JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Os 10 mandamentos [mitzvot] para o judaísmo de nossos tempos - Jayme Fucs Bar

 1 - Entender o conceito do Único

Essa mitzá é um dos conceitos básicos do judaísmo, que bem explica a base dos princípios judaicos. Isso quer dizer que todos os seres humanos são iguais nos mais amplos aspectos transcendentes: somos iguais desde a nossa origem, somos iguais na responsabilidade que temos uns para os outros, somos todos parte dessa unidade, somos todos parte integral desse Único. Ele é o Tudo, Ele é o Nada, Ele é a Natureza, Ele é o Universo, Ele é o Equilíbrio, Ele é a Vida Sagrada. Somos parte inseparável desse “Um”, desse “Único”, independentemente de nacionalidade, raça, cor, crença e religião.

 

2 – Amar ao próximo como a si mesmo

Essa mitzá é considerada uma das mais importantes. O famoso Rabino Akiva dizia: “Amar ao próximo como a si mesmo, este é o maior princípio da Torá”. Ao cumprir essa miztvah, é como se todas as 613 miztvot estivessem sendo cumpridas. Essa importante reflexão judaica sobre o amor ao próximo pode ser entendida em múltiplos níveis, que se passam num diálogo constante entre o Único e o ser humano, entre o ser humano e o outro, entre o ser humano e si mesmo. O Rabino Pinchas Hacohen Peli, um famoso professor da Universidade de Ben Gurion, dizia sempre aos seus alunos: “Cada um de vocês deve interpretar os Dez Mandamentos em preceitos personalizados, ou seja: não roubar de si mesmos, não matar a si mesmos e não cobiçar de si mesmos, mas, sobretudo, amar a si mesmos como forma de aprender a amar o próximo”.

 

 

3 – Estudar a Torá

A mitzá de estudar a Torá é parte inseparável do judaísmo. Independentemente da corrente ou da crença particular de cada um, todas terão em comum a Torá como fonte de estudo e orientação, pois ela é a pedra fundamental da civilização judaica. A Torá é a referência originária do significado da moral e da ética do ser humano, é a fonte de nossa sabedoria, de nossa cultura e tradição. Segundo os sábios, a Torá tem setenta faces: somente estudando a Torá encontraremos a face que buscamos. Talvez nessa face encontremos a chave para ajudar a enfrentar os desafios humanos da atualidade.

 

4 – Procurar a espiritualidade

Neste mundo materialista, consumista e competitivo no qual vivemos, essa mitzá é de extrema importância, como uma forma de não deixar os valores judaicos se transformarem em algo puramente instrumental em nossas vidas. Os costumes judaicos não devem ser simplesmente “fazer as coisas porque assim fazemos”, o que infelizmente é uma prática muito comum em certas correntes do atual judaísmo tradicional. O judaísmo é, em sua essência, cheio de valores espirituais e humanos, o que resulta na necessidade de sabermos a razão de fazermos tudo o que fazemos! O sábio Emmanuel Levinas dizia: “O judaísmo é uma religião para adultos”! Ele queria dizer que devemos praticar o judaísmo na sua profundidade espiritual, buscando na essência do espírito da Torá por essa espiritualidade, que vem sempre acompanhada de uma mensagem humana.

 

5 – Educar

Essa mitzá trata da base da continuidade judaica, pois a educação tem um papel fundamental na vida de judeus e judias. A identidade judaica é fortalecida e preservada pela educação. A família, a escola judaica, o movimento juvenil e a vida comunitária têm uma importância central na formação da identidade de um judeu e de uma judia, pois são espaços onde se pratica, se estuda e se vivencia sua cultura, suas festividades, suas tradições e seu ciclo da vida, criando e mantendo os rituais judaicos, invocando e valorizando o estudo da sua história, sua filosofia, sua literatura e todo tipo de manifestações culturais judaicas, sempre em um ambiente livre e pluralista.

