A divisão do Kotel Ha’Maaravi em quatro seções – uma dedicada para as orações de todos, outra dedicada exclusivamente para as orações masculinas, uma terceira dedicada exclusivamente para as orações femininas e a última, mas não menos importante, reservada para as cerimónias nacionais – corrige uma decisão equivocada de 1967.
Naquele ano, logo após a guerra dos seis dias, os judeus voltaram a poder rezar no local mais próximo de seu local mais sagrado (que é a esplanada do Templo e não o seu muro de sustentação), do qual estavam afastados desde quando a Jordânia estabeleceu uma região “livre” de judeus nos territórios que conquistou em 1948.
Em 1967 o governo de Israel equiparou a área do Kotel a uma sinagoga ortodoxa e abriu o seu acesso a todas as pessoas do mundo (não apenas aos judeus) que se conformassem com a separação de gêneros que a ortodoxia ainda pratica. Contudo, esta foi uma decisão equivocada, pois o Kotel é um local público que é querido a todo o povo judeu e não apenas a uma de suas vertentes religiosas.
Por maior o respeito que temos pela ortodoxia, por suas práticas sinceras, por seu inquebrantável amor pelo judaísmo, não consideramos de forma alguma que exista apenas uma forma de ser judeu e, mais, que exista apenas apenas uma forma de louvar a Deus, de amar o judaísmo, de estudá-lo e de praticá-lo.
Assim que, proibir tefilot (rezas) igualitárias, proibir as mulheres de conduzir tefilot em voz alta e de lerem a Torá no Kotel, com o argumento que isto é proibido nas sinagogas ortodoxas era uma agressão à sensibilidade religiosa de uma parte de nosso povo.
Também era uma agressão à sensibilidade dos judeus laicos, tendo em vista que as cerimónias nacionais conduzidas no kotel não podiam contar com mulheres cantando e deveriam segregar as mulheres dos homens. A decisão deste 31 de janeiro institui uma esplanada para as cerimônias nacionais (principalmente do exército) onde os costumes das sinagogas ortodoxas não são aplicáveis.
O governo de Israel finalmente retifica a questão sobre a “propriedade do Kotel” e isto é motivo de muita alegria para todos.
Tiveram um papel preponderante na decisão de abertura do Kotel às orações de todos os judeus e judias, tanto o movimento Reformista, através de sua participação na organização “Mulheres do Muro”, lideradas por nossa corajosa ativista Anat Hoffman como o crescimento exponencial que os movimentos religiosos liberais – Reformista e Conservador – vem alcançando em Israel nas últimas décadas.
Me disse na semana passada (antes da decisão) Yaron Shavit, ex-presidente do Movimento Reformista em Israel: “hoje em dia é impossível ignorar a Reforma e os Conservadores em Israel, pois uma parcela expressiva da população se identifica conosco”.
Raul Cesar Gottlieb é Presidente do Movimento Reformista na América Latina
Nota: o fato inegável da esplanada do Templo ser o local mais sagrado do judaísmo não justifica que devamos de alguma forma mudar, ou até mesmo tentar mudar, o status quo do local, que o coloca sob controle muçulmano. Não há sacralidade sem concórdia e entendimento.
fonte: WUPJ
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