JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Por Elad Yana

Para a maioria de nós, a mitsvá de comer matzá durante Pessach não é exatamente uma experiência agradável. Não é de fácil digestão, e de todo jeito, quem quer comer um bate-entope? Nem sequer está claro por que devemos comer um pão que é na realidade o resultado de um erro.

Por que um erro? Porque ele é um pão que não teve tempo suficiente para fermentar. Pergunte a qualquer padeiro iniciante o que ele ou ela faria com uma massa que não tenha fermentado e a sua resposta será clara: Jogo ela fora e começo de novo.

Mas, na padaria de nossos antepassados, não só eles não o jogaram fora, como o imortalizaram para as gerações vindouras e exigem de nós comê-lo como uma mitsvá durante a festividade. Por quê? Porque o pão ázimo simboliza o Êxodo do Egito e a urgência que o povo Judeu sentiu quando escapou dos laços da escravidão. A matzá é sem dúvida um dos principais símbolos da liberdade eterna a nós concedida naquele momento histórico.

Liberdade, tipo digerir matzá, não é uma coisa fácil. Pense nisso por um momento: Por que liberdade é um motivo de regozijo? É verdade que o momento da libertação é um evento de muita alegria, que altera uma vida - como quando Gilad Schalit foi libertado do cativeiro em Gaza. No entanto, após a liberdade vem a responsabilidade.

Por definição, uma pessoa verdadeiramente livre também tem obrigações. Quando decidimos nos libertar de uma prisão espiritual ou física, estamos fazendo uma mudança, necessária e fundamental em nossas vidas. Não podemos libertar-nos de um mau hábito ou de uma influência negativa sem decidir nos tornar diferentes, sem decidir não retornar ao nosso estado anterior. É uma decisão dramática.

Depois de tomar tal decisão nós experimentamos um grande alivio. A liberdade, como a primavera, é preenchida com botões de flor frescos de uma nova vida, mas estes botões precisam ser cultivados e conservados para que possam crescer e dar frutos. Com a responsabilidade acontece o mesmo.

Como um dos meus rabinos disse, esta poderia ser a razão da mitsvá de alegrar-se não ter sido mencionada na Torá, quando fomos ordenados a observar esta festa. Em contrapartida, nas outras duas festividades de peregrinação que observamos - Sucot e Shavuot - está explicitamente escrito para "alegrar-se nestas festas." Apesar da ausência de um imperativo específico para nos alegrarmos, é claro que existe muita alegria na celebração de Pessach quando nos sentamos para uma grande refeição com nossas famílias. Mas liberdade não é necessariamente uma coisa feliz.

No sagrado Zohar , a matsá é chamada do "pão da fé", porque ela simboliza, mais do que tudo, a nossa conexão com nós mesmos e a fé que possuimos. E ela não é uma fé qualquer , é uma do tipo que tem de ser internalizada.

Rabi Shlomo Carlebach uma vez tocou neste assunto, dizendo:. "Comer matsá não é uma experiência intelectual Ela não sobe para o meu cérebro, ela desce para minhas kishkes [entranhas] A Torá inteira ... ela verdadeiramente entra no meu corpo.. "

Ao comer matsá começamos um processo físico de fé em nós mesmos, de acreditar na liberdade que podemos conseguir para nós. Trata-se de libertar-nos das pessoas e dos hábitos ruins que nos impedem de sermos as boas pessoas que temos o potencial de ser.

Sim, comer matsá não é nenhuma tarefa fácil, fisicamente falando, mas nos ensina que a verdadeira liberdade exige trabalho duro, e que vale a pena no final.

Original: http://www.israelhayom.com/site/newsletter_opinion.php?id=1686

 

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