(A mulher na literatura hebraica halutziana)
a) A mulher judia.
O feminismo e a posição da mulher na sociedade continuam sendo temas polêmicos em nossos dias. Não é exagero dizer-se que, em geral, as mulheres judias sempre receberam um tratamento muito melhor, por parte dos homens de seu povo, do que as mulheres de outras origens.
Certamente, não é possível pretender-se que a posição da mulher judia fosse permanentemente fixada pela lei bíblica e rabínica. Não obstante, em grande parte das mais remotas localidades onde viviam os judeus, eles conseguiram manter a tradicional atitude de respeito, gentileza e humanidade para com a mulher.
Está escrito no livro de Gênesis depois que Deus criou Adão: “e viu Deus que não era bom para o homem estar só”. Isto em oposição ao que foi dito em todos os outros dias de Criação em que Deus aprovou o que fez e disse: “E viu que estava bom:”. No 6º dia, Deus se deparou com o problema de que não era bom Adão estar só. Mas o que faltava a Adão? Não era uma simples companhia, pois neste caso Deus lhe criaria um amigo... o que lhe faltava era um complemento, algo que o completasse com qualidades que ele não possuía. Surgiu então a solução: “E disse o Eterno; far-lhe-ei uma contra-ajudante (EZER KENEGDÓ). Interpreta o exegeta Rashi - que expressão é esta? E responde: se o homem merecer... ela será sua melhor ajudante em toda a sua vida! Mas...se não merecer...será a do-contra! Vemos que a mulher foi criada como uma companheira do homem, para que juntos trabalhassem lado a lado - num plano de igualdade. Cada qual com sua missão, conforme sua capacidade, por Criação Divina diferentes um do outro.
Como em hebraico a palavra para seu lugar de origem - tzela - pode significar tanto “lado” como “costela”, há muitas interpretações interessantes sobre a criação de Eva. Há uma que afirma que Adão e Eva foram criados lado a lado, mas não face a face. O Zohar conta que o mundo e o homem eram então ainda imperfeitos - mas, quando a mulher foi tirada do seu lado e colocada face a face, ficou perfeita, e o homem também.
Podemos olhar para trás, por exemplo, para a vida da primeira mulher judia, Sara. Na Parashá (seção) da Torá que tem o seu nome, Haiei Sará (A vida de Sara), lemos o que Deus disse a Abraão: “Tudo o que Sara lhe disser, escute a voz dela” (Gênesis). Lendo a Torá, acha-se uma idéia extraordinariamente diferente sobre a mulher; não a da idealização romântica, mas sim a da reciprocidade.
Embora os hebreus, como era inevitável, tivessem sido afetados pelos padrões e maneiras de ver orientais em sua atitude para com a mulher, o papel desta, na antiga sociedade judaica, conforme se constata na Bíblia, freqüentemente revestiu-se de importância. Isto aparece não só na figura das matriarcas, mas também na caracterização de Miriam, Débora Hulda, ou (com diferenças óbvias) das rainhas Jezebel de Israel e Ataliá de Judá. O Livro dos Provérbios acautela os homens contra os ardis femininos, mas também descreve a “mulher forte” que é o esteio de sua casa. No período do Segundo Templo, a Rainha Salomé Alexandra reinou na Judéia.
Nos tempos helenísticos a posição legal da mulher judia na Palestina era superior ao da grega, por gozar de personalidade jurídica independente, podendo possuir bens. Esta continuou a ser a sua posição, cristalizada na lei talmúdica, segundo a qual podia possuir bens quando solteira ou viúva e reter certa propriedade depois do casamento, embora os acréscimos devessem ir para o marido. Não podia, no entanto, testemunhar, exceto em casos de Aguná. O Talmud mostra-se inteirado do poder sexual da mulher. Entre os rabinos, algumas mulheres, como Beruria, exerceram grande influência pessoal.
O judaísmo rabínico centralizou e quase restringiu a posição da mulher ao lar, isentando-a do cumprimento de muitos preceitos, embora os ritos religiosos domésticos tivessem ficado principalmente em suas mãos. Contudo, o estabelecimento geral da monogamia (c. de 1000E.C.) fortaleceu a posição da mulher; a poligamia continuou a ser legal para os judeus do Oriente, embora seja atualmente ilegal em Israel. Além disso, a saudável atitude rabínica para com o sexo e a insistência na virtude positiva das relações conjugais implicavam que a dignidade da mulher era reconhecida não obstante sua inferioridade jurídica.
Nota-se na Espanha que nos tempos de perseguição, a mulher dava o exemplo de martírio pela fé. No século XVII, mulheres como Benvinda Abravanel ou Gracia Mendes tiveram lugar de destaque na vida judaica. Por outro lado, a instrução da mulher era seriamente negligenciada. Na Europa Oriental havia uma tradição segundo a qual a mulher devia trabalhar para facilitar os estudos do marido. Nos últimos anos, a mulher tem se destacado no pioneirismo sionista e também na vida pública judaica (por exemplo Golda Meir) e organizações como a Hadassah e Wizo ocupam posição de vanguarda na comunidade. A mulher em Israel tem recebido direitos, igualdade de instrução etc. embora ainda sofra de certas desigualdades em assuntos de estatuto pessoal, que são sujeitos aos tribunais rabínicos.
b) Sionismo e as aliot
Voltemos um pouco no tempo, recuando ao século XIX, para podermos entender a origem da pioneira (halutzá). Para tal, vamos falar um pouco de História.
