JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Há pessoas tão dotadas, espiritualmente, que sentem uma conexão tão forte com D'us que não podem sequer entender como alguém pode, voluntariamente, transgredir a Vontade Divina. Tais pessoas são conhecidas como Tzadikim.

No entanto um verdadeiro líder de Israel - um homem como Moshé e Aaron - é aquele que comunga intensamente com toda alma judia, chegando a sentir suas lutas e suas dores, erros e arrependimentos. Um desses líderes foi um homem que levava em seu nome o nome de seu povo: Rabi Israel, o Baal Shem Tov. Cabalista e milagreiro do mais alto nível, ele amava e defendia qualquer judeu. Revolucionou o pensamento judaico ensinando seus discípulos - Tzadikim e místicos eles próprios e, posteriormente, os mestres espirituais do judaísmo europeu - que a função de um líder judeu é ajudar, empatizar e defender; jamais castigar e condenar.

A história que segue reflete o espírito do Baal Shem Tov.

Um de seus discípulos era Rabi Yechiel Michal de Zlotchov. Ele era conhecido como um Tzadik Gamur - um Justo, no sentido amplo e completo da palavra - que possuía Ruach Hakodesh - o espírito da santidade. Este nível de percepção divina, quase beirando o da profecia, era característico de sua família há dez gerações.

Ocorreu, certa vez, que um cocheiro que vivia na mesma aldeia que o Rabi Michal violou o Shabat, arrependendo-se depois do pecado. Foi, então, ao rabino da aldeia para ver o que podia ser feito para expiar sua transgressão. O rabino, vendo que o homem estava sinceramente arrependido, disse-lhe que deveria doar velas para a sinagoga e que, com esse gesto, seu pecado seria perdoado. Quando o Rabi Michal de Zlotchov tomou conhecimento daquilo, não o aprovou. Como poderiam simples velas expiar uma violação do Shabat? E foi assim que numa tarde de sexta-feira, quando o cocheiro levou as velas de Shabat para a sinagoga, surge subitamente um cão, rosna diante das velas e as come antes de serem acesas.

Vendo o acontecido, o cocheiro ficou desolado; voltou ao rabino e contou que o incidente fora um sinal dos Céus de que o Eterno não havia aceitado sua oferenda pela expiação. O rabino lhe assegurou que tinha sido apenas uma infeliz coincidência e que, se ele levasse velas no Shabat seguinte, sua falta grave seria perdoada. Mas, na semana seguinte, outra ocorrência infeliz envolve as velas. E assim continuou a ocorrer até que, por fim, o rabino admitiu que havia algo errado. Aconselhou o cocheiro a visitar o famoso místico, Baal Shem Tov, que tinha formas de ajudá-lo na tentativa de expiar seu pecado.

Quando o homem chegou ao Baal Shem Tov, o grande cabalista percebeu, com seu Ruach Hakodesh, que seu discípulo, o Rabi Michal, tinha parte no que estava acontecendo. Diz, então, ao cocheiro que ele devia ofertar velas de Shabat à sinagoga ainda outra vez, podendo confiar de que dessa vez tudo daria certo.

Na sexta-feira seguinte, o Baal Shem Tov convocou o Rabi Michal para passar o Shabat em sua companhia. Metzibush, sua cidade natal, não era longe de onde vivia o Rabi. Mas, apesar da viagem entre os dois pontos ser curta, Rabi Michal teve uma série de imprevistos no caminho: os cavalos que puxavam a carruagem se perderam na floresta, depois um dos eixos se quebrou e, assim, sucediam-se os problemas que causaram um grande atraso naquela que devia ter sido uma rápida viagem. Quando o Rabi finalmente entra em Metzibush, a tarde de sexta-feira ia avançada e o sol já se punha, o que fez com que o grande Tzadik temesse estar violando o Shabat por viajar no dia santificado.

Quando chegou diante do Baal Shem Tov, amargurado e com o espírito derrotado, seu Mestre o recebeu aos brados: "Venha cá, pecador! Até hoje, você desconhecia os sentimentos de um judeu pecador, desconhecia sua tristeza. Agora você perceberá que as velas são suficientes!"

Na verdade, o Rabi Michal não violara o Shabat. O Baal Shem Tov jamais usaria seus poderes para causar problemas a quem quer que fosse, o que dizer, então de levar um Tzadik a transgredir a Vontade do Criador. Mas o fundador do Movimento Chassídico queria ensinar uma lição de empatia e perdão a seu grande discípulo.

O Baal Shem Tov ensinava que para que a Teshuvá fosse eficaz, bastava que um judeu realmente se arrependesse de seu erro e oferecesse algo de si para retificar o mal cometido. Ele defendia aqueles que se viam intimidados e levados a acreditar que sofreriam por seus pecados. Um dos grande temas da Revolução Chassídica foi que a pessoa ascende espiritualmente quando zela e empatiza com seu próximo, julgando-o favoravelmente e servindo com júbilo Áquele cujo amor e misericórdia são Infinitos.

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