iehoshua de Nazaré, o concebeu por ação do Espírito Santo, ou seja, sem ter relações sexuais com José, seu esposo, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Assim, a virgindade de Maria passou a constituir um dogma da igreja romana.

Com o passar dos séculos, os cristãos, através do Símbolo Apostólico, confessaram que Iehoshua de Nazaré nasceu da Virgem Maria. Bem mais tarde, através do Credo Niceno-Constantinopolitano, os cristãos passaram a afirmar que Iehoshua de Nazaré se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. Inácio de Antioquia (50-117), também chamado Theophorus (ho Theophoros), atestou que o Filho de Deus verdadeiramente nasceu de uma Virgem. Uma das primeiras discussões a respeito de Iehoshua de Nazaré começou com o teólogo líbio e sacerdote no Egito, Arius de Alexandria (250-336) . Segundo ele, o Filho de Deus, o Verbo, o Logos, era mera criatura do Criador, e não co-eterno com Ele e de Sua mesma substância. Embora repleta de Platonismo, assim como os escritos de Paulo de Tarso, sua doutrina sustentava que só o Criador é eterno, imutável, incriado, divino. Para ele, o Filho é a primeira das criaturas, a mais excelente delas, e de uma substância diferente da substância do Criador. Não há Trindade, no pensamento ariano de tal forma que o Filho é uma criatura excelsa que se encarnou em Iehoshua de Nazaré, tomando o lugar de sua alma. Mas a Encarnação na visão ariana não significa que o Criador assumiu natureza humana, mas apenas a natureza da matéria, ou seja, da carne humana, deixando de lado a alma, que, segundo ele, era mera animação do corpo de Iehoshua de Nazaré, função esta do Filho, do Verbo. Por fim, Arius ensinava que Iehoshua de Nazaré não era o Criador quem assumiu a tal carne humana, uma vez que o Filho também não é o Criador. Tanto sucesso teve esta teologia de Arius, que Jerome (340-420), o tradutor da Bíblia para o latim (a Vulgata), chegou a afirmar que o mundo todo passou a ser ariano. Ao longo das discussões em torno das idéisa de Arius, destacou-se Athanasius (296-373), Bispo de Alexandria. Na época em que iniciou seu apostolado em prol da fé na divindade do Filho, Athanasius de Alexandria era diácono, secretário de Alexandre (?-326), Patriarca de Alexandria. Devido aos seus trabalhos teologais, alguns pontos da religião cristã começaram ser definidos através de dogmas no Concílio de Nicéia, no ano de 325. O Filho e o Criador, segundo as decisões dogmáticas do concílio, são consubstanciais, isto é, possuem a mesma substância, são ambos divinos. Assim, Iehoshua de Nazaré foi interpretado não como um simples homem animado por um outro ser espiritual, mas ele é o mesmo que este ser espitual. Mais do que isto, não apenas Iehoshua de Nazaré é uno com ele, como é uno com o Criador. Iehoshua de Nazaré é o próprio Criador. Ele não é um modo de agir do Criador, como ensinavam os sabelianistas, os quais negavam a Trindade para demonstrar a Unidade, mas uma outra pessoa, distinta, embora igualmente divina, e ainda que não seja um outro Criador. O Concílio de Nicéia foi o primeiro sínodo geral, e nele se proclamou a Trindade e a Unidade no Criador, conforme foi reafirmado mais tarde nos concílios de Constantinopla, Éfeso, Calcedônia e Florença. Em particular, o Concílio de Calcedônia, no ano de 451, declarou que Iehoshua de Nazaré nasceu de Maria Virgem. No ano de 553, o II Concílio de Constantinopla declarou que Iehoshua de Nazaré encarnou-se da gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria. O Concílio de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de Maria, no ano de 649, afirmando que seria condenado aquele que não confessasse, segundo os Santos Padres, que a santa e sempre Virgem e Imaculada Maria seja, no sentido próprio e segundo a verdade, Mãe de Deus que concebeu do Espírito Santo, o próprio Deus Verbo nascido do Pai antes de todos os séculos, sem o auxílio de sêmen, e deu à luz sem corrupção, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Na Bula Papal intitulada Cum Quorumdam Hominum, datada de 7 de agosto de 1555,

o Papa Paulo IV, Gianpetro Caraffa, (1555-1559), afirmou que Maria é Sempre Virgem, isto é, que é virgem antes, durante e depois do parto de Iehoshua de Nazaré. Liderando a Contra-Reforma, este papa implantou os guetos judeus, primeiramente na Itália e, depois, no Império Austríaco. Assim, como podemos comprovar, a divindade de Iehoshua de Nazaré não passa de uma decisão puramente humana.

Para finalizar, a análise de João 19,31-36já foi realizada no Estudo de Mateus 26,30-35. Porém vale a pena acrescentar, em relação à passagem de Zacarias 12,9-13, que o primeiro ato exigido para os judeus retornarem para o Eterno é reconhecê-lo como Único e Absoluto. Isto explica o significado da expressão voltarão os seus olhos para mim. O segundo ato exigido é reconhecer os pecados de idolatria cometidos. Como mencionado no Estudo de Mateus 26,30-35, o termo transpassado designa o próprio povo judeu que, devido aos seus pecados cometidos, sofreu a punição do exílio. Portanto, está claro que o termo transpassado é o próprio povo judeu e não uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 20,6-9 sem referência aos livros proféticos

João 20,6-9: Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

 A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas 24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 e no Estudo de João 2,22 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João. 

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