JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Existem duas fontes de estatísticas demográficas judaicas: os censos demográficos oficiais e as pesquisas de agências e instituições comunitárias. Nem todos os recenseamentos oficiais coletam estatísticas de religião, enquanto o órgão estatístico judaico privado mostrou-se, onde quer que tenha sido organizado, um substituto precário para os censos oficiais. Em consequência, as estatísticas demográficas judaicas são incompletas e deficientes por natureza.

Os governos que coletam estatísticas demográficas sobre as diversas religiões o fazem por meio dos censos demográficos decenais. Seu objetivo é enumerar os membros de cada grupo. A questão concernente à religião aparece na forma de um item separado no questionário. É dirigida a cada indivíduo, ao qual pede-se que declare sua religião com suas próprias palavras, não importando se frequenta uma igreja ou templo, se pertence a ela ou observa todos os seus regulamentos. O método da auto-identificação também não permite distinguir aqueles que nasceram de uma família judaica daqueles que se converteram, formal ou informalmente.

Um arraigado antagonismo contra a inclusão de um quesito religioso no censo demográfico impede muitos governos, contudo, de coletarem estatísticas, tanto acerca de judeus, como de outros grupos religiosos. Esse antagonismo é muito comum nos países democráticos, e baseia-se na convicção de que a religião é um assunto íntimo e privado de cada indivíduo. Alega–se também que não apenas viola o princípio da liberdade de consciência como, despertando em quem está sendo entrevistado suspeita de preconceito, terá efeito negativo na exatidão das respostas. Ou ainda teme-se que as informações possam ser interpretadas sob luz negativa ou preconceituosa.

Infelizmente tais temores tem justificativas históricas. No passado, mais de uma vez, e em mais de um país, uma legislação discriminatória se seguiu ao censo. Evidentemente, a situação é diversa nos modernos estados democráticos. O censo não é mas temido como fonte de legislação discriminatória. A pergunta sobre religião do questionário (formulado simplesmente como “qual é a sua religião?”) permite que o indivíduo declare o seu credo particular, ao passo que as tabelas finais publicadas classificam as respostas em função de variáveis como sexo, idade, lugar de residência etc. Finalmente, as respostas à questão religiosa são opcionais. Não há sanção alguma para a recusa em responder a esta questão, enquanto que as demais costumam ser obrigatórias, obrigatoriedade esta usualmente assentada sobre algum dispositivo constitucional.

Porém, antigas suspeitas não morrem facilmente. Atualmente existem muitos países em que se acha indesejável uma solicitação direta, ainda que opcional, para que se declare a opção religiosa. Isso é muito comum em países que guardam em sua história episódios de conflitos religiosos, como é o caso de muitos países da Europa. Nos Estados Unidos o censo também não pergunta sobre religião por injunção da suprema corte. Em alguns países, como é o caso da Inglaterra, durante muito tempo o censo se absteve de perguntar a religião. Recentemente, no entanto, no contexto multicultural típico das sociedades modernas, a agência censitária inglesa voltou a coletar dados sobre religião dos entrevistados, num processo genuíno de compreensão das características da população, sobretudo a de imigrantes.

O âmbito dos dados demográficos sobre judeus também varia muito. A Rússia, a Alemanha e a Polônia forneceram, no passado, uma descrição demográfica pormenorizada sobre o tamanho da população judaica, distribuição masculina e feminina, distribuição rural e urbana, ocupações, e grupos etários.

Existiram poucas organizações de pesquisa estatística judaica no mundo fora de Israel, onde, desde a fundação do país, uma agência dotada de padrão de qualidade internacional coleta dados sobre a população (inclusive a religião) através de um conjunto de pesquisas periódicas. É evidente que no contexto de instabilidade política do Oriente Médio a questão demográfica é de vital relevância.

Antes da fundação de Israel havia agências de coleta e análise de estatísticas judaicas em alguns países da Europa. Havia uma na Alemanha, por exemplo. O Yddish Scientific Institute (YIVO), com sede em Vilna, na Lituânia, também possuía uma seção de estatísticas. Depois da ocupação de Vilna pelos nazistas, o YIVO foi transferido, em 1940, para Nova York. A Associação Agrícola Judaica, na Rússia czarista, empenhou-se também em estudos estatísticos amplos.

Atualmente o American Jewish Committee publica anualmente um balanço da comunidade judaica em âmbito mundial. Além das estatísticas de Israel, especialistas em população monitoram a situação das comunidades da diáspora, tanto através do acompanhamento das estatísticas nacionais, quanto através de uma bem informada avaliação e comparação dos dados disponíveis, sejam eles de origem oficial ou não

Fonte de Estatísticas Judaicas, parte 2: a Antiguidade
O texto a seguir é um clássico no que diz respeito aos estudos de estatísticas judaicas. Adaptado do original de Uriah Zevi Engelman "Sources of Jewish Statistics" (em The Jews: Their History, Culture and Religion, org. Louis Finkelstein, Londres: Peter Owen Limited, 1961).

Os livros sagrados são uma das mais antigas fontes de dados estatísticos. Eles contém registros de três censos realizados pelos antigos hebreus. Os dois primeiros foram ordenados por Moisés: um aos pés do Monte Sinai, um ano e meio após o êxodo do Egito, e o segundo depois de 40 anos andando pelo deserto. O terceiro foi ordenado pelo Rei David.

O quarto livro de Moisés chama-se justamente “Números” por se iniciar com o relato do primeiro censo bíblico: “E Deus falou a Moisés na imensidão do Sinai dizendo: tome a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, pelas suas famílias, pela casa dos seus pais, todo os homens com mais de 20 anos, capazes de ir a guerra. Você e Arão devem enumerá-los pelos seus exércitos”.

Muitos estudiosos da história judaica se debruçaram sobre estes relatos bíblicos para verificar sua consistência. Salo Baron (1985-1989), um dos mais notáveis historiadores de todos os tempos, e certamente o maior da sua geração, verificou os dados que aparecem mais de uma vez ao longa das escrituras sagradas, e achou poucas discrepâncias entre eles. Levando em consideração todos os fatores que poderiam influenciar o tamanho e a evolução da população judaica na Antiguidade (infanticídio, poligamia, escravidão, escassez de recursos, doenças, tamanho das famílias, fome, guerras), chegou a uma estimativa para a época de 1,8 milhões de pessoas.

Outro estudioso a se debruçar sobre as estatísticas bíblicas foi Alexandre Moreau de Jonnès (1778-1870), estatístico francês e membro da Academia de Ciências da França. “A humanidade pode se orgulhar”, disse ele. “Há mais de quatro mil anos, em uma remota região do Oriente Médio, havia uma pequena nação que coletava estatísticas de grande precisão científica, e pelas mesmas razões pelas quais as nações modernas o fazem: para o controle do estado, para saber o tamanho potencial de seus exércitos, e para regulamentar o recolhimento de impostos”. Segundo Jonnès, a população judaica na época do Rei David era de cerca de quatro milhões de pessoas.

Nos mil anos seguintes ao reino de David, a antiga Palestina foi completamente devastada por duas vezes, tomada por invasores, e sacudida por guerras civis e revoltas. Não há estimativas precisas para o período. No entanto, Uriah Engelman, um estudioso da história populacional dos judeus, calcula que nesta época a população judaica tenha aumentado, chegando a algo entre cinco e sete milhões de pessoas. As razões para esse crescimento são muitas: primeiro, os judeus eram um elemento produtivo na sociedade romana; além disso, manifestavam uma enorme habilidade para resistir à assimilação.

Nesta época os judeus formavam algo em torno de oito a dez por cento da população total do Velho Mundo. Foi a maior densidade jamais alcançada pela população judaica em qualquer era. Se tivessem mantido a mesma proporção nos dias de hoje, diz Engelman, sua população seria dez vezes maior.

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