JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

                                               

Conversas com meus amigos de infância no Brasil, mais precisamente em Porto Alegre, em minha última passagem por lá, me inspiraram a pesquisar um pouco sobre um assunto que invariavelmente vem à tona tanto em Israel, quanto no Brasil: a segurança. Ou a falta dela. O fato de meus amigos brasileiros viverem uma vida de medos e incertezas, criou em mim um desejo de traçar alguns paralelos, fazer algumas comparações e chegar a algumas conclusões. Veja se você se identifica com algum dos exemplos;

No Brasil, os caixas eletrônicos estão sempre localizados em ambientes fechados, altamente protegidos por câmeras de segurança e se encontram, preferencialmente, em lugares “seguros”. Em Israel, os caixas eletrônicos estão localizados na parte interna e externa dos bancos, abertos e expostos durante as 24 horas do dia.

Em Israel, sair de casa a qualquer hora do dia ou da noite, não é um dilema. Não está sujeito a análise. Aqui, se eu preciso sair de casa as 3 da manhã, seja de carro ou a pé, eu saio e a minha consciência é tranquila. Não penso no fato de estar saindo as 3 horas da manhã para ir ao mercado comprar um suco. Eu simplesmente abro a porta e saio. Nas grandes cidades do Brasil, de modo geral, toda e qualquer saída após as 22 horas está sujeita a uma real análise da necessidade da saída, do motivo da saída, da forma e dos meios. As pessoas saem porque precisam e não porque querem. Quem não precisa fica em casa porque é um pouco mais seguro.

No Brasil, os prédios e casas possuem grades, muros, câmeras de segurança, guarda ou porteiro e planos de segurança. Em Israel, grande parte dos prédios tem a porta aberta. Quem vem me visitar, bate direto na porta do meu apartamento, no quinto andar.

Em Israel, “sequestros” estão associados a fatores externos. Alguns soldados foram sequestrados por terroristas ao longo da história e alguns israelenses foram sequestrados pelo mundo. No Brasil, sequestro tem até adjetivo: “Relâmpago”.

No Brasil, a principal causa de morte entre os jovens é o homícidio (Viva SUS 2008-2009). Em Israel, entre as causas de mortes, sequer figuram porcentagens de violência e crime. No Brasil, entre os anos 2002 e 2010, houveram em média 30 mil assassinatos por ano. 82 pessoas assassinadas por dia. Em Israel, segundo o site knesset.gov.il, entre 2000 e 2006, morreram por assassinatos em Israel, em média, 120 pessoas. Uma pessoa a cada 3 dias.

Segundo dados do departamento de reabilitação dos presos em Israel, no ano de 2010 existiam cerca de 7 mil presos em cadeias do país (sem incluir presos terroristas), cerca de um preso para cada 1.100 moradores. Segundo dados do site ospba.org, no ano de 2012 existiam 548 mil presos no Brasil, cerca de 1 preso para cada 360 moradores.

Impossível falar de (in)segurança sem relativizar os dados e os fatos. Israel investiu, em 2010, 10% de seu PIB em segurança. O equivalente a 20 bilhões de dólares. Qual segurança? Toda, mas principalmente na que diz respeito a guerra e suas tecnologias, as quais ocupam, infelizmente, lugar de destaque na ordem das prioridades israelenses. O Brasil gastou, segundo o site do governo nacional, entre os anos de 2006 e 2010, uma média de 25 bilhões de dólares por ano em defesa e segurança, o que equivale a cerca de 1% do PIB.

A questão da segurança israelense não possui nenhuma relação direta com a insegurança brasileira. No entanto, os reflexos do altíssimo investimento feito por Israel em segurança possuem efeitos no dia-a-dia e no bem estar da população, apesar de não estar relacionado a número de policiais nas ruas nem a taxa de pobreza. O principal motivo de preocupação em Israel, e reparem que não digo insegurança, são os atentados terroristas ( diminuíram muito nos últimos anos) e os episódios do conflito Israel-Palestina. De 1950 até 2012, foram 2.822  pessoas mortas em atentados terroristas em Israel, uma triste média de 39 pessoas por ano. E 2.477 civis mortos nesta mesma época durante as guerras. Média de 32 por ano. Para quem vive aqui, números tristes, lamentáveis e desnecessários. Com a chegada da paz, que em breve virá, esses números entrarão para história. Para um brasileiro consciente, os números e as porcentagens israelenses devem ser um sonho.

Certamente o ser-humano possui a capacidade de adequar-se a distintas situações. Rapidamente, nos acostumamos a analisar as redondezas do prédio antes de adentrá-lo, a viajar com as janelas do carro fechadas, consideramos algo normal e “legal” avançar o sinal vermelho na madrugada para evitar assaltos e vemos com naturalidade todas as artimanhas que realizamos para driblar momentos perigosos. Vivendo em Israel há 8 anos e visitando periodicamente o Brasil, eu me sinto confortável em afirmar: Não há nada de normal, natural ou de adequação razoável no dia a dia que um indivíduo deve encarar no Brasil. Trata-se de uma guerra não declarada e muito perigosa. Se você não vem a Israel porque pensa que o país vive uma guerra interminável, saiba que você é apenas mais um daqueles que esqueceu de olhar pela sua janela e observar o que está ao seu redor. E acredite: você já não sabe mais qual é o significado de “paz”.

http://www.conexaoisrael.org/paz-guerra/2013-10-30/beg

Exibições: 34

© 2024   Criado por Jayme Fucs Bar.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço