O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana
No ano passado, antes de Yom Kipur, o Grão Rabino do Reino Unido, Rabi Sir Jonathan Sacks, escreveu suas reflexões como se fossem 10 cartas de um pai a seus filhos. Para transmití-las à comunidade judaica britânica e do mundo afora, o Grão Rabino publicou-as na forma de um pequeno livro: Cartas à Nova Geração. |
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A Sabedoria Judaica Queridos filhos, ainda que a sabedoria seja um bem que não tem custo, é, no entanto, o mais caro de todos, já que costumamos adquiri-la através de um fracasso, um desapontamento ou sofrimento. Por isso, devemos tentar compartilhar nossa sabedoria com os demais, para que estes não tenham que pagar o preço que pagamos para conquistá-la. Estas são algumas das lições que o judaísmo me ensinou sobre a vida e que desejo compartilhar com vocês: Nunca tentem ser espertos. Tentem, sempre, ser sábios. Respeitem os outros ainda que estes os desrespeitem. Nunca busquem publicidade pelo que fizerem. Se merecerem, a receberão. Se não a merecerem, serão atacados. De qualquer modo, a bondade não carece de chamar atenção sobre si. Quando se pratica o bem a outrem, os beneficiários serão sua própria pessoa, sua consciência e seu auto-respeito. A maior dádiva da doação é a oportunidade de poder doar. Na vida, nunca peguem os atalhos. Não há sucesso sem esforço, nem conquista sem empenho. Afastem-se dos que procuram honrarias. Sejam respeitosos, mas lembrem que ninguém tem a obrigação de servir de espelho para os que estão apaixonados por si próprios. Sejam muito, mas muito cautelosos em julgar os outros. Se eles estiverem errados, D’us os julgará. Se formos nós os errados, seremos nós os julgados. Muito maior do que o amor que recebemos é o amor que damos. Dizia-se de um grande líder religioso que ele era um homem que levava D’us tão a sério que nunca sentiu a necessidade dele próprio se levar a sério. Isso é algo a que vale a pena aspirar. Usem bem o seu tempo. Nossa vida é curta, muito curta para ser desperdiçada diante da televisão, nos jogos de computador e nos e-mails desnecessários; muito curta para ser desperdiçada com fofocas ou invejando o que é dos outros; muito fugaz para sentimentos como raiva ou indignação; muito curta para perder tempo criticando nosso próximo. “Ensina-nos a contar os nossos dias”, diz o Salmista, “para que tenhamos um coração de sabedoria”. Mas um dia em que fazemos algo de bom a outrem não é um dia desperdiçado. A vida lhes oferecerá muitos motivos de aborrecimento. As pessoas podem ser negligentes, cruéis, desatenciosas, ofensivas, arrogantes, duras, destrutivas, insensíveis e rudes. O problema é delas, não seu. Seu problema é como reagir a elas. Uma senhora sábia disse, certa vez, que “ninguém pode fazê-lo sentir-se inferior sem que você o permita”. O mesmo se aplica a outras emoções negativas. Não reajam. Não respondam. Não se enraiveçam. Mas, se o fizerem, dêem um tempo até que a raiva se dissipe – e só então sigam em frente com a sua vida. Não dêem aos outros a vitória sobre o seu próprio estado emocional. Perdoem – ou, se não conseguirem, ignorem. Se tentarem e não conseguirem, não se sintam mal. D’us perdoa nossas falhas no momento em que nós as reconhecemos como falhas. Isto nos poupa da auto-desilusão de tentar vê-las como “sucessos”. Nenhuma das pessoas que admiramos teve sucesso sem ter enfrentado muitos fracassos pelo caminho. Grandes poetas escreveram poemas horríveis; grandes artistas pintaram telas indecifráveis; nem todas as sinfonias de Mozart foram obras primas. Se lhes faltar a coragem de falhar, faltar-lhes-á a coragem de vencer. Sempre busquem a amizade daqueles que são fortes naquilo em que vocês são fracos. Nenhum de nós possui todas as virtudes. Mesmo um homem da estatura de Moshé precisou de um Aaron. O trabalho de uma equipe, uma parceria, a colaboração com os demais que têm dons ou diferentes maneiras de ver as coisas, é sempre mais do que o que um indivíduo pode conseguir sozinho. Criem momentos de silêncio em sua alma se quiserem ouvir a voz de D’us. Se algo estiver errado, não culpem os outros. Perguntem, “como posso ajudar para que dê certo?” Sempre se lembrem de que vocês criam o ambiente que os cerca. Sejam pacientes. O mundo, às vezes, é mais lento do que vocês. Esperem até que os alcancem, pois se vocês estiverem no caminho certo, o mundo acabará por alcançá-los. Nunca estejam com o ouvido tão próximo do solo que não dê para ouvir o que diz alguém de pé. Jamais se preocupem quando dizem que vocês são por demais idealistas. Apenas os idealistas conseguem mudar o mundo; e será que vocês querem que este mundo permaneça imutável, ao longo de sua vida? Sejam corretos, honestos e façam sempre aquilo que disserem que irão fazer. Não há, realmente, outra maneira de se levar a vida. Rabino Chefe, Lorde Jonathan Sacks Rabino Chefe das Congregações Judaicas Unidas da Commonwealth britânica desde setembro de 1991, Jonathan Sacks nasceu em Londres em 1948, e foi ordenado rabino pelo Jews' College e pela Yeshivá Etz Chaim, obtendo, posteriormente, o Doutorado em Filosofia no renomado King’s College de Londres. Personalidade marcante, colabora freqüentemente com a mídia inglesa, através do rádio, televisão e dos grandes jornais. Escritor prolífico, muitos de seus livros foram traduzidos ao francês, italiano, holandês, alemão, português, coreano e hebraico. Logo após ser alçado ao importante cargo, o Rabino Chefe lançou um projeto intitulado “Uma Década de Renovação Judaica”, que desencadeou uma série de projetos comunitários inovadores. Entre estes destacam-se o de “Continuidade Judaica”, uma fundação nacional dedicada à educação judaica e a programas de extensão; e o de “Desenvolvimento Comunitário”, um projeto nacional para aprimorar a vida judaica em comunidade. O Rabino Chefe iniciou sua segunda década no cargo com um chamado à “Responsabilidade Judaica” e um renovado comprometimento com a dimensão ética do judaísmo. O Dr. Jonathan Sacks foi laureado com o Prêmio Jerusalém de 1995 por sua contribuição à vida judaica na Diáspora e foi nomeado Cavaleiro por Sua Majestade a Rainha Elizabeth II, em 2005. Elevado a Par do Reino, recebeu assento na Casa dos Lordes, em 27 de outubro de 2009, como membro apartidário, sob o título de Barão Sacks de Aldgate na Cidade de Londres. |
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