JUDAISMO HUMANISTA

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AS BARATAS E UMA FABRICA MORTA

Ontem fui visitar outra fiação, seminova e defunta nas montanhas da Carolina do Norte. O local, salvo a vegetação lembrou-me  muito das Montanhas das Minas Gerais - e por algum motivo fiquei meio jururu. A experiencia foi uma mistura de destruição industrial, saudades de Diamantina, Ouro Preto, Tiradentes, e depois do que vi, fiquei naquela de ponderar sobre a vida.

Confesso ando cansado da exaustão mental de meu trabalho: Basicamente avaliar massas falidas na area textil; ser “broker” de Maquinas, é uma Medicina Legal ou Forensica mas técnica; uma autopsia de fabricas, que mais do que uma mera avaliacao de massas falidas que já foram meios de sobrevivência de famílias.

Uma fabrica nunca para e por lá fica: Ha um imenso sofrimento humano por trás disso, mortes inclusas. Por isso, meus amigos mais próximos o sabem, quando um técnico ou líder da indústria textil perde um emprego, fico desesperado ate "encaixa-lo" num local onde ele possa reflorescer ser útil e gerar prosperidade. Mas essa instancia de “colocação” esta cada vez mais dura de ser levada a cabo. No Brasil também a nossa indústria morre.

Voltemos a fábrica essa das Montanhas Azuis (Blue Mountain) na Carolina do Norte. O Jardim e grama da fabrica esta ainda relativamente em bom estado. Os corretores imobiliários aqui cuidam bem das carcaças das fabricas, sempre espera de transformar seus edifícios em Wall Marts, Sam's, Costco ou depósitos disso ou daquilo. Dai o defunto tem que estar bonito por fora.

Também a molecada daqui tem pouca vocação para jogar pedra em vidros e o americano rouba bem comedidamente, ao ponto de ver fabricas caindo pela ação das intempéries, mas com suas portas de vidro Blindex inteiras e suas vidraças, opacas pela poeira e com sujo acumulado - mais intactas.

Essa Fabrica visitada ontem era defunta nova, de seis meses. Ao abrir a porta fui recebido com o cheiro de morte de fabrica textil: Cheiro dos escritórios abertos, cheiro de manuais decaindo e se tornando obsoletos, cheiro de cheiro de banheiros limpos mais não usados. É um cheiro característico como uma Marca Registrada, uma impressao digital.

Depois invariavelmente ha um lobby e um hall de folhas e plantas mortas, salvo as de plásticos que em seus sarcasmos de imitação, parecem rir das verdadeiras plantas e flores mortas, secas e mumificadas por falta de agua.

No hall ainda ha sempre fotos, umas alegres, outras da fábrica em dias mais alegres, em dias de produção, em dias que era integrada com o humano e com a fábrica social.

Depois desses halls de tristeza, abre-se a porta e outro odor característico de Poeira, Fibra, Óleo, e Maquinas vem aos nossos narizes. Interessante, as fiações mortas têm um cheiro diferente das Tecelagens.

A tecelagem, morta tem mais odor de poeira, tecidos e óleo.

Já as fiações tem o cheiro quase idêntico, mas menos oleoso e com mais pó.

Mas não dissecarei mais a fundo esse tema de morte de fabricas.

Em realidade, quero fazer uma analogia delas com os crápulas, os venais, os malandros que manipulam a indústria e o povo que ela alimenta. Esses que alimentam o Caixa Dois, que usam da Indústria como mera alavancagem de seus projetos e agendas politicas; desses canalhas de empurram uma indústria ao abismo e lucra com seus empréstimos inflados. Esses que fazem da morte de suas indústrias um mero trampolim para jogadas bancarias ou imobiliárias...

Terminarei em breve esse tema, pois ela não me faz bem: Decidi entrar no escritório do Ex-Diretor dessa Fiação recém-morta nas montanhas da Carolina do Norte.

Abri a porta, acedi à luz e entrei: Via tres ou quatro vasos de terra seca e dura e plantas mumificadas. Senti o cheiro dos papeis, manuais e contratos que algum dia foi coisas de importância. Na mesa havia uma xícara de café, tipo aqueles “baldes de CHAFÉ” americano, que não deixa de ser um bom diurético. Dentro só havia o resíduo negro do café evaporado. Atrás da mesa havia uma fotografia enorme da fabrica em sua inauguração, cheia de figurões dos anos sessenta e funcionários sorridentes.

Parei, olhei e olhei, e olhei tanto que decidi tocar a foto que estava meio torta e ajusta-la ao nível do chão.

Pulei para trás assustado. Inúmeras baratas se espalharam parede afora a procura de outros locais de trevas e seguros.

Dei um passo atrás e vi a parede voltando a ser parede, à medida que sumiam os insetos.

Sai da sala amargurado. Fechei a porta cuidadosamente.

Mesmo ao descer a serra para Spartanburg, as imagens das baratas ainda estavam em minha cabeça. Sim estava com nojo. Mas não tanto dos insetos. Não tenho fobia por eles.

O que sentia era uma náusea diferente e matutei sobre ela ate quase chegar ao trabalho.

Era um nojo do predador humano. Daquele que mata, mente, esconde, rouba corrompe para ganhar um dinheiro extra, na base da contravenção, da maracutaias, dos acertos, das "articulações" sem ponderar que por traz de suas ações eles estão matando gente.

Desses insetos eu tenho medo. 

São essas baratas que me causam o nojo e ânsia de vomito - e nao as que vi na falecida fabrica.

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