O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
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Pois é. Não sei quem é Cris, nem que é Silo. Mas sei quem foram Buber e Winnicott. O primeiro fala da diferença entre 'tu' e 'isso', onde 'isso', mesmo que seja um indivíduo da espécie humana, não é visto como um ser humano. São os nossos olhos que decidem. O segundo fala da 'natureza humana', que existe sim, e que é diferente das outras 'naturezas', tanto quanto a do peixe é diferente da do pássaro. A natureza do homem é diferente da dos animais e plantas, e consiste em não ser como eles: regidos por leis imutáveis, os animais vivem cada qual de acordo absoluto com a sua espécie. TODOS os macacos, jacarés, mosquitos e leões vivem hoje como sempre viveram e sempre viverão. Há individualidade entre eles, mas é muito tênue a diferença entre um macaco e outro, e entre um macaco africano e outro da Amazônia ou da Tailândia. O 'mundo' dos animais é muito pequeno, essa é que é a verdade. O mundo de cada ser humano é do tamanho do planeta Terra - e se não é, pode facilmente vir a sê-lo. Nenhum indivíduo humano é igual a outro, isso é óbvio. Mas há algumas tendências universais entre os seres humanos. Sua 'natureza', diz Winnicott, consiste em que, para se tornarem humanos (como diz Silo) precisam de um ambiente inicial que lhes permita colocar em funcionamento a sua tendência - e essa tendência é natural sim. A tendência a tornar-se UM, diferente dos outros. Podemos sim pensar em 'natureza humana', desde que a vejamos desse ponto de vista, o ponto de vista PSICOLÓCIGO, que é diferente do ponto de vista zoológico ou biológico. A NOSSA natureza é essa: sermos cada qual diferente de todos os outros. Por isso, a NOSSA natureza não nos condena - ela nos liberta. A sociedade humana só começou a perceber tudo isso há muito pouco tempo. Há menos de cem anos. Buber e Winnicott, sem se conhecerem, disseram a mesma coisa: Se você tratar alguém como se fosse um 'isso', é 'isso' que você terá. Mas se você o tratar como um 'tu', o humano será preservado e estimulado a crescer. Repito: ESSA É A NOSSA NATUREZA. Somos animais, mas não somos IGUAIS aos outros animais. Por isso eu sempre pergunto: POR QUE SERÁ QUE AS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS, TÃO SOFISTICADAS, QUE SEMPRE AFIRMAM A IMPOSSIBILIDADE DE CONHECERMOS DEUS, ACHAM SEMPRE TÃO FÁCIL DIZER QUE AS OUTRAS RELIGIÕES, IGUALMENTE MONOTEÍSTAS, NÃO O CONHECEM TÃO BEM QUANTO 'NÓS'? SERIA DEUS UM BURRO IGNORANTE QUE FEZ OS HOMENS TÃO DIFERENTES ENTRE SI, OU SERIA O HOMEM, ATÉ BEM POUCO, O BURRO E O IGNORANTE QUE IMAGINOU UM DEUS INCAPAZ DE FAZER OS HOMENS TODOS IGUAIS, BONZINHOS, FAZENDO AS MESMAS COISAS E REZANDO DA MESMA FORMA?
A idéia de 'natureza' é que precisa ser re-definida, não sendo suficiente discutir se o homem é 'natural' ou não.
Dei-me à liberdade de fazer estes comentários ao douto e sábio texto postado pela Cris porque, na verdade, essas não são coisas em que eu acredito: essas são coisas com as quais eu trabalho todos os dias. Essa é a minha profissão - a de entender as pessoas no que elas têm de iguais (certas necessidades básicas), para que elas possam tornar-se diferentes - individualizadas. Muitos pais, criados como se fossem 'isso', criam seus filhos da mesma forma. É ISTO que é preciso mudar. Cada bebê que nasce tem as mesmas necessidades psicológicas, ainda que em graus diferentes, (posso explicar isso melhor, mas não agora) e só os pais que respeitarem essas necessidades criarão filhos que sejam verdadeiramente indivíduos. O 'Tu' do filósofo Buber encontra respaldo e acolhida entusiasmada no 'self espontâneo' do psicanalista Winnicott. E as religiões, olhando demais para cima, esqueceram de olhar para baixo e ver como são os seres humanos realmente. Pregam - todas elas - a mesma 'fôrma' para todos, e quem não se encaixa, sobra. Ou Deus é burro, ou elas (nesse aspecto, pelo menos). Para discutir a 'natureza humana' é preciso colocar-se dentro do espírito científico atual, em que não há mais a preocupação pela 'verdade', mas a tentativa obstinada de entender as 'tendências' (a teoria da Incerteza, de Heisenberg, criada para a Física, mas que foi se espalhando por outras áreas do conhecimento).
Silo não está errado. Ele estava corrigindo um erro, mas limitou-se (nesse texto) a essa tarefa. Não foi até o fim no raciocínio iniciado, e Buber e Winnicott levaram a questão até bem mais longe. Era essa a minha intenção. E olha que fiz o possível para não me estender muito.
Davy.
