Da Medicina à Filosofia, da Ciência ao sector pioneiro empresarial, da Poesia litúrgica a autoridades rabínicas, da Música à Matemática, da Literatura à liderança comunitária. Foram humanistas, homens e mulheres corajosos que optaram por actuar ao serviço do próximo, colocando, muitas vezes, as suas próprias vidas em risco ou num último plano.
O célebre médico Amato Lusitano, a empresária destemida Dona Grácia Naci, o famoso naturalista Garcia de Orta, o cientista Pedro Nunes, o pensador Isaac Cardoso, o rabino Isaac Aboab da Fonseca, que, fugido da perseguição que alastrava em Portugal incendiada pelos fogos da Inquisição, encontrou na Holanda a paz para fundar a sinagoga portuguesa em Amesterdão.
A extinção formal da Inquisição em 1821 trouxe de volta ao país estes homens e mulheres perseguidos, que dominando várias línguas e em contacto permanente com a Europa e o mundo – quer por razões comerciais quer por razões pessoais – trazem uma lufada de ar fresco ao nosso país. Alfredo Bensaúde, fundador e o primeiro director do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
A sua filha, Matilde, pioneira da investigação biológica, única mulher entre os criadores da Sociedade Portuguesa de Biologia. Alain Oulman, o compositor que revolucionou o fado e que teve como principal divulgadora desse seu infindo talento a voz de Amália. O catedrático Moses Amzalak, líder da Comunidade Israelita de Lisboa, que aproveitou a sua proximidade com o ditador Salazar para realizar as operações de socorro aos refugiados do Holocausto.
Também os irmãos Samuel Sequerra e Joel Sequerra, a viver em Barcelona, salvaram cerca de mil compatriotas das mãos nazis. Já Abraham Assor chega a Portugal pouco tempo antes de acabar a Segunda Guerra Mundial e seria, por meio século, o rabino da Comunidade Israelita de Lisboa.