Pessach 5783/2023
Avadim ahinu – Fomos escravos
Comemoramos Pessach para conectar o passado com o presente.
Porque a abundância na qual vivemos pode nos levar a esquecer os Pessach celebrados nos guetos onde os portões eram fechados no entardecer, a pobreza de tantos de nossos antepassados que dependiam da ajuda da comunidade para terem matzá nas suas mesas, e os Pessach não celebrados nos campos de concentração.
Pessach não é somente a história de um passado remoto. É a possibilidade de ser parte de todas as gerações que vislumbraram na saída do Egito o fim de suas penúrias, e de um mundo sem opressão e injustiças.
Renovamos em cada Pessach a tradição, pois a celebração da liberdade não pode ser dissociada da liberdade com a qual celebramos a tradição.
A tradição vivida em liberdade nos permite sermos parte de comunidades na qual corresponde a cada indivíduo procurar seus laços e sentimentos de pertencimento.
A tradição tem muito a nos ensinar quando nos transmite valores ao serviço da vida e da justiça. E deve ser deixada de lado quando nos indica caminhos que nos desumanizam.
A narrativa da saída de Egito, de um povo que luta pela liberdade, continua vigente, mas não os castigos aos quais foram condenados os egípcios.
Lembremos que Moisés indicou que um povo livre é aquele que possui leis que valem para todos. E que os profetas criticaram aqueles que se preocupam com a forma e não com o conteúdo, e que os líderes que cometem injustiças devem ser combatidos.
Porque, em Pessach, somos parte de todas as gerações que foram oprimidas, e de uma tradição que não é uma camisa de força, agradecemos:
Shehechyanu, ve´quimanu ve’higuianu lazman haze.
Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.
Bernardo Sorj