Pois é. Não sei quem é Cris, nem que é Silo. Mas sei quem foram Buber e Winnicott. O primeiro fala da diferença entre 'tu' e 'isso', onde 'isso', mesmo que seja um indivíduo da espécie humana, não é visto como um ser humano. São os nossos olhos que decidem. O segundo fala da 'natureza humana', que existe sim, e que é diferente das outras 'naturezas', tanto quanto a do peixe é diferente da do pássaro. A natureza do homem é diferente da dos animais e plantas, e consiste em não ser como eles: regidos por leis imutáveis, os animais vivem cada qual de acordo absoluto com a sua espécie. TODOS os macacos, jacarés, mosquitos e leões vivem hoje como sempre viveram e sempre viverão. Há individualidade entre eles, mas é muito tênue a diferença entre um macaco e outro, e entre um macaco africano e outro da Amazônia ou da Tailândia. O 'mundo' dos animais é muito pequeno, essa é que é a verdade. O mundo de cada ser humano é do tamanho do planeta Terra - e se não é, pode facilmente vir a sê-lo. Nenhum indivíduo humano é igual a outro, isso é óbvio. Mas há algumas tendências universais entre os seres humanos. Sua 'natureza', diz Winnicott, consiste em que, para se tornarem humanos (como diz Silo) precisam de um ambiente inicial que lhes permita colocar em funcionamento a sua tendência - e essa tendência é natural sim. A tendência a tornar-se UM, diferente dos outros. Podemos sim pensar em 'natureza humana', desde que a vejamos desse ponto de vista, o ponto de vista PSICOLÓCIGO, que é diferente do ponto de vista zoológico ou biológico. A NOSSA natureza é essa: sermos cada qual diferente de todos os outros. Por isso, a NOSSA natureza não nos condena - ela nos liberta. A sociedade humana só começou a perceber tudo isso há muito pouco tempo. Há menos de cem anos. Buber e Winnicott, sem se conhecerem, disseram a mesma coisa: Se você tratar alguém como se fosse um 'isso', é 'isso' que você terá. Mas se você o tratar como um 'tu', o humano será preservado e estimulado a crescer. Repito: ESSA É A NOSSA NATUREZA. Somos animais, mas não somos IGUAIS aos outros animais. Por isso eu sempre pergunto: POR QUE SERÁ QUE AS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS, TÃO SOFISTICADAS, QUE SEMPRE AFIRMAM A IMPOSSIBILIDADE DE CONHECERMOS DEUS, ACHAM SEMPRE TÃO FÁCIL DIZER QUE AS OUTRAS RELIGIÕES, IGUALMENTE MONOTEÍSTAS, NÃO O CONHECEM TÃO BEM QUANTO 'NÓS'? SERIA DEUS UM BURRO IGNORANTE QUE FEZ OS HOMENS TÃO DIFERENTES ENTRE SI, OU SERIA O HOMEM, ATÉ BEM POUCO, O BURRO E O IGNORANTE QUE IMAGINOU UM DEUS INCAPAZ DE FAZER OS HOMENS TODOS IGUAIS, BONZINHOS, FAZENDO AS MESMAS COISAS E REZANDO DA MESMA FORMA?
A idéia de 'natureza' é que precisa ser re-definida, não sendo suficiente discutir se o homem é 'natural' ou não.
Dei-me à liberdade de fazer estes comentários ao douto e sábio texto postado pela Cris porque, na verdade, essas não são coisas em que eu acredito: essas são coisas com as quais eu trabalho todos os dias. Essa é a minha profissão - a de entender as pessoas no que elas têm de iguais (certas necessidades básicas), para que elas possam tornar-se diferentes - individualizadas. Muitos pais, criados como se fossem 'isso', criam seus filhos da mesma forma. É ISTO que é preciso mudar. Cada bebê que nasce tem as mesmas necessidades psicológicas, ainda que em graus diferentes, (posso explicar isso melhor, mas não agora) e só os pais que respeitarem essas necessidades criarão filhos que sejam verdadeiramente indivíduos. O 'Tu' do filósofo Buber encontra respaldo e acolhida entusiasmada no 'self espontâneo' do psicanalista Winnicott. E as religiões, olhando demais para cima, esqueceram de olhar para baixo e ver como são os seres humanos realmente. Pregam - todas elas - a mesma 'fôrma' para todos, e quem não se encaixa, sobra. Ou Deus é burro, ou elas (nesse aspecto, pelo menos). Para discutir a 'natureza humana' é preciso colocar-se dentro do espírito científico atual, em que não há mais a preocupação pela 'verdade', mas a tentativa obstinada de entender as 'tendências' (a teoria da Incerteza, de Heisenberg, criada para a Física, mas que foi se espalhando por outras áreas do conhecimento).
Silo não está errado. Ele estava corrigindo um erro, mas limitou-se (nesse texto) a essa tarefa. Não foi até o fim no raciocínio iniciado, e Buber e Winnicott levaram a questão até bem mais longe. Era essa a minha intenção. E olha que fiz o possível para não me estender muito.
Davy.
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