Embora a crença no retorno dos judeus a Sion tenha sido sempre parte do messianismo, o termo sionismo só foi cunhado em 1890. O interesse pelo nacionalismo secular inspirou-se nas agitações nacionalistas na Europa do século XIX, e contrastava com a postura de muitos judeus emancipados, que se consideravam cidadãos das nações européias que os hospedavam. O ressurgimento do anti-semitismo veio provar aos judeus nacionalistas que a modernidade iluminada fracassara na sua integração à sociedade cristã. Ao mesmo tempo, judeus tradicionalistas da Polônia e da Rússia formaram seus próprios grupos sionistas, influenciados por escritos de rabinos do século XIX, que argumentavam que os judeus deviam tomar o processo da redenção em suas próprias mãos, não esperando meramente que o Messias reunisse os exílios. Os pogroms da década de 1880 na Rússia fortaleceram o sentimento sionista e a militância judaica.
Durante a segunda metade do século XIX surgiu um novo movimento de retorno a Israel e de renascimento da vida nacional judia. A primeira fase foi empreendida pelo Ishuv (a comunidade que já vivia no país). Em 1860, os judeus construíram o primeiro bairro fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. Nesta década, dois periódicos hebraicos eram publicados regularmente em Jerusalém e ambos conclamavam a retornar ao país. Em 1870 se habilitou a primeira escola agrícola judia em Mikve Israel. Em 1873, os judeus de Jerusalém fundaram a primeira aldeia nova no país: Petah Tikva (a 41Km de Tel Aviv). Outras aldeias foram fundadas perto de Jerusalém e na Galiléia.
Em 1891 e nos anos subseqüentes, os imigrantes judeus, pertencentes ao movimento Hovevei Sion (Amantes de Sion) chegaram a Israel da Europa oriental. Alguns se fixaram nas aldeias existentes; outros fundaram localidades novas. Algumas das aldeias estabelecidas durante as últimas décadas do século, são até hoje grandes cidades como Hedera e Rishon Letzion. Os judeus que retornaram ao país durante este período são chamados de a primeira aliá (“Aliá” significa ascensão, literalmente; na prática, passou a entender-se como imigração a Israel).
As condições em que a Primeira Aliá e as subseqüentes ondas imigratórias se assentaram no país foram sumamente difíceis. A população era reduzida e dispersa; as comunicações, escassas e inseguras; o país se encontrava em estado de abandono; prevaleciam os pântanos e a malária. A administração otomana era hostil e opressora; a vida dos imigrantes era um suplício e novas aldeias sobreviviam precariamente.
Em 1897, Theodor Herzl organizou na Basiléia o Primeiro Congresso Sionista e fundava a Organização Sionista Mundial (Sion era o sinônimo tradicional de Jerusalém e de todo o país - daí o nome do movimento que expressava, em novos termos, a antiga esperança do povo judeu retornar à sua terra). Sua meta era dupla:
- Levar a cabo o retorno dos judeus ao país e restaurar a vida nacional judia: social, cultural, econômica e politicamente.
- Obter um lar para os judeus, reconhecido e garantido legalmente, em sua· pátria histórica, onde ficassem livres de perseguições e onde pudessem levar sua vida e sua identidade.
Sob o impacto do movimento Sionista, chegou a Israel uma Segunda Aliá (1904-1914), fortalecendo as aldeias existentes e fundando outras novas. O Ishuv começou a organizar-se politicamente. Em 1909 foi fundado o primeiro Kibutz, Degania, sobre a costa meridional do Lago Kineret. No mesmo ano foi fundada Tel Aviv . O hebraico passou a ser a língua principal do Ishuv e começa a ser produzida literatura neste idioma.
A vida era árdua e muitos dos novos imigrantes voltaram a seus países anteriores. Em 1914 havia 85.000 judeus no país. Quatro anos depois foi ocupado pela Grã Bretanha, que o governou durante trinta anos. Aqueles que ficaram da Segunda Aliá, eram diferentes de outros imigrantes que colonizaram, por exemplo, a Austrália, o Canadá ou os Estados Unidos. Não procuravam terra fértil, ouro ou oportunidades ilimitadas de ascensão social. Nem foram contratados por companhias ou governos ansiosos por livrar-se do excesso de população ou expandir os territórios sob seu controle e disso tirar proveito econômico.
