JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

As Eleições em Israel e o Gato de Schrödinger por Gabriel Paciornik da Conexão Israel

Entramos num momento Física Quântica da política israelense!*

*Os paralelos são dois: Um; que se você sabe para que lado vai um partido, não dá para saber quantos votos ele vai receber. Mas se você sabe quantos votos ele vai receber, não sabe para que lado vai.

O outro é que, como na física quântica, se você acha que está entendendo alguma coisa, é porque não está entendendo nada.

Israel é um país parlamentarista, onde o jogo do poder se resume em montar coalizões. Não adianta ser do partido mais votado se você não consegue montar o governo (como Tzipi Livni, nas eleições retrasadas). Mas também não adianta formar uma coalizão só para montar o governo se as vozes não se entendem (como neste último governo, desfeito pelo próprio primeiro-ministro, que não concordava com a própria bancada governista).

Até uns dez, quinze anos atrás, era jogo de cartas marcadas. Havia dois grandes partidos, um de centro-esquerda, outro de centro direita, e quem ganhasse a maioria dos votos acabava se juntando com outros partidos alinhados e formava o governo. Era fácil assim. Ou Likud, ou os trabalhistas. E então aconteceram duas coisas que mudaram o cenário político profundamente.

O primeira foi a Segunda Intifada. Ela acabou com boa parte da motivação do discurso da esquerda israelense, sempre centrado no diálogo e na criação de um futuro Estado palestino. O povo sentiu-se profundamente traído por Arafat e, de certa forma, pela própria esquerda, que edificou os Acordos de Oslo. A partir daí, de forma firme e consistente, a população, de maneira geral, foi ficando cada vez mais direitista e, recentemente, extremista também.

A segunda coisa foi a mudança econômica pelo mundo e em Israel. Embora não haja uma crise econômica séria ou claramente delineável, e nem sequer tenha havido um episódio traumático ao longo desses últimos anos, é consenso que Israel está muito cara, os salários estagnados há anos e o antigo “Estado de Bem Estar Social” se esfacelando. Isso trouxe para as ruas, em 2011, uma multidão de gente pedindo mudanças. E mudanças vieram, especialmente nos discursos dos partidos de oposição (na prática, muito pouco foi feito). Mas o importante é que, cansados de brincar de pega-pega com os palestinos, e combalidos da situação econômica, os israelenses tem votado cada vez mais com o bolso.

E agora, teremos eleições. Depois de uma briga dentro da coalizão, que parecia mais com a discussão de duas periguetes bêbadas, tentando decidir quem senta no banco da frente do carro. Bibi gritou: “Chega, não quero mais brincar” e, como dono da bola, saiu do campo. Sim, foi feio assim. Deixou a comunidade jornalística de boca aberta e sem explicação convincente nenhuma.

O Likud saiu mal na fita. Já ia mal. Na tentativa de provar quem era mais patriótico, entrou numa paranoica briga com o partido do Lieberman e com o HaBait HaYehudi, do neo-super-amiguinho-da-garotada Naftali Bennett. Yair Lapid decepcionou a todo mundo. Até aqueles que sabiam que iriam se decepcionar com ele.

E agora? Agora Livni se junta a Isaac Herzog. Ela faz que nunca foi de direita. Ele, que o Avodá  (Partido Trabalhista) ainda é um partido de esquerda. Funcionou: juntos, ganham mais votos do que separados.

Bennett tem briga dentro de casa. O seu partido também esteve por se esfacelar. E a genial união entre os Religiosos Ultranacionalistas e os Direitistas Ultranacionalistas pode se desfazer por questões de ego.

Shas, partido ultrarreligioso sefaradi (judeus orientais), sempre uma importante peça para coalizões, está se desfazendo também. Eli Yishay, que foi o líder por tanto tempo, além de número 2, decidiu formar o próprio partido. Pois é… O monolítico Shas.

Moshe Kahlon. Era do Likud, saiu e decidiu agora voltar à política. Ele é popular e, o mais importante, não diz o que pretende com relação à segurança e os palestinos. Fica assim, sem rejeições, amado por todos e coringa forte para qualquer coalizão.

Lapid não se pronunciou ainda. Deve estar armando sua própria liga da justiça para vencer o custo de vida e fazer o que, sejamos justos, nem sequer teve tempo para tentar neste mandato.

Lieberman, o mais ensaboado dos políticos de Israel, sem nem sequer um pingo de vergonha na cara, já anunciou que não teria problema nenhum de sentar-se num governo Avodá-Livni.

Enfim, fica difícil prever que tipo de governo Israel poderia vir a ter, porque nem sequer está claro que tipo de coalizão os partidos viriam a fazer, especialmente porque nem se sabe exatamente quais os partidos disponíveis! Uma coisa é certa: será um governo parecido com o que se rompeu: com vozes díspares na coalizão, com muito pouco raio de ação e que só com a habilidade de um grande líder (que não existe hoje) poderia-se atuar com eficácia no campo de política interna e externa.

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