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Diário de Guerra 34- Yeshayahu Leibowitz e o judaísmo maximalista – Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 34- Yeshayahu Leibowitz e o judaísmo maximalista – Jayme Fucs Bar
Nesses últimos tempos, tenho observado o triste processo político que estamos vivendo em Israel e Palestina, com certeza, também em vários lugares do mundo, entre eles o Brasil. Tudo isso me fez pensar muito em uma das personalidades que admiro muito, o professor Yeshayahu Leibowitz.
Eu nunca soube como realmente defini-lo: um cientista, um rabino, um sábio ou um profeta? Talvez ele tenha sido um pouco de tudo isso em vida. Na verdade, fico até meio inibido e escrevo este texto com muita humildade, pois estou muito longe de ser um grande entendedor sobre esse grande homem.
Foi somente com o tempo e com mais idade que pude começar a compreender Leibowitz. Na verdade, eu percebi que já compreendia Leibowitz há muitos anos, dentro do meu olhar como judeu humanista. Contudo, também descobri que o pensamento dele era muito mais complexo do que o meu entendimento. Na verdade, eu não tinha compreendido nada!
Leibowitz sempre esteve totalmente conectado, sob uma visão religiosa puramente judaica, à crença na totalidade absoluta do monoteísmo maximalista, visão judaica, pouco conhecida por muitos, que entrava constantemente em choque e em contradição com os valores das correntes religiosas tradicionais do judaísmo e, por vezes, com a própria sociedade israelense.
Leibowitz não foi somente um crítico da direita nacionalista, mas também uma fonte de desespero para as correntes religiosas tradicionais e um verdadeiro tapa na cara dos socialistas trabalhistas.
Para Leibowitz, no judaísmo, a vida é a coisa mais sagrada de todas e não a terra, a pátria ou a nação. Essa visão está totalmente ligada ao conceito do monoteísmo maximalista. Segundo essa ideia, há seres humanos que se comportam como deuses em nome de ideias “santificadas” e que, de forma independente de suas origens, podem transformar suas ideias e seus líderes em religiões.
Leibowitz sempre nos alertava sobre o perigo desses pensamentos, que podem levar qualquer povo, inclusive os judeus e os palestinos, a se comportarem como fascistas. Um dos grandes legados de Leibowitz foi a sua coragem de alertar a nossa consciência judaica e humana sobre esse perigo.
Acredito que essa contribuição foi de uma grandeza sublime! Considero esse homem um profeta dos tempos modernos. Leibowitz tinha a capacidade de ver o mundo sob a ótica do olhar judaico maximalista.
Apesar de negar ser um grande humanista, ele foi e sempre será um exemplo de um grande ser humano. Para muitos, sejam ultranacionalistas, religiosos, liberais, socialistas, entre outros, as palavras de Leibowitz sempre feriram como se fossem uma faca pontuda. Ele não perdoava ninguém de uma severa crítica, mas ouvi-lo era uma boa oportunidade de libertação e de encontrar uma luz para nossa escuridão, se você não tivesse medo e desejasse ouvir e aprender algo novo em sua vida.
Leibowitz, diferente de muitos, observa o mundo judaico com um olhar totalmente diferente do comum, por isso suas palavras sempre nos machucavam: ele tinha a capacidade de nos fazer ver o reflexo de nossas próprias vidas em nossa total nudez, a nudez do medo e das incertezas que, para ele, era na verdade o espectro do fascismo existente em cada um de nós. Isso me faz lembrar de uma magnífica frase que escutei de outro mestre com quem venho aprendendo muito: o psicanalista Paulo Blank, que diz que “O fascismo é a condição natural do homem, e compete a cada um combatê-lo”.
Fico imaginando os gritos que ouviríamos de Yeshayahu Leibowitz ao ver a realidade atual de Israel e da palestina, dois lados governados por fações, religiosas, ultra nacionalista e messiânicos. Infelizmente o alerta do perigo declarado em suas profecias não foi ouvido e o resultado é a guerra, o caos, o medo e a insegurança.
Yeshayahu Leibowitz morreu em 1994, mas continua a existir em nossos corações.

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Comentário de Hilda Liberman em 18 dezembro 2023 às 12:46
Como somos fascistas no dia a dia?
Quais livros de Leibowitz existem em português?

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