c) Halutzim e haluzot
Estes homens e mulheres chamavam a si próprios Halutzim (halutz = vanguarda), os que iam na frente reconstruir sua própria nação. Os Halutzim eram sonhadores. Logo que chegavam à Terra de Israel (como já a chamavam), trocavam seus nomes, hebraisando-os, como se estivessem renascendo. A insistência com que usavam o hebraico reflete uma proposta de vida (em contraste com o ídishe, velho dialeto da Diáspora). Suas cartas expressavam um forte desejo de descobrir o sentido da existência. Passaram a acreditar que a chave mágica para guiar suas vidas, era o trabalho físico no campo e não só para homens: a Segunda Aliá emancipou a mulher judia. “Uma nação lutando por ser reconhecida como igual entre outras nações não pode dar-se ao luxo de não aceitar as mulheres iguais entre os homens” declarou Theodor Herzl no Primeiro Congresso Sionista (1897), sublinhando que o ressurgimento do povo judeu na terra de Israel seria conseguido através do mútuo esforço de homens e mulheres.
Durante as décadas seguintes, um crescente número de jovens judeus vieram à terra “para construí-la e serem construídos por ela”. Eles criaram uma nova sociedade que não era somente sionista na sua ideologia e socialista em perspectiva, mas também igualitária ao máximo. Esses três elementos - Sionismo, Socialismo e Igualitarismo - constituíram a força revolucionária que gerou o êxodo dos judeus dos guetos europeus e a reconstrução de um lar judaico na Terra de Israel.
Embora fossem pouco numerosas, as pioneiras (halutzot) marcaram de modo significativo a sociedade israelense. Antecipando por muitas décadas os movimentos de liberação feminina em outras partes, as mulheres vindas com os primeiros pioneiros procuraram a igualdade insistindo em compartilhar os trabalhos. Elas limparam campos cobertos de pedras, participaram nas colheitas, construíram estradas e casas, e vigiaram seus vilarejos ao lado dos homens.
Golda Meir, em seu livro autobiográfico, descreve criticamente o empenho feminista das halutzot:“Permitam-me explicar que naquele tempo as mulheres de Kibutz detestavam trabalho na cozinha, não porque fosse difícil (em comparação com outros trabalhos na colônia era até bastante fácil) mas porque o achavam humilhante. Sua luta não era por direitos cívicos iguais, que já tinham em abundância, mas por encargos iguais. Queriam que lhes dessem trabalho idêntico ao que era dado aos seus companheiros masculinos -pavimentando estradas, capinando, construindo casas, ou ficando de guarda- e não ser tratadas como se fossem diferentes e automaticamente relegadas à cozinha. Tudo isso pelo menos meio século antes que alguém inventasse a expressão Womens Lib. O fato é que as mulheres do Kibutz estavam entre as primeiras e mais bem sucedidas combatentes pela verdadeira igualdade em todo o mundo.”
d) Literatura hebraica israelense e a poesia.
A moderna literatura hebraica não nasceu em Israel, mas teve início com o iluminismo europeu, em diversos países da Europa, principalmente Rússia e Polônia. Voltando ainda mais no tempo, o renascimento formal da poesia hebraica foi apressado pelo aparecimento do jornal hebraico Ha-Meassef (“O Colecionador”, 1783-1810), editado pelo círculo de “Ilustradores” de Mendelssohn. Inúmeros escritores e sábios colaboraram nessa publicação e poetas imprimiram ali versos sobre temas leigos. Esse interesse pelo secular - ou, como diziam os tradicionalistas, “o profano” - criava uma perturbação nas hostes religiosas judaicas, onde até aquele momento somente fora aceita a poesia hebraica de caráter devocional ou litúrgico, e onde qualquer expressão de secularismo era considerada perigosa, pois poderia encorajar os judeus a se afastarem da fé. O período entre as duas guerras mundiais, sobre o qual vínhamos falando, quando se revitalizou o núcleo israelense, que gradualmente veio a tornar-se o centro desta nova literatura, marcou o fim do policentrismo na literatura hebraica. Em Israel, a literatura deixou de ser, pela primeira vez, em milênios, exclusividade de um círculo de estudiosos e filósofos, para se transformar na literatura de um povo enraizado em sua própria terra.
Ben Tzion Tomer, escreve no prefácio a uma antologia de poesia hebraica, que muitos falam no “milagre do renascimento” do idioma hebraico, porém o verdadeiro milagre não é o renascimento dessa língua mas sua imortalidade durante um período de tempo tão grande. Na verdade, desde que o povo de Israel foi exilado, após a destruição do Segundo Templo, seus escritores jamais deixaram de usar o idioma. Quem conhece a história da poesia hebraica sabe que nunca cessou a criatividade nesse terreno.
Se virmos nas palavras um reflexo do destino do homem e da terra, então constataremos que ocorreu um milagre com esse povo: graças à força e a nostalgia que tais palavras encerram, foi devolvido a esse povo seu destino e sua terra. Ele não teve, durante séculos, outra força mais forte. Foi somente com o vigor dessa fé no significado das palavras, que lhe foi possível criar a realidade de sua vida. Este é um dos casos raros na história humana em que as próprias palavras produziram história.
Sente-se nos poemas da geração dos pioneiros o entusiasmo do homem que descobre uma vida nova, paisagens novas, que procura traduzir em sua obra poética este reencontro com uma terra desértica e inculta, seu amor por ela; mas descobre-se aí, também, a nostalgia de sua infância, a voz do vento outonal que eles ouviram, quando meninos, na Rússia, na Polônia, na Alemanha, e ao mesmo tempo os ecos da linguagem bíblica, bem como as influências da poesia européia contemporânea, assimiladas da maneira mais natural e integradas no que o homem judeu tinha de mais específico nele.
Segundo Léa Goldberg, entre os temas da poesia israelense contemporânea, há evidentemente os que são particulares: o retorno à pátria ancestral, sua colonização, sua construção, o combate incessante para resguardá-la, temas que não podem encontrar fora daqui sua expressão. Contudo, é uma poesia lírica, de amor e de natureza, de sonho e de realidade, como a de todos os poetas do mundo desde que o homem escreveu seu primeiro verso. Esta poesia não é senão uma das vozes do coro universal de poetas.
e) A literatura halutziana
O halutzianismo foi o movimento que, ao lado das correntes estéticas modernistas, marcou o espírito e as tendências da literatura hebraica na Palestina, principalmente na década de 1920. Na temática do halutz, do jovem pioneiro que através do labor pessoal e da disposição para o sacrifício realiza a construção redentora do povo, inspirou-se uma vasta messe poética. Além da chamada “geração de Bialik e Tchernihovski”, que começa então a fixar-se e a produzir em Israel, surge um grupo de transição e outro de jovens que une por vezes o vanguardismo sócio-nacional com o artístico.
Segundo Reuven Kritz, em seu estudo “Hebrew Poetry”, os poetas sentiram que um novo mundo demandava uma nova poesia. Por causa da sua familiaridade com o simbolismo europeu, formalismo e expressionismo, eles trazem correntes modernas para a poesia hebraica. Notavelmente entre essas figuras estão Shlonsky, Uri Zvi Grinberg, Rachel, Shin Shalom, Natan Alterman e Léa Goldberg.
Por volta dos anos 30 a transformação do hebraico em uma língua viva estava completa. A Palestina ostentava dezenas de milhares de leitores, muitas livrarias e bibliotecas públicas, estabelecimentos literários com periódicos, editores, críticos, união, oposição, prêmios, cafés literários e conversação literária. Sem um suporte governamental para a literatura, a Histadrut (a Central Trabalhista) auxiliou no estudo da literatura nas escolas, provendo os escritores com trabalhos e leitores. Entre as duas guerras mundiais, muitos dos escritores hebraicos foram viver na Palestina. A terra de Israel foi dali em diante o centro da cultura hebraica.
Geralmente falando, existiam mais poetas do que escritores de ficção. Nas revistas, nas escolas e nas noites culturais a poesia era mais proeminente do que a prosa. Um teatro satírico cresceu, suas músicas eram cantadas largamente pelo público. A poesia desempenhava uma parte importante na vida cotidiana: o público gostava de cantar e os poetas e compositores cooperavam, produzindo músicas sobre a pavimentação das estradas, construção de casas, a sentinela, músicas para os feriados judaicos em nova vestimenta, músicas para os pioneiros dos estabelecimentos na Galiléia e no Neguev, para os soldados, moças e rapazes, da Brigada Judaica e do Palma’h. O sucesso popular desta poesia pode também ser visto nas antologias que se esgotavam após publicação. Na introdução de uma delas, o editor relata que escolheu poemas adequados para leitura pública e tendo em mente o gosto do público.
Ainda que o mundo particular da maioria dos poetas estivesse dividido entre lembranças da infância de “lá” e experiências do presente, desejavam aprofundar raízes “aqui” - “a dor de duas terras natais”, como Léa Goldberg chamou. É de se estranhar que haja tão poucas escritoras de poesia em hebraico, embora o mesmo não aconteça em outras literaturas. Há, porém, algumas poetas altamente consideradas em Israel.
f) Cânone e literatura feminina
A recente discussão sobre o cânone tem sido da maior importância, não só nos Estados Unidos, mas no cenário acadêmico mundial da última década. Correntes teóricas como o feminismo, o neo-historicismo e os estudos da cultura têm contribuído decisivamente para alterar nossa expectativa com relação aos textos canônicos.