 

6 – Tzedaká

A mitzá da tzedaká é fundamental na vida de todos os seres humanos. O próprio Maimônides, também conhecido como Rambam, foi um dos primeiros a criar uma rede social dentro do marco de uma estrutura comunitária judaica, que denominou “kupah”.[1] Segundo Maimônides, redes de assistência deveriam ser criadas em toda cidade onde vivem judeus, para que, toda sexta-feira antes da entrada do shabat, os dignos da comunidade contribuam na caixa social, a kupah. Essa será a forma criada por Maimônides para colocar essa mitzá em prática, em que o dinheiro arrecadado se aplica principalmente na educação e na ajuda dos necessitados. A rede social vai garantir a manutenção dos mais pobres, investindo na educação e na formação de seus filhos como forma de romper o ciclo da pobreza.

 

7 – Manter nossos laços com a Terra de Israel

Essa mitzá lembra as nossas origens e sobre a relação inseparável do judaísmo com a Terra de Israel. Devemos constantemente vincular nossos laços com a Terra de Israel como centro de nossa cultura e civilização. A vida judaica nas comunidades deverá estar sempre ligada ao conceito de que o judaísmo e Israel são inseparáveis, pois sua história, cultura e tradições estarão sempre interligadas, mesmo que muitos judeus continuem vivendo em lugares diferentes no mundo. Essa mitzá nos lembra do nosso compromisso com o destino do atual Estado Judeu, que deverá cumprir, na prática, a Carta Magna de sua independência como meio de almejar o estado anunciado pelos sonhos e pelas profecias dos profetas de Israel: um Estado Judeu baseado na paz com seus vizinhos, no respeito mútuo entre os povos, um estado de justiça, de solidariedade, de igualdade e de direitos para todos os seus cidadãos.

 

8 – Abençoar a criação

 Essa mitzá está vinculada ao shabat, que é o dia da semana em que abençoamos e homenageamos a criação de tudo o que existe neste mundo. Essa é uma lei universal que garante a todos os seres humanos um dia de descanso semanal. O shabat é a hora da transição, é o momento em que paramos o nosso ritmo semanal que foi repleto de trabalho, compromissos, tensões e preocupações. Esse é o momento de dar a nós mesmos um dia da semana especial, um dia realmente diferente dos outros dias, um dia para estarmos juntos com a família, entre amigos e em nossa comunidade. É o dia em que devemos passear, meditar, namorar, falar de coisas boas, o dia especial para estar com nossos filhos e, sobretudo, se deslumbrar junto à natureza e abençoar a vida.

 

9 – Kashrut social e ecológica

Essa mitzá é uma necessidade imediata na vida de todos os seres humanos em nossos tempos. Ela foi alertada já no final dos anos 1970 pelo sábio Rabino Zalman Schachter-Shalomi, que viu a necessidade de fundir o tradicional conceito judaico das leis dietéticas com um novo termo, criando o “Eco-kosher”.

O Eco-kosher está conectado não somente com a prática dietética judaica, mas, também, a necessidade de uma responsabilidade social e ecológica ampla. A Torá é uma fonte repleta de leis sociais e ecológicas claras, não menos importante que as leis dietéticas. Ela fala claramente da obrigação de um tratamento justo aos direitos dos trabalhadores e na responsabilidade ambiental. Essa mitzá é um alerta sobre como cuidar das coisas vivas, como guardar a natureza e como respeitar o outro com dignidade, pois no judaísmo a vida e a natureza são sagradas!

 

10 – A prática do ciclo da vida judaico e suas festividades

Essa mitzá está relacionada diretamente ao dia a dia da vida judaica, familiar e comunitária. Cada passo da prática do ciclo da vida judaica — brit milá, bar mitzá, casamento e sepultamento — e a comemoração de nossas festividades são evidências desta nossa trajetória de mais de 4 mil anos na história da humanidade. Essa mitzá tão importante é, na prática, a vivência de nossas tradições e costumes, cada comemoração sempre acompanhada de mensagens humanas de valores culturais, morais e éticos. No fundo, o dever dessa mitzá é passar esse legado de geração a geração.

Exibições: 89

© 2024   Criado por Jayme Fucs Bar.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço