JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Israelenses se reúnem em praças e discutem soluções para conflito no Oriente Médio - Guila Flint

 

 
Mais de 30 mesas de debate foram realizadas em Tel  Aviv
Uma  coalizão de 20 grupos pacifistas organizou um evento inédito em Israel neste  domingo (24/06): o público foi convidado a participar de mesas redondas em  praças nas principais cidades do país para conversar com intelectuais, políticos  e militares da reserva sobre o inexistente processo de paz com os  palestinos.


Em Tel Aviv o evento ocorreu em  frente ao Museu de Arte Moderna, com mais de 30 mesas de debate sobre diversos  aspectos do tema, desde a ampliação dos assentamentos israelenses na Cisjordânia  até alternativas para a solução de dois Estados que, para muitos, "está  morta".


Centenas de israelenses  responderam ao chamado dos organizadores e compareceram. Cada pessoa escolheu a  mesa da qual queria participar e rapidamente a praça se encheu de gente  discutindo os problemas que os lideres políticos atuais tentam empurrar para  debaixo do tapete.


"Estilhaço no  traseiro"


Não só tentam empurrar para  debaixo do tapete mas também afirmam que "não têm solução".


O ministro da Indústria e  Comercio, Naftali Benet, do partido de extrema-direita Habait Hayehudi (Lar  Judaico), chegou a comparar a questão palestina com um "estilhaço no traseiro"  da sociedade israelense.


Benet, que é um dos principais  parceiros do primeiro ministro Benjamin Netanyahu na coalizão governamental,  contou um episódio que aconteceu a um amigo seu, que, ferido em uma guerra,  ficou com um estilhaço no traseiro. Se operasse ia ficar aleijado, se não  operasse o estilhaço iria continuar incomodando. Decidiu não  operar.


De acordo com o ministro, o mesmo  se aplica à questão dos territórios palestinos ocupados, ou seja, se Israel  devolvê-los ficaria "aleijado". Portanto, segundo Benet, não há alternativa  exceto continuar com o "estilhaço no traseiro".


Para Benet a chamada solução de  dois Estados é "coisa do passado, perdeu a relevância".


No entanto, para muitos  israelenses, a solução do conflito com os palestinos é fundamental para garantir  o futuro do próprio Estado de Israel.


Entre eles está o militar da  reserva e escritor Shaul Arieli. Arieli é o autor da ideia de unificar todos os  grupos pacifistas em uma iniciativa para reavivar o debate sobre o conflito com  os palestinos dentro da sociedade israelense.


Guila  Flint/Opera Mundi

Arieli é considerado um dos principais  especialistas nas possíveis fronteiras com a criação do Estado  Palestino

De acordo com Arieli, milhares de  israelenses participaram das mesas redondas neste domingo. "Conseguimos reunir  milhares de pessoas simultaneamente em 11 cidades de Israel, para devolver o  debate sobre a paz com os palestinos à agenda pública", disse Arieli  a Opera Mundi.


"Esse tema tem sido retirado da  agenda tanto pelo governo como pela mídia, mas o nosso evento demonstra que o  publico israelense tem interesse em ouvir e falar sobre esse assunto",  afirmou.


Arieli, que é um coronel da  reserva do Exército de Israel, tem dedicado todo o seu tempo, desde que se  aposentou, a convencer o público e as autoridades locais de que a paz com os  palestinos é possível.


Solução de dois  Estados


Ele defende a solução de dois  Estados e é considerado um dos maiores especialistas nos detalhes geopoliticos  das fronteiras futuras entre Israel e Palestina.


"Para resolver o conflito há  quatro parâmetros principais", disse, "a fronteira de 1967 e uma possível troca  de territórios (parte dos assentamentos israelenses permaneceria na Cisjordânia  e, em troca, Israel entregaria aos palestinos territórios do país com área  idêntica)".


Para Arieli, Jerusalém Oriental  "seria dividida entre Israel e Palestina" e parte de Jerusalém Oriental se  tornaria a capital da Palestina, o Estado Palestino seria desmilitarizado e  haveria acordos militares regionais. O problema dos refugiados palestinos seria  resolvido com indenizações e o direito de retorno ao Estado Palestino  futuro.

Para  que essa solução possa ser viabilizada, Arieli calcula que de 100 mil a 130 mil  colonos devam ser retirados de assentamentos nos territórios  ocupados.

A proposta defendida por Arieli  expressa um consenso amplo entre a grande maioria dos grupos pacifistas em  Israel.


Alternativas


Entre os oradores nas diversas  mesas de debate em Tel Aviv, no entanto, também havia intelectuais e ativistas  que consideram outros tipos de solução. Entre eles estavam o jornalista Meron  Rapoport e o diretor da ONG IPCRI (Israel Palestine Center for Research and  Information), Dan Gondenblatt.


"A solução da separação entre as  populações é perigosa", disse Rapoport, "são duas populações entrelaçadas no  mesmo espaço geográfico". "É preciso pensar em novos modelos, como o modelo de  dois Estados na mesma terra, no mesmo espaço geográfico, com total liberdade de  movimentação entre eles e a derrubada do muro que Israel construiu na  Cisjordânia".