Se o conceito de cânone - um conjunto de obras consideradas clássicas, obras-primas e patrimônio das futuras gerações - já contém um princípio de seleção e de exclusão, ele não pode estar desvinculado da questão de poder. Quem canoniza uma obra, está institucionalmente investido de poder e de autoridade para fazê-lo, e o fará de acordo com sua perspectiva, isto é: de sua classe, de seu grupo, de sua cultura. Mesmo uma rápida leitura das relações de obras canonizadas revela de imediato a exclusão de diversos grupos sociais, étnicos e sexuais. Culturas como a africana, a asiática, a indígena ou a muçulmana nunca estão representadas entre as chamadas obras-primas, até porque o cânone está centrado no Ocidente, restrito ao hemisfério norte, e é realizado a partir desta ótica. A presença esmagadora de autores europeus da elite e do sexo masculino também é evidente. E para transformar o cânone não basta incluir nomes femininos ou de autores de outras etnias. A questão diz respeito à canonização propriamente dita que deve ser posta em xeque, tendo em vista suas vinculações com o poder. O feminismo tem sido um fator decisivo de estímulo na busca de uma nova linguagem que transgrida os códigos sociais e as normas de uso. E algumas questões continuam na ordem do dia: é possível notar na literatura da mulher aspectos especificamente femininos? As diferenças se colocam através da linguagem ou do referente e do tema?
g) Poesia hebraica moderna feminina
Lili Ratok, em sua pesquisa sobre a poesia feminina hebraica, escreve que a poesia hebraica moderna abrange duas tradições literárias: a central, escrita por homens, e uma complementar, distinta, escrita por mulheres. Estas tradições coexistiam como um sistema e até estabeleceram relação de reciprocidade entre si, mas existem entre elas diferenças que justificam uma tentativa de descrever a tradição invisível - a da poesia feminina. É uma tradição invisível porque as criadoras não se viam como pertencentes a um domínio distinto dos escritores de sua geração, pelo menos até os anos 70. Neste sentido difere a poesia feminina hebraica das criações das poetas americanas nas três últimas décadas, pois estas, com o apoio da crítica feminista bifurcada, pretenderam criar uma tradição literária em separado para si próprias. As questões que ela levanta em sua pesquisa são: Qual a justificativa para tratar de uma tradição literária quando a pertinência a ela foi feita a posteriori pela crítica? Este não seria um processo arbitrário de caráter político, que não contribui à compreensão do caráter de existência e desenvolvimento do sistema literário? Teria a tradição literária feminina temática, poética e retórica próprias? Ela se distingue por uma linguagem própria especial? Será que a compreensão desta tradição literária auxiliará nossa compreensão da obra ou poema isolado, escrito pela mulher? Será que ela nos oferece meios para identificar uma poesia como criação de uma mulher ou de um homem?
Ela começa respondendo pela última questão: não existe um exame documental químico literário que possibilite saber com certeza se uma obra foi escrita por um homem ou por uma mulher. Isto não permite rejeitar a essência da tentativa de descrever a tradição literária feminina cuja intenção é lidar com âmbitos mais amplos que a poesia isolada. Ela diz que a justificativa literária para este passo é a temática, a poética e a retórica características da poesia feminina que, para ela, não são desconectadas completamente das da literatura da época, mas são distintas em grande medida. É fácil entender a causa da diferença no campo temático, por ser aceito que a experiência de vida diferente dos seres humanos os levará a escolher temas distintos que a expressem. Ela adota a base teórica de Elaine Showalter, em “A Literature of their own”, que identifica a singularidade do conteúdo feminino na literatura feminina.
Em outro estudo seu, “O problema da identidade na literatura feminina israelense”, Lili Ratok diz que é possível explicar a escolha das mulheres pela poesia como caminho de expressão própria, sobre o fundamento do mais profundo conflito entre amor e criação com o qual elas se defrontam em nossa cultura. A possibilidade de ver na poesia parte do rito do amor e apresentá-lo diante de si e dos outros como mensagem de amor, deu à poesia uma permissão que a mulher não conseguiu receber do conto. Quer dizer, como o amor tem um lugar tão importante na vida da mulher (como fruto da ideologia patriarcal), a representação da poesia como mensagem de amor da poeta ao amado resolveu o conflito de uma maneira sofisticada: a mulher mantinha sua feminilidade e era fiel ao amor, mas ao mesmo tempo era leal à sua originalidade e expressava seu mundo interior – na poesia.
Voltando à pesquisa sobre poesia feminina de Ratok, ela afirma que a corrente central da poesia hebraica moderna se distingue pela masculinidade, virilidade
O conceito de “heroísmo”, é segundo Dan Miron, o conceito adequado às normas utilizadas no centro da poética comum da escola de Bialik. Não é sequer necessário interpretar a ligação entre heroísmo (guevurá) e virilidade (gavriut - em hebraico, do mesmo radical), para ver que este conceito, estabelecido por uma das maiores autoridades da crítica literária hebraica, testemunha sobre a masculinidade da norma literária pelo menos nas duas principais décadas do século. Miron descreve a relação entre o conceito de coletivismo sionista por um lado, e individualismo nietzchiano, por outro. O conceito atesta a auto-confiança do criador na percepção do espaço e da natureza e na representação de um universo interior grande e impetuoso. O poeta é o “ser da expressão visionária” e seu estilo se distingue pela força retórica, na abundância figurativa e na percepção de domínio em relação à realidade descrita - externa ou interna. Miron explica que este conceito expressa não apenas ideais poéticos mas também normas éticas e estéticas. Boaz Arpeli, segundo seu passos, coloca a influência deste conceito com longo alcance sobre a poesia hebraica, indo até a metade do século ou talvez até além, com algumas exceções, como Amihai.
