JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Civis inocentes de Gaza são os responsáveis ​​pelo seu destino Artigo de Yaron London, publicado no dia 17 de julho de 2014. da Conexão Israel

Traduzido por Marcelo Treistman

É possível que a guerra já tenha terminado quando estas palavras chegarem ao mundo.

Se isso acontecer, este artigo poderá ser lido tranquilamente durante a próxima guerra, que, sem dúvida, ocorrerá em breve. O acordo que está tomando forma é incapaz de impedi-la. Eu já escrevi muitas vezes sobre o estatuto do Hamas , que reflete a visão e os objetivos dos fundadores da organização. Sei que alguns têm aceitado o meu conselho e notaram que a visão de mundo de muitos dos autores deste estatuo não é diferente dos autores dos escritos anti-semitas mais desprezíveis.

Os judeus, os governantes secretos do mundo, são os culpados por todas as suas mazelas. Eles iniciaram as grandes guerras que eclodiram desde os tempos antigos até os dias de hoje, espalharam epidemias que mataram milhões de pessoas e causaram todas as injustiças sociais. São um vírus e devem ser destruídos.

Alguns dos meus amigos acham que eu estou dando muita importância para palavras porque quem ganha a vida fazendo delas a sua produção tende a superestimá-las. A realidade, eles dizem, é mais forte que os documentos fundamentais escritos por ideólogos desesperados, e quando a realidade muda para melhor, ainda que as janelas abertas da esperança sejam estreitas, as velhas fórmulas são interpretadas de forma a estar de acordo com a própria existência. Depois de um tempo, ninguém se lembra o que está escrito.

Judeus que expressam esta afirmação estão esquecendo que o movimento sionista foi impulsionado por palavras originárias do que foi escrito há milhares de anos que ainda são memorizadas de forma incessante.

Não se assuste com essa comparação. Eu não estou tentando justificar ou condenar visões incorporadas em palavras, mas com o seu poder de motivar os movimentos políticos, provocarem revoluções e enviar as pessoas para matar e morrer. O estatuto do Hamas é um texto que expressa uma ideia e, criando uma ideia está criando ações. Se ele não tem importância, então aqueles cânticos de “morte aos arábes” e os escritos dos rabinos que recomendam a remoção da maior quantidade de prepúcios filisteus também não tem.

Aqueles que minimizam a importância do estatuto também afirmam que poucos palestinos leram o que estava escrito. Acho que isso é verdade, mas quantos de nós podem citar a Declaração de Independência de Israel, leram a “Auto-Emancipação” de Leo Pinsker, memorizaram “Der Judenstaat” de Theodor Herzl e já ouviram falar sobre o “Muralha de Ferro” de Ze’ev Jabotinsky?

A essência dos escritos fundamentais se infiltra na língua falada, nos sistemas de ensino, na linguagem da imprensa, nos discursos políticos, nos sermões dos clérigos religiosos e se infiltram na consciência nacional. O estatuto do Hamas é um componente importante na consciência de quem dispara mísseis contra nós, mesmo senão se deram ao trabalho de ler uma única linha sequer.

Há aqueles que têm prazer no sofrimento dos palestinos, e há aqueles que sentem pena dos habitantes de Gaza inocentes que se machucam, apesar dos esforços do exército para abater apenas aqueles que nos agridem. Podemos tentar reduzir a matança de pessoas inocentes, mas a conduta de uma entidade política é a criação de um coletivo e não de indivíduos.

Nem todos os judeus apoiam a política de ocupação e colonização, e eu sou um daqueles que se opõem a ela, mas eu sei muito bem que no final do dia eu vou pagar o preço por essa política, bem como meus filhos e netos, e eu nunca pensaria em afirmar que eu não sou responsável por isso.

Sou responsável pois compartilho a responsabilidade pela sociedade em que vivo, e se eu falhei ao tentar mudar sua conduta, a responsabilidade cai também sobre os meus ombros. Assim é em nações, cujas regras de conduta são diferentes das regras de conduta dos indivíduos.

Palestinos em Gaza, que reclamam que a culpa não é deles, porque são as vítimas de seus governantes, porque tudo que eles querem é ganhar a vida e viver em paz, podem estar dizendo a verdade. Mas se eles estão realmente dizendo a verdade, deveriam ter se rebelado contra seus governantes e lidado de forma corajosa contra aqueles que constroem bases de mísseis sob as suas casas.

Por eles não conseguirem fazê-lo, terão que pagar um preço que eu gostaria de tê-los poupado.

Yaron London

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Era uma vez, que os sábios do nosso povo especificaram três traços que distinguem o judeu: ter compaixão, ser recatado e cumprir atos de gentileza (Talmud Yevamot 79 a). A compaixão (“rahaman” no hebraico, “rahman” no árabe) foi considerado como o atributo principal do deus único.

Desde o sequestro e assassino de três jovens judeus, as coisas mudaram. Apesar do mandamento "Não te vingarás" em Levítico 19:18, Israel repercutia de gritos para vingança. Judeus assassinaram um moço palestino totalmente inocente de 16 anos. Um rabino Benjamin Blech alertou que “a arma segreda do Hamas é a compaixão dos judeus”! O numero de vitimas subiu cada dia, ultrapassando já os 1100 mortos de 2009.

E aqui no judaísmo humanista o Yaron London constata que as vitimas civis de Gaza “são os responsáveis” pelas mortes e mutilações próprias porque “deveriam ter se rebelado contra seus governantes e lidado de forma corajosa contra aqueles que constroem bases de mísseis sob as suas casas”.

Deixem-me lembrar que depois de 1945, particularmente em Israel os judeus sentiram vergonha e desprezo pelas vitimas do holocausto que passivamente morreram de fome nos guetos, que até ajudaram aos assassinos organizar as deportações em vagões de gado, e que entraram como cordeiros nas câmeras de gás, sem “ter se rebelado contra seus governantes e lidado de forma corajosa contra aqueles” que os mandaram escavar as próprias covas.

Além disso, dos mais de 1140 vitimas palestinos, mais de 220 foram crianças que não se rebelaram contra seus governantes, de forma corajosa.

Chega! Estou virando cínico.

Será que o sionismo vai acabar ou em cinismo ou em suicídio, em vez de convivência de Árabes e Judeus, ambos sendo descendentes de Abraão?

 

Faz 30 anos que o Nahum Goldmann, presidente do Congresso Judaico Mundial, alertou que “se não se espera poder, algum dia, reduzir a hostilidade dos árabes, seria melhor liquidar Israel, em seguida, para salvar os milhões de judeus que vivem lá. Neste ponto sou radical: não há esperança alguma para um Estado judeu que tiver de continuar lutando mais cinquenta anos contra os inimigos árabes. Quantos eles serão dentro de meio século?” (O Paradoxo Judeu, São Paulo 1984, p.179-180).

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