JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Todos falam de Paz...Escrito por Bruno Lima da Conexão Israel

Em uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Israelense para Democracia, 66% dos Israelenses dizem ser a favor das negociações de paz com os palestinos. Especificamente, 90% dos entrevistados árabes contra 60% da população judaica concordam com o processo.

 

Um panorama positivo, não? Seria, se a mesma pesquisa não apresentasse os seguintes dados:

55% da população se opõe ao retorno as fronteiras de 1967 (contra 38% que se demonstram a favor).

48% da população se opõe (contra 43%) a transferência dos territórios ao redor de Jerusalém a Autoridade Palestina, mesmo com um acordo em relação a lugares sagrados.

52% (contra 44%) da população se opõe a evacuação dos assentamentos mesmo que esta não ocorra em Maaleh Adumim, Ariel e nos blocos de assentamentos.

67% (contra 28%) da população se opõe a reconhecer o direto de retorno de uma parcela de refugiados palestinos acompanhada de uma compensação financeira a outros.

Diante desses dados algumas perguntas tornam-se relevantes: o que os 66% da população israelense pensa quando se diz a favor das negociações de paz com os palestinos? O que essa parcela da sociedade está disposta a ceder para alcançar a paz? Por fim, o que o israelense entende por “negociações de paz com os palestinos”?

Para responder a essas perguntas seria necessária uma avaliação qualitativa dos dados; ou seja, entrevistas pessoais, investigação psicológica, análise de aspectos sociais, avaliação histórica das negociações, etc. Seria necessário e tomaria um longo tempo para que encontrássemos uma explicação plausível para o quadro com o qual nos defrontamos. No entanto, na mesma pesquisa alguns dados nos dão indícios por onde iniciar as nossas especulações:

67% da população judaica, contra 27% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto ao retorno as fronteiras de 1967.

57% da população judaica, contra 44% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a transferência dos territórios ao redor de Jerusalém a Autoridade Palestina, mesmo com um acordo em relação a lugares sagrados.

60% da população judaica, contra 31% da árabe, se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a evacuação dos assentamentos mesmo que esta não ocorra em Maaleh Adumim, Ariel e nos blocos de assentamentos.

81% da população judaica contra 16% da árabe se opõe ou não tem uma opinião formada quanto a reconhecer o direto de retorno de uma parcela de refugiados palestinos acompanhada de uma compensação financeira a outros.

Os números acima indicam uma direção à explicação que buscamos: a população judaica, por mais que esteja majoritariamente a favor das negociações, não está disposta a considerar as possibilidades que conduziriam a uma conclusão positiva desse processo. Talvez isso explique os quase 70% (sim, 70%!) da população judaica que não acredita que as negociações terminarão com a paz. Não me surpreende a descrença quanto ao processo de paz; ela é coerente com a ausência de possíveis soluções. Surpreende-me, no entanto, os 65% da população judaica que se demonstram a favor das negociações.

Diante desse quadro, três explicações parecem-me plausíveis:

 

(1)  A população judaica em Israel não entende o significado da palavra negociação.

(2)  A população judaica em Israel não está disposta a ceder. Negociação significa receber e, somente, receber.

(3)  A população judaica em Israel é esquizofrênica. Seu super-ego vislumbra uma realidade que contradiz seus instintos (id). Seu ego já não é mais capaz de controlar esse conflito interno e o colapso torna-se iminente; um distúrbio instalado na mentalidade judaica israelense.

As três possibilidades têm que ser rigorosamente analisadas. De fato, uma explicação para essas contradições torna-se fundamental para que as negociações adquiram legitimidade; uma explicação torna-se necessária para substituirmos a vazia pergunta “se somos a favor da paz” por uma que nos indique com maior precisão a mentalidade israelense. Por agora, o que podemos fazer é nos acomodar em nossas poltronas e assistir a mais um capítulo da vigésima temporada da série “todos falam de paz … (mas ninguém fala de terra)”.

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