O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
O mês de Elul é tradicionalmente um tempo de introspecção, arrependimento e renovação. Em uma perspectiva humanista, esse período pode ser visto como uma oportunidade de reflexão sobre os nossos valores, responsabilidades e ações no mundo, colocando a ênfase sobre a responsabilidade humana para com a sociedade, a comunidade e o próximo, em vez de um foco exclusivo na relação com Deus. Nesse sentido, Elul pode convidar cada indivíduo a examinar suas ações e a buscar maneiras de promover a justiça, a paz e a reconciliação.
Em 5784(2024), o mês de Elul ocorre em um contexto desafiador, com uma contínua situação de guerra e violência. Diante disso, este se torna um momento especialmente urgente para refletir sobre os valores de empatia, responsabilidade coletiva e a busca pela paz. As festividades de Rosh Hashaná e Yom Kippur nos lembram da importância de renovar nosso compromisso com a vida, com a dignidade humana e com o esforço por um futuro mais justo e pacífico.
A guerra afeta diretamente não apenas a sociedade (judaica e não-judaica) israelense, mas também os povos vizinhos e a comunidade global. Através de uma lente do humanista, a violência é uma chamada para um maior esforço por diálogo, compreensão e justiça. Nesse sentido, Elul oferece uma oportunidade única para nos reconectarmos com o valor da vida humana e para lembrar que, no judaísmo, o conceito de shalom (paz/completude) é central. Não se trata apenas de uma ausência de conflito, mas de um estado de harmonia e equidade.
A prática de teshuvá (arrependimento), que é central durante Elul, poderia ser entendida como um processo coletivo. Além da autorreflexão individual, esse é uma oportunidade de considerar como nossas ações, enquanto comunidades e nações, impactam uns aos outros. Em tempos de guerra, essa reflexão se torna ainda mais essencial: como podemos nos responsabilizar pelos erros do passado e procurar formas de criar um futuro onde o respeito mútuo e a coexistência sejam possíveis?
Neste sentido, a preparação para Rosh Hashaná e Yom Kippur transcende a busca pessoal por perdão e se torna uma busca coletiva por justiça. O conceito de tikun olam (reparar o mundo) nos chama a não apenas refletir, mas a agir para criar uma sociedade onde a violência e a destruição não sejam as únicas respostas para os desafios políticos e sociais. A teshuvá, vista de uma maneira humanista, pode incluir o reconhecimento dos erros, a disposição para o diálogo e o esforço ativo para construir a paz.
Em tempos de guerra, pode ser difícil encontrar esperança e enxergar humanidade no outro lado. No entanto, Elul e as Grandes Festas nos lembram que a esperança e a reconciliação são escolhas. Rosh Hashaná, como o "Ano Novo", celebra a renovação da vida e nos convida a imaginar um futuro diferente, enquanto Yom Kippur nos dá a chance de refletir sobre o peso de nossas ações e a importância do perdão. A renovação do ano novo, então, é um chamado para renovar também nosso compromisso com a paz.
Embora o conflito em Israel traga dor e desafios enormes, é preciso nos lembrarmos que a humanidade tem a capacidade de mudar. Através da introspecção de Elul, somos desafiados a pensar em maneiras práticas de promover a reconciliação e a convivência pacífica. O legado dos profetas judeus, que clamavam por justiça social e paz, continua sendo uma inspiração para uma resposta ética e humanista às crises contemporâneas.
Este mês de Elul em 5784/2024 pode ser visto como uma oportunidade para renovar nossa responsabilidade coletiva de construir um mundo mais justo e pacífico. A preparação para Rosh Hashaná e Yom Kippur, através da reflexão e da ação, pode ser um caminho para reimaginar uma coletividade baseada em valores de dignidade, justiça e respeito pela vida humana, mesmo em tempos de conflito.
Crédito da Imagem: Yong Chen (2016)
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