JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Brasileiro que combateu na II Guerra falece no RJ por Israel Blajberg

 

 Faleceu na terça-feira 13 ago 2013 no Rio de Janeiro um dos ultimos pilotos de caça que participaram das operações aéreas brasileiras na Itália combatendo o nazismo na Segunda Guerra Mundial, o Brigadeiro Rui Moreira Lima, aos 94 anos e 2 meses. Recentemente havia recebido da Assembleia Legislativa de sua terra natal, o Maranhão, a Medalha Manuel Beckman, o cristão-novo que antes de Tirdentes já dera a vida lutando pelo ideal da Independencia. Rui era Conselheiro-Nato da ANVFEB – Associação Nacional dos Veteranos da FEB. Abaixo transcrevemos o pronunciamento do Brigadeiro Moreira Lima no Dia do Holocausto de2008 e a Nota Ofical do Comando da Aeronáutica.

rui-artigo

Discurso do Brigadeiro na cerimonia de 24 de Janeiro de 2008 no Itamaraty, organizada pela FIERJ-Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e o Centro de Informação da ONU no Rio de Janeiro, no Salão Nobre do Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro, com a honrosa presença do Exmo. Sr. Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, do Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, do Exmo. Sr. Governador do Estado da Bahia Jaques Wagner, diversas autoridades de todos os escalões, militares, ex-combatentes brasileiros e de nações amigas, partisans, líderes comunitários e religiosos.

Quando entrei aqui na casa, um repórter me perguntou se era necessário uma reunião desse tipo para relembrar. Agora mesmo tivemos aqui um palestrante que fez um discurso muito bonito, em que ressaltou não se poder esquecer um fato dessa natureza, porque não se compreende que a vida humana haja sido tratada dessa maneira, com tamanho desprezo, com deboche, com raiva.

Judeus, poloneses, russos, prisioneiros, eslavos, ciganos, essa gente toda foi morta, morta friamente, com vontade de matar. Não era a Alemanha, eram os nazistas, é preciso que se preste muita atenção, os nazistas, esses bandidos, insensíveis, matadores profissionais, matavam de uma maneira terrível, foram escolhendo, foram matando aos poucos, matavam nas valas, depois criaram salas de biometria, medindo peso, altura.

Assassinavam com um tiro na cabeça, na nuca, a vítima caía sobre um lençol; mas estava se gastando muito lençol, muita lentidão, passaram a matar pela fome, tirando a comida. Estou falando como membro de um esquadrão da Força Aérea que combateu na Itália, que combateu contra o nazifascismo. Nesse meu esquadrão éramos 49 pilotos, 9 morreram em combate, 5 caíram prisioneiros, 3 foram recolhidos pelos partisans, pelos guerrilheiros, e ficaram até o fim da guerra, 6 voltaram por doença, estafa aérea, pneumonia, problemas de coluna, infelizmente um, por covardia; não se pode apontar, porque nasceu assim, geneticamente; essa pessoa nem poderia estar ali, mas foi, e voltou.

Por isso é que vocês, judeus estão aqui, reunidos e eu estou aqui com vocês, batendo palmas, e gritando, por que; EU VI! EU VI!

(Palmas intensas)

Nós tivemos um colega que foi prisioneiro em Sztetin. Ninguém sabe por que que ele caiu na Itália, atravessou a Alemanha e foi parar na fronteira da Polônia, Prússia Oriental. Permaneceu preso até a ocupação, perdeu 12 kg esse rapaz. A comida eram 3 batatas por dia, um pedacinho de pão, um chá de ersatz, uma sopa no fim da noite que também não era sopa, era alguma coisa rala qualquer.

Eu até não digo nada contra os alemães, porque também estavam passando fome, eles estavam passando mal. Mas esse homem, neste campo de prisioneiros, eram 10 mil prisioneiros, lá em Sztetin ele reclamava por falta de comida: mas não estão dando comida, vamos morrer, cada dia morria alguém, inanição, entrava em avitaminose, caiam os dentes.

Foi montada uma ponte aérea de B-17 para transporte dos prisioneiros libertados. Esse colega meu estava no campo, um dia saiu e foi visitar um campo de judeus. Ele era mineiro, sabe Dornellles (Senador Francisco Dornelles), era mineiro, e me dizia: Rui você nunca me viu chorar, seu apelido era “Moita Paes”, falava pouco.

Quando escrevi um livro, “Senta a Pua”, contando a história do Grupo de Caça, ele disse o seguinte: Quando vi o quadro, fiquei com vergonha, com vergonha de ter reclamado, por ter sido maltratado nesse campo… Por aí vocês têm uma idéia… É uma pena que só tenha esse tempo para falar….

(Palmas intensas)

O Brigadeiro retorna ao seu lugar intensamente ovacionado pelo público de pé.

NOTA OFICIAL – COMANDO DA AERONAUTICA

O Comando da Aeronáutica lamenta informar o falecimento do Major-Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, ocorrido na manhã de 13 de agosto na cidade do Rio de Janeiro. O herói de guerra morreu às 3h30 no Hospital Central da Aeronáutica, onde estava internado havia dois meses.

O velório será realizado a partir das 11h30 no auditório do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), na Praça Marechal Âncora, 15-A, no Centro do Rio de Janeiro. O sepultamento está marcado para as 16 horas no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Nascido na cidade de Colinas em 12 de junho de 1919, o Major-Brigadeiro do Ar Rui ingressou nas Forças Armadas em 31 de março de 1939. Foi piloto de combate no 1° Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o combate, executou 94 missões.  Posteriormente, foi comandante da Base Aérea de Santa Cruz.

É o autor do livro Senta a Pua!, no qual conta as memórias dos combates no teatro de operações na Itália. Posteriormente, o livro ganhou uma versão em documentário, com o mesmo nome.

Brasília, 13 de Agosto de 2013.

Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Exibições: 134

Comentar

Você precisa ser um membro de JUDAISMO HUMANISTA para adicionar comentários!

Entrar em JUDAISMO HUMANISTA

© 2024   Criado por Jayme Fucs Bar.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço