JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

A "Bíblia" como fundamento do judaísmo marrânico - HÉLIO DANIEL CORDEIRO

A "Bíblia" como fundamento do judaísmo marrânico HÉLIO DANIEL CORDEIRO 

 

 A Bíblia (Tanach, em hebraico) tem sido nos últimos 2.500 anos o livro chave da religião judaica. O Talmud, interpretação minuciosa das leis e costumes bíblicos, está calcado também na Bíblia e não a substitui, embora seja histórico e teologicamente o principal instrumento de apoio dos rabinos na interpretação do judaísmo.
Na Idade Média acendeu entre diversas comunidades judaicas uma disputa sobre a relevância do Talmud no judaísmo. No centro da polêmica estavam os caraítas, judeus que só aceitavam o texto bíblico como guia religioso. Cinco séculos a.C., após a destruição do reino e Judá e o exílio na Babilônia, surgiu na região de Samaria (Israel) os samaritanos, mistura dos remanescentes israelitas com demais povos da região. Estes baseavam seu judaísmo exclusivamente na Torá (o Pentateuco).
Os marranos, continuadores da rica tradição cultural e religiosa dos sefarditas ibéricos, tiveram restrito (ou melhor, quase nenhum) acesso aos livros talmúdicos, embora alguns marranos retornados ao judaísmo tenham se tornado grandes talmudistas, como os rabinos Saul Levi Morteira, Isaac Aboab da Fonseca, Menasseh Israel e o próprio filósofo Baruch Spinoza.
O judaísmo marrânico tem sobrevivido por 500 anos, basicamente devido à transmissão oral da religião mosaica, o que comprova a força da convicção religiosa dos descendentes dos conversos. A primeira razão dessa tradição oral pós Guttenberg deve-se à perseguição inquisitorial. Desativada essa autoritária instituição da Igreja católica romana, os marranos passaram a ler a Bíblia (Pentateuco, profetas, livros históricos e poéticos) em latim ou nos vernáculos português ou castelhano.
O judaísmo marrânico tornou-se, portanto, um judaísmo fundamentado na Bíblia, o que autenticou os laços judaicos dos marranos. A Bíblia possui várias passagens perfeitamente aplicáveis à tradição judaica dos marranos e de sua união ao povo de Israel.
Eis algumas:
Quando Moisés libertou os hebreus do Egito (conta a tradição), entregou ao povo sua constituição, as leis divinas para suas tarefas religiosas e do dia-a-dia. Sabemos pelas pesquisas lingüísticas que o texto bíblico foi se formando ao longo dos séculos posteriores ao Êxodo. De qualquer modo, entre estas leis, consta: "Honra a teu pai e à tua mãe." (Êxodo 20:12). Para o marrano, honrar seus pais significou manter-se amarrado às tradições de Israel.
Em meio às perseguições em Lisboa ou Porto, Toledo ou Córdoba, Salvador ou Lima, os marranos rezavam confiantes voltados para Jerusalém: "Salva-nos, Senhor nosso Deus, e congrega-nos de entre as nações, para que demos graças ao teu santo nome e nos gloriemos no teu louvor." (Salmos 106:47).
E criam na resposta de Adonai: "Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte. Congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio." (Jeremias 29:14).
E outro profeta, Obadias(20), vai direto ao ponto: "Os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarad, possuirão as cidades do sul." Copyright © Revista JUDAICA. Todos os direitos reservados.








































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Respostas a este tópico

É justamente essa a diferença entre fazer parte de uma religião, e fazer parte de um Povo. É essa a diferença de aderir a uma crença e evocar a Fé de seus Ancestrais. A Diferença é justamente a Historicidade da Coisa!!!
Shalom UL'Hitraot!!!

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