O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
Dois termos não tanto conhecidos do vocabulário trivial de muitos dos leitores: de Marrano chamava-se a mouros e judeus ibéricos dos séculos XV ao XVII que à força foram convertidos ao cristianismo, de Malungo cumprimentavam-se mutuamente os nativos africanos em língua própria, também por esta época e que tem por fiel tradução a palavra portuguesa companheiro. Africanos escravizados e ibéricos expatriados tiveram uma mesma sina e porto: colonizar as novas terras, um novo continente.
O Nordeste Brasileiro foi dos setores geográficos mais promissores do Novo Mundo, figurou por mais de dois séculos como empresa agrícola rentável financeiramente, a fabricar e comercializar especiaria caríssima e muito procurada: o açúcar. Tudo economicamente girou em torno deste produto que encontrou na região solo propício e utilizou-se de mão de obra escrava para produzi-lo em larga escala e a baixo custo.
Misturaram-se numa mesma geografia econômica então, estes grupos étnicos específicos e naturalmente intercambiaram seus saberes milenares, esperanças futuras e as dores de um sofrer em comum: o banzo. Do que é o resultado dessa miscigenação trazemos muito hoje no dia-a-dia do modo de ser e viver nordestino, pernambucano, brasileiro: não há campo desta cultura, de vida social que, somando-se aos antigos nativos, não contenha um pouco ou muito de Marrano e um pouco ou muito de Malungo (África e Península Ibérica).
Entender o que há de específico em cada grupo etnicorracial descendente brasileiro pode ser uma atividade antropológica e histórica louvável, vez que vem a fortalecer genuínas culturas, tradições originais, mas por ser praticamente uma condição da brasilidade o miscigenar, é sempre inevitável a interação e encontro com outros grupos etnicosraciais.
No Pernambuco, Nordeste e Brasil de hoje, das políticas públicas e/ou sociais em defesa da identidade de específicos grupos etnicosraciais, talvez possa haver a percepção desta comum condição dos antigos Marranos e Malungos: viver e morrer fora do solo nativo, fato que ao certo contribuiu a promover entre estes, estreitos laços sócio-culturais.
Deste foco antropológico, étnico e histórico aqui proposto há muitíssimo o que se abordar e, como bem sabe-se, muitas são as possibilidades comparativas dos grupos formadores da brasilidade, ou seja, múltiplas outras combinações podem ser propostas ao melhor entendimento da cultura regional, da cultura brasileira.
O intercâmbio cultural iniciado no Brasil há cinco séculos parece ainda está em curso, sem ter-se esgotado, embora sedimentado. E de tão amplo que abarca – três continentes ao menos – é de fato o maior feito de miscigenação criado na história humana moderna, inclusive a forjar, como outras vezes dito, uma nova civilização nos trópicos.
Walter Eudes
Comunicador Social
waltereudes@gmail.com
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Marranos e Malungos Por Walter Eudes
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