A ligação entre a imagem do herói poético e a essência do mundo elaborado na poesia permite explicar também a relação entre ambos e fenômenos estilísticos importantes. O “enviado”, intermediário entre o leitor e a essência de outros mundos, necessitava de variados meios retóricos e figurativos para cumprir sua missão, incluindo um repertório literário de símbolos grandiosos: a estrada, o profeta, o deserto, etc. Na poesia feminina estão ausentes as ditas figurações, por não serem adequadas às suas dimensões e ao caráter do mundo descrito. As poetas foram forçadas a criar uma poética e uma retórica distintas, talvez dada a sua vinculação extremista ao ideal literário de sua época. Elas tiveram que moldar uma poesia intimista, ausente de pathos, na qual se dá muita importância ao pequeno e não ao grande e ao impetuoso. A imagem da sua heroína não passou pelo processo de mitificação característico do “eu poético”, como em Bialik, Shlonsky ou Uri Zvi Grinberg. Assim, a dimensão da arte poética está quase ausente de suas criações, e ao aparecer, reveste-se de uma forma completamente diferente dos poetas de sua geração. Buscando caracterizar a arte poética feminina, Ratok diz que, na ausência da percepção da missão política na tradição feminina, a poesia foi compreendida como embaraçoso desnudamento. Esta posição se baseia também no fato de que a poesia feminina era mais direta, pessoal e particular. A mitificação do “eu poético” e ligação de suas vivências aos assuntos nacionais e culturais importantes, impediram sua identidade com o eu biográfico.
Para isto contribuíram também os símbolos literários por trás dos quais se ocultava a personalidade da criadora. Como conseqüência, aparece nas poucas expressões poéticas na poesia feminina hebraica, o elemento vergonha no desnudamento, como na poesia “Sefer Shirai” de Rachel (de quem falaremos depois).
Ao analisar a retórica na tradição feminina Ratok identifica a poesia como parte do rito amoroso, como já foi dito. A sobriedade imposta à mulher como norma cultural, deu à poesia plena legitimação na expressão de sentimentos amorosos delicados. No universo de Rachel, por exemplo, só nos é conhecido o coração do amado, e mesmo o desejo físico só tem lugar através da negação. Quer dizer, enquanto a poesia dos homens tinha valor espiritual, cumprindo uma missão social e cultural e como instrumento de moldagem do universo nacional, histórico, ela não foi conhecida assim através da tradição feminina ao menos nos seus estágios iniciais. Na poesia das mulheres a poesia tinha outra função, menos valiosa, portanto não digna de um relacionamento poético específico.
A confissão, como mensagem de amor mais direta possível, obriga a escolha por uma linguagem simples relativamente, a fim de resguardar sua autenticidade. Assim, grande parte da literatura feminina, até os anos 60, se distingue pela simplicidade da redação. A poesia como mensagem de amor expressa o centro da temática amorosa na poesia feminina, representação que não mudou, a não ser em pequena escala, no processo de desenvolvimento da tradição feminina. Este tema coloca na tradição a emoção e pressiona para as margens outros domínios como implicações sociais no campo nacional, histórico e cultural. Estes setores preenchem um papel mais importante apenas nas duas últimas décadas, nas quais também foi escrita poesia política pelas mulheres.
Quanto à definição do “eu” na poesia feminina, sua poética e retórica, Ratok diz que a tradição criada pela poesia de Rachel deriva do estereótipo aceito em relação à imagem feminina, a fim de transformá-lo no percurso da poesia. Assim ela assume na poesia um eu que parte de sua definição como Shketá (pacífica) e descobre que há nela também uma base tempestuosa, subjugada; na poesia Ani Meodi Hafahpehet ela argumenta que apesar disto ela é fiel até o fim ao que é importante de verdade: a mãe terra. Na poesia que começa com a declaração que se tornou um estereótipo: “Apenas de mim sei falar / estreito é o meu mundo, como o da formiga”, ela apresenta a mentira deste argumento superficial em relação ao universo feminino, quando fala no relacionamento com seu mundo como artista criadora. Os espaços físicos limitados do mundo feminino não vigoram no campo espiritual, determina Rachel com vigor nestas poesias como em outras, criando uma retórica que caracteriza a poesia feminina: concorda com as idéias do antagonista (o homem) apenas a fim de retirar o tapete debaixo dos seus pés no próximo passo.
Nancy Rosenchan, em seu artigo “Um toque feminino”, escreve que: “Inicialmente, é preciso lembrar que a presença feminina é muito recente na literatura hebraica: tem apenas cem anos. As mulheres sempre foram excluídas do estudo da língua sagrada, de modo que as primeiras que ousaram penetrar no universo fechado de uma literatura escrita por homens, nessa língua, não tiveram precursoras e modelos aos quais dar continuidade. Isto não significa, é claro, que a mulher estivesse ausente do universo poético ou ficcional desenvolvido pelos escritores. Tomando-se como base a literatura hebraica contemporânea escrita por homens, verifica-se que ela se preocupou com questões sociais coletivas, com o renascimento cultural e com a luta pela independência política.
Contra esse pano de fundo, o tratamento proporcionado às figuras femininas tem uma ressonância especial, ao corporificar questões coletivas. A literatura do último século e meio deu continuidade a uma longa tradição, na qual a figura feminina servia para simbolizar uma realidade inteira ou o povo judeu como um todo, desde a viúva desolada das lamentações de Jeremias à personificação de Sion como amada, na poesia medieval, até as tentativas modernas de se criar psico-histórias do sionismo ou de se lançar o discurso do pensamento sionista em termos de gênero (masculino/feminino). (...) Na passagem para o século XX e em suas duas primeiras décadas, o cenário poético era dominado por Bialik e S. Tchernichovsky, entre outros. As regras poéticas de suas obras inibiram o surgimento e a publicação das poesias de mulheres. As regras estabelecidas, implicitamente, por estes poetas foram que a poesia deveria expressar experiências particulares e pessoais, que também contivessem um conteúdo nacional e universal; ao mesmo tempo, devia apresentar uma expressão rica, de muitas camadas, que brotasse de uma cultura literária de grande profundidade e ressonância. Esta não era a tônica da poética de mulheres. O gosto cultural e estético determinou as normas e restrições da poesia e, somente entre 1920 e 1922, estas barreiras foram rompidas por diversas poetas, ao mesmo tempo: Rachel Bluvstein (...) e Ester Raab começaram a publicar na Palestina e Elisheva Zukova-Bihovski e Yocheved Bat Miriam o fizeram no leste europeu. Estas poetas estabeleceram os padrões da poesia de mulher no modernismo israelense”
h) Exemplo de uma poeta pioneira: Rachel
Rachel (nome literário de Rachel Bluvstein), nasceu em Viatka, Rússia, em 1890, sendo que em Kiev estudou Arte e escreveu seus primeiros poemas. Era uma idealista social, que em 1909 foi para a Palestina com sua irmã, participando da segunda Aliá, engajando-se como pioneira numa fazenda coletiva em Rehovot. Apaixonou-se pela paisagem e pela vida rústica dos halutzim, regozijando-se com suas labutas preparatórias da restauração do povo judeu a uma vida ligada ao solo de seu lar ancestral. Quando a primeira escola agrícola para mulheres foi criada perto do Kineret (Mar da Galiléia), ela foi lá estudar. Em 1913, Rachel foi à França estudar Arte e Agricultura. Durante a 1ª Guerra Mundial ela teve que retornar à Rússia, onde lecionou para crianças judias refugiadas. Voltando à Palestina, estabeleceu-se no Kibutz Degania às margens do Kineret. Quando esteve na Rússia contraiu tuberculose, que piorou no clima quente da Palestina. Ela se viu forçada a abandonar seu amado Kineret e procurou alívio para sua doença em Jerusalém, Safed e Tel Aviv. Morreu num sanatório em Tel Aviv e foi enterrada, de acordo com a vontade, num cemitério perto de Kineret, a terra que ela mesma ajudara a lavrar.
Embora ficasse confinada em sua cama, atacada de tuberculose, durante os anos e antecederam a sua morte, escreveu versos em que cantava em tons suaves as coisas que lhe eram mais caras ao coração. A proximidade com a morte refletiu-se também em sua obra. Também traduziu para o hebraico poemas de Anna Akhamatova e Francis Jammes. Seus poemas foram publicados sob o título de Shirat Rachel (A poesia de Raquel), englobando sua obra poética: Safiah (Renovo), Mineged Defronte) e Nevo (Monte Nevo). Rachel se tornou a imagem que personificou a segunda Aliá - juventude, beleza, aspiração, amor pela terra de Israel e pelo Kineret. A principal justificativa para a escolha de Rachel como exemplo, se deve a multiplicidade de leituras que podem ser feitas a partir dela, gerando contribuições à história da literatura, tanto à hebraica quanto à feminina. Além a sua importância na moderna poesia hebraica, também, por um motivo pessoal: ela ser o tema da tese de doutorado da autora deste artigo.
Segundo Guinsburg, no seu “Guia”, Rachel, uma das introdutoras do estilo coloquial direto na poesia hebraica moderna, procurou exprimir-se numa linguagem senta de modismo e clichês literários, de breve mas profunda entonação emocional e sugestiva musicalidade. Seus versos, que gozaram de grande popularidade nos movimentos juvenis, falam inicialmente de suas experiências de halutzá animada pelo sionismo existencial de Gordon, a quem dedicou a poesia de estréia Hala'h Nefesh (Estado d’Alma),1920. Mais tarde, quando acometida pela tuberculose, as angústias da enfermidade e a expectativa da morte toldam o seu espírito de melancolia e pessimismo elegíacos, embora continue despontando nele, polifonicamente, os motivos do amor à vida e às suas potencialidades.
Segundo Miron, Rachel, foi a mais popular e influente poeta de sua época que, tendo chegado à poesia hebraica com uma carga lingüístico-associativa pobre, voltou-se à fonte neo-clássica. Ela quis colocar a poesia da vulnerabilidade e o sofrimento feminino não na expressão fortalecida, mas na contida: transforma "Gritos que lancei desesperada” em rimas polidas, mas também de expressão simples. Ela está entre os que devolveram o verso hebraico à poesia construída com exatidão, metrificada, rimada e concisa. Sua poesia expressou uma personalidade complexa, não disposta a se expor e, por outro lado, o ethos da contenção e colocação no sofrimento do sionismo agrícola no espírito do movimento trabalhista. Todos esses fatores levaram à classificação de sua poesia como o modelo central da poesia hebraica de mulheres durante décadas. Os poemas eram simples, compreensíveis, expressavam sensibilidades femininas, mas também a bravura da contenção. Facilmente musicáveis, tornaram-se canções, servindo ao establishment do movimento trabalhista que nessa etapa se tornou dominante na ida política e cultural da comunidade judaica sionista do futuro Israel. Mais que tudo, elas anunciaram parte do desenvolvimento que caracterizaria a poética hebraica de Israel dessa etapa.
i) Conclusão
De acordo com a introdução, a mulher judia sempre teve um papel diferenciado em relação às de outras culturas. Também foram igualmente especiais os processos da recolonização de Israel e do renascimento da língua e da literatura hebraicas, em como da atuação feminina nos mesmos. Elas apareceram não só como escritoras, as como protagonistas de vidas intensas, marcadas por aventuras, idealismo, provações, árduo trabalho e sentimento. Sua obra poética, reconhecida e amada pelo público leitor, toca fundo a alma do mesmo, gerando identificação tanto elo que de mais específico apresenta, do colorido local da vida do halutz, como o que transparece de mais universal, falando sobre e à emoção humana. Como disse Cecília Meireles “A Poesia, além de outras virtudes, possui a de tornar s criaturas compreensíveis umas às outras, na sua íntima verdade, a do espírito. Compreender é de certo modo amar”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Bloom, Harold. O Cânone ocidental; S.P. , Objetiva, 1995.
- Blumenfeld,Yaacov. Judaísmo: Visão do Universo.RJ.Ed. Imago, 1989.
- Bluvstein, Rachel . Kol Shirei Rachel. Tel Aviv, Bar Publishers, 1986.
- Caminhos do povo judeu. V. IV org. Rifka Berezin. SP, FIESP, 1977.
- Duarte, Constância L. Estudos de Mulher e Literatura: História e Cânone Literário; in. Anais do VI Seminário Nacional Mulher e Literatura. RJ, NIELM /UFRJ, 1996.
- Enciclopédia Judaica org. Cecil Roth. RJ. Ed. Tradição, 1967.
- Guinsburg,J.Guia histórico da literatura hebraica.SP.Ed.Perspectiva,
1977.
- Kritz, Reuven. Hebrew Poetry in our Generation In: Modern Hebrew·
- Literature, nº 1, Tel Aviv, Institute For the Translation of Hebrew Literature, 1988.
- Meir,Golda. Minha Vida. RJ. Bloch Editores, 1976.
- Meireles, Cecília.(trad.) Poesia e Prosa de Israel, RJ. Departamento Cultural da Embaixada de Israel, 1968.
- Mekorot ve Antologuiot ( Fontes e Antologias): in. Hozaat Academit shel Há-ivrit bat-zimaneinu - divru há-sacha Beit. Jerusalém, International lester for University teachiny of Jewish Civilization, 1985.
- Miron, Dan. A poesia hebraica de Bialik aos nossos dia. In: Poesia Sempre. Ano 5, no. 8, junho, R.J., Fundação Biblioteca Nacional, 1997.
- Rabin, Chaim. Pequena história da língua hebraica, SP. Summus Ed,1973.
- Ratok, Lili. Diukan Ha-Isha Kemeshoreret Israelit. In. Moznaim vol.92 Tel Aviv, Hebrew Writers Association in Israel, 1988.
- Ratok Lili. Baaiat há-zehut be-sifrut-nashim israelit. In Moznaim,·
guilion 5-6, vol. 92, Tel Aviv, Hebrew Writers Association in Israel, 1988.
- Rozenchan, Nancy. Um toque Feminino.In:A Literatura de Israel.S.P,·
Schmukler Ed, 1996.
- Shaanan, Avraham. Ierushat há-shirá há-ivrit há-tzeirá In.: Moznaim, Tel Aviv, Hebrew Writers Association in Israel, 1988.
- Showalter, Elaine. A literature of their owm. New Jersey, Princeton Un., 1977.
Colaboração de Jane Bichmacher de Glasman,
escritora, autora do livro À Luz da Menorá
janeb@hotmail.com