Yehuda Amihai em Uma grande quietude: perguntas e respostas
( Shalva Gdolá: Cheelot Ve Tshuvot) .
Traduçao: Paulo Blank
Em tempos sombrios a voz da poesia ecoa possibilidades que as paixões e os interesses não permitem alcançar. Em Amihai encontro antídotos ao ódio que limita. Sempre que o pensamento corre perigo vozes dissonantes se tornam fundamentais. Se puderem ajudar na divulgação deste poeta .
Um pastor árabe à procura do seu cabrito no Monte Zion,
no monte em frente procuro o meu filho pequeno.
Um pastor árabe e um pai judeu
em fracassos temporários.
Nossas vozes se encontram sobre
a Piscina do Sultão no vale entre os dois montes.
Ambos desejamos que não entrem
o filho e o cabrito no processo
da terrível máquina do Had Gadia.
Entre arbustos os encontramos mais tarde,
nossas vozes retornaram até nós e riram e choraram entre eles.
Nestes montes
a procura de um cabrito ou um filho
sempre foram
o começo de alguma religião.
Had Gadia: um canto da noite de Pessach. Começa por um cordeiro comido por um gato e segue numa sucessão em que um personagem mata o outro. Transformou-se em símbolo da maquina mortífera das relações entre árabes e judeus. Hava Albertein gravou uma versão disponível em: http://www.vagalume.com.br/chava-alberstein/had-gadia-traducao.html...:
a finalização da letra:
“ Essa noite me vem uma pergunta
Até quando durará esse ciclo infernal?
Do opressor e do oprimido,
Do carrasco e da vítima
Até quando essa loucura
Alguma coisa mudou
Eu mudei este ano
Eu era um cordeiro bom
Eu me tornei um tigre e um lobo selvagem
Eu era uma pomba, uma gazela
Hoje eu não sei quem eu sou”