O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
A haftará de Isaías 57:14–58:14, lida no serviço tradicional da manhã de Yom Kippur, oferece uma das mais poderosas reflexões sobre o conceito de jejum dentro do judaísmo, trazendo uma perspectiva que transcende a observância ritualista e enfatiza um compromisso ético e espiritual profundo.
O profeta questiona o valor de um jejum que se limita a um ato externo de abstenção, sem produzir mudanças internas ou promover um impacto positivo na sociedade. Isaías denuncia aqueles que jejuam e, ao mesmo tempo, continuam a oprimir seus trabalhadores e a ignorar as necessidades dos marginalizados. O jejum desejado, segundo Isaías, não é aquele que apenas exibe sofrimento físico, mas o que resulta em libertação dos oprimidos, alimentação dos famintos e cuidado para com os necessitados:
“Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras do jugo, deixes livres os quebrantados, e despedaces todo jugo? Não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados? Quando vires o nu, o cubras, e não te escondas daquele que é da tua carne?” (Isaías 58:6-7).
Isso me toca de forma especial, porque nos força a olhar para o mundo em que vivemos e perguntar: o que nós, como judeus e não-judeus vivendo em uma comunidade judaica, estamos fazendo para promover a justiça e a compaixão que a nossa tradição tanto valoriza? Para Isaías, o jejum que realmente agrada a Deus não é aquele que só afeta o nosso corpo, mas aquele que nos transforma por dentro e nos move a transformar o mundo à nossa volta.
O que Isaías propõe é, em essência, um judaísmo ativo e presente. Ele nos lembra que o jejum não é um fim em si mesmo, mas uma oportunidade para despertarmos para as realidades ao nosso redor. Talvez esse jejum seja menos sobre privação e mais sobre empatia. Menos sobre sacrifício e mais sobre compromisso. Como estamos cuidando uns dos outros? Como estamos nos dedicando para melhorar o mundo ao nosso redor?
Essa mensagem de Isaías fala diretamente sobre a responsabilidade que temos de viver nossa fé de maneira que faça diferença. Um judaísmo que não se limita a rituais, mas que se expande para abranger ações concretas de justiça, de bondade e de reparação.
Assim, ao refletirmos sobre a nossa xperiência do jejum de Yom Kippur, que ele seja para todos nós uma oportunidade de refletir sobre a nossa própria jornada nesta existência, e sobre como podemos usar essa experiência para impactar positivamente a vida dos outros. Que nossos jejum nos inspirem a ser mais compassivos, mais solidários, e mais comprometidos com a construção de um mundo melhor.
Arte da imagem: Yanneke Wijngaarden
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