Hoje é Tu BiShvat, a festa judaica que comemora o “ano novo das árvores”. Nada mais propício para falarmos de um tema interessante e importante para Israel e muitos outros países do mundo: reflorestamento.
O prefixo “re” indica que trata-se de plantar árvores em uma região onde um dia houve vegetação. Será este o caso de Israel? Depende da escala de tempo. Nos últimos muitos séculos a Terra de Israel possuía pouquíssima cobertura vegetal. Já comentei em outro artigo o que Mark Twain escreveu em 1867 sobre a paisagem em volta de Jerusalém: repulsiva, sombria e enfadonha.
Contudo, aprendi na aula de História do colégio (I.L. Peretz, se você quiser saber) que um dia houve o Crescente Fértil, se estendendo do vale mesopotâmico, passando pela atual Síria, e terminando no Levante, onde hoje é o Líbano e a metade norte de Israel. O crescente já não é fértil há milhares de anos, e a vegetação original abandonou a terra. Portanto, quando se planta um bosque na Galiléia, chamá-lo de reflorestamento ou florestamento é uma questão de perspectiva histórica.
A dificuldade de reflorestar depende de muitos fatores, talvez o mais importante seja a quantidade de chuva que cai na região. Vejam no mapa abaixo a incrível variação de precipitação anual que há na pequena Israel. No norte podem chover 800 milímetros anuais, no centro do país de 500 a 600, e ao sul da cidade de Beer Sheva chovem menos de 200 milímetros anuais. Para comparar com o Brasil, no Rio de Janeiro são aproximadamente 1000 milímetros anuais, e em São Paulo 1400. Dou um especial destaque à região entre Jerusalém e o Mar Morto, onde a precipitação média anual vai de 600 a 100 milímetros em menos de 40 quilômetros!
Cada clima e sub-clima requer técnicas específicas de reflorestamento, e falarei agora da técnica usada no semi-árido israelense, a região entre as duas linhas roxas do mapa.
Combatendo a desertificação
Vejam o mapa abaixo. Esta é a maior floresta plantada de Israel, chamada Yatir, e encontra-se a 30km de Beer Sheva, na linha verde que separa Israel da Cisjordânia.
Como pode ser que uma floresta possa prosperar na mesmíssima região onde há deserto com muito pouca vegetação? Qual é a mágica envolvida?
O problema do deserto não é fundamentalmente a sua falta de água, mas sua distribuição no espaço e tempo. Explico. O povo Nabateu, que vivia no deserto do Negev, conseguia praticar a agricultura através da coleta da água da chuva em cisternas, cujas ruínas podem ser visitadas e apreciadas. A água que escorria por encostas de grande superfície era coletada nas cisternas, e usada ao longo do ano inteiro. As imagens abaixo são de uma cisterna na região de Sde Boker, onde podem ocorrer apenas duas ou três chuvas por ano, em média.
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