Como perspectiva de longo prazo,  Rapoport defende que todos os palestinos e israelenses possam morar e trabalhar  em qualquer lugar no espaço geográfico entre o mar (Mediterrâneo) e o rio  (Jordão).


Como exemplo, o jornalista  menciona a União Europeia, onde qualquer cidadão de um dos estados que compõem a  união pode morar e trabalhar em todo o espaço geográfico, mas só pode votar no  país no qual é cidadão.


Para Goldenblatt, foi um erro não  colocar mesas redondas também nos assentamentos.


"Também devemos debater essas  questões com os colonos", disse, "no próximo evento espero poder participar de  uma mesa redonda em Ariel (um dos maiores assentamentos israelenses na  Cisjordânia)".


"Em vez de ter raiva dos colonos,  devemos entender que os responsáveis são os diversos governos israelenses que  promoveram a colonização".


Tanto Goldenblatt como Rapoport  apoiam a permanência dos colonos nos assentamentos, que, segundo a proposta  deles, ficarão sob a soberania do futuro Estado Palestino.


Para eles, retirar os quase  600.000 israelenses que já vivem nos territórios ocupados seria uma missão  impossível e a única maneira realista de resolver o problema é "respeitar a  liberdade e a dignidade de todos os cidadãos, tanto israelenses como palestinos,  dentro do espaço geográfico conjunto e por meio da colaboração entre os dois  Estados soberanos".


Colonização é  reversível?


Outra mesa redonda, dirigida pela  ativista do movimento Paz Agora, Hagit Ofran, e pela jurista Talia Sasson,  ex-diretora do Departamento Criminal da Procuradoria Geral da Justiça, se  concentrou em uma das questões mais espinhosas do conflito – a existência de  centenas de assentamentos israelenses que pontilham toda a  Cisjordânia.


Sasson, autora do relatório sobre  acampamentos ilegais, produzido em 2005 segundo pedido do ex-premiê Ariel  Sharon, defende o congelamento imediato de todas as atividades de colonização na  Cisjordânia e a retirada de grande parte dos assentamentos.


Guila  Flint/Opera Mundi
Talia Sasson defende a retirada da maioria dos  israelenses que vive nos assentamentos


Ofran dirige, há seis anos, o  projeto de monitoramento dos assentamentos do Paz Agora e acompanha diariamente  a construção nos territórios ocupados.


"Não concordo que a solução de  dois Estados seja coisa do passado", afirmou Sasson, "esse discurso só ajuda a  direita".


Para Ofran, a colonização é "um  dos problemas mais difíceis do Estado de Israel". "Israel não poderá continuar  sustentando e protegendo os assentamentos", afirmou.


Segundo Hagit Ofran, houve uma  mudança estratégica no discurso dos lideres dos colonos. "Antes eles reclamavam  que o governo não lhes deixava construir, e agora, recentemente, passaram a  afirmar que já construíram tanto que a situação tornou-se irreversível e já é  impossível retirá-los", analisou.


"Com nossas próprias  mãos"


O escritor A. B. Yehoshua,  considerado um dos mais importantes de Israel, disse ao público reunido na praça  de Tel Aviv que "nuvens negras de fanatismo nacionalista e religioso cobrem  nosso país".


Guila  Flint/Opera Mundi
Yehoshua diz que solução deve ser buscada por  israelenses e palestinos, e não pela comunidade  internacional


De acordo com o escritor, muitos  de seus colegas no exterior lhe perguntam – "onde está o campo pacifista  israelense?", em referência ao que chamou de "paralisia" que se apoderou dos  pacifistas israelenses.


"A criação de um Estado Palestino  é uma obrigação moral, os palestinos merecem ter exatamente os mesmos direitos  que nós temos, e que todos os povos do mundo merecem",  afirmou.


"Há um desânimo geral que tomou o  campo pacifista em Israel, muitos esperam que a comunidade internacional nos  obrigue a retirar a ocupação, mas devemos entender que a salvação não virá de  fora, só nós, israelenses e palestinos, com nossas próprias mãos, poderemos  trazê-la".

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Respostas a este tópico

Que bem que tem novo movimento "de baixo" em Israel, justamente quando os manifestantes no Brasil cantam "o povo acordou". Acho todas as propostas no artigo interessantes, mas no meu ver a solução de um estado comum para Judeus a Arabes é a mais humanista e mais fértil. Apesar dos extremistas loucos (que existem no Judaismo também), as culturas árabes e muçulmanas são muito hospitaleiros (eu pudesse contar muitos exemplos das minhas viagens, dos meus alunos Turcos e dos livros de Avraham Burg ou Mark Braverman). Claro que a convivência não somente vai ser inspirador para os dois lados, mas vai gerar problemas tambem. Porém, como disse o filósofo francês (e sefaradita) Edgar Morin? "Somos aqui para ter problemas."  

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