JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Meu nome é Emerson Luiz dos Santos Souza, sou de Salvador-Bahia-Brasil, nasci em setembro de 1973 (meu aniversário coincide quase sempre com Sucot!).
Sou casado há 4 anos e 8 meses e ainda não tenho filho. Sei que devo, e independente disto pretendo, mas quando for possível.
Minha esposa será pedagoga ao final de julho ou agosto deste ano, se o Eterno permitir. Eu fiz o curso técnico de contabilidade e desde o ano passado, voltei a estudar.
Tenho uma vida simples, porém muito feliz, pois como está escrito no Talmud: "Rico é aquele que se contenta com o que tem" e é assim que me sinto.
Bem, agora que já me apresentei, vou falar do que interessa: como o Judaísmo entrou na minha vida? Como ocorreu este desejo de retornar às raízes tipicamente judaicas?
Tinha uma vida comum para um baiano solteiro antes do Judaísmo, era músico tocando e cantando em uma banda da cidade, “curtia” a vida namorando bastante, bebia, porém não fazia nada com excessos. Religião praticamente não conhecia, nunca freqüentei assiduamente nenhuma comunidade.
Então conheci minha esposa no ano de 2004 em um local onde trabalhávamos. Sendo que ela, após ter sido devidamente paquerada, só concordava em namorar comigo com a condição de freqüentarmos um grupo dito “judaico messiânico”, para verificar minha permanência, provando deste modo que eu seria um “bom partido”.
Andréia antes disso, havia participado ativamente em igrejas batistas durante 9 anos, estava agora buscando essa nova comunidade devido a dúvidas que tinha com relação ao que as igrejas defendiam, como por exemplo, a guarda do domingo em vez do sábado, a não continuidade da celebração das festas bíblicas, uma vez que estava escrito que estas seriam em estatuto perpétuo, a aceitação de J. C. como sendo o próprio Deus, o fato de terem a bebida alcoólica como pecado, entre outras questões, mas estas eram as principais.
Minha esposa lia e conversava muito com pastores e seminaristas a respeito de suas incertezas buscando apagá-las, mas só as confirmava cada vez mais, e o pior é que ainda acabava sendo ignorada e chacoteada por estas pessoas por ser alguém que vivia no “tempo da lei” e coisas deste tipo.
Um detalhe vale a pena destacar, eu e Andréia não fomos criados tendo ensinamentos judaicos, apesar de verificarmos ao longo de nossa vida costumes que apenas hoje identificamos como judaicos, como não varrer a casa do fundo para fora, passando o lixo pela porta; matar o frango degolando-o rapidamente e retirando todo o sangue, pois seria errado comê-lo; ouvir constantemente que não devemos adorar a nada, senão a Deus etc.
Ao menos sabíamos da existência de uma religião como o judaísmo. O que sabíamos que mais se aproximava, era a igreja adventista, pela “guarda” do sábado. O que nos levou a este conhecimento, foram leituras bíblicas a principio, e depois, algumas amizades que fizemos na nossa caminhada com pessoas que estavam fazendo a mesma busca que nós ou que já estavam freqüentando sinagogas e em busca da conversão.
Casamos em 2005 e iniciamos nossa vida juntos transitando de um grupo dito judaico a outro, pois, curiosamente, em Salvador tem se alastrado este tipo de “congregação religiosa”.
Conforme o tempo passava, íamos adquirindo conhecimento através das experiências que tínhamos, dos livros que íamos lendo (comprados em livrarias, sebos ou mesmo emprestados), dos variados filmes e documentários que assistíamos, dos sites que conhecemos, das amizades que fazíamos, enfim. Por sinal, um documentário que muito nos incentivou e a partir do qual identificamos nossa história, o que nos deu mais força de vontade para prosseguir com nossa meta foi “A estrela oculta do sertão”.
Neste ínterim, fomos perdendo amizades anteriores que, ao saberem da nossa fé em um único Deus, nos rejeitaram. Além de nossa própria família, que nos aceita, porém não concorda com muitas coisas que são tradicionalíssimas dentro do Judaísmo. Estes acontecimentos tem sido penosos para minha esposa.
Deixamos estas congregações e passamos a procurar as comunidades de fato Judaicas existentes em Salvador, que são duas, uma Ultra-Ortodoxa e outra Conservadora. Prefiro não citar seus nomes por razões éticas.
Infelizmente, é sabido por todos do meio judaico que realmente não é fácil fazer parte de uma sinagoga, os responsáveis por elas nos dizem com clareza que não fazem proselitismo. Chegamos a escutar em uma delas que bastava cumprir os 7 mandamentos de Noah que bastava, e como já era de se esperar, desde 2008 até o presente momento, não conseguimos entrar.
Fomos entrevistados por rabinos por duas vezes, o que por si só já foi maravilhoso. Conhecemos algumas pessoas que fazem parte de sinagogas, recebemos valiosíssimos emails e compartilhamos de uma gostosa amizade, mas nada além.
Chegamos, na nossa ousadia, em solicitar para estar presente em uma das sinagogas ao menos em Yom Kipur, não tivemos nenhuma resposta, o que não aconteceu apenas uma vez, ficamos sem resposta várias vezes, o que é muito constrangedor, mas buscamos compreendê-los e respeitá-los mesmo assim.
Independente destas comunidades, buscamos também apoio via internet, de sites judaicos que pudessem nos ajudar de alguma forma, o que também é muito complicado e mais uma vez, quando solicitamos, ficamos muitas vezes sem respostas, ou então com respostas que não mudavam nossa situação.
Hoje estamos nos correspondendo com vocês do JUDAÍSMO HUMANISTA!!!
Estamos de fato felizes e esperançosos de que algo mude para nós.
Estar em uma sinagoga ou não, não vai mudar o fato de sermos judeus de fato (sobrenomes nossos Rocha, Silva, Souza e Santos e de nossos parentes Pacheco, Pereira e pelos vários costumes) e de verdade (através da prática judaica tão comum em nossas vidas, daquilo que nos é possível: lembrar das festas bíblicas, separar o shabat, fazer as devidas orações nos momentos certos entre outros).
Mesmo assim, desejamos muitíssimo estar com o nosso povo e poder, de forma correta e legalizada, adorar ao Eterno, criador e sustentador de todas as coisas, a razão de nossa existência e de nossa fé.
BARUCH HASHEM!!!

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Comentário de Angela R. C. Nespoli em 19 setembro 2010 às 18:06
Ops!!! Ceteza... hehe
Comentário de Emerson Luiz dos Santos Souza em 19 setembro 2010 às 8:06
Que bom que este depoimento te ajudou! Fico muito feliz!
Comentário de Emerson Luiz dos Santos Souza em 19 setembro 2010 às 8:05
Muito obrigado pelas felicitações querida! Que o Eterno também continue te abençoando! Abraço!
Comentário de Angela R. C. Nespoli em 18 setembro 2010 às 22:38
Nossa...É dando que recebe, diz o ditado... Vim aqui para deixar um presente de aniversario e desejar mazal tov e o que li me encantou, deu respostas, me acalmou e me encheu de certesas...
Jaime, que bela historia!!! Que bela explicação...
Shana tová para todos!!! Que 5771 venha nos mostrar como dar asas ao segundo pilar do judaismo que esta enrustido dentro de nos!!!
Comentário de Paulo Blank em 6 janeiro 2010 às 9:24
Meus caro Emerson,queria aguardar uma oportunidade de responder com mais vagar ao teu depoimento e vejo que o Jayme se adinatou e disse de maneira linda e poética tudo que eu poderia dizer. Com o tempo vc. irá percebendo que a vantagem de o judaísmo nao ter uma entidade central como o papado,nos faz livres em não aceitar as regras de controle e poder que tentam cercear e definir quem é e pode ser o que deseja. Ao mesmo tempo esta é uma luta que se trava nos dias de hoje em israel e fora dela , aluta pelo monopólio do der judeu.No entanto, o Pilar da prática,de que nos fala o Jayme ,acaba sendo o fundamento da ética que nos define como humanos e judeus através de uma ótica sobre o mundo dos homens.Qto ao sentimento religioso que conduz à crença,os sábios judeus sempre ensinaram que este é o menos importante.Um grande abraço.Paulo
Comentário de Jayme Fucs Bar em 5 janeiro 2010 às 17:52
Querido Emerson,
Seja Bem Vindo ao Judaísmo Humanista!
Quando era um jovem adolescente, de família assimilada e pobre, filho de pai não judeu, mesmo que estudando na escola judaica, com uma grande confusão sobre minha identidade ,me sentia muitas vezes , não aceito pelos meus amigos judeus da comunidade, talvez por ser pobre, talvez por estar muito afastado do judaísmo, portanto contei esses meus sentimentos a querida mora (professora) Sara que trabalhava na biblioteca da escola, na qual eu fugia das aulas para escutar seus conselhos e sabedoria.
Neste dia Contei sobre os meus sentimentos e minha confusa identidade judaica.
E ela me contou uma historia muito interessante, que marcou minha vida!
Ela me contou que o judaismo tem como base 2 pilares o geneses (bereshit) e numeros(Moises e as tabuas da lei), onde o Geneses representa a Humanidade,a natureza humana, o espirito humano,o universo.
O Numero( As leis de Moises) a moral e a Etica ,Onde esses dois pilares sao inseparaveis um pertence ao outro, como uma mesma moeda de duas caras diferentes.
Esses 2 pilares foram guardados pelo Koen Hagadol ( O grande Sacerdote) no Grande templo em Jerusalem e era quardado dentro do kodesh hakodashim (No armario Sagrado ) e que um dia quando os babilonios invadiram jerusalem e queimaram o templo, o Grande sacerdote fazia de tudo para salvar esses dois pilares e nao consequia e ele pediu para o kadosh baruchu ( O Sagrado Senhor) que o ajude, e o Senhor o escutou e enviou um (malach) um anjo para ajuda-lo
O anjo disse ao grande sacerdote que ele poderia somente ajudar a salvar um so pilar, e com esse pilar teria que reconstruir de novo o judaismo, na diaspora.
Ele mesmo sem ter tempo de pensar nesta dificil proposta, ele vai salvar o pilar das tabuas das leis (Numero) e com esse pilar vai sair para a diaspora de Babilonia e depois para todas as outras diasporas que vivem os judeus , e vai reconstruir o que entendemos hoje de judaismo, e tudo que conhecemos hoje,com suas leis, conceitos, praticas (halacha), rabinos,sinagogas , tradicoes etc...
O que devemos perguntar assim, falou a mora Sara o que aconteceu com pilar de Geneses(bereshit)? o pilar da escencia humana, do espirito humano. sera que ele realmente desapareceu?
E eu com a minha grande curiosidade aguardo uma resposta,e ela faz alguns segundos de silencio,para me fazer refletir e pensar e me diz "O pilar do genesis (bereshit) nao morreu, ele existe e poucos sabem que ele esta dentro de vc e de muitos outros judeus como vc!".
e vai mais adiante e me diz existe UM SO JUDAISMO , mais com uma moeda de lados diferentes, porem um completa o outro , por isso nao existe UMA FORMA DE SER JUDEU!"
" Existe sim um outro pilar do judaismo que esta perdido no tempo e que o anjo o quardou dentro de vc e de cada um de nos , e devemos fazer que esse lado da moeda apagado e esquecido possa despertar para todos aqueles que se sentem judeu".

Entendo essa grande dificuldade ter essa legitimidade institucional ,do judaismo tradicional, porem quero que saiba que essa eh a nossa proposta de criar a comunidade do judaismo humanista. e tambem desse site, queremos abrir novas portas e resgatar a base desses pilar,perdido no tempo e ser receptivo a todos que se define como judeu (ias) pois queremos abrir portas a todos aqueles que se sentem parte desse povo, que se identificam com sua cultura,sua historia e tradicoes. queremos integrar esse pilar perdido, pois acreditamos num "Um Judaismo para Todos"

Emerson Seja Bem Vindo!

Jayme Fucs Bar
Comentário de Paulo Blank em 4 janeiro 2010 às 22:38
Meus caros,terminei a primeira leitura e estou entre o perplexo e o encantado com tudo o que li. Pretendo fazer um comentário com a calma que este depoimento merece.Grande abraço e espero que este espaço,embora virtual( ainda) possa acolher o sentimento que movimneta esta busca. Bruchim habaim,bem vindos sejam Paulo Blank.

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