JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Na falta de um pouco de melancolia preventiva, capaz de disparar alertas de incêndio antes de o sonho desandar em tragédia, vamos assistindo às novas tentativas de fazer o show continuar. Se Lula desejasse ser o nosso Nikita, teria aproveitado o ultimo congresso do PT em Salvador. Nikita Kruschev, que veio para matar o stalinismo e ocupar o seu lugar, usou o vigésimo congresso do partido comunista para denunciar os crimes de Stalin. Apesar de todos saberem da barbárie stalinista, os membros do partidão espalhados pelo mundo preferiam dizer que era tudo propaganda do capitalismo internacional. As empreiteiras da época estavam no campo oposto.

Walter Benjamin, que soube atravessar marxismo e conceitos místicos judaicos, alertava para a necessidade da melancolia para modular o pensamento. Criticava os marxistas que olhavam para o futuro como se a revolução proletária fosse coisa garantida, e a história caminhasse em direção a um fim previsível. Inexorável. Os imprevistos da história não participavam de suas avaliações.

O ufanismo militante dos marqueteiros partidários não permite reflexões. Nem dá lugar para autocritica. O jeito é potencializar emoções e travestir diferenças sociais de ideologia revolucionária, para melhor realizar projetos pessoais. Um dos maiores legados da tática petista das ultimas eleições é a legitimação da extrema direita. De tanto bater no “eles” contra “nós”, o “eles” acabou acreditando que existe, tem força, e foi para as ruas destilar o seu próprio ódio corrosivo pedindo a volta dos militares.

Num carnaval na década de sessenta, olhávamos a passagem de um bloco de sujo quando um vizinho resolveu se lembrar da política. Prestes teria dito que a nossa revolução só andaria se fosse à base de pandeiro, tamborim e reco-reco. Faz sentido. Por falta de melancolia capaz de calibrar fantasias com uma dose de realidade, a festa que andamos assistindo vai terminando numa depressão pós-euforia. Uma quarta feira de cinzas que promete ser longa.

Walter Benjamin, expert em diagnósticos, andou dizendo que promessas revolucionárias não cumpridas costumam abrir as portas para a terrível realidade do fascismo. Eduardo Cunha que o diga.

Tomara que Benjamin esteja errado.

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