JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Romance relata vinda de refugiados judeus ao interior do Paraná e traz fotos de festas nazistas.

"A Travessia da Terra Vermelha -Uma Saga dos Refugiados Judeus no Brasil", romance histórico de Lucius de Mello, relata a vida dos refugiados judeus nas décadas de 30 e 40 que encontraram abrigo no norte do Paraná. Para escrever o romance o autor entrevistou descendentes diretos dos pioneiros, no Brasil e na Alemanha.
"Ao vasculhar as memórias desses refugiados fui tocado por um passado vivo que nos remete ao Holocausto enquanto fenômeno político e crime
contra a Humanidade", disse o autor, que é escritor, jornalista e pesquisador da USP.

"A Travessia" conta a saga de cerca de 80 famílias alemãs, judias e cristãs, que fundaram a cidade de Rolândia, próximo a Londrina. Naquela época, a região era uma verdadeira selva. Fugindo da perseguição nazista, os refugiados judeus atravessaram o Atlântico, tomaram o trem e, por ironia, viraram vizinhos de alemães nazistas em pleno interior do Brasil.

Sem saber, os refugiados judeus se refugiaram numa colônia alemã parcialmente nazista. O livro publica, em primeira mão, fotos das festas hitleristas realizadas em Rolândia na década de 30. O autor também revela um cartaz usado em campanha anti-semita no interior do Paraná. A intenção do ditador alemão Adolf Hitler era transformar Rolândia numa colônia nazista modelo na América do Sul.

O livro traz fotos das festas que os nazistas realizavam para celebrar o aniversário de Hitler, com o contraste dos símbolos nazistas tremulando próximo a árvores típicas da região, como caviúnas, perobas rosas e figueiras brancas.

Entre os refugiados judeus, estavam médicos, físicos, botânicos, artistas, advogados, juristas, professores universitários que foram obrigados a deixar a vida confortável que tinham na Alemanha para trabalhar na roça no Brasil.

Eles foram ajudados pelo ex-deputado do partido católico alemão Otto Prustel. Pouco antes de Hitler começar a perseguição aos judeus, eles conseguiram salvar parte do dinheiro que tinham e comprar terras no Brasil. Prustel criou a chamada "operação triangular": os judeus alemães compravam peças (trilhos, parafusos, locomotivas, vagões,etc), das fábricas alemãs, em nome da companhia inglesa Paraná Plantation, responsável pela construção da ferrovia São Paulo-Paraná aqui no Brasil. Em troca, recebiam dos ingleses títulos das terras que viriam ocupar no Paraná.

Histórias
Entre as histórias curiosas relatadas pelo romance, estão a da soprano que dava recitais líricos na fazenda e cantava para amenizar a saudade dos amigos, dos parentes e do primeiro amor, um pianista, que morreu lutando na Primeira Guerra Mundial. Ela dava aulas de piano e canto para as crianças da colônia e cantava uma ária da ópera "Madame Butterfly", de Puccini, porque acreditava que a música estimulava Berenice, a vaca leiteira, a produzir mais

O livro conta as dificuldades dos refugiados no meio do mato, as doenças, os insetos, os bichos, o preconceito, a falta de socorro médico, a saudade de quem não conseguiu fugir e morreu nos campos de concentração.

Eles acompanhavam as notícias da guerra por um único rádio, que a polícia política só permitiu que ficasse na colônia porque pertencia a um imigrante polonês.

Havia uma família judia que se correspondia com o pintor Candido Portinari e que ganhou do artista quatro óleos sobre tela. O livro publica cartas e cartões trocados entre o pintor e os amigos judeus de Rolândia.

Outra história emocionante é a da física judia que era prima e se correspondia com o físico Rudolf Ladenburg, da equipe de Albert Einstein, em Princeton, Estados Unidos. O livro publica duas cartas que Ladenburg escreveu à refugiada. Ela também dava aulas de ciência aos filhos dos cablocos da fazenda e em troca aprendia português com eles.

Integradas à nova paisagem, algumas famílias faziam questão de celebrar os ritos religiosos judeus, mesmo que timidamente. Como não havia sinagoga na colônia, convidavam rabinos de São Paulo para celebrar festividades e até um casamento.

Para aprender a falar português, os refugiados se debruçaram sobre os livros de Fernando Pessoa e Machado de Assis. Eles conseguiram trazer, de trem, grande parte das bibliotecas que tinham na Alemanha.

Pesquisa
O romance é resultado de quatro anos de pesquisa, nos quais Mello recolheu diários, anotações, fotografias, cartas, documentos e gravou dezenas de entrevistas.

Parte do material ilustra o romance, que é apresentado pela professora doutora em História da Universidade de São Paulo Maria Luíza Tucci Carneiro, pesquisadora do LEER (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação), ligado ao Departamento de História da USP.

Na apresentação, ela diz: "Com artimanhas de escritor experiente, mescla ficção e realidade recuperando o cheiro da terra, o aroma dos chás prussianos requentados em terras brasileiras, as mágoas e as paixões secretas até então silenciadas. É na trama destes interesses velados que os preconceitos ganham forma e a coletividade deixa saber exatamente quem ela é."

A investigação histórica foi feita com base em duas teses acadêmicas sobre o tema: "Brasil, Refúgio nos Trópicos", da própria Maria Luíza, e "Rolândia, A Terra Prometida", de Ethel Kosminsky, doutora em Sociologia pela USP

Havia uma família judia que se correspondia com o pintor Candido Portinari e que ganhou do artista quatro óleos sobre tela. O livro publica cartas e cartões trocados entre o pintor e os amigos judeus de Rolândia.

Outra história emocionante é a da física judia que era prima e se correspondia com o físico Rudolf Ladenburg, da equipe de Albert Einstein, em Princeton, Estados Unidos. O livro publica duas cartas que Ladenburg escreveu à refugiada. Ela também dava aulas de ciência aos filhos dos cablocos da fazenda e em troca aprendia português com eles.

Integradas à nova paisagem, algumas famílias faziam questão de celebrar os ritos religiosos judeus, mesmo que timidamente. Como não havia sinagoga na colônia, convidavam rabinos de São Paulo para celebrar festividades e até um casamento.

Para aprender a falar português, os refugiados se debruçaram sobre os livros de Fernando Pessoa e Machado de Assis. Eles conseguiram trazer, de trem, grande parte das bibliotecas que tinham na Alemanha.

Pesquisa
O romance é resultado de quatro anos de pesquisa, nos quais Mello recolheu diários, anotações, fotografias, cartas, documentos e gravou dezenas de entrevistas.

Parte do material ilustra o romance, que é apresentado pela professora doutora em História da Universidade de São Paulo Maria Luíza Tucci Carneiro, pesquisadora do LEER (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação), ligado ao Departamento de História da USP.

Na apresentação, ela diz: "Com artimanhas de escritor experiente, mescla ficção e realidade recuperando o cheiro da terra, o aroma dos chás prussianos requentados em terras brasileiras, as mágoas e as paixões secretas até então silenciadas. É na trama destes interesses velados que os preconceitos ganham forma e a coletividade deixa saber exatamente quem ela é."

A investigação histórica foi feita com base em duas teses acadêmicas sobre o tema: "Brasil, Refúgio nos Trópicos", da própria Maria Luíza, e "Rolândia, A Terra Prometida", de Ethel Kosminsky, doutora em Sociologia pela USP

 

 

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