O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
HISTÓRIA DAS COMUNIDADES | |
As diásporas sefaraditas por Rachel Mizrahi |
Circunstâncias diversas levaram o povo judeu, mensageiro primeiro
de uma fé monoteísta, a sofrer contínuas discriminações e perseguições que o
forçaram a constantes fugas, fator determinante de sua presença nos mais antigos
movimentos migratórios mundiais.
Migrando dos antigos domínios gregos e romanos, os judeus estabeleceram-se em As históricas migrações do povo judeu passaram a ser conhecidas como A milenar dispersão dos judeus por vários espaços geográficos, assimilando Além de substituir o hebraico por outros idiomas, um judeu diferencia-se de A expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e a Conversão Forçada de 1497, em Bayasid II e seus sucessores, a partir do século XV, acolheram os sefaraditas Em meados do século XVII, novas conquistas levaram os otomanos a ampliar seus Curioso foi o encontro cultural entre os sefaraditas e os diversos grupos de |
Além das terras mediterrâneas e otomanas, os sefaraditas estabeleceram-se em
cidades da Europa Ocidental e Central, entre as quais as da França, Países
Baixos e Inglaterra. Na cidade de Viena, ponto de passagem dos judeus espanhóis
para Istambul, capital do Império Otomano, religiosos sefaraditas passaram para
o ladino algumas preces judaicas 3.
A decadência otomana e a ingerência do imperialismo europeu em terras do
Oriente Médio levaram famílias de negociantes sefaraditas, procedentes de
Istambul, Esmirna, Ilha de Rodes, Egito e de outras comunidades a buscar
estabelecer-se em terras da Europa Ocidental, em diáspora à que chamamos de
"Retorno ao Ocidente".
Em fins do século XV, judeus e cristãos novos ligados à epopéia dos Grandes
Descobrimentos Marítimos participaram da colonização das terras
ibero-americanas, africanas e asiáticas. Em 1636, uma comunidade judaica de
origem portuguesa fixou-se no Nordeste brasileiro, procedente de Amsterdã.
Dezoito anos depois, expulsos dos domínios batavos no Brasil, os sefaraditas que
não retornaram a Amsterdã criaram os primeiros centros judaicos da América
Central e de Nova Amsterdã, núcleo comunitário inicial da atual cidade de Nova
York.
Em meados do século XIX, movimentos migratórios leste-oeste-sul
intensificaram-se e a maioria dos povos buscou a América. No contexto, o judeu,
mais do que qualquer outra etnia, esteve presente em todos eles: cerca de sete
milhões de judeus, de uma população total de doze milhões, passaram da Europa,
Norte da África e Oriente Médio para a América. Além do Norte da América, grande
número de sefaraditas buscou o México, Uruguai, Chile e Argentina, em especial
por dominarem o ladino, idioma próximo do espanhol. Desconhecendo a proximidade
do idioma materno com o português, poucas famílias sefaraditas buscaram o
Brasil.
Um dos movimentos migratórios sefaraditas foi o do retorno à Espanha. O
político Angel Pullido, autor de "Espanhóis sem Pátria"4, buscando reconciliar a Espanha com os sefaraditas,
expulsos em 1492, conseguiu-lhes a cidadania espanhola, após terminada a 2a
Guerra Mundial. Finalmente, em 31 de março de 1992, comemorando os 500 anos do
Édito dos reis Fernando e Izabel, o rei Juan Carlos proclamou: "Si Sefarad
desterró a sus judíos, ellos non desterraron a Sefarad ni de su corazón, ni de
su mente".
1 Avigdor Levy. The Jews of the Ottoman Empire. N. Jersey: The Darwin Press,
Inc., 1992.
2 Ben Ami Issachar. Sephardi and Oriental Jewish Heritage. Universidade
Hebraica de Jerusalém, 1982. In, Identidade Sefaradi: Aculturação e Assimilação.
Novinsky e Kuperman. Ibéria Judaica. Roteiros da Memória. São Paulo, EDUSP,
1996, p.343 e seg.
3 Anna Barki Bigio. Ladino e Hakitia: fontes, trajetórias e dichos. In:
Confarad II, no prelo.
4 Obra publicada em Madrid, 1980.
Rachel Mizrahi é autora de A Inquisição no Brasil: Miguel Telles da Costa,
O capitão judaizante de Paraty. (2a.Ed., no prelo) e Imigrantes no Brasil: Os
judeus. São Paulo: Lazuli/Ed. Nacional, 2005
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